
Na quietude de uma tarde qualquer, enquanto o sol se espreguiça delicadamente sobre os telhados da cidade, um pensamento inusitado me ocorre: o quanto nossa existência se assemelha a um Flit paralisante.
Esse objeto, outrora tão comum em nossas residências, carregava consigo uma promessa de ordem e controle sobre o caos dos insetos voadores.
Com um simples apertar de gatilho, eis que surgia uma névoa mágica com perfume de querosene , capaz de deter o voo mais obstinado de uma mosca ou o zumbido mais insistente de um mosquito.
Saudades do meu bairro , da minha infância …
De São Vicente …onde estava …e sempre estou!
Sabor de algodão doce …
E de chocolate…
Queijadinha e das filas imensas para a Praia Grande!
Sem vidro, sem corte e sem morte!
Não seria nossa vida, em sua essência, uma busca constante por esse poder efêmero de paralisar o tempo, de congelar instantes fugazes antes que eles nos escapem por entre os dedos?
Somos todos, em certa medida, portadores de um Flit metafórico, tentando desesperadamente borrifar momentos de alegria, amor e realização, na esperança vã de que eles permaneçam imutáveis, suspensos no ar como partículas de inseticida.
Contudo, assim como o efeito do Flit se dissipa, levado pelas correntes invisíveis do ar, também nossas tentativas de reter o tempo se mostram infrutíferas.
O relógio, implacável em seu tique-taque, nos lembra constantemente da natureza transitória de nossa existência.
Talvez a verdadeira sabedoria não resida em tentar paralisar o tempo, mas em aprender a fluir com ele.
Ao invés de um Flit paralisante qualquer , deveríamos buscar ser como a água de um rio, que segue seu curso natural, contornando obstáculos e se adaptando às mudanças do terreno.
Nessa perspectiva, cada momento se torna precioso não por sua permanência, mas por sua singularidade.
Cada experiência, cada encontro, cada emoção é uma gota única nesse rio da vida, merecedora de nossa atenção plena e gratidão.
Ao final, percebemos que o verdadeiro “Flit paralisante” não é um objeto externo, mas nossa capacidade de estar presente, de vivenciar plenamente cada instante.
É através dessa presença consciente que podemos, paradoxalmente, transcender o tempo, encontrando o eterno no efêmero.
Assim, enquanto o sol se põe no horizonte, tingindo o céu com tons de púrpura e laranja, guardo meu Flit metafórico e me entrego ao fluxo da vida, sabendo que a verdadeira magia não está em paralisar o tempo, mas em dançar graciosamente com ele.
Dr. Flit,
Gostei do texto… da crônica.
Não sou tão bom com palavras… por isso, nessa linha de expressão, me apego no texto bíblico:
“Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desavanece”.
Tiago 4, v. 14.
A nossa vida é breve!
Que saibamos aproveitar com juízo os melhores momentos, mesmo que enfrentado dificuldades… como o curso de um rio.
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Escriba, me sinto honrado!
Honestamente, não conhecia o texto biblico …Mas entendi o ensinamento!
A vida é passageira e imprevisível nossos planos devem ser feitos com a consciência de que estão sujeitos à vontade de Deus ( a NATUREZA ) !
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Doutor, quero deixar uma passagem de um livro chamado “Vida e Destino”, de Vasili Grossman. Sugiro a leitura, o sr vai gostar. É uma das coisas mais bonitas que já li até hoje:
“Assim é o tempo: tudo passa, mas ele fica. Tudo fica, mas só o tempo passa. Como o tempo passa ligeiro e silencioso. Ontem mesmo você era seguro, alegre, forte: um filho do tempo. Mas hoje veio outro tempo e você ainda não entendeu”.
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