
Mais uma vez, o governador Tarcísio de Freitas decide “valorizar” os profissionais da segurança pública : na propaganda oficial.
Com pompa e fanfarra, lança-se o chamado Programa Moradia Segura, prometendo realizar o sonho da casa própria para policiais e agentes penitenciários.
No entanto, basta uma consulta honesta às condições, critérios e à dura realidade do mercado imobiliário para escancarar o engodo: uma farsa embalada em populismo barato às custas do suor e da dignidade do trabalhador da segurança pública.
Com um teto de R$300 mil e o metro quadrado disparado o máximo que um policial pode comprar, se for solteiro e muito econômico, é uma quitinete ou quem sabe um “quarto e sala” em bairro esquecido pelo próprio Estado.
Isso quando não sobra para os chamados “empreendimentos populares” da CDHU: prédios de cinco andares, sem elevador, pé-direito indigno, materiais duvidosos e, quase sempre, em áreas já tomadas pelo tráfico ou pela insalubridade.
Segurança, conforto e qualidade de vida?
Só no panfleto publicitário.
E nem adianta falar em carta de crédito como solução mágica: a fila dos pretendentes é quilométrica, o subsídio depende de cálculos obscuros, e a chance real de um servidor adquirir algo compatível com sua profissão nas áreas centrais das cidades grandes é praticamente nula.
Quem conhece sabe: a realidade é o aluguel distante, a dificuldade no deslocamento e a eterna gambiarra dos sonhos adormecidos pela burocracia.
No fim das contas, sobra a foto oficial, o discurso vazio e mais uma tentativa de enganar a opinião pública e tratar o policial como instrumento político.
O resultado prático, para quem realmente sustenta a lei arriscando a vida é menos do que nada: é o insulto travestido de “benefício” progressista.
O governo paulista deveria, ao menos, ter a decência de não usar o lar do policial como peça publicitária.
Populismo habitacional não confere dignidade; muito menos segurança. A única coisa segura, até agora, é a perpetuação da mentira.