A Teoria da Associação Diferencial de Edwin Sutherland pode ser aplicada ao caso de Carlinhos Virtuoso de várias maneiras:
Aprendizagem do Comportamento Criminoso
Segundo a teoria de Sutherland, o comportamento criminoso é aprendido através da interação com outras pessoas, especialmente em grupos íntimos[1]. No caso de Carlinhos Virtuoso, é provável que ele tenha aprendido as práticas do jogo do bicho e outras atividades criminosas através de associações com outros criminosos experientes no ramo.
Organização Diferencial
Sutherland argumenta que o crime não procede da desorganização social, mas sim da organização diferencial e da aprendizagem[4].
O esquema criminoso liderado por Virtuoso demonstra uma organização sofisticada, com mais de 200 pontos de apostas e um sistema elaborado de lavagem de dinheiro[5].
Transmissão de Conhecimentos Criminosos
A teoria enfatiza que a experiência dos criminosos é transmitida em forma de conhecimento e prática aos mais jovens[1].
No caso de Virtuoso, há evidências de que ele não apenas aprendeu com o pai Damasco Virtuoso, mas também transmitiu conhecimentos criminosos, já que membros de sua família foram posteriormente condenados por contravenção[5].
Crime de Colarinho Branco
Sutherland foi pioneiro no estudo dos crimes de colarinho branco, praticados por pessoas de alto nível social no curso de suas ocupações[4].
Embora o jogo do bicho seja tradicionalmente associado a classes mais baixas, o caso de Virtuoso, um empresário que movimentou milhões, apresenta características de crime de colarinho branco.
Continuidade do Comportamento Criminoso
A teoria sugere que o comportamento criminoso é reforçado pela associação contínua com grupos criminosos[2].
Mesmo após sua prisão, investigações apontaram que Carlinhos Virtuoso continuava comandando as operações ilegais de dentro da cadeia.(5)
Ele supostamente:
- Transmitia ordens através de visitas e correspondências
- Utilizava familiares, especialmente seu filho Eduardo, como porta-vozes para os negócios ilícitos
Justificação do Comportamento
Sutherland argumenta que os criminosos aprendem não apenas as técnicas, mas também as justificativas para seu comportamento[4]. No caso de Virtuoso, a persistência em suas atividades criminosas, mesmo após condenações, sugere uma forte internalização dessas justificativas.
Em suma, o caso de Carlinhos Virtuoso ilustra vários aspectos da Teoria da Associação Diferencial, demonstrando como o comportamento criminoso pode ser aprendido, organizado e perpetuado através de associações e interações sociais específicas.
Citations:
[1] Teoria da associação diferencial criminal – Âmbito Jurídico https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/teoria-da-associacao-diferencial-criminal/
[2] [PDF] Uma introdução à teoria da associação diferencial: origens … – Dialnet https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/5847410.pdf
[3] a teoria da associação diferencial e o crime de colarinho branco https://bdjur.stj.jus.br/jspui/handle/2011/28347
[4] No que consiste a teoria da associação diferencial? – Jusbrasil https://www.jusbrasil.com.br/artigos/no-que-consiste-a-teoria-da-associacao-diferencial/607705493
[5] Bicheiro Carlinhos Virtuoso volta a praticar crimes e é condenado a mais 16 anos https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2018/07/26/bicheiro-carlinhos-virtuoso-volta-a-praticar-crimes-e-e-condenado-a-mais-16-anos.ghtml
[6] Empresário Carlinhos Virtuoso, preso há 10 anos, tem pedido de liberdade negado pela Justiça https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2024/09/05/bicheiro-carlinhos-virtuoso-ha-10-anos-preso-tem-pedido-de-liberdade-negado-pela-justica.ghtml