O Tribunal do Júri, outrora símbolo da democracia direta, de benevolência , cada vez mais se parece mais uma prostituta barata : delegante e malcheirosa e sempre pronta para servir aos interesses mais escudos.
Absolveu mais um policial bêbado e assassino que, covardemente , matou o lutador, Leandro Lo em razão de inconformismo diante da superioridade física e moral do oponente .
Aparentemente apenas um detalhe em meio a uma festa de justiça seletiva.
A cena é sempre a mesma: jurados comovidos, defensores habilidosos, certos promotores fazendo papel pra inglês vez – magistrados com escolta diuturna , alguns frequentadores da Hípica da PM – e a sociedade perplexa.
O réu, fardado , vestido de vítima – apesar do indelével semblante corrupto e violento – é acariciado pela narrativa da defesa legítima, enquanto a vítima real – o morto – é esquecida, diminutamente , a um nome em manchete.
O júri, que deveria ser o juiz do povo, transforma-se em juiz dos poderosos, cegando agentes da lei e desafiando o senso comum.
A absolvição do policial Henrique Velozo não é apenas um veredito, é um recado: para quem tem farda a lei é mais flexível.
Para quem não tem, a prisão é certa.
O júri popular, que deveria ser o baluarte da justiça, tornou-se refém de interesses corporativos da Polícia Militar , de narrativas midiáticas e de uma cultura que protege quem não tem a menor preocupação com a vida alheia .
Assassina , vai cheirar cocaína, beber e dormir num puteiro …
Acorda e se apresenta aos “iguais” que nada ou pouco fazem a pretexto de preservar a honra institucional .
Afinal , o tenente só matou covardemente e foi pegar uma puta …
Ou um travesti , quem vai saber !
E cheirar na balada não é cheirar no Alojamento …
Certamente, a instituição do Júri , que já foi celebrada como a última trincheira da democracia contraria a acusações forjadas , hoje parece mais uma farsa de teatro, onde o roteiro é escrito antes do julgamento e o desfecho é sempre o mesmo: o poder vence, o povo perde.
De se lembrar: a justiça só será justa quando deixar de ser prostituta e voltar a ser serva do povo.
Mas fazer o que se o tenente é um homem muito frágil e amedrontado diante da superioridade do lutador Leandro Lo ; e só teve como alternativa dar alguns passos para trás e na sequência sacar sua arma sob as vestes e desferir um disparo diretamente na cabeça do antagonista.
Ademais , há um laudo pericial – sob encomenda da defesa – demonstrando que o Tenente agiu sob intensa emoção (medo/pânico).
Esse documento deu suporte “científico” à pretensa tese do estado mental subjetivo do fragilizado homicida .
A “fragilidade” e o “medo” eram reais e resultaram da agressão inicial, e que a ação – do Oficial do Barro Branco – de sacar a arma e atirar foi uma reação contínua e instantânea a esse estado de terror, não uma ação premeditada ou vingativa.
A “Moderação .40 “ em Contexto de Desequilíbrio
A defesa argumentou que, dada a desproporção de tamanho e força demonstrada, qualquer tentativa de reengajar em luta corporal seria inútil e suicida.
Portanto, o único meio à disposição do Tenente Velozo para se defender de forma eficaz de uma nova investida era o uso da arma de fogo.
O disparo na cabeça, sob essa ótica, não é visto como covardia ou de crueldade, mas em um instante de pânico, visando neutralizar a ameaça da forma mais rápida e segura possível para si mesmo.
Lamentavelmente , se a Polícia Militar reintegrar esse “descondenado” vai provar irrefutavelmente : SE NÃO FOR A INCUBADORA É A LATA!
Cá estamos nós, Brasil adentro – ou seria de fora – observando o espetáculo patético de um capitão da Polícia Militar paulista — Guilherme Muraro Derrite, 41 anos, formado no Barro Branco, banido da ROTA para ultraje do , verdadeiramente glorioso , Corpo de Bombeiros .
E expurgado da ROTA , em razão de supostos 16 homicídios , em menos de quatro anos…
Quem acredita que ele foi removido da ROTA para o Corpo de Bombeiros por matar demais ?
Teria sido uma oportunidade para ele aprender que salvar vidas requer muito mais coragem do que matar ?
O Flit desconfia de outras coisas “a mais” e outras tantas “de menos”!
Leitores , no ponto que mais interessa , o solerte jurista apresentou ao Congresso Nacional não um projeto de lei, mas um panfleto de puro narcisismo embrulhado por “uma exposição de motivos” de embrulhar de vez o meu fígado já congestionado de “Maker’s Mark “ …
Como todos sabem sou americanista , embora o Tango me faça melhor do que o Blues …
Horra – com H em vez do P – quatro versões contraditórias em cinco dias!
E vem mais!
Quatro tentativas falhas de se autopromover como jurista, legislador e estadista.
E aqui mora o segredo sujo que ninguém quer admitir enquanto toma seu cafezinho matinal: Derrite não é um caso excepcional. Derrite é a regra feita carne, osso e farda .
Um pequeno fragmento da “exposição de motivos” do seu relatório é suficientemente revelador de uma constelação – com mais estrelas do que um Marechal – de traços psicológicos e retóricos que configuram um perfil de narcisismo institucional com matizes messiânicos .
A passagem aqui destacada — “como profissional da segurança pública e jurista comprometido com a técnica legislativa e com a efetividade das normas penais, cumpre observar que o projeto original apresenta algumas soluções que, apesar de bem-intencionadas, não atendem ao rigor que a sociedade espera” — condensa mecanismos discursivos de auto elevação, afetação, prepotência e uma espécie de salvacionismo institucional.
Este nosso rabisco tentará desdobrar essas dimensões.
Ora…ora, senhores!
Se o Derrite pode se dizer jurista , então o Dr. Flit é a reencarnação cruzada de Aristóteles com Pontes de Miranda ( risos ) .
SERÁ QUE A ACADEPOL E O BARRO BRANCO PRODUZEM CLONES ?
A Academia de Polícia Militar do Barro Branco não forma policiais. Eles se autoproclamam gestores de segurança pública ; detentores de amplos conhecimentos em múltiplas áreas do saber , especialmente em administração pública e ciência do Direito .
Basta três anos e são Mestres em quase tudo!
Mas a triste verdade : forma-se cada vez mais cadáveres ambulantes com identidade institucional .
Desde 1910, quando os franceses chegaram com suas ideias militarizadas, segregacionistas e racistas , a Academia funciona como máquina de mortificação do “si-mesmo”: tritura a personalidade civil, esfola a capacidade crítica, e implanta no lugar um novo ( super ) homem — hierárquico, subordinado, obediente até a morte, e fundamentalmente narcisista.
Não são todos iguais…
Dirão!
Discordo.
Existe uma variação, tal como como existe variação entre diferentes automóveis produzidos em escala industrial.
A isto chamam: formação homogênea !
O mecanismo é o mesmo; apenas alguns parafusos se soltam de forma mais visível que outros.
A Polícia Civil , verdadeiramente , para o bem ou para o mal , não produz clones , mas faz cordeiros.
Já pensaram em clones do Dr. Flit …( risos )
Valendo dizer que , a cultura institucional da Polícia Civil, embora valorize a autonomia e a formação jurídica, acaba – em razão da contaminação política – por moldar delegados que, ao longo dos anos, frequentemente abandonam valores classistas legítimos em favor do conformismo ou da disputa pessoal por cargos e privilégios deferidos por grupos de poder .
Refletindo em erosão da independência funcional e da meritocracia em prol de interesses pessoais ; comprometendo – e contaminando – a atuação profissional e a defesa dos princípios éticos que deveriam nortear a carreira.
Derrite é o parafuso que se soltou completamente?
Não , é o produto mais bem acabado !
Defeituoso foi o – destemido e decente – Major Olímpio!
Deus não foi justo!
Derrite – e certos Delegados Deputados – apresenta uma tríade patológica que merece estar em algum manual de psicopatologia institucional:
Narcisismo Epistêmico : “Como profissional da segurança pública e jurista comprometido…” — uma autodesignação tríplice que se assemelha a um ritual de auto consagração. A recusa absoluta de colaboração técnica. A crença de que sua experiência operacional (matar 16 pessoas) o qualifica para legislar sobre questões constitucionais complexas. Sem nominar este ou aquele curso , pela formação que ele obteve levaria , pelo menos , uns 30 anos dedicando várias horas por dia – e com certa metodologia – para poder se autoproclamar : JURISTA!
O rapaz ou é gênio ou é um mentiroso!
Grandiosidade Performativa : Submete quatro versões contraditórias de um projeto de lei em cinco dias. Cada versão um grito de “Vejam como sou importante!” Cada vez que recuperei uma confissão de incompetência travestida de “flexibilidade política”.
No remate: “A interpretação do texto foi distorcida estou aberto para ouvir o Governo , se for procurado”!
A culpa é sempre alheia!
Messianismo Securitário : Ele é o salvador que vai “restaurar a autoridade estatal” e “restabelecer o poder do Estado sobre o território nacional”.
Derrite como Messias da ordem. Que fantasia bufa e criminosa!
Mas — e aqui está o ponto que te trago, leitor — esses traços não são peculiares a Derrite .
Estão sendo produzidos sistematicamente pela Academia do Barro Branco e aceitos ao longo de toda a pirâmide hierárquica da PM.
Observem os “Pode Cascatas” que invadiram as redes sociais, o papo furado é sempre o mesmo: “eu …eu fiz…eu sou …eu matei …eu o caralho a quatro ” …Um monte de analfabeto falando sobre quem não conhece , sobre aquilo que não sabe e sobre aquilo que nunca fez!
Fazendo “cultura” da autoafirmação vazia.
Que nos mostra como a patologia institucional se espalha para além das academias e casernas contaminando a sociedade civil.
E são as exceções que me confirmarão!
O homem que diz: ‘Dou’ (não dá)”
“Porque quem dá mesmo (não diz)”.
“O homem que diz: ‘Vou’ (não vai)”
“Porque quando foi, já (não quis)”.
“O homem que diz: ‘Sou’ (não é)”
“Porque quem é mesmo é ‘não sou'”.
“O homem que diz: ‘Tô’ (não tá)”
“Porque ninguém tá quando quer”.
Para os mais jovens e para os poucos preocupados com a cultura: Canto de Ossanha”, de Baden Powell e Vinícius de Moraes…
Ah, canção proibida para as crentes de rabo quente…rs
O CONTÁGIO DESCENDENTE: Como Oficiais Contaminam as Praças
Aqui está a obscenidade que ninguém nomeia:
Os Oficiais — formados no Barro Branco e outras escolas de Polícia , socializados na hierarquia, estruturados narcisicamente — reproduzem esse padrão com os Praças (soldados, cabos, sargentos).
Ah, mas tem por lá quem toque uma guitarrinha rock and heavy …
Sabem como é , a Natureza é isonômica e também distribui gente fina por todos os cantos…rs
Até os mais solenes ou obscuros !
Contudo , a relação não é de mentoria pedagógica ou acompanhamento humanitário em sentido amplo.
É reprodução de dominação .
Uma praça é subordinada não apenas por razões de ordem legal e regulamentar , mas por estrutura psicológica implantada.
A Polícia Militar é um grande exemplo de panóptico de Bentham !
Opa , o Flit não quer ser metido a intelectual, mas transferindo-se a ideia da torre de vigilância para os dias de hoje é real Big Brother que a tudo vê e escuta!
Ele – os policiais – obedece cegamente porque foi ensinado que desobedecer é morte social e institucional .
Ele internaliza a hierarquia.
Ele incorpora a subordinação.
Ele vive diuturnamente vigiado pelos superiores , pelos colegas , pela população e , recentemente, pelas câmeras corporais e escutas ambientais instaladas nas Unidades e nas Viaturas.
Ele não é livre para ser Eu Sou!
Quando um capitão como Derrite vem da ROTA — uma unidade que opera à margem da legalidade, onde a violência não é constrangimento, mas privilégio — é eleito Deputado Federal ; depois assume o comando de uma Secretaria de Segurança seção, as praças absorvem uma mensagem simples e clara: A violência é aceitável quando convém ao superior. A lei é um ornamento. O que importa é matar.
O contágio é multidirecional e imparável .
Observações empíricas , até por bate-papo de boteco , mostram que considerável parcela dos oficiais da PM apoia estruturas de mando hierárquicas sem nenhuma forma de controle e de mediação democrática.
A participação da sociedade só é bem-vinda se for para donativos !
Obviamente , a maioria dos oficiais nunca transitam para a política eleitoral : permanecem nas corporações, promovendo-se, transmitindo às praças seus valores narcísicos, suas crenças no “ethos guerreiro”, sua convicção de que a democracia é um luxo que a segurança pública pode não se permitir.
Contudo , parcela relevante , passa boa parte da carreira servil ao poder político almejando um bom cargo “de confiança” quando alcançarem aposentadoria precoce com menos de 55 anos .
Não estou dizendo que todo oficial é um arrivista violento como Derrite .
Estou dizendo que a maioria dos oficiais compartilha em alguma medida a estrutura psíquica de Derrite : narcisismo epistêmico, dificuldade em autocritica , resistência à interação genuína, falta de transparência e complexo de superioridade moral e intelectual sobre civis.
Essa estrutura psíquica se propaga para baixo como infecção.
Uma praça que serve sob um oficial deformado aprende que:
Hierarquia é absoluta e não se questiona
A autoridade é sempre certa, mesmo quando errada
A sociedade civil é inimiga, não é quem lhe criou , formou e lhe paga
A violência é uma ferramenta legítima de gestão
PM não tem pele , tem farda
Quando essa Praça volta para casa, ele trata a família como seu Praça doméstico. Ele trata os vizinhos como suspeitos ou desordeiros sem respeito pelo seu merecido sono diurno.
Ele trata a comunidade como campo de batalha.
O ARRASTAMENTO AFETIVO: A FAMÍLIA COMO PRIMEIRA VÍTIMA
Aqui está o que ninguém quer escrever nos jornais “sérios”:
Uma Praça que internaliza a cultura militar “de seu capitão” — uma cultura onde a instrução é lei acima da Constituição , onde a obediência cega é virtude, onde o narcisismo institucional é norma — transmite, ainda que inconscientemente , isso para a família .
A esposa da praça vê um homem que chegou da corporação não como protetor, mas como reprodutor de dominação .
Os filhos crescem em ambiente de carências , incertezas e medo diário !
Será que papai vai voltar?
Quando será que “a nossa luz” vai voltar?
Não à toa , a violência doméstica entre policiais militares é exponencialmente superior à média nacional.
Revelada apenas pelo número de feminicídios e suicídios, pois raramente as vítimas procuram as Delegacias da Mulher ou da Juventude para buscar ajuda .
Por quê?
Porque a cultura que o militar produz é uma cultura de dominação, não de respeito, de efetiva parceria.
De posição, não de igualdade.
Primeiro nós!
De subjugação , não de negociação.
O arrastamento afetivo não é metáfora. É patologia propagada.
Relembrando , o melhor do filme Tropa de Elite foi justamente os conflitos íntimos e a desagregação familiar do Capitão Nascimento…Parece que os “cidadão de bem ” só atentaram para a tortura e matança ; pouco se lixando para o desastre do personagem …
Naquele ponto um bundamole acometido por mimimis!
Afinal, síndrome do pânico é coisa de mulher e de viados!
A INSTITUIÇÃO RESISTE À REFORMA
Oferece reformas.
Mudamos critérios psicológicos de seleção.
Exigimos treinamento em direitos humanos. Criamos conselhos de controle externo.
Mas na essência continuamos refratários a quaisquer mudanças com a certeza de nenhuma culpa nos cabe por tudo que aconteceu para pior …
Quando o policial se revela um verdadeiro bandido a culpa é da família e “da sociedade” !
Nada funciona significativamente porque a estrutura psicossocial da instituição permanece intacta.
A Academia do Barro Branco – e outras – continua a formar oficiais que aprendem que a ordem é sagrada , que a obediência é suprema , que questionar é quase uma traição .
E quando esses oficiais chegaram aos postos de comando — como Derrite chegou ao cargo de deputado federal — eles replicaram exatamente o mesmo padrão que internalizaram: autopromoção, narcisismo epistêmico, resistência à colaboração genuína.
Verdadeiramente , já que se trata de “marco legal contra o crime organizado “ , seria inconstitucional o Capitão ter proposto isonomia nacional dos vencimentos das policiais estaduais aos órgãos federais ?
O projetil do rifle é igual para todos , mas a carne do policial estadual continua sendo a mais barata do mercado , né ?
Seria esperar demais de quem só pensa em si mesmo!
DE DERRITE AO PRAÇA E À SOCIEDADE
Observe a lógica:
Academia forma Derrite com estrutura narcísica, hierárquica, militarizada.
Derrite, como oficial, comanda praças , transmitindo essa estrutura.
As praças internalizam a estrutura , reproduzem-na com famílias , amigos e comunidades.
A sociedade sofre sob uma polícia que não protege, mas domina.
Derrite, ascendendo politicamente , aplicando exatamente idêntica estrutura narcísica à legislação, produzindo projetos de lei contraditórios, deficientes técnicos, e fundamentalmente autoritários.
É um circuito fechado de corrupção institucional .
O narcisismo não é aberração.
É produto.
O autoritarismo não é exceção. É normal.
E o dano colateral — famílias destruídas, comunidades abandonadas ao crime , democracia enfraquecida — é o preço que pagamos para manter certas culturas institucionais que deveriam ter sido abolida há décadas.
“A VERDADE” ( que não nos libertará )
Aqui está a verdade que te trago sem rodeios, sem pompa retórica de jurista de araque afetado:
Guilherme Derrite não é uma aberração. Guilherme Derrite é um sucesso da Academia do Barro Branco.
É exatamente o que essa instituição pretende reproduzir: homem capaz de exercer violência sem culpa, pronto para instrumentalizar qualquer estrutura (legislativa, executiva) em prol de seus objetivos pessoais.
A DOENÇA É SISTÊMICA
Não espere reforma. Não espere mudanças significativas.
As Academias Policiais resistirão .
Os oficiais e delegados resistirão. As corporações resistirão.
Absolvendo – mesmo em silêncio – e permitindo que gente como Derrite ou delegados como Paulo Bilynskyj existam e continuem explorando a nossa ignorância , desonestidade moral e egoísmos .
O que vemos no projeto de lei contraditória, narcísico e deficiente de Derrite não é fraqueza individual.
É força institucional — a força de uma máquina que formou um homem incapaz de interação genuína, incapaz de humildade epistêmica, ou seja , incapaz de considerar que suas limitações excedem enormemente suas competências.
Ao final , uma certeza tem , só é menos idiota do que os seus eleitores e admiradores desinteressados!
Vinte e duas entidades que representam policiais civis e militares de São Paulo marcaram para a próxima semana protesto contra a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do secretário da Segurança Pública licenciado, Guilherme Derrite (PP). O grupo acusa as autoridades de “descaso” com as categorias e de não cumprir uma série de promessas feitas durante a campanha eleitoral e o governo.
O ato está previsto para a próxima terça-feira, dia 18 de novembro, no Largo São Francisco, na região central da capital, às 14h.
No caso da Polícia Civil, a demanda mais sensível é a demora na apresentação da minuta da nova Lei Orgânica. Para André Santos Pereira, presidente da Associação dos Delegados do Estado de São Paulo e coordenador do Fórum Resiste-PC, Derrite “mentiu” ao dizer que enviaria o texto para a Assembleia Legislativa. Nos últimos dois anos, o tema foi discutido em grupos de trabalho, sem participação direta da categoria.
“Agora faltam poucos dias para a Assembleia Legislativa encerrar os seus trabalhos. E Vossa Excelência não encaminhou nossa lei orgânica para Alesp, muito menos debateu uma minuta concreta conosco. Prometeu, não cumpriu, mentiu”, disse André Santos. “Começou e não terminou, é incompetência”, complementou o delegado em entrevista ao Metrópoles.
No caso da Polícia Militar, a cobrança é por um reajuste linear para a categoria. “A inflação que atinge o soldado atinge também o coronel. Foram várias promessas [do secretário], como se fosse um messias, um salvador. Mas as coisas estão desse jeito”, afirma o veterano Aurélio Gimenes, presidente da Associação dos Praças da Polícia Militar de São Paulo (Aspraças).
O protesto deve ocorrer enquanto o secretário Guilherme Derrite está licenciado do cargo para relatar na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei Antifacção proposto pelo governo federal. Até o momento, ele apresentou quatro versões do texto, que desagradaram a oposição e aliados.
Derrite chegou a propor a necessidade de comunicar autoridades estaduais sobre eventuais aberturas de investigações da Polícia Federal (PF), o que foi duramente criticado e obrigou o parlamentar a recuar.
“O secretário da Segurança deveria integrar as forças de segurança, e não dividir. Seja polícia militar, civil ou federal”, afirma Gimenes.
Lei Orgânica
A atual Lei Orgânica da Polícia Civil está em vigor desde 1979. A proposta de nova legislação é modernizar o regramento da instituição, com reestruturação do plano de carreira, reajuste salarial, regulamentação da jornada de trabalho, saúde, previdência e defesa das prerrogativas funcionais.
Em novembro de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou a Lei Orgânica Nacional das Polícias Civis, unificando as regras sobre os direitos, os deveres e as garantias da classe nos estados. Enquanto em outros estados a legislação foi atualizada, em São Paulo não houve mudança.
As entidades ligadas à Polícia Civil afirmam que a categoria foi excluída do debate. Em 9 de janeiro, Tarcísio de Freitas estabeleceu, em publicação no Diário Oficial, que caberia ao coronel da reserva da Polícia Militar Paulo Maculevicius Ferreira comandar as discussões sobre a Lei Orgânica.
Diante da repercussão negativa, houve mudança, e o escolhido foi o militar Fraide Sale, coronel da reserva do Exército, deixando o grupo sem representantes da Polícia Civil.
“A nossa polícia civil merece uma lei orgânica moderna, a atual é de 1979; ela merece ser valorizada, com reajuste e um plano de carreira, que contemple, de fato, esses profissionais que são vocacionados e responsáveis por fazer a nossa segurança pública”, afirma André Santos Pereira.
“O senhor esteve aqui na Associação dos Delegados na campanha em 2022, ouvindo quais eram as necessidades da Polícia Civil, saindo daqui com a narrativa de campanha para pedir voto aos mais de 45 mil policiais entre ativos e aposentados. Mais uma vez, prometeu, não cumpriu, mentiu!”
Polícia aponta fraude processual no caso de PM que matou agente em operação
“O sargento da Rota Marcus Augusto Costa Mendes foi indiciado por homicídio qualificado por matar com tiros à queima-roupa o policial civil Rafael Moura da Silva em uma ‘biqueira’ na região do Campo Limpo, zona sul de São Paulo, no último dia 16 de julho.”
A investigação sobre o caso em que o sargento Marcus Augusto Costa Mendes, da Rota, matou o policial civil Rafael Moura da Silva em uma “biqueira” na zona sul de São Paulo, revelou prática de fraude processual.
O crime ocorreu em 16 de julho, durante uma operação policial na região do Campo Limpo, e foi amplamente registrado por câmeras corporais e de segurança.
Conforme apurado por Renan Porto no Metrópoles, o sargento foi indiciado por homicídio qualificado e também responderá por tentativa de homicídio contra outro policial baleado de raspão.
Os delegados que assinaram o relatório final do inquérito — Fernando César de Souza e Antônio Giovanni de Oliveira Almeida Neto — afirmaram que o depoimento do sargento foi desmentido pelas provas coletadas, incluindo as imagens das câmeras corporais.
“Não houve agressão, nem atual e nem sequer iminente — muito menos injusta — a ser repelida”, dizem no documento.
As imagens mostram que Marcus Augusto avançou rapidamente até o local e abriu o portão com uma chave, efetuando quatro disparos mesmo após a vítima se identificar como policial.
Uma das principais contradições apontadas é o depoimento do sargento sobre a chave usada para acessar a suposta biqueira.
Marcus afirmou tê-la encontrado no chão segundos antes, mas colegas e câmeras de segurança indicam que ele já estava de posse da chave antes da operação.
O sargento não apresentou o objeto à polícia e se negou a responder perguntas sobre ele, o que reforça a suspeita de fraude processual ou eventual associação criminosa com os traficantes daquele local.
O caso reforça a importância do uso de câmeras corporais e de mecanismos legais e materiais de proteção para garantir a transparência e a responsabilização em operações policiais, especialmente aquelas envolvendo mortes .
A investigação prossegue na Corregedoria Geral para apurar todos os aspectos do episódio .
O jornalista Luiz Vassallo, do portal Metrópoles, foi agraciado com o Prêmio Latino-Americano de Jornalismo Investigativo (Colpin/IPYS), na edição de 2025.
O reconhecimento, que carrega o nome do jornalista mexicano Javier Valdez, é uma das mais importantes honrarias do jornalismo investigativo na América Latina.
Vassallo foi premiado por sua atuação na série de reportagens “Farra do INSS”, que denunciou esquemas bilionários responsáveis por descontos fraudulentos nos contracheques de milhões de aposentados e pensionistas brasileiros.
O jornalista não se limitou a reprodução de informações de fontes oportunistas.
A investigação, conduzida por Vassalo e coordenada por Fábio Leite, revelou com provas o funcionamento de “associações fantasmas” que, por meio de fraudes, obtinham lucros milionários às custas dos direitos dos beneficiários do INSS.
O impacto dos trabalhos jornalísticos de Luís Vassalo teve impacto imediato e decisivo: ao revelar o esquema de fraudes no INSS, ele salvou os rendimentos de milhões de aposentados e pensionistas, impedindo que os cofres públicos continuassem sendo lesados por bilhões de reais em descontos indevidos.
As reportagens do Metrópoles, baseadas em dados oficiais, depoimentos de vítimas e apuração minuciosa, levaram à suspensão imediata dos perversos descontos e à abertura de inquéritos que já resultaram em prisões de quem nenhuma compaixão possui por pessoas hipossuficientes e sem voz .
Além de afastamentos de agentes públicos envolvidos por ação ou omissão aos deveres.
Na esfera judicial, o trabalho de Vassallo serviu de base para a Operação Sem Desconto, que cumpriu mais de 200 mandados de busca e apreensão, além de provocar a demissão de altos cargos do INSS e a instalação de uma CPMI no Congresso.
Com a força das provas , é certo que muitos “figurões” como o advogado Nelson Wilians e outros envolvidos no esquema serão rigorosamente penalizados, reforçando o papel do jornalismo investigativo como instrumento essencial para a justiça e a transparência nas instituições brasileiras.
A atuação investigativa de Vassallo , em outro caso , foi objeto de retaliação, quando um ex-diretor do DEIC utilizou a estrutura policial para tentar silenciar e retaliar o jornalista.
Episódio que expôs a vulnerabilidade enfrentada por profissionais que denunciam corrupção e violações de direitos, reforçando a importância da liberdade de imprensa e da resistência diante de pressões características do corporativismo mafioso que mancha muitas Instituições.
O jornalismo de Vassallo, inspirado por referências internacionais como Javier Valdez, confirma seu papel fundamental na defesa dos direitos dos cidadãos e na ampliação da transparência nas instituições brasileiras.
Cumprindo destacar que , Javier Valdez Cárdenas, cuja trajetória ainda é pouco conhecida do público brasileiro, foi um dos jornalistas mais respeitados do México, dedicando sua vida a cobrir a violência causada pelo narcotráfico no estado de Sinaloa.
Fundador do jornal Ríodoce e correspondente do La Jornada, Valdez conquistou reconhecimento internacional por sua coragem ao denunciar a atuação dos cartéis e os impactos sociais do crime organizado.
Sua obra, composta por livros e reportagens emblemáticas, deu voz às vítimas da violência e solidificou seu compromisso com a verdade, mesmo diante de constantes ameaças.
Assassinado em 2017, Javier Valdez tornou-se símbolo global da luta pela liberdade de imprensa e inspira prêmios que celebram a coragem e a resistência no jornalismo investigativo.
O blog FLIT PARALISANTE parabeniza e reitera apoio integral ao trabalho de Luís Vassallo, destacando a importância do jornalismo investigativo e da pluralidade de vozes que o Metrópoles defende, mesmo frente a tentativas de censura.