Cúpula da polícia de SP protege contrabandistas, diz presidente da CPI da PiratariaUOL News – 16/09/2003 – 15h37
Da RedaçãoEm São Paulo
O deputado federal Luiz Antônio de Medeiros (PL-SP), presidente da CPI da Pirataria, afirmou hoje ao UOL News que a “alta cúpula da polícia de São Paulo protege quadrilhas de contrabandistas”. “São Paulo é o centro das grandes quadrilhas de pirataria e contrabando. Nada acontece com elas, pois elas têm proteção policial”, disse Medeiros.
De acordo com o deputado, gravações indicam que Roberto Eleutério dos Santos, o Lobão, líder da maior quadrilha de contrabando de cigarros do país, “paga R$ 1 milhão por mês em propina” para policiais do estado. A taxa, diz Medeiros, serve para impedir que as cargas de contrabando sejam apreendidas.
“Alguém da cúpula da polícia dá proteção aos depósitos de Lobão, que ficam na Zona Leste de São Paulo”, afirmou. Segundo o deputado, a pessoa que ajuda Lobão “tem o poder de tirar o policial de uma delegacia e tranferir para outra”.
Essas mudanças têm a função de desestabilizar a polícia e ameaçar aqueles que interferirem nos negócios do contrabandista. É o caso do delegado Nicola Romanini, ex-titular do 33.º Distrito, em Pirituba, zona oeste de São Paulo. Ele é acusado de cobrar propina de R$ 40 mil para liberar um caminhão de Lobão que estava carregado de cigarros falsificados.
A ousadia de Romanini lhe custou caro: de acordo com fitas da CPI da Pirataria a tentativa de extorsão foi o motivo da transferência do delgado do 33.º Distrito para o setor de cartas precatórias.
Segundo Medeiros, Lobão paga caro por sua proteção pois é dono de uma boa fatia do mercado de cigarros brasileiro. “Cerca de 30% dos cigarros vendidos no Brasil são contrabandeados”, diz o deputado. “Lobão controla 70% desse mercado.” Isso significa que Lobão é responsável por aproximadamente 20% dos cigarros vendidos no país.
Além de cigarro contrabandeado, a quadrilha de Lobão também “está envolvida com a máfia do combustível”, disse Medeiros.