| Suspeitas em concurso derrubam diretores do IC
Possíveis fraudes em exame foram reveladas pela Folha
DA REPORTAGEM LOCAL
As suspeitas de fraude nos concursos para fotógrafo e para perito do Instituto de Criminalística de São Paulo, reveladas pela Folha, derrubaram os dois principais diretores do órgão, José Domingos Moreira das Eiras e Osvaldo Negrini Neto.
A saída foi confirmada ontem pela Segurança Pública. Assume o cargo de Eiras, na diretoria-geral, o também perito Carlos do Valle Fontinhas. Para a vaga de Negrini, no centro de análises e pesquisas, foi nomeado Adilson Pereira.
Eiras foi avaliador da prova oral do concurso para fotógrafo que aprovou, entre outros participantes, André das Eiras Braiani, seu primo, que não respondeu boa parte do teste.
O nome de André e dois outros candidatos foram registrados em cartório pela Folha oito dias antes do “Diário Oficial” divulgar o resultado do exame. Todos foram aprovados.
O concurso, que teve 17.621 inscritos, está suspenso desde o final de novembro.
Já Negrini foi acusado por seis integrantes da banca do concurso de perito de 2005 de vender gabarito da prova escrita e incluir candidatos reprovados na lista de aprovados.
Negrini e Moreira não foram localizados ontem. (ROGÉRIO PAGNAN e ANDRÉ CARAMANTE) |
já era tempo ter um portugues como Diretor só no Brasil mesmo. Duvido que exista algum Diretor brasileiro na polícia de Portugal.
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SÓ AGORA PERCEBERAM A FRAUDE DO CONCURSO DE PERITO 2005 ? QUEM ACOMPANHOU SABE QUE TEVE UMA LISTA E DEPOIS OUTRA COM NOMES ACRESCENTADOS,NOMES ESSES DE AMIGOS E DE FAMILIAR .NÃO APENAS EU MAIS COM CERTEZA MAIS GENTE DEVE CONHECER NOME QUE NÃO ENTROU E ESTAVA NA LISTA POSTERIOR.
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ROGÉRIO PAGNAN
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Concurso realizado em julho pelo Instituto de Criminalística, da polícia de São Paulo, para contratar fotógrafos periciais foi fraudado. A Folha registrou em cartório o nome de três pessoas que seriam aprovadas, o que acabou ocorrendo.
Um dos candidatos aprovados no concurso é parente do diretor do instituto, José Domingos Moreira das Eiras.
Nervoso, ele errou boa parte das questões do exame oral. Não conseguiu, por exemplo, definir o que é um quadrado.
Segundo funcionários ligados ao concurso, os três candidatos listados pela reportagem chegaram à prova “altamente recomendados”.
O secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, determinou a suspensão do concurso, que teve cerca de 17,6 mil candidatos.
Aprovado não soube dizer onde fica a Bahia
Cerca de 17,6 mil pessoas participaram do concurso; desses, 415 candidatos chegaram à prova oral e 128 foram aprovados
Folha registrou em cartório o nome de três vencedores do concurso para fotógrafo pericial oito dias antes de o resultado ser divulgado
ROGÉRIO PAGNAN
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
André parecia estar diante do seu pior pesadelo. Visivelmente nervoso, falhou em grande parte do teste. Não conseguiu responder corretamente o que é um quadrado, como é a fauna do Pantanal, confundiu-se ao soletrar assessoria (disse “ascessoria”) e também ao responder em qual região fica a Bahia. Sobre fotografia, o tema específico da teste, recorreu muitas vezes ao “não me recordo”.
Quem assistiu à prova oral de André, no último dia 1º de julho, pensou ver levantar-se da cadeira um jovem constrangido e distante de se tornar fotógrafo da Polícia Científica de São Paulo. Enganou-se: tudo aquilo era uma encenação, e ele havia sido aprovado antes mesmo de sentar-se ali.
O nome de André das Eiras Braiani está numa lista registrada pela Folha em cartório oito dias antes de o “Diário Oficial” revelar os candidatos aprovados no concurso para fotógrafo pericial (FTP 01/2008). Até essa data, nem mesmo o próprio candidato sabe (ou não deveria saber) se conseguiu ou não ser aprovado para trabalhar na polícia paulista.
Além de André, a reportagem registrou os nomes de outros dois candidatos (Cristiane Naomi Hiroishi e Alessandro Furtado Pecchia), e eles também foram aprovados, de fato.
Teatrinho
Cerca de 17,6 mil pessoas participaram do concurso. Desses, 415 chegaram à prova oral -128 foram aprovados.
Os três candidatos dos quais a Folha tinha informações de que seriam aprovados chegaram à prova oral “altamente recomendados”, segundo funcionários ligados ao concurso. Essa é, segundo eles, a senha para aprovação de uma pessoa, a despeito de seu desempenho.
No caso de André, ainda segundo os funcionários, ele foi apresentado como sobrinho do diretor do IC (Instituto de Criminalística), José Domingos Moreira das Eiras, que é um dos principais membros da banca de exame oral.
A Folha, o diretor disse que o grau de parentesco é menor: “Um primo de terceiro grau”.
Independentemente desse grau, o parente do diretor conseguiu surpreendentes 76 pontos na prova oral (de um total de cem), considerando que não conseguiu responder corretamente à boa parte dos testes.
A reportagem teve acesso aos DVDs com o registro da prova oral na última quinta-feira, após interferência do secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto. Até então, a diretor da Academia de Polícia, Adilson José Vieira Pinto, não permitia que isso acontecesse.
A gravação é feita em evento aberto ao público como forma de mostrar “transparência”.
Dos três candidatos aprovados (André, Cristiane e Alessandro), a reportagem só pôde ver o teste dos dois primeiros. Isso porque, segundo a funcionária que exibiu o material à reportagem, houve uma “falha técnica” e o teste de Alessandro não foi gravado. Este negou à Folha ter sido ajudado no teste.
O vídeo é o único registro oficial do desempenho do candidato. Oficialmente, não houve explicação para o que ocorreu.
Pelo vídeo, não é possível dizer que o desempenho de Cristiane tenha sido ruim ou que ela foi beneficiada pela banca.
A reportagem viu também o teste de sete outros concorrentes. Entre os quais, o de Rogério Veras Vianello, que foi ainda pior que André na prova e, mesmo assim, foi aprovado.
Segundo funcionários, Rogério também chegou à banca com “alta recomendação” de “diretores” do IC. O candidato conjugou um “vós troçais” como sendo no pretérito do verbo trazer e disse que quem nasce em Fortaleza é cearense.
Dois funcionários ligados à Segurança Pública que assistiram às gravações ao lado dos repórteres da Folha ficaram incrédulos quando informados que Rogério e André foram aprovados.
A corregedora Maria Inês Trefiglio Valente investigará o concurso já recolheu todos os documentos referentes.
Secretaria suspende concurso
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria da Segurança Pública informou que, diante das suspeitas de irregularidades, o secretário Antonio Ferreira Pinto ordenou a suspensão do concurso.
Todos os procedimentos e as etapas do concurso serão investigados. A apuração definirá se o exame será anulado e se algum servidor será punido.
Os aprovados do concurso aguardavam chamado para iniciar a academia.
A Delegacia Geral da Polícia Civil informou que os delegados Adilson José Vieira Pinto (diretor da Academia de Polícia) e Jurandir Correia de Sant’Anna (presidente da comissão do concurso FTP 01/ 2008) não falariam com a reportagem devido à investigação aberta pela corregedoria.
A Folha também solicitou, sem sucesso, entrevista com o superintendente da Polícia Científica, Celso Perioli, e com o delegado responsável pelos concursos Oduvaldo Mônaco.
A Folha conseguiu falar com o diretor do IC, José Domingos Moreira das Eiras, na sexta-feira, depois de ligar cerca de 70 vezes em seu telefone celular. Ao atender, disse rapidamente do grau de parentesco com André das Eiras Braiani e pediu para reportagem ligar em 30 minutos porque fazia uma caminhada. Depois disso, porém, não atendeu mais as ligações e não respondeu aos recados.
A reportagem conseguiu contato com Alessandro Furtado Pecchia. Ele disse que passou por méritos próprios. Afirmou que não autorizava a publicação de seu nome. “Não quero me comprometer com nada. Se fosse uma reportagem favorável, tudo bem. Como é para denegrir a imagem da polícia, não quero participar.”
A Folha solicitou à Secretaria de Segurança o contato dos candidatos citados na reportagem, mas não foi atendida. A reportagem também solicitou à pasta que comunicasse a eles o teor da notícia para manifestação. Também não houve resposta.
A Folha deixou recados a André e Rogério Veras Vianello, mas não teve resposta. A reportagem não conseguiu os telefones de Cristiane Naomi Hiroishi. (RP E AC)
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DIÁRIO DE S.PAULO
Notícia publicada em: 02/05/2004
Policial é indiciado em inquérito sobre tráfico de pássaros
PATRÍCIA EVELYN
Suspeito de ter transportado aves silvestres em viatura oficial, diretor do IC nega irregularidade e diz ser apenas membro de associação de criadores
O diretor do Instituto de Criminalística (IC), José Domingos Moreira das Eiras, foi indiciado pelo Ministério Público Federal (MPF) em inquérito judicial que investiga tráfico de pássaros silvestres. A investigação teve início em 2001, com uma denúncia da Organização Não-Governamental (ONG) SOS Fauna. O caso está sendo analisado pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), que decidirá se acata ou não a denúncia do MPF.
O diretor do IC nega envolvimento no caso e diz ser apenas ligado a uma associação de pássaros. O Instituto de Criminalística é responsável por alguns laudos de venenos, resíduos de alimentos, terra e areia coletados no Zoológico de São Paulo, onde o tráfico de animais é uma das hipóteses investigadas pela polícia para esclarecer a morte de 73 espécimes por envenenamento.
Segundo Antônio Carlos Gândara Martins, advogado da SOS Fauna, a entidade recebeu a denúncia de um delegado e fez as primeiras investigações. De acordo com Martins, o denunciante informou que o diretor do IC transportava as aves silvestres em viaturas oficiais e que as levava para o seu gabinete.
Na denúncia, o advogado pede que as casas de Eiras, em São Paulo e Itapira, sejam revistadas. “Depois dos indícios que colhemos, caberia ao poder público investigar”, afirmou Martins. A denúncia foi apresentada inicialmente ao juiz federal João Carlos da Rocha Mattos — preso na Operação Anaconda e acusado de chefiar uma suposta quadrilha que negociava sentenças.
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Se estes personagens não tiveram a capacidade de responder a essas perguntas como conseguiram passar na prova escrita esse Concurso tem que se cancelado até para a propria moral da Policia-Civil
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