|
Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, que eu venha à tribuna para defender a Polícia ou um policial não é nenhuma novidade, tenho obrigação de fazê-lo uma vez que atuei no serviço ativo da Polícia Militar por 29 anos até o dia em que tomei posse na Assembleia Legislativa, mas fazer a defesa de um policial que está sendo acusado pela mídia e através de informações passadas do Governo do Estado, onde há uma grosseira confusão sobre quem é responsável e de quem é vítima.
Tivemos há dois dias mais um ataque, uma ocorrência de roubo que podemos chamar empiricamente de assalto, ao Shopping Cidade Jardim. Dessa feita 8 marginais armados com escopetas, fuzis e submetralhadoras assaltaram uma loja da Rolex. Na fuga ainda fizeram disparos, tiros de fuzis que perfuraram carros blindados de clientes que lá se encontravam.
Qual não é a minha surpresa ao ver hoje, na ‘Folha de S. Paulo’, matéria em que se induz. A matéria diz: “Shopping é vigiado por firma de policial.” Fui verificar o que se passava. A empresa que faz a segurança do shopping, chamada Guarda Patrimonial, é de propriedade de Bernardino Fanganiello, fundador da empresa em 1969. É a empresa de segurança privada mais antiga em atividade no país. Procurei saber quem seria o policial proprietário dessa empresa e, para minha surpresa, também, as informações foram passadas, e trata-se do policial civil Fábio Fanganiello, que está sendo indiretamente acusado de ser filho do pai. Ele sócio cotista da empresa, com dois por cento, porque é filho do Bernardino Fanganiello, e também é sócio em outros empreendimentos, porque a família tem condição financeira para isso e ele é realmente um policial do Deic. Muito a contragosto da sua família, segundo as informações que tive, que queria que ele estivesse trabalhando nos quadros da empresa, e ele é um sonhador, alguém que adora o serviço policial e está na polícia há 8 anos.
Então repito que a Guarda Patrimonial foi criada em 69. Mas, por que o governo do estado, por meio da Secretaria, passa esse tipo de informação? Para criar uma cortina de fumaça, para mascarar justamente a incompetência do governo do estado de gerir a Segurança Pública. Ora, ao invés de estarmos procurando como que 8 marginais se organizam, entram em 2, 3 ou 4 veículos e se deslocam pela cidade de São Paulo, armados com fuzis, escopetas e submetralhadoras, invadem uma área que tem sistema de segurança privado – e aí se coloca a interrogação se a empresa é de um policial ou não, deveria ter reagido, ficamos discutindo, porque o próprio sistema de segurança pública do Shopping Cidade Jardim tem a vigilância interna desarmada, muito propriamente, e não vamos acrescer volume de armas de fogo num ambiente público, porque isso no caso de um confronto pode gerar um número maior de vítimas.
E o que acontece? Os marginais vão embora. Como já estiveram no mesmo shopping 23 dias antes, e o governo do estado, através da Secretaria, sai responsabilizando a vítima. “Olha, a segurança do shopping é inadequada.” Pegaram um especialista de segurança, que aliás é especialista de tudo em segurança, o coronel José Vicente da Silva Filho, que foi secretário nacional de Segurança Pública do governo Fernando Henrique. “Olha, mas não poderia estar nem num corredor desse uma loja.”
Mas eu tenho que dizer a vocês, em nome da verdade, que a responsabilidade do ataque ao Shopping Cidade Jardim, do aumento do número de sequestros, do aumento do número de roubos, do aumento do número de latrocínios no Estado de São Paulo tem nome e endereço: Avenida Morumbi, 4.500, o nome do proprietário é José Serra, que renunciou e está sentado lá Alberto Goldman. Esses são os verdadeiros responsáveis por marginais fortemente armados circularem com liberdade. Não vamos nós, pela opinião pública, cair nessa esparrela de querer colocar a responsabilidade na segurança privada do shopping ou fazer ilações sobre o fato de o proprietário da empresa que faz a vigilância ter um filho que é policial e que se orgulha disso, que trabalha numa delegacia especializada porque é um vibrador com o serviço policial no Deic. Não há de ter nada que ver com a irresponsabilidade do Estado de não prover a segurança pública de forma adequada.
Já fizeram isso lá atrás, em relação a um roubo de armas no ABC, quando tentaram imputar responsabilidade à vítima. Só que é muito importante que a opinião pública saiba, que o governo saiba: na dá para enganar a população dizendo que oferece segurança pública adequadamente. Não dá para colocar nos jornais que agora haverá intensificação do patrulhamento ostensivo na região. E tentar mascarar a verdade, que há um total clima de insegurança no Estado de São Paulo. E esse clima reinante faz com que marginais fortemente armados estejam fazendo ações dessa ordem, que mortes de policiais de forma premeditada estejam acontecendo. Não dá para enganar plantando na imprensa que a vítima é responsável pelo crime sofrido.
|