02/08/2009
Delegado de SP é acusado de tortura
Folha de S. Paulo
O delegado Carlos Alberto Augusto, 66 anos, do 12º distrito de São Paulo, é suspeito de comandar sessões de tortura no Dops (Departamento de Ordem Política e Social) na ditadura militar (1964-85).
Amigo e tutor do Cabo Anselmo, ambos participaram como informantes do regime na caça aos esquerdistas.
Carlos Alberto trabalhou de janeiro de 1970 a 1977 no Dops.
De acordo com Ivan Seixas, diretor do Fórum dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos de São Paulo, há vários testemunhos de pessoas torturadas por ele no Dops.
“Ele era conhecido lá como Carlinhos Metralha.”
Ivan apontou Carlos Alberto como torturador em audiência recente no Ministério Público Federal de SP. O delegado nega.
“Eu era agente de informação, não trabalhava em ações”, afirma.
“Apenas cumpri meu dever de defender o país do comunismo.”
Carlos Alberto diz estar pronto para servir as Forças Armadas caso seja necessário um novo golpe.
“Esses caras do governo [Lula] são todos sanguinários. Tudo comunista bandido.
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Explica uma coisa, agentes de informações não eram aqueles que “tiravam” informações?
Como é que vocês tiravam informaçoes de comunista bandido e sanguinário?
Por fim , desculpe-me pela grosseria, Vossa Senhoria apenas prejudica a Polícia Civil quando defende aquele time de lambedor de militar.
A maioria ladrão, bebum, drogado e covarde.
Não tinha essa de dedensor da pátria.
E por causa desses heróis CONTINUAMOS NA MERDA!
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Confidências de um investigador : ” o pessoal ia lá pra ganhar dinheiro, o negócio era sequestrar estudante filho de rico pra dar um cambau de leve; depois tomar uma nota do pai”…
“um monte de trouxa pobre morreu só por ter testemunhado o sequestro do coleguinha metido a comuna”…
“eu dei um tiro no pé de um milico que massacrou um estudante que danificou uma cabine de telefone”…
Me tiraram de lá; eu voltei para o DEIC, mas dias depois meteram fogo no meu Karman-guia prá eu aprender não defender terrorista…
Dias depois eu comprei um Dodge Dart SS…(J.E.L)
Sobre a ditadura militar gostaria de fazer aqui algumas considerações.
Muitos são os que ainda hoje sentem saudades daquela época.
Esses vivem pronunciando sempre as mesmas frases que todos os policiais civis estão cansados de ouvir, dentre as quais: “HOJE EM DIA NÃO DÁ MAIS PARA TRABALHAR”, “NA MINHA ÉPOCA AS COISAS ERAM DIFERENTES, A GENTE CHAMAVA O VAGABUNDO E ELE VINHA NO PIU”, “NA MINHA ÉPOCA A GENTE PENDURAVA O VAGABUNDO E ELE ME DAVA 10 BRONCAS”, “HOJE A POLÍCIA ACABOU, O VAGABUNDO TÁ FOLGADO PRA CARAMBA, NÃO DÁ MAIS PARA TRABALHAR”.
Esses mesmos se esquecem de contar o que acontecia quando o delegado, na época da ditadura, tinha em mãos o poder de expedir mandado de prisão preventiva, prisão temporária e mandado de busca e apreensão.
Esses mofados, não comentam que naquela época saiam dois investigadores, em uma viatura com dizeres na porta dops, e derepente ao passarem na porta de uma residência relativamente de grandes dimensões e ao observarem(02)carros na garagem,zero quilômetro e de alto valor, entendiam que lá residia alguém com padrão monetário alto.
Pois bem diante disso faziam levantamento sobre as pessoas que lá residiam e ao saberem que não se tratava de nenhum militar, nenhum policial e nem mesmo alguém de destaque, comentavam com o delegado e ele expedia um mandado de busca e apreensão.
Pela residência esses mesmos investigadores, metiam o pé na porta, entravam e se deparavam com uma família de posses e com a desculpa de que haviam recebido denúncias de que se tratavam de subversivos, enchiam bem a família inteira de socos e pontapés, roubavam dinheiro da residência, jóias, e pertences de valor e levavam todos ao dops.
Por lá chegando o delegado decretava a prisão temporária da família, ou então usava um meio que na época era disponível que os mofados adoram comentar.
Era a determinação do “FAÇA SUBIR”, onde o delegado determinava que a família ou averiguados fossem encaminhados para a carceragem do dops.
Depois de semanas, ou meses pela carceragem, e após sessões de torturas,com uso de pau de arara, choques, empalamentos dentre outros meios cruéis a família temendo a morte e psicologicamente muito abalada quando era liberada não abria a boca.
Muitos não conseguiam sobreviver e acabavam morrendo nessas sessões e eram levados para um cemitério clandestino no bairro atual de Perus.
Pois bem, os mofados não contam que o mandado de busca e apreensão, a prisão temporária e preventiva, poder do delegado naquela época, era usada na grande maioria das vezes para esse fim, isto é, o de roubar o cidadão, com a desculpa de que ele era subversivo.
Dizem em alto e bom tom, esses mesmos mofados, que hoje em dia não dá para trabalhar e realmente concordo que não dê porque os tempos mudaram e a tendência e cada vez mais mudanças para idos de avanço.
Hoje em dia não há mais espaço para ignorantes na sociedade.
Prevalece hoje em dia a tecnologia, a atualização dos meios, a modernidade da informação, a inteligência, o alto grau de cultura, e não mais socos e pontapés.
E foi por isso que com o passar dos tempos os delegados perderam o poder de expedir mandados, e é por isso que essa reforma do código de processo penal cita que existem provas do tipo repetíveis e não repetíveis.
Isso quer dizer que provas pericias são provas que não precisam ser repetidas em juízo, porém provas colhidas no inquérito policial devem ser repetidas todas elas em juízo, caso contrário não servirão de embasamento para uma condenação.
Isso tudo mostra que houve abusos antigamente e com o passar do tempo esses mofados que ainda perduram na instituição policial civil, não procuraram reverter o quadro e mostrar que a polícia civil foi uma em uma época e hoje é outra porque vivemos em outra época.
Caímos em descredito para com a sociedade e para com o poder judiciário e essas provas repetíveis do inquérito policial demonstram isso.
Me dá a impressão que esses ignorantes que ainda hoje insistem em perdurar, na instituição Polícia civil, fazem questão de mostrar que a Polícia civil foi uma em uma época e continua querendo ser aquela mesma porém em outra época.
Engraçado é que a Polícia Federal, não vejo dar tiros, não vejo torturar ninguém, não vejo dar socos e pontapés em ninguém e por meio do respeito, da inteligência, da seriedade e do profissionalismo souberam se impor no dias atuais e aos moldes atuais.
Acorda Polícia Civil!!!
Agora imaginem os senhores, o que um magistrado, um promotor público deve pensar a respeito dos comentários desse senhor delegado.
Tenho plena convicção de que se indagarem a ele sobre legislação atual, isso ele nada sabe dizer porque está definitivamente e completamente desatualizado, mas não ele ainda perdura como Autoridade Pública exercendo suas funções e atendendo ao público, como deixam isso ocorrer.
Isso demonstra uma total falta de controle, de administração e de profissionalismo por parte dos superiores.
Então quer dizer que se por ventura no 12º D.P aparecer um cidadão trajando uma camiseta do PC do B, ou então do PCB, ou então do PT, ou então do PSTU,querendo noticiar um fato criminoso, será levado em consideração a camiseta que traja e não a pessoa e nãó dúvido nada que acabe preso por desacato, apenas pelo simples fato de fazer uma pergunta, sendo que muitas vezes não configura, mas o simples fato de para o delegado ser um comunista, ou demonstrar simpatia pelos ideais socialistas, ou comunistas é aquele um vagabundo.
Como ainda dão espaço para um senhor que é uma autoridade, com essas idéias, nos dias de hoje.
Está mais do que na hora desse senhor delegado de polícia se aposentar e passar horas e mais horas contando estorinhas para os vizinhos, já não dá mais para conceber hoje em dia essas idéias e ideais em nosso meio e no meio dos jovens que ingressam nos quadros da Polícia Civil atualmente.
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esse meio trezado não é meio trezado não. ELE É ABOBADO MESMO.CONTOU UMA ESTÓRIA RIDÍCULA. NEM MEU FILHO DE 14 ANOS ACREDITA NO QUE EESSE BABACA CONTOU.
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DR GUERRA,
É INACREDITÁVEL QUE, NOS DIAS DE HOJE, UMA BESTA COMO ESSA, TENHA O DISPLANTE DE FAZER ESSE TIPO DE DECLARAÇÃO…
COM ESSE TIPO DE GENTE (????)…
SÓ MANDANDO SUBIR…
OU, COMO O SR DISSE, DESCER…
O CÉU TAMBÉM NÃO ACEITA ESSE TIPO DE POLICIAL!
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Parentes de “conhecidos e perigosos terroristas”, segundo o CIE, tentavam destruir “a imagem positiva” que os agentes do Doi-Codi “conquistaram na opinião pública pelo êxito obtido exatamente nesse combate”.
“O heroísmo, a abnegação e desprendimento na dedicação ao serviço de nossa pátria, o sacrifício da própria vida, todos esses aspectos do punhado de abnegados defensores do País que compuseram e compõem esses órgãos são transformados para considerá-los como ‘indivíduos bêbados, que não respeitam ninguém, desumanos, algozes, torturadores, sádicos, que ameaçam os familiares indefesos, inclusive filhos menores’”, diz o Relatório Periódico de Informações do Ministério do Exército do período de 1 a 31 de março de 1975, guardado no Arquivo Nacional, em Brasília, sob o registro ACE 82027/75.
Segundo o relatório, os adversários agiam de forma articulada para espalhar informações contra a ditadura. “Os políticos contestadores da revolução de 64, travestidos em opositores do atual governo, sob a regência do PCB/MCI (Movimento Comunista Internacional), vêm utilizando-se desse instrumento da guerra psicológica, com real proveito, materializado na mobilização de parcela ponderável da opinião pública”, diz. “As armas utilizadas são, de preferência, o boato, a canção de protesto, a charge humorística, divulgados ora pelos meios legais, ora pelos clandestinos.
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Algumas questões sobre a imagem do policial civil
3 vote Herbert Gonçalves Espuny · São Paulo (SP) · 26/5/2009 17:17 · 44 votos
O que aconteceu com a imagem do policial civil no Brasil nas últimas décadas? Somente através de pesquisas e estudos a sociedade poderá compreender a razão de determinadas ideias estarem arraigadas no senso comum. A polícia judiciária é um importante braço da cidadania e da defesa dos Direitos Humanos. Precisa ser resgatada em sua importância junto à sociedade. Discutir fatos históricos e buscar no passado as razões de algumas dinâmicas do presente pode ser um bom caminho.
O artigo abaixo é parte da monografia apresentada pelo autor, no curso de pós-graduação Gestão das Políticas Preventivas da Violência, Direitos Humanos e Segurança Pública, da Escola Pós-Graduada da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP.
A IMAGEM DO POLICIAL CIVIL.
O policial civil teve a sua imagem associada à corrupção e à violência nas últimas décadas. A sociedade em geral tem esta percepção e, muitas vezes, ainda, a sensação de que o policial civil é ineficiente e pouco confiável. Almeida (2007, p.187) além do aspecto confiabilidade já citado na parte inicial (*) desta seção, propôs uma avaliação geral de algumas instituições. A Polícia Civil obteve 56 % de avaliação positiva (boa e ótima) contra 43% de avaliação negativa (péssima, ruim e regular). Isto indica que quase metade da população não encara a polícia civil como uma instituição que presta bons serviços.
Outra pesquisa neste mesmo sentido foi realizada pelo IBOPE promovida pelo movimento Nossa São Paulo (2009). A questão abordada foi a confiança nas instituições. A Polícia Civil de São Paulo obteve 43 % de aprovação (ou seja, o grupo dos que confiam). O grau de confiança é maior do que apontado por Almeida – de 23% – mas há a ressalva que a pesquisa deste teve por âmbito todo o Brasil e do movimento Nossa São Paulo que o IBOPE realizou apenas a cidade de São Paulo.
De qualquer maneira, a imagem do policial civil parece comprometida seja em São Paulo, seja no Brasil inteiro. A complexidade dos crimes e a crescente associação de criminosos certamente contribuíram – também – para uma escalada da violência policial e do aumento do número de denúncias de corrupção.
Fernando Molica (50 ANOS DE CRIMES, 2007. p. 11) lembra que
A polícia, antes vista pela imprensa – com as exceções de praxe – quase como sinônimo do bem e da ordem, passa, ao longo dos anos, a disputar com criminosos comuns o lado de lá do ringue. Uma certa conivência com práticas irregulares cometidas por policiais é, aos poucos, substituída pela denúncia sistemática dos abusos cometidos por integrantes das diversas corporações. A divisão de polícia e bandido torna-se mais tênue, os conjuntos passam a se misturar com uma certa freqüência e complexidade – uma história que foi contada pelos jornais.
Ainda reforçando esta idéia e situando o fenômeno no tempo, Molica (50 ANOS DE CRIMES, 2007. p.10) contextualiza:
A seqüência das matérias permite, entre outras, uma leitura interessante sobre casos policiais e as reportagens. De um modo geral, o crime nos anos 50 e 60 tendia à individualização, o medo tinha nome ou, pelo menos, um apelido. Era como se cada um daqueles episódios fosse considerado um desvio, uma anomalia que poderia ser isolada – com a prisão ou morte do bandido, tudo voltaria ao normal. Essa percepção muda ao longo das décadas seguintes, não há mais o inimigo público número 1, o “Mineirinho”, o “Bandido da Luz Vermelha”, mas os esquadrões, as falanges, os comandos, as milícias. O mundo do crime também ficou mais complicado.
Várias são as dinâmicas que podem ter influenciado para o surgimento de uma imagem desgastada dos policiais civis junto à sociedade, mas uma delas – a cooperação entre as polícias e os ditadores na época da Ditadura Militar no Brasil (1964/1985) – parece ser inquestionável. Esta cooperação acabou gerando atividades subsidiárias que não se restringiam ao objetivo inicial que era o combate aos subversivos aos olhos dos ditadores. Tal cooperação acabou por criar um ou mais grupos “de confiança” da Ditadura, que mandavam e desmandavam – sempre escudados no lema de “combate aos subversivos”.
Um dos órgãos da Ditadura Militar que trabalhou com policiais civis a seu serviço foi o DOI (Destacamento de Operações de Informações). Órgão da Inteligência Brasileira, o destacamento se estabeleceu em todos os estados brasileiros e era composto por militares das Forças Armadas e policiais civis (FIGUEIREDO, 2005. p.20). Ao DOI era ligado o CODI (Centro de Operações de Defesa Interna) e a sigla DOI-CODI ficou famosa por reunir setores de inteligência e operações da Ditadura Militar. Em São Paulo, nas dependências do DOI-CODI, foi estabelecida a OBAN (Operação Bandeirante) cujo objetivo específico era o combate à subversão, reunindo equipes de militares e policiais estaduais (civis e militares).
Parece que a unidade da Polícia Civil de São Paulo mais envolvida com o DOI-CODI foi o DEOPS (Departamento Estadual de Ordem Política e Social), que na época era um órgão estadual (hoje ainda há, em São Paulo, uma unidade policial com o nome de Ordem Política e Social ligada à Polícia Federal). Seu representante mais famoso e controvertido foi o delegado Sérgio Fernando Paranhos Fleury (1933-1979), acusado de comandar inúmeras torturas e assassinatos num combate feroz aos militantes de esquerda durante o regime militar. Exemplos dos tipos de violência então praticados nas dependências em que se combatiam os subversivos são relatados nas páginas do Brasil: Nunca Mais (1985, p.31-50).
Diversos policiais civis se envolveram nestas atividades. A mão de obra que varria os locais em busca de “criminosos” era – sem dúvida – composta por policiais que conheciam – mais que os militares – bairros, vilas, ruas e becos das cidades em que as operações eram realizadas. Ainda no Brasil: Nunca Mais (1985, p.63):
Os órgãos de segurança, sem respeitar limites da dignidade da pessoa humana, conseguem importantes vitórias na luta contra as organizações de luta política clandestina. Todos os resultados colhidos na pesquisa BNM confirmam as denúncias formuladas no período Médici, por entidades de Direitos Humanos, a respeito de torturas, assassinatos de opositores políticos, desaparecimentos, invasões de domicílio, completo desrespeito aos direitos do cidadão e inobservância da própria legislação criada pelo regime.
Ainda sobre esta estrutura o Brasil: Nunca Mais esclarece (1985, p.73):
Foi criada, então, e só oficiosamente assumida pelas autoridades militares, a Operação Bandeirantes (OBAN), que se nutria de verbas fornecidas por multinacionais como o Grupo Ultra, Ford, General Motors e outros. Não era formalmente vinculada ao II Exército, embora seu comandante, General Canavarro Pereira, visitasse regularmente a Delegacia de Polícia que lhe servia de sede, na rua Tutóia, em São Paulo.
Aí está a relação “íntima” que se desenvolvia entre as forças da Ditadura e a polícia civil. Possivelmente o que aconteceu em São Paulo deve ter acontecido no Brasil inteiro pois “o tipo de estrutura da OBAN serviu de inspiração para a implantação, em escala nacional, de organismos oficiais que receberam a sigla DOI-CODI .” (BRASIL: NUNCA MAIS, 1985, p.73).
Além de a polícia civil estar comprometida com tais violações dos Direitos Humanos aos adeptos da esquerda, outros fatores contribuiriam para a construção de uma imagem bastante negativa. Alguns investigadores de polícia da época, considerados os “homens de ouro” da polícia de seus estados (São Paulo e Rio de Janeiro) passaram a executar criminosos sumariamente, o que ficou conhecido como “esquadrões da morte”. Mas, como é previsível em grupos sem qualquer tipo de controle, as mortes passaram a ocorrer entre cidadãos que não eram criminosos (BRASIL: NUNCA MAIS, 1985. p.74):
No caso de São Paulo, o DOPS (mais tarde DEOPS) chegou praticamente a competir com o DOI-CODI na ação repressiva, reunindo em torno do delegado Sérgio Paranhos Fleury uma equipe de investigadores que, além de torturar e matar inúmeros oposicionistas, eram simultaneamente integrantes de um bando autodenominado “Esquadrão da Morte”. Esse “Esquadrão”, a pretexto de eliminar criminosos comuns, chegou a assassinar centenas de brasileiros, muitos dos quais não registravam qualquer tipo de antecedente criminal.
Tais investigadores de polícia certamente contribuíram para a imagem negativa que policiais civis possuem… E, muito pior, podem ter contribuído para uma imagem desgastada da própria investigação criminal. Sim, pois é razoável se esperar de investigadores criminais que investiguem crimes. Que desvendem tramas. Que estejam do lado da lei. Que trabalhem com as armas da lógica. Não que pratiquem crimes, “caçando” pessoas.
Talvez os maiores expoentes dos “Esquadrões da Morte” em seus estados foram Fininho (São Paulo) e Mariel (Rio de Janeiro).
Fininho era o apelido do policial Adhemar Augusto de Oliveira, homem de confiança do delegado Fleury. Apenas para ilustrar a forma de atuação, o trecho a seguir foi extraído do livro A Ditadura Escancarada (GASPARI, 2002. p.65) e demonstra o “tratamento especial” que Fininho dava aos opositores.
Duas semanas depois, quando o país estava debaixo do choque da edição do AI-5, Carioca foi preso. Entregaram-no a Fleury e levaram-no para a casa do investigador Fininho (Adhemar Augusto de O1iveira). No dia seguinte os jornais paulistas publicavam uma entrevista do alcagüete renegando tudo o que denunciara 27 . Nunca mais se ouviu falar dele até que Fininho contou a um jornalista que o estrangulou passando-lhe no pescoço uma corda de náilon. Carregava sua língua no chaveiro, como amuleto. 28.
O jornalista Percival de Souza teve a oportunidade de entrevistar Fininho e Mariel Moryscotte (ex-agente da polícia judiciária do Rio de Janeiro). Ambos estavam escondidos em Assunção, no Paraguai, acusados de vários crimes – tráfico de drogas e receptação de veículos roubados, por exemplo, além daqueles cometidos a serviço da Ditadura (torturas, homicídios). O encontro foi no ano de 1972 (50 ANOS DE CRIMES, 2007. p.217):
Eu não sabia que Mariel estava escondido no Paraguai. Viajei para entrevistar Fininho.
Meu planejamento era passar a semana com o matador paulista. No terceiro dia de entrevistas, Fininho insinuou que Mariel, sua versão carioca, também estava por perto. No quarto dia, Mariel apareceu no mesmo hotel onde eu entrevistava Fininho. Foi a hora de exercitar o meu lado de psicólogo: ambos se julgavam duas estrelas. Competiam na avaliação para definir qual dos dois seria “mais importante”. (…).
A história de Mariel tinha mais glamour: Se Fininho era da baixíssima sociedade, freqüentador assíduo da degradada Boca do Lixo, Mariel tinha aventuras amorosas com famosas, como a atriz Darlene Glória e a jornalista Marisa Raja Rabaglia (SIC). E ainda era um dos chamados “homens de ouro”, a elite do general França, secretário de Segurança, que chamava seus matadores, que se apresentavam como práticos da profilaxia social, de “empreiteiros de Jesus”. Quando me despedi dos dois, Mariel me abraçou e disse: “Foi um prazer conhece-lo. Se algum dia precisar de mim, já sabe qual é a minha especialidade…”.
Como se observa, nada do que seria pertinente a um investigador policial pode ser depreendido. Pelo contrário, alguém que mata pura e simplesmente – mesmo que sob o duvidoso pretexto de “eliminar criminosos” detém qualquer outra reputação, menos a de um funcionário a serviço da lei. Dentre as mais diversas alegações, os dois ex-policiais civis afirmam que cometeram muito pouco dos crimes que a eles são atribuídos. Afirmam que acabaram sendo responsabilizados por uma série de ocorrências, apenas por já possuírem uma certa “fama”. Mesmo considerando esta hipótese, é inegável a contribuição que policiais civis como estes deram para a situação atual de descrédito do policial civil e, conseqüentemente, da atividade investigatória.
Além disso, outros fatores podem ter contribuído para uma crescente “desmoralização” da polícia civil. Ainda na época da Ditadura Militar, vários jornalistas “desapareceram” nos porões da repressão. Maciel (s/d) num artigo intitulado “A Imprensa Torturada e Assassinada” observa:
Vladimir Herzog, um símbolo da denúncia da violência da ditadura militar contra presos políticos no Brasil, não foi o único jornalista morto durante os anos de chumbo. Além dele, mais 22 jornalistas foram torturados e assassinados pelas forças de segurança no período. Passados mais de 20 anos do término do regime de exceção, vários deles ainda constam como desaparecidos. Além desses 22, centenas de jornalistas, dentre os quais vários da imprensa alternativa, mas também muitos que trabalhavam na chamada grande imprensa, foram perseguidos, ameaçados, cassados, indiciados em processos, condenados, exilados, presos e torturados.
Dos 22 jornalistas mortos ou desaparecidos, um pelo menos trabalhou na imprensa tradicional: Luís Eduardo da Rocha Merlino, que assinava matérias apenas como Luís Merlino. Ele começou a sua vida profissional como repórter do Jornal da Tarde, onde fez, entre outras, matérias sobre os índios Xavantes e sobre o então considerado “mau patrão” J.J. Abdala, proprietário da Companhia Brasileira de Cimento Portland Perus. Posteriormente Merlino transferiu-se para a Folha da Tarde, dirigida por Miranda Jordão, e no período de 1969/1970 trabalhou no Jornal doBairro.
Antonio Benetazzo, estudante de filosofia e arquitetura na Universidade de São Paulo, foi um dos idealizadores de um dos primeiros jornais alternativos do período da ditadura militar – o jornal Amanhã -, do qual participou também o jornalista Raimundo Rodrigues Pereira, e que se tornou a origem de outros importantes veículos da imprensa nanica, como Opinião e Movimento.
Os demais 20 jornalistas sacrificados na luta contra o regime militar exerceram a profissão em jornais partidários muitas vezes clandestinos, pertencentes às mais variadas organizações de esquerda, desde o velho Partidão (PCB) até outras menos conhecidas, como Marx, Mao, Marighella, Guevara (M3-G) ou Partido Operário Revolucionário Trotskista (PORT). Todos legítimos descendentes do velho filósofo alemão Karl Marx, que também desenvolveu paralelamente a suas obras sobre economia e filosofia, uma intensa atividade jornalística na Gazeta Renana, na Nova Gazeta Renana, no Die Pres e até num jornal norte-americano, o New York Tribune.
Esta verdadeira “guerra” contra a Imprensa deve ter deixado seus efeitos na medida em que o comportamento de alguns policiais em geral e de civis em particular demonstraram estar longe dos preceitos éticos e legais, traduzindo-se – em cascata – para novos efeitos negativos da imagem do policial civil.
Além dos fatos apontados, uma constante denúncia de policiais civis envolvidos ora em violência, ora em corrupção, alimenta este círculo vicioso de uma imagem pouco positiva. Um exemplo disso é o Relatório sobre Tortura do Brasil (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2005) que aponta na página 14 que “De acordo com o banco de dados do SOS Tortura, a maior incidência de práticas de tortura continua sendo nas delegacias de polícia (40%), seguidas pelas unidades prisionais (21%).”.
(*) Almeida (2007, p.189) relata uma pesquisa que procurou medir a confiança em várias instituições. A Polícia Civil obteve um “vergonhoso” 23% daqueles que “confiam muito” ou “confiam”, contra 77% dos que “não confiam” ou “confiam pouco”. Esta desconfiança na polícia judiciária enquanto instituição demonstra, subsidiariamente, que o povo brasileiro deve “desconfiar” também da investigação criminal, enquanto instrumento de garantia da cidadania e da civilidade moderna… Ou, no mínimo, “desconfia” daqueles que tem por obrigação desenvolver tais investigações.
BIBLIOGRAFIA
50 ANOS DE CRIMES. Reportagens policiais que marcaram o jornalismo brasileiro. Fernando Molica (org.). Rio de Janeiro: Record, 2007.
ALMEIDA, Alberto Carlos. A cabeça do brasileiro.Rio de Janeiro: Record, 2007.
BRASIL: NUNCA MAIS. Um relato para a história. 8 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1985.
CÂMARA DOS DEPUTADOS. COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E MINORIAS.
Relatório sobre Tortura no Brasil. Brasília: 2005.
FIGUEIREDO, Lucas. Ministério do Silêncio. Rio de Janeiro: Record, 2005.
GASPARI, Elio. A ditadura escancarada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
MACIEL, Luiz Antônio. A Imprensa Torturada e Assassinada. Artigo s/d. Observatório das Violências Policiais. Centro de Estudos de História da América Latina (CEHAL)- Núcleo Trabalho, Ideologia e Poder, da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica). Disponível em:
http://www.ovp-sp.org/merl_sind_jornalistas_sp.htm
Acesso em: 10/03/2009.
NOSSA SÃO PAULO. Câmara se mantém em último lugar na confiança dos paulistanos. Publicado em 22/01/2009. Disponível em:
http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/node/2381
Acesso em 15/02/2009.
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AdvoMogii dA, não sei se Vossa Senhoria é advogado, pelo Nick que se apresenta me está parecendo.
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CASO SEJA DEFLAGRADA A GUERRA DOS TROUXAS, ESSE TREZADO SERÁ O PRIMEIRO A SER CAPTURADO.
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Nobre pessoa Juan-50, caso seja deflagrada a guerra dos trouxas não. Essa tal guerra já está deflagrada e vivemos em um Estado de Direito e muitos dos que ainda insistem em idéias ultrapassadas, nos moldes atuais estão sendo capturados, ou Vossa Senhoria não nota isso no dia a dia.
Me parece que você sente saudade dos paus de arara, das máquinas de choque, dos socos e pontapés, ou estou enganado?
Sente saudades da época em que olhava feio para o cidadão e ele tinha que abaixar a cabeça, apenas pelo simples fato de ser policial, porém você e muitos outros pensavam e ainda pensam que estavam impondo respeito, mas na verdade impunham medo.
Hoje a população perdeu o medo, porém perdeu também o respeito com aqueles que não sabem impor.
Hoje e amanhã a polícia cada vez mais abre espaço para profissionais.
Olhem para os lados e chorem porque acabou a reprimenda e se não está atualizado, em relação ao tempo, peça aposentadoria porque você nada vai conseguir fazer em prol da população, se a única coisa que aprendeu e dar socos, pontapés, choques e mandar calar a boca.
Hoje se faz necessário saber aplicar a lei.
Não se esqueça vocês perderam e estamos em uma democracia.
Minha única pena é o fato de esse regime democrático de direito em que vivemos está ainda muito atrasado.
Sim eu escrevi muito atrasado porque fizeram o favor de deixar o país 20 anos atrasado e agora é necessário correr atrás da cultura que a ditadura podou, da leitura que a ditadura podou, da notícia que a ditadura podou e da livre expressão e visão comtemporânea.
Obrigado senhores ditadores pela grande contribuição em nosso país fizeram a merda nos idos passados e se mandaram deixando para que os que viessem limpassem a merda, porém como a merda foi tão grande hoje em dia está muito complicado limpar toda ela.
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Bela estória meio trezado, tem verdade aí, senão fosse não haveriam tantos ex-tiras e ex-escrivães da antiga com tanto patrimônio. Alguns dirão: herança de família!! Eu direi: Só se for da família dos presos políticos!!
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REALMENTE VOCÊ TEM TODA RAZÃO, É TUDO CULPA DOS MILICOS. A SUA GERAÇÃO, JÁ COMEÇOU A GANHAR A GUERRA CONTRA A VAGABUNDAGEM. SINTO QUE VOCÊ É O LÍDER E PORTA-VOZ DESSES CANASTRAS DE OURO. VAI FUNDO QUE É RASO.
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Gostei do que escreveu o cidadão MEIO TREZADO, pois é a mais pura verdade.Parabéns.
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Caros leitores, somente hoje tomei conhecimento das referencias feitas a mim. Posso adiantar que muitos comentaristas deste blog, estão bastante desinformados do que ocorreu no passado, poucos sabem a verdadeira história deste País. É preciso que ouçam o outro lado, pois a midia só da espaço para quem está no poder. A moeda tem dois lados.Com referência ao texto publicado, é notorio a imbecilidade de quem o fez.”Há controversia!”Sugiro que se consulte os seguintes livros:Brasil Sempre,de Marco Apolo Giordano,edit. The/ Rompendo o Silêncio de Carlos Alberto Brilhante Ustra,Editerra Edit./ O Eixo do Mal,de Heitor de Paola, Edit. Realizações/ A Verdade Sufocada,de Carlos Alberto Brilhante Ustra/Consultem também os sites:www.ternuma.com.br(arq.do Ex.Br)/www.midiasemmascara.com.br(fundação do Foro de São Paulo(Diálogo Interamericano)/UNDBrasil.Org (Organigrama)do Crime Organizado.Hoje quem tem 40/50 anos, não sabe da guerra que enfrentamos pela verdadeira democracia que não é essa que está aí.Hoje estamos enfrentando a guerra assimétrica,a guerra financeira, guerra de 5ª geração.No passado usavam armas, dava para enfrentar.Hoje usam o poder, canetas,mentiras,midia,esquecimentos, bons advogados,mandatos,discursos, venda de eloquência. Com apoio de Cubanos,Farcs,Chavistas mascaram a realidade.O Brasil tem jeito basta usar bem a “CORDA”. Carlos Alberto Augusto.
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Apoio o Carlos Alberto, companheiro de trabalho, NÓS sabemos o que realmente passou na história desse país.
“Mas não há de ser nada, leve o tempo que levar, nós vamos voltar”
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Aos leitores babacas e mal informados. Estou a disposição para maiores esclarecimentos e informações. “Só pessoalmente”. Por enquanto estou calado a verdade um dia vai aparecer. Carlos Alberto Augusto
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Dr. Carlos Alberto:
só para esclarecimento dos leitores do bolg, o autor desses livro que o senhor mencionou não estaria sendo acusado de ter sido torturador durante o regime militar. Lustra e fica brilhante…. Quanto aos maiores esclarecimentos, em consideração à sua idade é melhor deixar pra lá. A memória de idosos costuma falhas sobre fatos remotos. O PNDH-III vai ser posto em prática e dar os nomes a todos os que participaram da repressão, mesmo que não possam ser punidos. Criminalmente restarão ilesos, mas há o julgamento da história.
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Esse anonimo é muito mal informado. O idoso esquece fatos recentes. Fatos antigos não são esquecidos.
Uma coisa que me chamou a atençãoé que o nome e o e-mail são obrigatorios mas existem muitas alcunhas e um anonimo. Será coincidencia todos esses serem a favor de bandidos, sequestradores, assaltantes, matadores? Estranho tambem que esses assassinos não poupavam quem lhes contrariavam, os quais eram executados sem condescendencia e hoje a possivel execução deles causa tanta revolta de alguns ingenuos. Se algum dia a situação se repetir não se esqueçam que quem está na chuva pode se molhar, seus otarios!
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ao carlos alberto, notei que voce esta rentando intimidar, falando so pessoalmente, pois bem, quem voce pensa que e para colocar pressao, espero que proponha encontro pessoalmente sozinho e sem arma, sera que a proposta continua de pe
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ao carlos alberto, notei que voce esta tentando intimidar, falando so pessoalmente, pois bem, quem voce pensa que e para colocar pressao, espero que proponha encontro pessoalmente sozinho e sem arma, sera que a proposta continua de pe
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