João Prestes, com FSP
O delegado Everardo Tanganelli Júnior, 56, atual diretor do Denarc (Departamento de Narcóticos de São Paulo) e suspeito de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro com a compra e venda de jóias, é proprietário de cinco fazendas em Camapuã, município distante 140 quilômetros de Campo Grande. A informação está em reportagem do jornal Folha de São Paulo, edição de hoje. Uma das fazendas tem 2.401 hectares e a negociação foi o pivô para descobrir o esquema.
Tanganelli estava sendo investigado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo) quando um fato chamou a atenção dos promotores: em sociedade com Bernardino Antonio Fanganielo, o delegado tentou pagar parte da dívida pela compra dessa última fazenda com esmeraldas.
Mas um juiz de Presidente Epitácio (655 km de SP) impediu o negócio e determinou que, caso as esmeraldas oferecidas por Tanganelli para amortizar R$ 500 mil da dívida fossem lícitas, que o delegado as vendesse e usasse o dinheiro para pagar a dívida. O salário de Tanganelli é de R$ 8 mil e seu patrimônio atual, segundo o Gaeco, está perto dos R$ 4,5 milhões.
A investigação envolve dois setores especializados da Polícia Civil de São Paulo, o Deic (departamento de roubos) e o Denarc, que somam 20 policiais. O Ministério Público Estadual suspeita que o grupo esteja envolvido em um milionário esquema de lavagem de dinheiro obtido com a prática de crimes com a compra de pedras preciosas, principalmente esmeraldas.
Além do Gaeco a Polícia Federal também tem informações de que policiais paulistas são suspeitos de negociar altos valores em pedras preciosas. Durante os últimos dois anos, o principal fornecedor de pedras preciosas para policiais do Deic e Denarc, de acordo com os levantamentos do Gaeco, seria o comerciante Edson Rodrigues dos Santos. Em depoimento ao Gaeco, Santos afirmou que seus principais clientes são policiais civis de São Paulo.
O Gaeco chegou até o comerciante de pedras preciosas depois de investigar o patrimônio do delegado Everardo Tanganelli Júnior, 56, atual diretor do Denarc. Santos sustentou aos promotores que o delegado Tanganelli foi seu principal cliente nos últimos anos e comprou dele pedras preciosas avaliadas entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões.
O Gaeco tem informações de que os investimentos de Tanganelli nas pedras preciosas não foram declarados à Receita Federal. Dentro do Deic, um policial civil identificado até agora pelo Gaeco apenas como Marcelo atua como intermediário para a venda das pedras preciosas para outros integrantes do departamento que, entre outras atribuições, tem a função de coibir a atuação do crime organizado.
A PF tentará descobrir se as pedras preciosas vendidas por Santos para os policiais civis do Deic e Denarc têm origem legal ou se elas foram extraídas de garimpos clandestinos nas regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil ou até mesmo em países africanos em guerra. Ontem, a reportagem tentou localizar Santos, mas não conseguiu encontrá-lo em sua casa, localizada em um bairro da periferia da zona leste de SP.
Tanganelli passou a ser investigado pelo Ministério Público a partir de várias denúncias de possíveis irregularidades na Polícia Civil apontadas pelo também delegado Roberto Conde Guerra em seu blog (www.flitparasilante.blogspot.com), conforme revelou a Folha em julho de 2007. As suspeitas são as de que o atual chefe do Denarc tenha enriquecido ilicitamente e também tenha praticado lavagem de dinheiro, principalmente com a compra não declarada de pedras preciosas.
POR COINCIDÊNCIA: Resposta rápida ao crime
Agora, são duas lanchas equipadas para uso policial, além de um flexboat também ágil para fazer o levantamento e pesquisas na região. Todos foram adquiridos por intermédio da Sociedade dos Amigos da Polícia Civil (Soapoci) – uma entidade pública que agrega uma parceria com os empresários da Baixada Santista.
Setenta policiais do Grupo de Operações Especiais (GOE) fornecerão o suporte tático às ações, contando ainda com dez viaturas e nove motocicletas. Cada lancha com 24 pés, tem capacidade para levar até 12 policiais ao mesmo tempo. Com motores de quase 300 HPs, navegam facilmente em mangues e têm autonomia de 10 horas.
“É um projeto à altura do que precisávamos”, disse o diretor do Deinter 6 Everardo Tanganelli Júnior. “A semente já foi plantada. Vamos mantê-la forte e viva para que possamos dar a resposta ao crime quando precisar. Hoje concretizamos um sonho, pois essa era uma necessidade da Polícia Civil. Agora a intenção é ampliar o projeto”, afirmou.
O prefeito do Guarujá, Farid Said Madi representou todos os prefeitos presentes e numa referência à parceria entre Prefeituras e Polícia disse: “Essa solenidade deixa bastante evidente o quanto a segurança ultrapassou a esfera das Polícias para se tornar de responsabilidade de toda a sociedade. A sociedade civil organizada também quer colaborar com a segurança”.
O comodoro do Iate Clube de Santos, Berardino Antonio Fanganiello, recepcionou os convidados oferecendo ainda um almoço aos participantes, entre representantes das diversas marinas da região, empresários, colaboradores, sociedade civil e autoridades civis e militares. O delegado-adjunto de Polícia, Luiz Carlos dos Santos representou o delegado-geral Marco Antonio Desgualdo. Presentes ao evento também estavam alguns dos Diretores do Conselho da Polícia Civil.