
No Brasil, a meritocracia é uma dama de caprichos.
Ela até pode andar de olhos vendados, mas, ao que parece, seu GPS está calibrado para uma coordenada muito específica: Porto Feliz.
Enquanto oficiais da Polícia Militar com décadas de serviço, medalhas no peito e cicatrizes no currículo ainda lutam para pagar o aluguel de um apartamento modesto, alguns descobrem um atalho milagroso para a riqueza: basta trocar a farda por um paletó e, de preferência, um cargo de secretário.
Exemplo notável?
O ilustre Guilherme Derrite.
Até outro dia, era um simples Tenente da PM como tantos outros, sujeito às mesmas privações de quem depende do contracheque para sobreviver.
Mas eis que, em um passe de mágica depois de tirar a sorte grande elegendo-se deputado no embalo bolsonarista, o ex-policial midiático se vê dono de uma mansão de luxo em Porto Feliz, município preferido da elite que ascende sem muita explicação.
Tá certo que ele ganha muito bem e a esposa mais ou menos , mas o casal não tem gastos?
Estão morando de graça e com filhos ( se os tem ) matriculados em escolas públicas?
O imóvel, repleto de suítes, piscina e pomposos detalhes em madeira de lei , parece um símbolo irônico de um serviço público que, para uns, é missão; para outros, um excelente negócio.
E não dá para construir um imóvel de tal porte sem , mensalmente, gastar com materiais e mão-de-obra bem mais do que recebe.
Nada menos do que cerca de R$ 80.000,00 por mês; na média por uns 20 meses.
Enquanto isso, seus ex-colegas de farda continuam na batalha diária: negociam fiador, remarcam dívidas e torcem para o aluguel não subir antes do próximo pagamento.
Alguns, veteranos de tantas operações de risco, mal têm onde descansar a cabeça após um plantão exaustivo.
Já Derrite?
Bem, ele encontrou seu porto seguro — e feliz, muito feliz.
Claro, não se pode desconsiderar o “talento administrativo” que alguns desenvolvem da noite para o dia.
Há os que fazem contas, e os que fazem contatos.
Uns aprendem a gerenciar o salário; outros, a gerenciar o sistema.
E assim, enquanto a maioria rala para manter um teto simples, poucos escolhidos descobrem que o verdadeiro “batalhão de elite” não está nas ruas, mas nos gabinetes.
No fim, a lição é clara: se você quer sair do aluguel e conquistar sua mansão, não basta ter dedicação — é preciso ter direção.
De preferência, a que leva ao porto feliz de um mandato político.
Para a maioria , é só mais um caminho no mapa da ilegalidade.
Para outros, é o caminho mais curto e seguro entre o contracheque e o extrato milionário.
Logo , da simplória mansão em Porto Feliz, ele consegue uma suntuosa em Porto Seguro.
https://www.metropoles.com/sao-paulo/derrite-casa-de-luxo-3-vezes-bens










