A solução rápida para o crime em São Paulo – polícia de exceção? 14

Paula Miraglia

Antropóloga analisa segurança pública, justiça e cidadania

Antropóloga e diretora geral do International Centre for the Prevention of Crime, Paula analisa segurança pública, justiça e cidadania

A solução rápida para o crime em São Paulo – polícia de exceção?

Classe social segue sendo um elemento determinante para garantir o acesso e direito à Justiça

01/03/2011 17:25:

Em menos de uma semana a polícia declarou ter esclarecido o crime contra os dois alunos da Fundação Getúlio Vargas ocorrido no bairro da Bela Vista, na região central de São Paulo. Segundo a investigação, a tentativa e o assassinato teriam como motivação o ciúme. As vítimas teriam provocado a namorada do atirador no bar onde se todos encontravam. Um dos jovens morreu e o outro ainda esta internado em estado grave.

O episódio traz elementos comuns ao quadro da violência urbana que assola as capitais brasileiras: conflitos cotidianos associados ao fácil acesso à uma arma de fogo, tendo como combustível a cultura da violência. Nesse caso, contudo, para além da tragédia, o que realmente chama a atenção é a rapidez com a qual o crime foi solucionado. Bastaram 5 dias para que a investigação fosse concluída e os suspeitos presos.

Coincidentemente, na mesma semana era lançado o “Mapa da Violência 2011”, um estudo nacional sobre homicídios. Realizada por 5 anos consecutivos, a pesquisa traz dados importantes sobre mudanças nos padrões da violência no Brasil, sobretudo no que se refere aos estados do Nordeste.

Mas além dos novos elementos, os números apresentados desenham um quadro já bastante conhecido: as maiores vítimas de homicídios no Brasil seguem sendo os jovens, negros, pobres, moradores das periferias.

Em outras palavras, o que o Mapa da Violência nos mostra é que o crime contra os universitários – que chocou a todos nós e é motivo de profunda tristeza para as famílias e amigos das vítimas, é rotina nas periferias do País. O jovem que teve sua vida interrompida tragicamente, que não poderá completar os estudos, ter uma família ou ingressar no mercado de trabalho, repete a história dos quase 20 mil jovens que morrem assassinados todos os anos no Brasil.

As semelhanças, no entanto, terminam aí. Os homicídios nos bairros pobres em geral não ganham as páginas dos jornais, raras a vezes as vítimas têm nome, família, amigos, história de vida ou a morte lamentada publicamente. As mortes nas periferias são tomadas como rotina e parecem interessar a pouca gente.

A solução deste crime em particular em menos de uma semana, quando confrontada com o índice de mais de 60% de homicídios não esclarecidos em São Paulo, só faz reforçar a percepção de que no Brasil, a ideia de que todos são iguais perante a lei é letra morta.

Tamanho contraste evidencia como a classe social segue sendo um elemento determinante para garantir o acesso e direito à Justiça.

Mas uma Justiça desigual não viola apenas os princípios constitucionais ou a própria noção de cidadania, ela é motor de uma política de segurança ineficaz e fadada ao fracasso. Tamanha seletividade por parte da ação policial está na raiz dos problemas enfrentados pela segurança pública no País.

Um Comentário

  1. SP: greve da Polícia Civil não preocupa governo
    Do portal Joven Pan Online

    Eventual paralisação ocorreria já no 1º trimestre de 2011; policiais reivindicam reajuste salarial

    Mesmo com a ameaça da Polícia Civil de São Paulo em fazer uma greve ainda no primeiro trimestre de 2011, o governo paulista não acredita na eventual paralisação.

    O sindicato dos delegados e a associação da categoria prometem uma grande manifestação.

    Os policiais civis querem reajuste salarial e melhorias no plano de carreira.
    Segundo o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, o diálogo com a categoria é aberto. “Vamos aguardar os acontecimentos, eu tenho um diálogo franco e aberto com a Associação dos Delegados e com o Sindicato dos Investigadores. Até agora, não se falou em greve”.

    Entrevistado pelo repórter Jovem Pan Thiago Samora, o secretário do governo Alckmin diz que é possível melhorar os salários. “É evidente que em um governo que se começa há a preocupação com o salário dos policiais. Tem como melhorar, com certeza”.

    Além dos reajustes salariais e do plano de carreira, Ferreira Pinto pode enfrentar protestos relacionados a sua gestão frente à Polícia Civil.

    Para o presidente do Sindicato dos Delegados, Jorge Melão, as preferências do secretário pela Polícia Militar não trazem nenhum benefício para a população.

    “A população como toda a sociedade está vendo os tratamentos diferenciados entre o que é dado à Polícia Militar e à Polícia Civil. Porém, este não é pior assunto do momento. Eu acho que as policias têm o seu papel na sociedade e têm o seu papel constitucional. Elas devem desempenhá-las de acordo com a lei. Nenhuma pode invadir a seara da outra, assim como o secretario não pode invadir a seara das duas”, declarou Melão.

    Os policiais civis ameaçam o protesto desde o início do ano passado. A única vez que uma greve da categoria teve força foi em 2009. As informações são do portal Joven Pan Online.

    Ouça mais detalhes com o repórter Jovem Pan Thiago Samora no jornal Hora da Verdade.

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  2. O QUE ANTROPOLÓGA DISSE E INTERESSANTE, MAIS BATER NA TECLA QUE SÓ SE AGE COM CELERIDADE QUANDO A VÍTIMA É PESSOA DE DESTAQUE SOCIAL NÃO CONDIZ PLENAMENTE COM OS FATOS CITADOS POR ELA COMO EXEMPLO. SE O CRIME QUE VITIMOU OS UNIVERSITÁRIOS FOI SOLUCIONADO RAPIDAMENTE É POR QUE HAVIAM INDÍCIOS E EVIDÊNCIAS QUE VIRARAM PROVAS. SE O CRIMINOSO NÃO TIVESSE SE FERIDO NA CONSUMAÇÃO DO CRIME E BAIXASSE A UM HOSPITAL, TAL CRIME PODERIA ESTAR SEM SOLUÇÃO AINDA. PARA DAÍ DIZER QUE A CLASSE SOCIAL DA VÍTIMA FOI FATOR PREDOMINANTE É BALELA, POIS MUITOS VIPs SÃO VITIMADOS E NEM POR ISSO SE CHEGOU A SUA AUTORIA, EM QUE PESE OS ESFORÇOS. E QUANTO AOS CRIMES DA PERIFERIA, ONDE SÃO OS NEGROS, POBRES(QUE AQUI E EM MUITOS PAÍSES SÃO QUASE SINÔNIMOS), SUGERIRIA QUE ESTA ESTUDIOSA ACOMPANHASSE UMA DILIGÊNCIA E TENTASSE ELA CONSEGUIR UMA INFORMAÇÃO SEGURA SOBRE O CASO, QUE POSSA LEVAR À AUTORIA DO CRIME. ESPERO QUE ELA NÃO TENHA O DISABOR DE OUVIR DE UMA MÃE DE VITIMA, QUE DISSE-ME”QUE SABIA QUEM MATOU SEU FILHO, MAIS NÃO IRIA FALAR”, OU DE SABER QUE O CORPO DA VITIMA FOI ARRASTADO PELAS TESTEMUNHAS PARA LONGE DO LOCAL, ´SO PARA NÃO SEREM ARROLADAS E QUANDO SÃO, DIZEM QUE “NADA VIRAM”, APESAR DE O SANGUE DA VÍTIMA SUJAREM SUA ROUPA DE TÃO PRÓXIMO QUE ESTAVAM. ASSIM, QUE PODEMOS FAZER? ADVINHAÇÃO? AMEAÇA? TORTURA?. MUITOS APONTAM OS PROBLEMAS, MAIS NENHUM MOSTRA UMA SOLUÇÃO PRÁTICA, SENDO APENAS UTÓPICOS. BALA NELES!!!!!!!!!

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  3. O SECRETÁRIO SÓ TEM DIALOGO ABERTO COM OS DELEGADOS E INVESTIGADORES, ESSAS DUAS CARREIRAS PODEM PARAR A VONTADE, MAS QUANDO OS ESCRIVÃES PARAREM ACABA A POLÍCIA CIVIL

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  4. Vamos deixar a hipocrisia de lado. Quando se trata de vítima “importante”, é tudo mais rápido,mais eficiente.
    Prova disso:Criaram até curso na Acadepol para investigar roubos em condomínios. Eu não conheço curso voltado para tratar de crimes em favelas.

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  5. A ANTROPÓLOGA ESTÁ CERTA, EM CERTOS DEPARTAMENTOS, POLICIAIS TRABALHAM PARA FAZER SEGURANÇA DE SHOWS, SEGURANÇAS DE GRUPOS RELIGIOSOS (JUDEUS SÃO OS QUE MAIS SOLICITAM), SEGURANÇA DE AMIGO DO AMIGO E QUANDO A VÍTIMA TEM POSSES,INFLUÊNCIA OU É FAMOSA A COISA ANDA MAIS RÁPIDA EM TODAS ESFERAS JUDICIÁRIAS. O USO POLÍTICO DA POLÍCIA EXISTE SÓ NÃO VÊ QUEM NÃO QUER. BASTA VER AS RONDAS BATE-LATA E NADA-PEGA, QUEM É OPERACIONAL SABE DO QUE ESTOU FALANDO.

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  6. Mais um “teórico” falando de Segurança Pública. Gostaria de perguntar para a antropóloga quantos bandidos ela ja prendeu, quantos crimes já esclareceu. Nunca vi tanta gente “nada a ver” querendo filosofar sobre Segurança. Aposto que ela só viu um ladrão pela TV. É por isso que o Brasil não avança nesse sentido, sempre que botam alguem para falar de Segurança Pública é um filosofo, antropólogo, sociólogo. Nunca é alguem realmente do ramo.

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  7. Muito bom o texto da antropóloga, concordo!
    Gostaria que ela discorresse também sobre os recursos da Polícia Civil para investigação de 20 mil crime/ano.

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  8. A antropóloga não disse nada mais que o óbvio. Aquilo que a sociedade finge não ver e que a Segurança Pública agradece, obrigado!… No entanto, as estatísticas no nordeste não poderia nunca, pela característica da população, apontar maioria branca e rica. De resto…

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  9. agora fudeu!!! mais uma especialista em segurança publica. pergunta pra ela se não quer secretaria de segurança publica e resolver todos esse problemas. tô com o saco cheio de neguinho falar do que não sabe.acho que nunca vui um ladrão pela frente, e fica falando merda.

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  10. A partir das 8h da manhã desta sexta-feira, 4, os 280 delegados da Polícia Civil da Paraíba iniciarão a greve da categoria. O Presidente da Associação de Defesa das Prerrogativas dos Delegados de Polícia da Paraíba, Cláudio Lameirão, os delegados querem uma reunião com o Governador Ricardo Coutinho, mas mesmo com a audiência a greve não será interrompida.

    De acordo com Cláudio Lameirão, mais de 10 mil inquéritos ficarão paralisados. Os delegados querem um reajuste de R$ 3.100, eles recebem hoje, R$ 6.100.

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  11. Descobriram o Brasil !!! A polícia funciona satisfatoriamente para quem tem um melhor poder aquisitivo e trata sem prioridade a população mais humilde. Outra novidade, em Brasília os “representantes do povo” fazem negociatas em favor de seus próprios interesses, muitas vezes de forma descarada, atingindo milhares de brasileiros, mas e dai, o povo não se importa, é melhor se preocupar com o policial corrupto que toma R$ 200,00 e recebe um salário medíocre, do que com os honrados parlamentares, verdadeiros parasitas da nação, é por isso que “tenho orgulho de ser brasileiro”.

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