CASO ISABELA…A MORTE DE UMA CRIANÇA ESCONDENDO O REAL

A morte de uma criança monopoliza todas as luzes, todos os esforços e todos os cuidados da Imprensa.
E chamando atenção o exagerado cuidado de não se prejulgar os autores do crime: o pai e a mãe.
Sim, autores do crime.
Efeitos do “Bar Bodega”, ou melhor, do livro de Carlos Dorneles.
Neste “Caso Isabela” a Polícia Civil – através dos seus inúmeros órgãos e funcionários – além de esclarecer o crime, parece convencer a sociedade.
E o jornalismo profissional, neste caso Isabela, adota cautelas.
Afinal, os protagonistas não são favelados.
Uma pena não serem ricos o suficiente para ressarcimento dos gastos com o aparelho policial, na busca do convencimento dos demais órgãos estatais e da sociedade.
E convencimento produzido por sólidos elementos de produção de prova revelados durante o inquérito.
É sempre assim?
Não; verdadeiramente nunca é assim.
Os recursos empregados estão disponíveis só para os órgãos policiais da Capital.
O interior de São Paulo é de outro mundo; do terceiro e quarto mundos.
E o real é uma polícia de uma sociedade de terceiro e quarto mundos.
E desprovida de recursos materiais dignos do século XXI.
Formada por policiais “comuns”; sem quaisquer oportunidades de aperfeiçoamento.
A grande maioria sem um único curso de aperfeiçoamento; a grande maioria cumprindo duplas jornadas de trabalho, dividindo-se entre o órgão e outras atividades profissionais.
E quem assim não procede, de regra, complementa os vencimentos através da corrupção.
E com isso a maioria dos crimes violentos é encaminhada para o rol dos insolúveis.
O mundo Real de milhares de crianças mortas barbaramente, cujos vizinhos nunca ficarão preocupados com a desvalorização dos imóveis.
O mundo Real sem circo policial.
Quando muito sob cerco.
O mundo Real cujos policiais, também, são filhos jogados pela janela…
É claro: sobreviventes…
Nada além de meros sobreviventes.