FERREIRA PINTO JUBILOU 219 POLICIAIS CIVIS; ALÉM DE APLICAR CENTENAS DE PENALIDADES (Diga-se, grande parcela : ARBITRARIAMENTE) 58

Fato não é motivo para júbilo, diz secretário

Para Ferreira Pinto, Corregedoria da Polícia Civil está mais rigorosa

“O ideal seria que ambas [polícias Civil e Militar] tivessem um número reduzido de exonerações”, afirma

DE SÃO PAULO

O secretário da Segurança Pública de SP, Antônio Ferreira Pinto, disse ver o crescimento nas demissões na Polícia Civil como resultado do maior rigor adotado pela Corregedoria na investigação de seus profissionais.
Ele disse, porém, não ficar feliz com esse aumento. “Não é motivo para júbilo. O ideal seria que ambas tivessem um número reduzido de exonerações”, afirmou ele.
Ex-oficial da PM, foi Ferreira Pinto quem levou, em 2009, o controle da Corregedoria da Polícia Civil para o gabinete do secretário -era de responsabilidade da Delegacia-Geral. A Polícia Militar, também subordinada à secretaria, continuou controlando a sua Corregedoria.
“Agora a Polícia Civil corrige. Antes, ela só ficava na [rua da] Consolação esperando denúncias. Agora, ela vai até as delegacias e investiga se as coisas estão funcionando. É o mesmo modelo da Corregedoria do Ministério Público e do Judiciário.”
Segundo o secretário, parte dessas demissões é fruto de trabalhos de investigação que duraram até três anos.
Sobre a queda na quantidade de policiais militares demitidos, o secretário disse que isso acontece porque a PM sempre foi rigorosa nas suas punições e, por isso, há esse reflexo atualmente.
Ele citou que, em casos graves, o comando da corporação pode determinar a prisão administrativa enquanto investiga o profissional.
Questionado se também levaria a Corregedoria da PM para seu controle, o secretário disse que não é necessário nem seria possível porque a legislação militar não deixa.
“Não dá para tratar com igualdade os desiguais. O nome Corregedoria da PM é só um nome fantasia. Eles investigam as irregularidades, punem, mas não fazem a correição. Se um coronel vai investigar um batalhão e lá tem um coronel mais antigo, ele só bate o calcanhar”, disse.
(AFONSO BENITES e ROGÉRIO PAGNAN)

José Vicente da Silva: “Aumentaram muito as demissões porque tiraram as teias de aranha dos processos parados indevidamente na Corregedoria” 49

Número de policiais civis expulsos aumenta em SP

No ano passado, foram 219 demitidos, mais que o triplo dos casos de 2009

Demissões ocorreram em razão de vários tipos de irregularidade, como corrupção; na PM, total de expulsões recuou

ROGÉRIO PAGNAN

AFONSO BENITES

DE SÃO PAULO

Explodiu o número de policiais civis expulsos da instituição em São Paulo. Números da Secretaria da Segurança Pública obtidos pela Folha mostram que foram 219 demissões na Polícia Civil no ano passado -mais que o triplo dos casos registrados em 2009 (64).
Na lista estão delegados, investigadores e escrivães demitidos por variados tipos de irregularidade, como crimes de corrupção. Já as demissões na Polícia Militar seguiram no sentido contrário nesse mesmo período: de 259 para 229.
É a primeira vez na última década que as demissões nas duas polícias ficam praticamente empatadas.
Historicamente, o número de demissões na PM sempre foi maior, até porque a diferença entre os efetivos das duas polícias é muito grande. A PM tem mais de 95 mil homens, enquanto a Civil tem cerca de 35 mil (incluindo a Polícia Científica).
Em 2004, por exemplo, a cada policial civil demitido em São Paulo, quatro PMs também foram exonerados.
Esse aumento de demissões na Polícia Civil coincide com a mudança na Corregedoria -órgão responsável por investigar a atuação dos policiais. Em 2009, ela deixou de ser subordinada ao delegado-geral e passou a responder diretamente ao secretário da Segurança.
A presidente da associação dos delegados, Marilda Pinheiro, disse concordar com o fortalecimento da Corregedoria e que a polícia deve mesmo “cortar a própria carne”, mas afirma que pode estar havendo “excessos”.
“Parte das demissões está sendo revertida na Justiça”, diz a delegada, que afirma não ter números sobre isso.
O subcorregedor da PM, tenente-coronel Edson Silvestre, disse que a instituição é muito rigorosa. “Desafio qualquer um a mostrar uma instituição que demitiu mais do que a PM de São Paulo”.
Para José Vicente da Silva, especialista em segurança, o crescimento de expulsões na Polícia Civil é reflexo da mudança da política adotada pela cúpula da instituição.
Antes, segundo ele, a política era demitir um policial civil só após uma decisão da Justiça. “É um absurdo, porque uma coisa não tem nada a ver com a outra”, disse.
Com isso, continua, os casos passaram a ser concluídos. “Aumentaram muito as demissões porque tiraram as teias de aranha dos processos parados indevidamente na Corregedoria. Havia uma tolerância muito grande com infratores da lei e da ética.”


Colaborou EDUARDO GERAQUE