Mais de dois milhões de pessoas tomaram conhecimento do encontro do Secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto com o jornalista da Folha de São Paulo, Mario Cesar Carvalho, graças às imagens gravadas pelas câmeras de segurança do Shopping Pátio Higienópolis, no centro da Capital paulista, no dia 25 de fevereiro.
O vídeo foi divulgado nesse site, em primeira mão, pelo radialista João Alkimin.
Em nota da redação, a Folha de São Paulo afirmou: “O repórter Mario Cesar Carvalho se encontrou em local público com o secretário da Segurança, Antônio Ferreira Pinto, autoridade da área de especialização do jornalista. A Folha lamenta que imagens colhidas no circuito interno de um shopping center tenham sido utilizadas na tentativa de coibir o trabalho da imprensa.”
Na sequência, a Secretaria de Segurança demitiu o delegado geral, Marco Antonio Desgualdo, considerado homem de confiança do governador Geraldo Alckmin
A Folha da quarta, dia 16, afirma ainda que os quatro identificados até agora no episódio de espionagem contra o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, responderão a inquérito policial sob a suspeita de cometer crimes de prevaricação e usurpação da função pública.
O repórter da Folha de São Paulo, Rodrigo Vizeu, solicitou, por e-mail, um contato com o radialista João Alkimin;
– “Caro João, sou repórter da Folha e gostaria de conversar com você. É possível você me dar um contato por telefone?”
Após passar o numero do telefone, o radialista recebeu uma ligação de Rodrigo que lhe informou que havia uma dúvida sobre o seu parentesco com o governador do Estado.
Além de reafirmar o parentesco, João Alkimin forneceu ao repórter da Folha a árvore genealógica da famosa família originária do Sul de Minas Gerais.
Em face da enorme repercussão dos fatos, falamos com o radialista João Alkimin e perguntamos primeiramente:
Cá pra nós, você é parente do governador do Estado de São Paulo? – João Alkimin – Basta você verificar a árvore genealógica da família e publicar se quiser. Meu avô era irmão do pai do Governador e minha mãe prima-irmã dele. Sou filho do Desembargador Sylvio Barbosa que foi colega de Tribunal do Desembargador José Geraldo Rodrigues Alckimin, tio do Governador. Que, diga-se de passagem, também é parente da atriz Irene Ravache.
O divulgado parentesco seu com o governador Geraldo Alkimin é visto apenas como um pequeno detalhe nos fatos. Como encara ser procurado pelo repórter da Folha, Rodrigo Vizeu para falar sobre isso? Acha que ele publicará o que conversaram? – Tenho certeza que meu parentesco perto do atual escandalo que assola a Secretaria de Segurança Pública com a divulgação do vídeo do encontro do Secretário com o Jornalista Mario carvalho é simplesmente fumaça. Não sei o que o Rodrigo pensou ao receber cópias da minha árvore genealógica e nem qual era o seu intuito. Isso para mim não é jornalismo, mas apenas subserviência ao Palácio dos Bandeirantes.
João, o seu sobrenome se escreve Alkimin e o governador assina Alckmin. Por que a diferença na grafia? – Há muito tempo, houve uma ruptura na família e os que apoiavam o ex Vice-Presidente da Republica José Maria Alkimin tiraram o “C” do nome, como foi o meu caso e isso me orgulha. Posso afirmar que, embora meu pai tenha sido Presidente do Tribunal, nunca fui funcionário do Judiciário, do Executivo ou do Legislativo. Sou independente, sem filiação ou cor partidária.
É casado com quem e quantos filhos tem? Sou, com a advogada Tania Lis Tizzoni Nogueira, tenho 4 filhos. 2 meninos e 2 meninas. Um menino e uma menina são advogados, a outra é professora de inglês e o outro está terminando a faculdade de direito. Por isso, sou um homem feliz e realizado.
Conte um pouco de sua vida até o seu ingresso no radialismo. – Comecei na extinta rádio Difusora, em 1969. Quem me incentivou foi Cayon Gadya, criador a “Jet Music”. E não parei mais.
Você responde pelo o programa Show Time considerado agressivo. Como é falar a verdade sempre e quais são as conseqüências? – Não se pode dizer isso do programa, os fatos que ferem a sociedade é que são agressivos. Falar a verdade é gratificante. Me largaram alguns processos. É o preço por manter meu compromisso com o ouvinte.
Alem da divulgação do encontro do Secretário de Segurança com o repórter de Folha de São Paulo que continua tendo essa enorme repercussão, que outros fatos você acha que foram importantes? – A tentativa desesperada do jornal em tentar explicar o inexplicável e a ânsia do Secretário de Segurança em derrubar delegados indóceis.
Você já sofreu um atentado à bala e quase ficou tetraplégico, como é viver um momento desses? – Terrível, mas já me acostumei às ameaças, telefonemas no meio da noite e outros fatos que não vem ao caso.
Qual foi a posição da Polícia em relação ao atentado? – Depois de anos, a Policia continua investigando por intermédio da Corregedoria Geral da Policia Civil, não tenho esperanças que chegue a algum lugar. Os criminosos não foram localizados.
Alem de Flavio Ashar, participam do programa os famosos jornalistas Carlos Brickmann, Percival de Souza, Palmerio Dória, James Akel e outros. Como é fazer um programa radiofônico com tanta gente famosa? – Além do Flávio, amigo e companheiro de trabalho de mais de 25 anos, os demais também são acima de tudo amigos de quem muito me orgulho. Certamente que são os mais brilhantes,sérios e independentes jornalistas do País e, também não posso me esquecer do querido amigo exemplo de coragem e lealdade, o Ricardo Faria.
Sendo radialista, como é o seu convívio com tantos juízes, desembargadores e outras autoridades? – A proximidade com o Judiciário e outras autoridades é absolutamente normal. As autoridades não precisam gostar de mim, tem que me respeitar como eu as respeito. Quem tem que gostar de mim é minha família e os meus amigos. O poder é efêmero e passageiro,
O que tem a dizer a respeito dos dirigentes das emissoras por onde passou e por que saiu do ar? – Os dirigentes das emissoras por onde passei e sai do ar talvez sejam os menos culpados, reconheço que tenho um gênio muito forte, é difícil conviver comigo. O programa Show Time vai ao ar pela Rádio Planeta FM, 90.3, aos sábados das 08 às 12 horas.
Você teve o sigilo pessoal violado por diversas ditas autoridades no âmbito estadual e federal, como encara isso? – Coisa de criminosos, desocupados e delinquentes. Tentaram denegrir minha imagem e o tiro saiu pela culatra. Nunca escondi meu passado de ninguém, respondi a inumeros processos e fui absolvido. Nunca desviei merenda escolar de crianças, acho o pior dos crimes.
Vamos ao foco, porque resolveu divulgar o encontro do Secretário da Segurança Pública com o repórter da Folha, Mario Cesar Carvalho? – Simplesmente por ser matéria jornalística, presumo que o Mario Cesar Carvalho teria feito o mesmo. Se não não houve nada irregular, ou suspeito, porque a ânsia em desviar o assunto? A afirmativa do Secretário que foi ao encontro para discutir o caso da escrivã torturada não convence. O melhor que se faz é perguntar ao governador porque ele mantém um secretário que está desmantelando a Policia Civil do Estado de São Paulo. Qual será o mistério?
Falam que mais de dois milhões de pessoas tomaram conhecimento do encontro através da enorme divulgação pelos jornais, sites e blogs. Como vê isso? – Com muita satisfação, pois caiu a mascara de alguns, demonstrou a força da Internet, dos sites e blogs que hoje batem de longe os jornais impressos.
O caso está sendo tratado como espionagem contra o Secretário Antonio Ferreira Pinto, o que acha disso? – Primeiro não existe o crime de espionagem em nosso ordenamento jurídico e nem de conspiração, para felicidade de alguns. Em segundo, o senhor Secretário está delirando, assim como o jornalista Mario Cesar Carvalho que em entrevista ao site Consultor Juridico tenta criar teorias da conspiração, como se estivesse sendo seguido,monitorado, grampeado e outras coisas. Ambos estão se supervalorizando.
Você tem amigos na Polícia Civil, o que acha da demissão de alguns deles da SSP? – Não foram demitidos e sim afastados dos cargos de direção. É absolutamente espantoso, só para citar o caso do Delegado Desgualdo, o homem que mais entende de homicidios neste País. Mas o Secretário nunca gostou dele; – As maiores apreensões de entorpecentes no País foram feitas na gestão Ivaney Cayres e Everardo Tanganelli no DENARC, portanto o Secretário e o Governador esquecem a população.
Falam bastante em banda podre na Polícia Civil, o que tem a dizer sobre isso? – Banda podre existe no Judiciario, MP, Advocacia, Jornalismo, Radialismo, Medicina, em todas as áreas da sociedade. O Secretário afirma que 900 policiais estão sendo investigados por corrupção. É mentira! Quando tudo vier a público veremos que a maioria foi repreendida por estar sem gravata, chegar atrasado, bater viatura. Chega a ser criminoso a maneira de jogar a honra de tantas pessoas na lata de lixo.
E dou aqui um exemplo claro, o Delegado de Policia, Conde Guerra, com quem já tive asperos debates virtuais; Ele pode ser destemperado, mas não é ladrão. Não existe nenhuma acusação de corrupção contra ele. Por esse motivo, digo que 99,9% dos Policiais são homens honrados, até mesmo os que se escondem no anonimato para me atacar.
O que acha da animosidade entre a Policia Civil e a Policia Militar, como ela deve ser aparada? – É histórica, já que se esqueceu que autoridade é o Delegado de Policia. Houve um tempo em que a própria rádio patrulha era operada por policiais militares à época chamada Força Pública. A Guarda Civil era a policia, não como hoje cuja função é proteger os próprios municipais e tinha como chefe um delegado de policia, o Delegado Sérgio Fleury um de seus diretores.
Para encurtar, como acha que vai terminar tudo isso e o que precisa ser feito para a melhora da Polícia Civil de São Paulo? – Acho que vai terminar no Poder Judiciário a quem cabe dar a última palavra. Para melhorar a Policia Civil é necessário que os políticos a tratem com respeito e paguem melhor seus integrantes. A grande realidade, já dizia o célebre Delegado Coriolano Nogueira Cobra, “a Policia é o lixeiro da sociedade, alguns não gostam dele, mas ninguém vive sem ele.” Fale com João Alkimin – showtime.radio@hotmail.com
Acassio Costa é advogado – acassiocosta@bol.com.br