Para VIVI – do Elogio da Loucura.

Quanto a mim, deixo que os outros julguem esta minha tagarelice; mas, se o meu
amor-próprio não deixar que eu o perceba, contentar-me-ei de ter elogiado a Loucura sem
estar inteiramente louco. Quanto à imputação de sarcasmo, não deixarei de dizer que há
muito tempo existe a liberdade de estilo com a qual se zomba da maneira por que vive e
conversa o homem, a não ser que se caia no cinismo e no veneno. Assim, pergunto se se
deve estimar o que magoa, ou antes o que ensina e instrui, censurando a vida e os costumes
humanos, sem pessoalmente ferir ninguém. Se assim não fosse, precisaria eu mesmo fazer
uma sátira a meu respeito, com todas as particularidades que atribuo aos outros. Além disso,
quem se insurge em geral contra todos os aspectos da vida não deve ser inimigo de ninguém,
mas unicamente do vício em toda a sua extensão e totalidade. Se houver, pois, alguém que
se sinta ofendido por isso, deverá procurar descobrir as suas próprias mazelas, porque, do
contrário, se tornará suspeito ao mostrar receio de ser objeto da minha censura. (Erasmo de Rotterdam).
Gracias…(p/Blog), mas em sua declaração Rotterdam escreveu:”…Ainda que os homens tenham o hábito de manchar minha reputação, e eu saiba muito bem como sou malquisto entre os tolos, tenho orgulho em vos dizer que esta LOUCURA é a única que pode trazer alegria aos homens e aos deuses…”