MANIFESTO AOS MEMBROS DA ASSOCIAÇÃO DOS DELEGADOS DE POLÍCIA – ADPESP 37

Aos leitores deste Blog, cujo apoio é a única razão de mantê-lo, peço licença para, nos próximos dias, publicar assuntos relacionados com as eleições, neste mês, dos diretores da ASSOCIAÇÃO DOS DELEGADOS DE POLÍCIA DE SÃO PAULO- ADPESP.

 

Preliminarmente:

 

Esta entidade – que adota o lema: AÇÃO, LEALDADE e UNIÃO ; por lei considerada como de utilidade pública e beneficiária de privilégios fiscais – há muitos anos deixou de ser uma organização não governamental criada e mantida para a defesa de direitos e garantias dos Delegados de Polícia, da Polícia Civil e, conseqüentemente, de todo o Povo. Também deixou de ser a mais poderosa e rica entidade de classe deste Estado. A ADPESP hoje é apenas sombra daquilo que foi e representava anos atrás. E foi perdendo a pujança , ação, lealdade, união e, principalmente, a DIGNIDADE, desde que se vendeu para o governo Paulo Maluf por 80% de aumento; em troca de “meter a caneta” em todos os funcionários que participassem de movimentos por melhores vencimentos, especificamente os 150% para todas as Carreiras policiais. A ADPESP e os Delegados de então se venderam barato; recebendo ao longo de todos estes anos desprezo e descrédito por parte das demais entidades representativas dos policiais civis. Atualmente não passando de uma agremiação com fins recreativos. Como associação civil poderia e deveria estar defendendo direitos coletivos. E direitos e interesses de toda a população deste Estado, pois tudo aquilo que for considerado de interesse para as funções exercidas pelo Delegado de Polícia, necessariamente, envolverá interesses públicos, especialmente de Segurança Pública, como um todo. A busca de melhores condições funcionais é de interesse coletivo, não se restringe apenas aos detentores dos cargos. Buscam-se melhores condições de trabalho para melhor servir ao cidadão; não para o conforto e prestígio dos servidores. Entretanto, em razão da intromissão da Delegacia Geral nas eleições e destinos da ADPESP, os fins da Associação foram desvirtuados. Diversos presidentes eleitos com apoios explícitos ou velados da DGP, fizeram da entidade uma espécie de setor subordinado ao Delegado-Geral; este por sua vez , submisso aos interesses do Governo do Estado ou aos seus pessoais interesses, sempre se valendo da falaciosa desculpa de que “o ocupante de cargo de confiança não pode pleitear melhores vencimentos”. Ora, se o DGP como dirigente e gestor maior da Polícia Civil não pode ou não quer, quem poderá? A ADPESP, naturalmente. Mas uma ADPESP submissa nada faz que possa contrariar o “Chefe”, pois a ele deve total lealdade. A Lealdade aos demais membros resta apenas no brasão, onde também restam dormentes a Ação e a União. E nas eleições do ano de 2005, os consortes da ADPESP – levados pela falta de perspectivas, retórica, sorriso largo e farta propaganda falsa – escolheram o culto filho de um Desembargador; com a esperança de que a pretensa independência e combatividade demonstrada pelo eleito nos trouxesse melhores dias. A decepção não tardou, pois o Delegado eleito foi preso e denunciado por crimes infamantes à toda classe. Pois tínhamos o dever – como autoridades públicas, especialmente a alta cúpula dos Delegados – de saber e reprimir, mas nada sabíamos ou fizemos para saber a respeito da conduta do membro da carreira que se candidatou a diretor-presidente da Associação. E depois de muita delonga – com a providencial lista passada por ordem do DGP para colheita de assinaturas visando assembléia para destituição – o presidente encarcerado acabou renunciando; em seu lugar definitivamente permaneceu o atual diretor-presidente e candidato a reeleição. Diga-se: candidato a reeleição que, expressamente, publicou no Site da Adpesp manifestação afirmando que não seria candidato a reeleição. E nunca deu quaisquer explicações públicas acerca da reviravolta. Seria fruto da doentia insegurança, indecisão e ambigüidade que tanto nos acomete; ou apenas aquela jogada de policial: diz uma coisa e faz outra buscando confundir o autor do crime. Seria necessário que fossemos levados a perplexidade, ou seja, enganados, para que ele venha ser reeleito? E aquele que nos enganou em várias passagens de sua gestão – seus irmãos de Carreira – merecerá ser reeleito? Por estes motivos e muitos outros erros passados, a ADPESP nada conquista em favor dos Delegados de Polícia, tampouco pelos funcionários policiais associados ao Seguro Saúde ADPESP, cuja carteira foi drasticamente reduzida; perdendo-se a apólice. A atual diretoria executiva (presidente, secretário e tesoureiro) – que sequer buscou ou soube negociar com administradoras uma apólice de seguro saúde (pagável) em prol dos consortes – não pode pretender se reeleger sob o pretexto de “negociar politicamente” a aprovação de leis em benefício da Carreira e da Polícia Civil. É incompetente para o menos; é incompetente para o mais. Se reeleitos – com o pretenso apoio da Delegacia Geral e do Conselho da Polícia Civil – a ADPESP permanecerá por mais dois anos totalmente subserviente a Administração. Servindo, apenas, para patrocinar festividades; oferecimento de serviços de bar e restaurante, além do gozo das colônias de férias por pequena parcela dos associados. A grande maioria – de não residentes na Capital – continuará pagando a conta por benefícios inúteis, ou melhor, úteis para a minoria. Serão mais dois anos sem propor ações judiciais em desfavor do Estado, em face das precárias condições de salubridade, higiene e segurança das Unidades. Em face, também, da não prestação eficaz dos serviços policiais por falta de funcionários; quer pela má distribuição ou pela diminuição do quadro ao longo dos anos, proporcionalmente ao aumento da população e número de ocorrências criminais. Ação Civil Pública que já deveria ter sido proposta – ou encaminhada representação ao Ministério Público – em face da “municipalização da Polícia Civil”, de se conferir pelo interior do Estado o elevado número de funcionários “ad hoc”, cedidos pelas Prefeituras; exercendo funções policiais, em muitos casos, por apenas “um salário mínimo”. E refratários, por faltar-lhes interesse, aos movimentos grevistas. E há quem fale das peculiaridades do Decap; quando o assunto é greve! Muitos contratados pelas denominadas “frentes de trabalho”, sem qualificação específica; sem “investigação social”. Inexistindo sigilo sobre as nossas atividades e sobre dados públicos e privados. Sigilo que a ADPESP, somente , lembrou faltar para impedir a anual declaração de bens; mais uma vez conseguindo críticas adversas e o escárnio de autoridades e da população: “quem não deve, não teme”. Municipalização essa fator de desprestígio e descrédito pelos demais órgãos da Segurança Pública (das Guardas dos municípios, inclusive); pelo Poder Judiciário, Ministério Público e, principalmente, pelo Povo. Ação Civil Pública e representação em face de carceragens acabarem ocupadas por adultos e adolescentes, rasgando-se o ECA. Pois os colegas acabam correndo todos os riscos pela ilegalidade decorrente da omissão do Governo no tocante a construir as necessárias instalações. E um Titular, um Seccional ou Diretor não podem representar contra tal omissão, pois destes querem soluções; nunca representações (problemas). E muito menos podem criar um BLOG CONTRA O SISTEMA. O Pará também é aqui. Conquanto todos os inumeráveis problemas que solapam a autoridade e dignidade dos Delegados e da Polícia Civil, a diretoria da ADPESP, com o dinheiro dos associados, faz cruzeiros marítimos e gestões políticas em Brasília. Todavia o nosso Governador não governa do Distrito Federal, tampouco participa de Congresso de Delegados a bordo de luxuoso transatlântico.Por derradeiro, neste primeiro manifesto, sem a pretensão de pleitear autoria ou idéia original, consignamos que a mudança de postura da Associação – especialmente através de medidas administrativas, judiciais e Ação Civil Pública – foi objeto de publicação no Fórum por volta do mês de março do corrente. A Adpesp , de forma autoritária visando silenciar o grupo de colegas revoltados pela perda da dignidade e pela corrupção institucionalizada, suprimiu o canal de debates entre os associados. O velho método dos velhos Delegados formados sob o império da ditadura militar: simplificar as coisas calando os opositores. Posto, para o diretor-presidente da associação: não passarmos de um terrorista virtual; assassino da hierarquia e da credibilidade da Instituição.”