Máfia dos caça-níqueis: delegado conta como funciona esquema
De A Tribuna On-line
Seis dias após as denúncias de envolvimento de policiais civis da região com a máfia do jogo, o delegado Roberto Conde Guerra contou pela primeira vez como funciona o esquema de pagamento de propina, para permitir o funcionamento de máquinas de caça-níqueis.
A rede de corrupção começou a ser desmantelada com o acidente de carro envolvendo o advogado Jamil Chokr — que representa donos de bingos e caça-níqueis — no dia 25 de maio, na Capital.
Antes de ir ao Ministério Público, na tarde desta quarta-feira, Guerra antecipou à TV Tribuna as denúncias que fez ao promotor.
Leia trechos da entrevista:
A origem do dinheiro”Esse dinheiro vem dos maquineiros, dessas máquinas que estão instaladas em padarias, bares e lanchonetes e de alguns bingos irregulares”.
Pagamento da propina
“Na prática ele é recolhido de várias formas e por várias pessoas, não é recolhido apenas por policiais. Há os exploradores de jogos que têm os seus intermediários, talvez até advogados, que canalizam esse dinheiro até o Palácio da Polícia de Santos”.
Valores
“Na alta cúpula, os valores variam de R$ 5 a R$ 20 mil por quinzena, mas eu não sei exatamente quem receberia R$ 5 ou R$ 20 ou R$ 10 mil”.
Divisão”Essas pessoas pegam lá o envelope ou malote e levam para a sede do departamento, para o superior, no caso o chefe dos investigadores do departamento e da seccional. De lá, é feita a distribuição, a divisão entre as unidades que recebem. Nem todos recebem. Membros da cúpula, com certeza, recebem esse dinheiro”.
Patrimônio incompatível”Existem muitos cujo o padrão de vida é muito elevado para os vencimentos. E também é incompatível a nossa atividade com qualquer outra, salvo o magistério. Então, se ele é delegado de polícia e professor, não tem como enriquecer”.
Ameaças”A ameaça que eu sofro realmente é a de ser demitido a bem do serviço público em razão do que eu expus. Eu acho que apenas cumpri o meu dever, é o que eu gostaria de deixar muito claro. Eu não tive nenhuma intenção de macular a atual gestão do delegado geral, do secretário de segurança e do governador José Serra”.
O delegado responsável pelo Departamento de Polícia Judiciária do Interior-6 (Deinter-6), Waldomiro Bueno Filho, não quis comentar as denúncias. Ele disse que o caso já foi encaminhado à Corregedoria da Polícia Civil e pediu que a Justiça tire do ar a página que o delegado mantém na internet. As informações são da TV Tribuna

