RDO LAVRADO NAS DEPENDÊNCIAS DO 5º DP DA ACLIMAÇÃO…OS MENINOS MERECEM 15 MINUTOS DE FAMA 9

14/11/2010 – 11h40

Grupo agride jovens na avenida Paulista em dois ataques diferentes

GUILHERME REED
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Atualizado às 12h48.

O grupo que agrediu três jovens na avenida Paulista na manhã deste domingo agiu em ataques diferentes, segundo relato das vítimas. A polícia investiga se os três rapazes agredidos foram vítimas de homofobia.

Primeiro, os cinco suspeitos atacaram dois amigos no início da avenida, na altura do número 459. Uma vítima conseguiu fugir em direção ao metrô, e a outra desmaiou com a agressão.

Em seguida o grupo seguiu pela avenida e, na altura do número 700, atacou um outro jovem, que foi ferido no rosto. Um vigia viu a agressão e chamou a Polícia Militar, que alcançou os cinco suspeitos, detidos em flagrante –deles, quatro são menores.

A PM identificou o grupo como skinheads. No entanto, em depoimento à reportagem, uma das vítimas disse que eles não tinham a aparência característica de skinheads, como cabeças raspadas, e estavam bem vestidos.

O jovem que desmaiou na avenida foi socorrido no pronto-socorro Vergueiro, muito machucado, e encaminhado ao hospital Oswaldo Cruz. As outras duas vítimas estão no 5º Distrito Policial (Aclimação), que investiga o caso.

___________________

Aguardaremos a colaboração de bom cidadão que se digne nos informar  nomes dos bandalhos e nº do RDO.

Aliados de Alckmin atribuem ao próprio Ferreira Pinto a divulgação de que haveria um lobby para que ele saísse da chefia da pasta, por estar promovendo investigações contra policiais…EDITORIAL DE A TRIBUNA DE SANTOS DA PONTO A FAVOR DO Dr. PINTO E CULPA OS “900 DELEGADOS INVESTIGADOS” 18

13/11/2010 – 09h59

Com dificuldades, Alckmin tenta desatar nó para escolha do secretariado

CATIA SEABRA
DANIELA LIMA
FERNANDO GALLO
DE SÃO PAULO

O governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), está com problemas para nomear titulares em quatro das pastas mais importantes na estrutura da administração estadual.

Sem nomes naturais para ocupar as secretarias de Saúde, Educação, Fazenda e Segurança, Alckmin deve adiar o anúncio do secretariado. Ele havia prometido iniciar a divulgação dos nomes a partir do dia 15.

Com a morte de Luiz Roberto Barradas Barata, médico sanitarista que chefiou a Secretaria de Saúde de 2003 até seu falecimento, em julho deste ano, Alckmin ficou sem um herdeiro para o cargo.

Hoje, o governador eleito está dividido entre entregar a pasta a um nome reconhecidamente técnico ou a um gestor com histórico na área.

Aliados do tucano afirmam que entre os mais cotados estão Giovanni Cerri, diretor da faculdade de Medicina da USP e do Instituto do Câncer Octavio Frias de Oliveira; e David Uip, diretor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.

FAZENDA

Na Fazenda, Alckmin esperava nomear Yoshiaki Nakano, que chefiou a pasta durante o governo Mário Covas, de 1995 a 2001.

Nakano foi um dos conselheiros mais requisitados por Alckmin quando o tucano disputou a Presidência da República, em 2006.

O tucano chegou a sondar o economista, mas, de acordo com aliados, Nakano teria recusado o convite, em nome da manutenção de seus projetos como diretor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas.

Para a Secretaria de Educação, há quem defenda a continuidade de Paulo Renato no cargo. Alckmin ouviu ainda de aliados a defesa da nomeação do deputado estadual Paulo Alexandre Barbosa, o segundo mais votado nas últimas eleições.

Barbosa, no entanto, foi adjunto de Gabriel Chalita (PSB), quando este chefiou a pasta. Chalita hoje é aliado da presidente eleita Dilma Rousseff (PT), o que criou um embaraço político.

SEGURANÇA

Já na Segurança, existe a possibilidade de o atual secretário, Antonio Ferreira Pinto, permanecer. Mas, para isso, será preciso dissolver mal-estar que se instalou na cúpula da transição com o noticiário sobre a possibilidade de ele deixar o cargo.

Aliados de Alckmin atribuem ao próprio Ferreira Pinto a divulgação de que haveria um lobby para que ele saísse da chefia da pasta, por estar promovendo investigações contra policiais.

Alckmin teria se sentido pressionado pelo noticiário. Segundo aliados, o tucano entendeu que, se deixar Ferreira Pinto no cargo, passará a impressão de ter cedido a apelos feitos via imprensa.

Se substituí-lo, terá que lidar com os rumores de que cedeu ao lobby contra um secretário que estava trabalhando contra a corrupção.

O governador eleito ainda estuda se fará o anúncio de seu novo secretariado em blocos, ou por meio de indicações individuais.

Incomodados com série de punições disciplinares impostas a juízes pelo CNJ, AMB recorre ao Supremo 6

Magistrados em guerra contra Conselho Nacional

 

Incomodados com série de punições disciplinares impostas a juízes pelo CNJ, AMB recorre ao Supremo
Luiz Orlando Carneiro
BRASÍLIA – CORREIO BRASILIENSE

Provocado pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), o Supremo Tribunal Federal terá de se pronunciar sobre os limites da competência do Conselho Nacional de Justiça, que não tem poupado,com base em resolução aprovada em março de 2007, juízes,desembargadores – e até um ministro do Superior Tribunal de Justiça – de seguidas punições disciplinares, em virtude de “procedimentos incompatíveis com a dignidade, a honra e o decoro de suas funções”
Desde sua instalação, em junho de 2005, o órgão de controle externo do Judiciário aposentou compulsoriamente 19 magistrados, colocou seis em disponibilidade, e aprovou 15 “afastamentos cautelares”. Há dezenas de processos em tramitação.

Ação
Na quarta-feira, a AMB ajuizou no STF ação de inconstitucionalidade, em que pede a anulação integral da Resolução nº 30 (7/3/2007) do CNJ,sob o argumento de que “usurpa a competência privativa dos tribunais e do legislador complementar, além de violar princípios e garantias constitucionais dos magistrados”. Ao fim de uma petição de 32 páginas, os advogados da AMB, Alberto Pavie Ribeiro e Ana Frazão, requerem, ao menos, a supressão dos dispositivos da resolução “especialmente impugnados, com efeitos ex tunc ( re t ro a t ivo ) ” . Ou seja, dependendo da decisão do pleno do STF, muitas punições decorrentes da aplicação da resolução em causa seriam invalidadas. O ministro Joaquim Barbosa é o relator da ação
Para advogados, Conselho Nacional de Justiça extrapola sua competência
Ao aprovar e baixar a Resolução nº 30, o CNJ considerou que a Lei Orgânica da Magistratura (Lei Complementar 35/79) foi recebida pela Constituição de 1988, mas que –com relação ao procedimento administrativo disciplinar aplicável aos magistrados – “as leis de organização judiciária dos estados e os regimentos internos em vigor sobre a matéria são discrepantes”. Os advogados da AMB explicam que a razão da impugnação integral da resolução é “a sua inconstitucionalidade formal, já que a matéria tratada não se encontra dentre as competências constitucionais do CNJ, sendo, ou matéria de competência privativa dos tribunais (Constituição, artigo 96, I e II) – quanto às penas de censura e advertência – ou de competência privativa do legislador complementar (CF,artigo 93) – quanto às penas de remoção, disponibilidade e aposentadoria”. Para eles, a Emenda Constitucional 45/2005, ao criar o CNJ, limitou-se a conferir-lhe competência para “rever a decisão proferida pelo Tribunal ao qual estaria vinculado o magistrado punido ou absolvido”, só aplicando-lhe sanção quando o tribunal de origem não o tiver julgado.

“Inconstitucionalidades”
Além disso, Alberto Pavie Ribeiro e Ana Frazão destacam, no texto da resolução, “inconstitucionalidades pontuais” a merecer o pronunciamento definitivo do Supremo. Entre elas, a norma que proíbe o magistrado de se exonerar no curso de processo disciplinar, a fim de escapar de possível punição. Para eles, a resolução do CNJ “cria hipótese de ‘trabalho forçado’, pois ninguém está obrigado a permanecer no cargo, de fazer ou deixar de fazer o previsto em lei”.
Ministros do STF têm se manifestado sobre a questão, por enquanto, em decisões individuais, no deferimento ou não de liminares requeridas, em mandados de segurança, por alguns juízes punidos. As decisões provisórias referentes à questão de competência levantada pela principal entidade da magistratura do país foram proferidas pelo ministro Celso de Mello, relator dos pedidos de liminares dos três desembargadores e sete juízes de Mato Grosso apenados, em fevereiro, com aposentadoria compulsória, sob a acusação de desvio de recursos do Tribunal de Justiça estadual em prol da Loja Maçônica Grande Oriente de Cuiabá, da qual era grão-mestre o presidente do TJMT.

Despacho
No despacho concessivo das liminares – em vigor até que o STF aprecie o mérito da questão – Celso de Mello ressaltou: “O desempenho da atividade fiscalizadora (e eventualmente punitiva) do CNJ deveria ocorrer somente nos casos em que os Tribunais – havendo tido a possibilidade de exercerem, eles próprios, a competência disciplinar e correicional de que se acham ordinariamente investidos – deixassem de fazê-lo (inércia) ou pretextas-sem fazê-lo (simulação) ou demonstrassem incapacidade de fazê-lo (falta de independência)”. Para o ministro, só assim se “harmonizaria” o exercício da “jurisdição censória” do CNJ com “o princípio da autonomia institucional dos tribunais”.

 

 

Novo Código de Processo Penal foi aprovado em primeiro turno pelo Senado, em votação simbólica, com a presença de apenas 10 dos 81 senadores 3

O Código de Processo Penal

14 de novembro de 2010 | 0h 00

 

– O Estado de S.Paulo

Com cerca de 700 artigos, o projeto do novo Código de Processo Penal foi aprovado em primeiro turno pelo Senado, em votação simbólica, com a presença de apenas 10 dos 81 senadores. O texto havia sido aprovado pelas comissões técnicas em dezembro do ano passado. Mas, como havia sofrido muitas e polêmicas modificações, o relator, senador Renato Casagrande (PSB-ES), propôs que ele fosse submetido a um reexame pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), durante 2010, para ser aperfeiçoado em termos conceituais e técnicos.

Na semana passada os senadores votaram o substitutivo proposto pela CCJ, deixando para a votação de segundo turno – que deverá ocorrer em dezembro – a apreciação de eventuais emendas. Desde que as diretrizes do projeto foram divulgadas, em 2008, o Senado promoveu audiências públicas com conselhos profissionais, órgãos de classe e entidades da sociedade civil. Embora a minuta tenha sido elaborada por uma comissão integrada por conhecidos processualistas e criminalistas, algumas inovações foram consideradas desvinculadas da realidade nacional como utópicas por advogados, promotores e juízes. Mesmo assim, eles reconhecem que o Senado teve o bom senso de ouvir todos os setores interessados e de acolher as propostas que contavam com o maior apoio entre os especialistas. Só alguns poucos órgãos corporativos e sindicais reclamaram por não terem sido consultados.

A legislação processual penal estava, até agora, entre as mais defasadas do ordenamento jurídico brasileiro. Ela foi adotada há mais de sete décadas pela ditadura varguista, quando eram outras as condições sociais, culturais e econômicas do País. Além de adequar a legislação em vigor à Constituição de 88, o projeto do novo Código consagra medidas inimagináveis na época em que o atual entrou em vigor – como o monitoramento eletrônico de presos, a realização de videoconferências para depoimentos e interrogatórios e a utilização da internet para remessa de informações.

A legislação processual penal proposta agiliza a tramitação das ações criminais, reduzindo o número de recursos e permitindo que a Justiça autorize a alienação de bens apreendidos antes do julgamento de mérito. Também redefine a função dos promotores, amplia os casos de decretação de prisão preventiva e atualiza os valores da fiança, permitindo aos juízes reduzi-los ou aumentá-los conforme a situação econômica do réu. E ainda tenta fechar as portas para as manobras protelatórias de advogados de defesa, apresentadas com o objetivo de obter a prescrição dos crimes cometidos por seus clientes.

Os autores do projeto do novo Código de Processo Penal afirmam que algumas inovações foram concebidas para proteger as pessoas dos abusos policiais que são comuns na fase de investigação. Os críticos, no entanto, afirmam que o texto não foi rigoroso com o uso abusivo da interceptação telefônica, que em alguns casos passa a ser permitida num prazo máximo de até um ano ininterrupto, e restringiu o uso do habeas corpus, que passa a ser admitido apenas para os casos de prisão.

Na versão original do projeto, a inovação mais controvertida previa a condução das ações judiciais por dois magistrados – um seria responsável pela instrução, ficando encarregado de decidir as medidas cautelares pedidas durante as investigações, e outro teria a atribuição de prolatar a sentença, não podendo requerer a produção de novas provas. Como em mais de 50% das comarcas do País há apenas um juiz e em alguns Estados do Norte e do Nordeste existem casos de um único magistrado ter de responder por comarcas distantes mais de 100 quilômetros uma da outra, o relator Renato Casagrande aceitou a inovação, mas propôs a criação do “juiz de garantias regional”, para atender essas cidades.

Depois da votação de 2.º turno, o Código de Processo Penal será enviado à Câmara. Se os deputados trabalharem com afinco, dentro de um ano o País contará com uma moderna legislação processual penal.

 

CORREIO POPULAR: O CALVÁRIO DOS REFÉNS DO CRACK 4

Crack, da euforia ao fundo do poço

Ação da droga, já considerada um dos maiores problemas de saúde e segurança pública do País, leva usuários à rápida dependência e a situações extremas

Fábio Serapião
ESPECIAL PARA A AGÊNCIA ANHANGUERA
cidades@rac.com.br

Apresentado ao crack por um amigo, o artista e escritor Jéferson, de 29 anos, viu sua família se distanciar, sua saúde se deteriorar e sua felicidade ir embora por causa da vida que levava em busca da euforia proporcionada pela droga. “O crack domina a pessoa, tira ela da realidade”, diz Jéferson, nome fictício, como o de todos os dependentes ouvidos para esta reportagem.

O crack é uma forma impura da cocaína e, ao contrário do que muitos acreditam, não um subproduto dela. O nome é derivado do verbo “to crack”, que, na língua inglesa, significa quebrar e faz alusão aos estalidos provenientes de sua queima. Para produzir a droga, a cocaína em pó é dissolvida em uma mistura de água e amônia ou bicarbonato de sódio e, depois de fervida, separa-se a parte sólida, que é resfriada. Em um segundo momento, ela é posta para secar e depois cortada em pequenos pedaços — as “pedras”.

Os primeiros relatos sobre o uso são datados do início da década de 80 e de lá até os dias de hoje ela se tornou um dos principais problemas de saúde pública e segurança nos grandes centros urbanos. Uma estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que o número de usuários no Brasil está em torno de 1,2 milhão e são gastos cerca de 1,3% do Produto Interno Bruto(PIB) com o combate e tratamento contra o uso da droga. Em Campinas, estima-se que entre 600 e 800 pessoas são dependentes do crack. Desse total, 20% estão em situação de vulnerabilidade social, ou seja, não possuem família e moradia fixa.

De acordo com Sílvia Cazenave, professora de toxicologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), é a forma como o crack é usado — via sistema respiratório — que faz dele um sucesso entre os usuários do mundo inteiro. “A cocaína em forma de crack, ao ser fumada, chega ao cérebro e produz seu efeito em cinco segundos, enquanto a cocaína aspirada pelo nariz leva de dez a 15 minutos para agir.”

Essa rapidez na ação, segundo a professora, se deve à forma molecular da cocaína encontrada no crack. Denominada de bases livres, ela é solúvel em gordura e consegue atravessar as membranas do organismo e se propagar por todas as partes do corpo em poucos segundos. “O perigo está aí. Em poucos segundos, ela chega ao cérebro e atinge uma área do sistema nervoso central conhecida como sistema de recompensa ou gratificação”, explicou Sílvia, que salientou a ação do crack no bloqueio da absorção natural do neurotransmissor dopamina — responsável pela sensação de prazer — como fundamental para a dependência. Com os neurônios encharcados dessa substância, surge a sensação de imensa euforia, característica da droga.

Mas, segundo a professora, é impossível quantificar o número de vezes necessárias para se tornar um viciado. “Uma pessoa pode usar apenas uma vez e já se viciar. Outras tem de repetir o uso por semanas até não conseguir mais parar”, explicou Sílvia.

Dopamina

Usuário da droga por três anos, Jéferson sabe muito bem qual o efeito da dopamina no corpo. “O meu tempo com a droga não foi tão longo, mas foi ele que acabou com minha vida e me levou a outras drogas, como cocaína injetável, que me fez ter uma overdose”, contou.

Jéferson seguiu um caminho não muito comum entre os usuários. Normalmente, eles chegam até o crack após utilizar outros tipos de entorpecentes. Foi o que aconteceu com o segurança Agenor, de 49 anos. Amante das rodas de samba e dos botecos da cidade, foi levado a uma boca de crack por um amigo durante uma bebedeira de final de semana. Como na maioria dos casos, o experimentar foi fatal. “Eu acreditava que era algo simples, que no outro dia ia acordar normal e nunca mais is usar. Mas não foi, no outro dia acordei e fui para boca buscar mais droga”, disse ele.

Dependência

“É uma sensação de felicidade, você se sente muito bem, mas tudo isso é ilusão. Você fuma, acha que é a pessoa mais feliz do mundo e, quando passa, você olha no relógio e não se passaram nem dois minutos”, conta a faxineira Marta, de 45 anos e em tratamento há quatro meses após passar cinco anos de sua vida nas ruas das cidades da região em busca da droga.

Para a professora da PUC-Campinas, no caso do crack, a dependência está diretamente relacionada com a velocidade de sua ação no organismo. “A cocaína demora para produzir o ‘barato’, mas também leva mais tempo para sair do corpo. O crack age rápido, mas tem um período de ação breve. Em poucos minutos é preciso comprar outra pedra”, explicou.

Essa ânsia pela droga fez estragos na vida de Marta. Depois de alguns meses vagando pelas ruas de Campinas em busca da droga, ela chegou ao fundo do poço. “A droga faz você perder a noção de tudo. Faz você esquecer das pessoas que você ama, você fica longe de tudo, só perto da droga”, contou ela, que chegou a se prostituir para conseguir uma “pedra”.

Fundo do poço

O primeiro contato com a droga é diferente em cada caso, mas o ponto final da dependência é, na maioria das vezes, muito parecido. “Chegou uma hora que a droga não me satisfazia. Eu queria me matar, estava sem família, sem amigos e sem nenhuma vontade de viver”, declarou Elisa, garota de programa de 36 anos que teve os ossos do rosto quebrados por um traficante durante a última vez que usou o crack, há três meses.

Em tratamento há um ano e cinco meses, Agenor hoje acredita que a própria droga já é o fundo do poço. “Não tem saída, usei por seis anos. Perdi família, quatro casamentos, carro, casa e, o mais importante, minha dignidade”, conta o segurança, que procurou tratamento após chegar em casa em um domingo — depois de oito dias seguidos usando a droga —– sangrando pela boca e pelo nariz.

Marta, Jéferson, Agenor e Elisa, cada um ao seu modo, experimentaram o crack, se viciaram e chegaram a situações extremas em função da droga. Mas todos, da mesma maneira, acreditam que a dependência do crack é uma doença. “Enquanto os políticos, ou seja lá quem for responsável por isso, não descobrirem que o dependente é um doente, nada vai mudar e muitos ainda vão morrer sem ao menos ter a chance que nós tivemos”, concluiu Agenor.

ONDE BUSCAR AJUDA

Caps Ad – Independência
Rua Alves do Banho, 979,
São Bernardo
Telefone: (19) 3272-0404

Caps Ad – Reviver
Rua Padre Domingos Giovanini, 95, Taquaral
Telefone: (19) 3243-7140

http://cpopular.cosmo.com.br/mostra_noticia.asp?noticia=1715926&area=2020&authent=29CF8BDD4327620BEDA9FF61054029

 

COMANDO DA POLÍCIA CIVIL ADMITE DÉFICIT DE POLICIAIS 47

Cidades
Comando admite déficit de policiais

Delegado-geral afirma que faltam investigadores e delegados na região, e promete investimentos

Luciana Félix
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
luciana.felix@rac.com.br

O delegado-geral da Polícia Civil do Estado de São Paulo, Domingos Paulo Neto, admitiu ontem durante visita a Campinas que a corporação sofre com a falta de pessoal na região e prometeu que a situação será revertida a partir do próximo ano com novos investimentos. Paulo Neto também apontou o déficit como uma das maiores dificuldades enfrentadas hoje pela polícia. O delegado esteve na cidade para apresentar um balanço com as principais ações realizadas pela instituição nos últimos 19 meses — período em que está à frente da Polícia Civil do Estado.

Atualmente existem cerca de 2 mil cargos vagos na Polícia Civil em São Paulo e há um concurso em andamento para a contratação de 390 investigadores e 340 escrivães. O número é considerado ainda insuficiente para suprir as necessidades da instituição em todo o Estado. O delegado não informou os números da defasagem na região.

De acordo com Paulo Neto, os problemas mais urgentes estão em cargos como delegados, investigadores, escrivães, agentes de telecomunicações e papiloscopista. “A tendência para o próximo ano é de investimento na Polícia Civil. Com mais concursos públicos que estão para serem abertos, vai se tentar suprir as dificuldades enfrentadas com a defasagem de pessoal. Posso afirmar que 2011 será o ano voltado para a Polícia Civil”, disse Paulo Neto.

O delegado titular do Departamentos de Polícia Judiciária do Interior (Deinter-2), Paulo Bicudo, também admitiu o problema. “Existe uma dificuldade com a falta de pessoal. Mas isso vai depender também do entendimento do próximo governador.”

O delegado-geral também adiantou que parte dos novos contratados no início do próximo ano será redirecionada para a região — 70 escrivães e 60 investigadores que se formarão. “Já os próximos concursos públicos para seleção de novos policiais foram regionalizados e isso tende a suprir as necessidades de cada área. Essa mudança foi implantada recentemente e é o melhor a fazer para atender as cidades do Interior.”

Os concursos regionalizados são organizados pelas seccionais de polícia. Com a mudança, os candidatos escolhem, no momento da inscrição, a seccional em que desejam trabalhar. “O objetivo é fixar os futuros policiais às regiões, evitando a pressão por uma transferência precoce e assim causar déficit, como vem ocorrendo.”

Outra mudança defendida pela Polícia Civil para os novos contratados é que, assim que entrem na corporação, eles passem a atuar no plantão policial que foi eleito como a única porta de entrada na corporação. “Só depois de três anos, poderão pedir transferência para um departamento, por exemplo”, disse Paulo Neto. A escolha do local de trabalho passou a ser feita, em todas as carreiras, pela nota durante o curso de formação. “É uma forma de incentivar esse policial a fazer cursos de formação durante esse período.”

O delegado-geral também anunciou que os próximos concursos trarão duas novas exigências. Os delegados terão que passar pelo Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e os candidatos a todas as carreiras policiais deverão dominar pelo menos uma língua estrangeira, com o olho voltado para a Copa de 2014.

Campinas é a terceira cidade do Interior a ser visitada pelo delegado para a prestação de contas. Na semana passada, ele esteve em Presidente Prudente e Bauru, onde ressaltou as políticas prioritárias em sua gestão, como o resgate do caráter investigativo; a padronização da identidade visual, com o uso do brasão da instituição por todas as unidades, e a reformulação do site da corporação.

Reestruturação é preparada em Campinas

O Estado já prepara terreno para a reestruturação da Polícia Civil em Campinas. Segundo o delegado-geral, a implantação ainda está sendo planejada e não há uma data determinada para o início. Ele afirma que a reorganização é necessária para melhorar o atendimento e para otimizar o trabalho da Polícia Civil, que deve ser voltado para investigações. “Estamos fazendo experiências regionais e tudo o que der certo será implantado em Campinas e nas demais cidades do Estado, conforme as necessidades”, afirmou.

Em Campinas, a criação da Central de Flagrantes no 1º Distrito Policial (DP), no bairro Botafogo, foi uma das mudanças já implantadas. “A criação dessa delegacia ajudou a concentrar as ocorrências mais graves em um só lugar. E, com isso, agilizou o trabalho”, defendeu. No Deinter-9, na região de Piracicaba, que abrange cidades da região de Campinas como Americana, Hortolândia, Sumaré, Santa Bárbara d’ Oeste e Nova Odessa, foi iniciado o projeto de reengenharia das unidades policiais, com integração de equipes de diferentes unidades para fortalecer a investigação. (LF/AAN)

Crimes recentes mantêm a sensação de insegurança

Índices criminais caem, mas assassinatos abalam a cidade

Apesar da tendência de queda das estatísticas criminais, o registro recente de casos de latrocínios e assassinatos mantiveram a sensação de insegurança em Campinas.

Desde o início de outubro, três crimes chocaram a cidade. No dia 1º de outubro o engenheiro Evaldo Serra da Silva, de 53 anos, foi morto com quatro tiros em frente a uma loja de instrumentos musicais na Avenida Carlos Grimaldi, no Jardim Conceição, durante um assalto. No dia 22, a atriz e cabeleireira, Andréia Cristina Pereira, de 35 anos, foi vítima de uma bala perdida no bairro Nova Campinas. Um policial militar tentou evitar um roubo em frente a cartório e disparou. Uma das balas atingiu a mulher, que estava dentro de um carro, e morreu no local. Na última sexta-feira, o engenheiro Hugo Gallo Palazzi, de 83 anos, foi morto com um tiro no rosto durante um assalto à sua casa, no Taquaral.

Pouco antes desse período, em maio, outro caso que provocou comoção foi o assassinato do estudante Felipe Selhi Cunha, de 17 anos, morto a facadas durante um roubo no Centro de Campinas. A mãe da vítima, a consultora de vendas Rosa Paula Selhi, de 45 anos, criou o movimento “Felipe Selhi: Paz e Segurança” para chamar a atenção das autoridades e pedir ações para evitar que novos casos como o que matou o filho dela voltem a ocorrer.

Outro crime que chamou a atenção e até hoje continua sem solução foi o assassinato do empresário Domingos Nunes, de 57 anos. Ele foi morto espancado dentro da churrascaria Baby Beef, de sua propriedade, também em maio.

Em Vinhedo, a professora aposentada Rosa Inês Bornia Moreira, de 55 anos, foi morta com um tiro na cabeça durante um assalto à sua casa, dentro do condomínio Vista Alegre, no mês de setembro.

Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), e o delegado-geral, Domingos Paulo Neto, porém, a política de combate ao crime tem dado resultados e os dados oficiais apontam para a tendência de redução da violência no Estado. Principalmente nos casos de crimes contra o patrimônio.

De acordo com o delegado, a área do Deinter-2 — que engloba 38 cidades da região de Campinas — houve redução de 16% no número de latrocínio (roubo seguido de morte). Foram 11 casos registrados no terceiro trimestre de 2009 e nove entre os meses de janeiro a setembro deste ano. O mesmo ocorreu com o roubo de veículos. Foram 1.805 em 2009 e 1.678 este ano.

“Verificamos uma queda significativa e homogênea nos índices de criminalidade”, afirmou Paulo Neto, durante a visita feita a Campinas ontem. (LF/AAN)