O projetil do rifle é igual para todos , mas a carne do policial estadual continuará sendo  a mais barata do mercado – A SÍNDROME DO CAPITÃO DERRITE: Uma Crônica sobre o Vírus que Contamina Toda a Segurança Pública 3

O SUMÁRIO DA FÓRMULA DE SUCESSO DO FRACASSO

Cá estamos nós, Brasil adentro – ou seria de fora –  observando o espetáculo patético de um capitão da Polícia Militar paulista — Guilherme Muraro Derrite, 41 anos, formado no Barro Branco, banido  da ROTA  para ultraje do , verdadeiramente glorioso , Corpo de Bombeiros .

E expurgado da ROTA , em razão de supostos  16 homicídios , em menos de quatro anos…

Quem acredita que ele foi removido da ROTA para o Corpo de Bombeiros por matar demais ?

Teria sido uma oportunidade para ele aprender  que salvar vidas  requer muito mais coragem do que matar ?

O Flit desconfia de outras coisas “a mais” e outras tantas “de menos”!

Leitores , no ponto que mais interessa , o solerte  jurista apresentou  ao Congresso Nacional não um projeto de lei, mas um panfleto de puro  narcisismo embrulhado por “uma exposição de motivos” de embrulhar de vez o meu fígado já congestionado de “Maker’s Mark “  …

Como todos sabem sou americanista , embora o Tango me faça melhor do que o Blues …

Horra –  com H em vez do P – quatro versões contraditórias em cinco dias!

E vem mais!

Quatro tentativas falhas de se autopromover como jurista, legislador e estadista.

E aqui mora o segredo sujo que ninguém quer admitir enquanto toma seu cafezinho matinal: Derrite não é um caso excepcional. Derrite é a regra feita carne, osso e farda .

Um pequeno fragmento da “exposição de motivos” do seu relatório é suficientemente revelador de  uma constelação  – com mais estrelas do que um Marechal – de traços psicológicos e retóricos que configuram um perfil de narcisismo institucional com matizes messiânicos .

A passagem aqui destacada — “como profissional da segurança pública e jurista comprometido com a técnica legislativa e com a efetividade das normas penais, cumpre observar que o projeto original apresenta algumas soluções que, apesar de bem-intencionadas, não atendem ao rigor que a sociedade espera” — condensa mecanismos discursivos de auto elevação, afetação, prepotência e uma espécie de salvacionismo institucional.

Este nosso rabisco tentará desdobrar essas dimensões.

Ora…ora, senhores!

Se o Derrite pode se dizer jurista , então o Dr. Flit é a reencarnação cruzada de Aristóteles com  Pontes de Miranda ( risos ) .

SERÁ QUE A ACADEPOL E O  BARRO BRANCO PRODUZEM  CLONES ?

A Academia de Polícia Militar do Barro Branco não forma policiais. Eles se autoproclamam gestores de segurança pública ; detentores de amplos conhecimentos em múltiplas áreas do saber , especialmente em administração pública e ciência do Direito .

Basta três anos e são Mestres  em quase tudo!

Mas a triste verdade : forma-se  cada vez mais cadáveres ambulantes com identidade institucional .

Desde 1910, quando os franceses chegaram com suas ideias militarizadas, segregacionistas e racistas , a Academia funciona como máquina de mortificação do “si-mesmo”: tritura a personalidade civil, esfola a capacidade crítica, e implanta no lugar um novo  ( super ) homem — hierárquico, subordinado, obediente até a morte, e fundamentalmente narcisista.

Não são todos iguais…

Dirão!

Discordo.

Existe uma variação, tal como  como existe variação entre diferentes automóveis produzidos em escala industrial.

A isto chamam: formação homogênea !

O mecanismo é o mesmo; apenas alguns parafusos se soltam de forma mais visível que outros.

A Polícia Civil , verdadeiramente , para o bem ou para o mal , não produz clones , mas faz cordeiros.

Já pensaram em clones do Dr. Flit …( risos )

Valendo dizer que , a cultura institucional da Polícia Civil, embora valorize a autonomia e a formação jurídica, acaba – em razão da contaminação política – por moldar delegados que, ao longo dos anos, frequentemente abandonam valores classistas legítimos em favor do conformismo ou da disputa pessoal por cargos e privilégios deferidos por grupos de poder .

Refletindo em erosão da independência funcional e da meritocracia em prol de interesses pessoais ; comprometendo – e contaminando – a atuação profissional e a defesa dos princípios éticos que deveriam nortear a carreira.

Derrite é o parafuso que se soltou completamente?

Não , é o produto mais bem acabado !

Defeituoso foi o  – destemido e decente – Major Olímpio!

Deus não foi justo!

Derrite – e certos Delegados Deputados – apresenta uma tríade patológica que merece estar em algum manual de psicopatologia institucional:

Narcisismo Epistêmico : “Como profissional da segurança pública e jurista comprometido…” — uma autodesignação tríplice que se assemelha a um ritual de auto consagração. A recusa absoluta de colaboração técnica. A crença de que sua experiência operacional (matar 16 pessoas) o qualifica para legislar sobre questões constitucionais complexas. Sem nominar este ou aquele curso  , pela formação que ele obteve levaria , pelo menos , uns 30 anos dedicando várias horas por dia – e com certa metodologia – para poder se autoproclamar : JURISTA!

O rapaz ou é gênio ou é um mentiroso!

Grandiosidade Performativa : Submete quatro versões contraditórias de um projeto de lei em cinco dias. Cada versão um grito de “Vejam como sou importante!” Cada vez que recuperei uma confissão de incompetência travestida de “flexibilidade política”.

No remate: “A interpretação do texto foi distorcida estou aberto para ouvir o Governo , se for procurado”!  

A culpa é sempre alheia!

Messianismo Securitário : Ele é o salvador que vai “restaurar a autoridade estatal” e “restabelecer o poder do Estado sobre o território nacional”.

Derrite como Messias da ordem. Que fantasia bufa e criminosa!

Mas — e aqui está o ponto que te trago, leitor — esses traços não são peculiares a Derrite .

Estão sendo  produzidos sistematicamente pela Academia do Barro Branco e aceitos ao longo de toda a pirâmide hierárquica da PM.

Observem os “Pode Cascatas” que invadiram as redes sociais, o papo furado é sempre o mesmo: “eu …eu fiz…eu sou …eu matei …eu o caralho a quatro ” …Um monte de analfabeto falando sobre quem não conhece , sobre aquilo que não sabe e sobre aquilo que nunca fez!

Fazendo “cultura” da autoafirmação vazia.

Que nos mostra como a patologia institucional se espalha para além das academias e casernas contaminando a sociedade civil.

E são as exceções que me confirmarão!

O homem que diz: ‘Dou’ (não dá)”

“Porque quem dá mesmo (não diz)”.

“O homem que diz: ‘Vou’ (não vai)”

“Porque quando foi, já (não quis)”.

“O homem que diz: ‘Sou’ (não é)”

“Porque quem é mesmo é ‘não sou'”.

“O homem que diz: ‘Tô’ (não tá)”

“Porque ninguém tá quando quer”. 

Para os mais jovens e para os poucos preocupados com a cultura: Canto de Ossanha”, de Baden Powell e Vinícius de Moraes…

Ah, canção proibida para as crentes de rabo quente…rs

O CONTÁGIO DESCENDENTE: Como Oficiais Contaminam as Praças

Aqui está a obscenidade que ninguém nomeia:

Os Oficiais — formados no Barro Branco e outras escolas de Polícia , socializados na hierarquia, estruturados narcisicamente — reproduzem esse padrão com os Praças (soldados, cabos, sargentos).

Ah, mas tem por lá quem toque uma guitarrinha rock and heavy …

Sabem como é , a Natureza é isonômica e também distribui gente fina por todos os cantos…rs

Até os mais solenes ou obscuros !

Contudo , a relação não é de mentoria pedagógica ou acompanhamento humanitário em sentido amplo.

É reprodução de dominação .

Uma praça é subordinada não apenas por razões de ordem legal e regulamentar , mas por estrutura psicológica implantada.

A Polícia Militar é um grande exemplo de panóptico de Bentham !

Opa , o Flit não quer ser metido a intelectual, mas transferindo-se a ideia da torre de vigilância para os dias de hoje é real Big Brother que a tudo vê e escuta!

Ele – os policiais – obedece cegamente porque foi ensinado que desobedecer é morte social e institucional .

Ele internaliza a hierarquia.

Ele incorpora a subordinação.

Ele vive diuturnamente vigiado pelos superiores , pelos colegas , pela população e , recentemente, pelas câmeras corporais  e escutas ambientais instaladas nas Unidades e nas Viaturas.

Ele não é livre para ser Eu Sou! 

Quando um capitão como Derrite vem da ROTA — uma unidade que opera à margem da legalidade, onde a violência não é constrangimento, mas privilégio — é eleito Deputado Federal ; depois assume o comando de uma Secretaria de Segurança seção, as praças absorvem uma mensagem simples e clara: A violência é aceitável quando convém ao superior. A lei é um ornamento. O que importa é matar.

O contágio é multidirecional  e imparável .

Observações empíricas , até por bate-papo de boteco ,  mostram que  considerável parcela dos oficiais da PM apoia estruturas de mando hierárquicas sem nenhuma forma de controle e de mediação democrática.

A participação da sociedade só é bem-vinda se for para donativos !

Obviamente , a maioria dos  oficiais nunca transitam para a política eleitoral : permanecem nas corporações, promovendo-se, transmitindo às praças seus valores narcísicos, suas crenças no “ethos guerreiro”, sua convicção de que a democracia é um luxo que a segurança pública pode não se permitir.

Contudo , parcela relevante , passa boa parte da carreira servil ao poder político almejando um bom cargo “de confiança” quando alcançarem aposentadoria precoce com menos de 55 anos .

Não estou dizendo que todo oficial é um arrivista violento como Derrite .

Estou dizendo que a maioria dos oficiais compartilha em alguma medida a estrutura psíquica de Derrite : narcisismo epistêmico, dificuldade em autocritica , resistência à interação genuína, falta de transparência e complexo de superioridade moral e intelectual sobre civis.

Essa estrutura psíquica se propaga para baixo como infecção.

Uma praça que serve sob um oficial deformado aprende que:

  • Hierarquia é absoluta e não se questiona
  • A autoridade é sempre certa, mesmo quando errada
  • A sociedade civil é inimiga, não é quem lhe criou , formou e lhe paga
  • A violência é uma ferramenta legítima de gestão
  • PM não tem pele , tem farda

Quando essa Praça volta para casa, ele trata a família como seu Praça doméstico. Ele trata os vizinhos como suspeitos ou desordeiros sem respeito pelo seu merecido sono diurno.

Ele trata a comunidade como campo de batalha.

O ARRASTAMENTO AFETIVO: A FAMÍLIA COMO PRIMEIRA VÍTIMA

Aqui está o que ninguém quer escrever nos jornais “sérios”:

Uma Praça que internaliza a cultura militar “de seu capitão” — uma cultura onde a instrução é lei acima da Constituição , onde a obediência cega é virtude, onde o narcisismo institucional é norma — transmite, ainda que inconscientemente , isso para a família .

A esposa da praça vê um homem que chegou da corporação não como protetor, mas como reprodutor de dominação .

Os filhos crescem em ambiente de carências , incertezas e medo diário !

Será que papai vai voltar?

Quando será que “a nossa luz” vai voltar?

Não à toa , a  violência doméstica entre policiais militares é exponencialmente superior à média nacional.

Revelada apenas pelo número de feminicídios e suicídios, pois raramente as vítimas procuram as Delegacias da Mulher ou da Juventude para buscar ajuda .  

Por quê?

Porque a cultura que o militar produz é uma cultura de dominação, não de respeito, de efetiva parceria.

De posição, não de igualdade.

Primeiro nós!  

De subjugação , não de negociação.

O arrastamento afetivo não é metáfora. É patologia propagada.

Relembrando , o melhor do filme Tropa de Elite foi justamente os conflitos íntimos e a desagregação familiar do Capitão Nascimento…Parece que os “cidadão de bem ” só atentaram para a tortura e matança ; pouco se lixando para o desastre do personagem …

Naquele ponto um bundamole acometido por mimimis!

Afinal, síndrome do pânico é coisa de mulher e de viados!

A INSTITUIÇÃO RESISTE À REFORMA

Oferece reformas.

Mudamos critérios psicológicos de seleção.

Exigimos treinamento em direitos humanos. Criamos conselhos de controle externo.

Mas na essência continuamos refratários a quaisquer mudanças com a certeza de nenhuma culpa nos cabe por tudo que aconteceu para pior …

Quando o policial se revela um verdadeiro bandido a culpa é da família e “da sociedade” !

Nada funciona significativamente porque a estrutura psicossocial da instituição permanece intacta.

A Academia do Barro Branco – e outras – continua a formar oficiais que aprendem que a ordem é sagrada , que a obediência é suprema , que questionar é quase uma traição .

E quando esses oficiais chegaram aos postos de comando — como Derrite chegou ao cargo de deputado federal — eles replicaram exatamente o mesmo padrão que internalizaram: autopromoção, narcisismo epistêmico, resistência à colaboração genuína.

Verdadeiramente , já que se trata de “marco legal contra o crime organizado “ , seria inconstitucional o Capitão ter proposto isonomia nacional dos vencimentos das policiais estaduais aos órgãos federais ?

O projetil do rifle é igual para todos , mas a carne do policial estadual continua sendo  a mais barata do mercado , né ?

Seria esperar demais de quem só pensa em si mesmo!

DE DERRITE AO PRAÇA E À SOCIEDADE

Observe a lógica:

  1. Academia forma Derrite com estrutura narcísica, hierárquica, militarizada.
  2. Derrite, como oficial, comanda praças , transmitindo essa estrutura.
  3. As praças internalizam a estrutura , reproduzem-na com famílias , amigos e comunidades.
  4. A sociedade sofre sob uma polícia que não protege, mas domina.
  5. Derrite, ascendendo politicamente , aplicando exatamente idêntica estrutura narcísica à legislação, produzindo projetos de lei contraditórios, deficientes técnicos, e fundamentalmente autoritários.

É um circuito fechado de corrupção institucional .

O narcisismo não é aberração.

É produto.

O autoritarismo não é exceção. É normal.

E o dano colateral — famílias destruídas, comunidades  abandonadas ao crime , democracia enfraquecida — é o preço que pagamos para manter certas culturas institucionais  que deveriam  ter sido abolida há décadas.

A VERDADE” ( que não nos libertará )

Aqui está a verdade que te trago sem rodeios, sem pompa retórica de jurista de araque afetado:

Guilherme Derrite não é uma aberração. Guilherme Derrite é um sucesso da Academia do Barro Branco.

É exatamente o que essa instituição pretende reproduzir: homem capaz de exercer violência sem culpa, pronto para instrumentalizar qualquer estrutura (legislativa, executiva) em prol de seus objetivos pessoais.

A DOENÇA É SISTÊMICA

Não espere reforma. Não espere mudanças significativas.

As Academias  Policiais resistirão .

Os oficiais  e delegados resistirão. As corporações resistirão.

Absolvendo – mesmo em silêncio – e  permitindo que  gente como Derrite ou delegados como Paulo Bilynskyj existam e continuem explorando a nossa ignorância , desonestidade moral e egoísmos .

O que vemos no projeto de lei contraditória, narcísico e deficiente de Derrite não é fraqueza individual.

É força institucional — a força de uma máquina que formou um homem incapaz de interação genuína, incapaz de humildade epistêmica, ou seja ,  incapaz de considerar  que suas limitações excedem enormemente suas competências.

Ao final , uma certeza tem ,  só é menos idiota do que os seus eleitores e admiradores desinteressados!

Sargento da Rota foi indiciado por homicídio qualificado e fraude processual por matar o policial civil Rafael Moura da Silva 8

Polícia aponta fraude processual no caso de PM que matou agente em operação

“O sargento da Rota Marcus Augusto Costa Mendes foi indiciado por homicídio qualificado por matar com tiros à queima-roupa o policial civil Rafael Moura da Silva em uma ‘biqueira’ na região do Campo Limpo, zona sul de São Paulo, no último dia 16 de julho.”

A investigação sobre o caso em que o sargento Marcus Augusto Costa Mendes, da Rota, matou o policial civil Rafael Moura da Silva em uma “biqueira” na zona sul de São Paulo, revelou prática de fraude processual.

O crime ocorreu em 16 de julho, durante uma operação policial na região do Campo Limpo, e foi amplamente registrado por câmeras corporais e de segurança.

Conforme apurado por Renan Porto no Metrópoles, o sargento foi indiciado por homicídio qualificado e também responderá por tentativa de homicídio contra outro policial baleado de raspão.

Os delegados que assinaram o relatório final do inquérito — Fernando César de Souza e Antônio Giovanni de Oliveira Almeida Neto — afirmaram que o depoimento do sargento foi desmentido pelas provas coletadas, incluindo as imagens das câmeras corporais.

“Não houve agressão, nem atual e nem sequer iminente — muito menos injusta — a ser repelida”, dizem no documento.

As imagens mostram que Marcus Augusto avançou rapidamente até o local e abriu o portão com uma chave, efetuando quatro disparos mesmo após a vítima se identificar como policial.

Uma das principais contradições apontadas é o depoimento do sargento sobre a chave usada para acessar  a suposta biqueira.

Marcus afirmou tê-la encontrado no chão segundos antes, mas colegas e câmeras de segurança indicam que ele já estava de posse da chave antes da operação.

O sargento não apresentou o objeto à polícia e se negou a responder perguntas sobre ele, o que reforça a suspeita de fraude processual ou eventual associação criminosa com os traficantes daquele local.

O caso reforça a importância do uso de câmeras corporais e de mecanismos legais e materiais   de proteção para garantir a transparência e a responsabilização em operações policiais, especialmente aquelas envolvendo mortes .

A investigação prossegue na Corregedoria Geral para apurar todos os aspectos do episódio .


Fonte:
PORTO, Renan. “Polícia vê fraude processual de PM que matou agente em biqueira”, Metrópoles, 11/11/2025.https://www.instagram.com/reel/DMYdUrdosF4/