Cartel de banqueiros do jogo de bicho informatiza a jogatina de rua, criam sites de apostas instalados em bares ; disputam areas e pontos com caça-níqueis e bilhares e ainda arrumam “soldados” 8

Voz masculina 3: queira ou não queira, nós temos um inimigo aí que é o MP na cola, né?
Voz masculina 1: Não só ele. Ele e mais um monte. Aí dando continuidade, amigo. Sentei também com o Maneco.
Voz masculina 3: O velho.
Voz masculina 1: O velho. Ele veio em cima. Falou que ia mandar num sei quem, num sei quem, mas não. Não quero num sei quem, num sei quem, num sei quem. Você é, porque eu vou entrar, vou pagar,vou fazer da forma correta. Respeitando todos, perguntando um consenso com o João, com o Tiago, fui entrando. O Maneco sentou comigo: não, pá, que isso, que aquilo, minha cidade, meus barato, bicho,
eu que isso, eu que aquilo. Legal. Falei: amigo, eu tô vindo aqui bater na porta de vocês pra conversarcom vocês, porque nós não temo tempo pra se encontrar. Eu quero fazer parte de uma situação. O que eu não aceitar, vou expor o meu ponto de vista. E o que eu tiver que aprender com vocês eu vou aprender também. Legal. Da hora. O velho fez umas promessas pra mim lá, num cumpriu. O Tiago é prova. Bateu
na porta várias vezes. Num quero. Num apertei nem a mão. Falei: agora pra ele vir conversar comigo ele tem que vir falar que ele, mesmo tendo sessenta anos de idade, cabelo branco, num cumpriu o que ele me falou. Sentou na mesa, conversou comigo, virou as costas e foi embora. Não devo nada pra ele.
Não devo satisfação pra ele.
Voz masculina 3: Pra nós ele nem precisava falar que esse barato aí é ilegal. Enquanto tava no legal, tava de boa. Eu vim passar pra vocês o entendimento agora do que que os caras entendem.
Voz masculina 1: Passa pra nós então. Dá um resumo pra nós do teu entendimento.
Voz masculina 3: Lá existe uma situação que vocês sabem que existe, né? Tem um valor que sobe pro prédio todo mês. Os caras têm uma arrecadação de seiscentos contos, que eu falei pro João: João,esses caras tem uma arrecadação de máquina aqui de seissentos paus por mês (ininteligível). Eles não quer arriscar por que vai subir cem, na bagunça que tá.

: Então, irmão. Se liga. É… Ele sabe porque é, o sistema é dele. E aí ele falou que os cara fecharam até lá pro lado de Itanhaém, Monganguá e o caralho.
Entendeu? Aí o, eu, eu fui ver um mentiroso aqui agora que o filho careca queria
enfiar pra nóis de sócio, que só falou mentira. Inda bem que eu fui no João; que eu soube do João, os número do João, condições e o caralho e o cara veio aqui pra chavecar a gente pra investir com ele.
Falou tudo do, em dobro do João. Tu entendeu? Então o caminho é o João memo. Só que aí o mentiroso pegô e deu um canal que a gente precisava. Que a dificuldade aqui tá a tal da televisão Android. Porque tá uma febre isso aí, doido. Pra você ter uma ideia, o João comprou duas mil, doido, com mais um sócio aí. Que ele tá oferecendo, ele tá fazendo que nem os cara do futebol. Oferece TV, POS e ganha meio a meio. Entendeu? Então tá arrematando tudo. Agora o mentiroso aqui me deu uma informação aqui que chegou quinhentas TV no Carrefou do Analia Franco. Eu vou mandar alguém pra cima lá, doido. Se der pra você fechar o golpe aí, doidão. Já fecha a área toda, hein. Eu já to arrumando os soldados aí

Relembrando postagens anteriores, desde 2013, o GAECO do Ministério Público sem muito estardalhaço (o assunto aparentemente não agrada a imprensa local ) realizou diversas operações contra o jogo do bicho na Baixada Santista, especialmente em Santos e São Vicente.

Levando para a prisão um dos banqueiros mais ricos da região:  o Carlinhos Virtuoso , herdeiro da banca do seu Damasco. 

Bicheiro esse que vivia em debochada ostentação nas colunas sociais alardeando os seus passeios de costa a costa dos EUA, acompanhando de seus amigos aficionados por motos Harley.

Alem de propagandear empresa de eventos que só realizava festas familiares. Também um restaurante que dificilmente conseguiria auferir, há dez anos, R$ 20.000,00 ( vinte mil reais ) por mês. Mas contabilizava mais de R$ 150.000,00.

Esse tal Carlinhos Virtuoso mesmo preso fez o milagre de mandar mulher , filhos e colaboradores para a prisão.

SERÃO PRESOS…POR EXCLUSIVA CULPA DESSE “POBRE RAPAZ”!

Um tipo tão asqueroso e perigoso que elaborava planilhas comprometendo quem nunca recebeu quaisquer centavos do seu construtivo empreendimento.

UM GRANDE FILHO DA PUTA…Diga-se!

A última operação , anos atrás ( 2017 ) foi efetiva contra a banca do NECO ( outro filho e herdeiro de bicheiro ).

Foi denominada Game Over, que literalmente significa “fim de jogo”.

Que nada, continua firme, forte e informatizada!

O GAECO não acabou com a jogatina e ainda deu uma forcinha para novas modalidades!

Os sites de jogos e as TVs foram instaladas por todos os cantos.

Recentemente, durante a pandemia, um grupo de bicheiros e maquineiros fez uma associação que agora controla todas as apostas na região.

Existe até interceptação de conversa de determinado contraventor que fez uma consulta com o tal “cabelo branco de 60 anos”.

Contudo , o bicheiro parece preferir resolver seus negócios conforme a lei da bala!

Aliás, até granadas mantinha sob a sua posse!

Mas responde em liberdade processo que se arrastará por décadas!

E a folga é tanta que logo depois da prisão e condenação do concorrente suas primeiras providências: unificar para menor a premiação em toda a Baixada Santista.

E espalhar seus pontos nas quebradas do PCC.

Em 2013 a antiga banca Damasco pagava R$ 4.000,00 para cada real apostado no milhar vencedor, enquanto as demais bancas pagavam apenas R$ 3.000,00.

Diziam que a Damasco praticava concorrência desleal, pois apostadores de outras localidades preferiam efetuar suas apostas em São Vicente, em razão da possibilidade de ganho maior.

Mentira, o faturamento em São Vicente nunca foi tão grande como as bancas de Santos.

A unificação do valor da premiação foi praticamente a monopolização do jogo.

Como deixaram de concorrem entre si, desde então , pagam prêmios cada vez menores.

Aliás, nunca houve propriamente concorrência! Cada banca pagava para políticos e policia pela sua respectiva área de atuação.

Um ou outro cambista é que invadia área alheia.

O resultado (na cabeça) dessa maior e melhor organização: mais milhões de reais no bolso dos banqueiros.

Dá para passar metade do ano em Portugal.

O jogo de bicho na Baixada Santista continua movimentando milhões de reais por mês. Hoje totalmente informatizado, com equipe de engenheiros de tecnologia da informação e desenvolvimento de sistemas.

Doutores em site!

Hoje são vários sorteios por dia empregando-se aparelhos de TV; além dos sorteios tradicionais e os da Caixa Economica Federal (quartas e sábados).

Cerca de 50 milhões de reais nos anos de 2012/2013 apenas em São Vicente (laudo do Ministério Público).

Mais da metade desse montante é lucro do então Chefão de uma das CINCO BANCAS DA REGIÃO!

Além da Banca do Damasco havia mais 4 grandes Bancas…Certamente, tem mais!

Neste sentido foi recebida no GAECO em junho de 2013 ligação de pessoa que não quis se identificar, apontando a existência de uma banca do bicho na rua Joaquim Távora n.º 173, que seria de responsabilidade do bicheiro conhecido por “Neco” (fls. 22 do PIC). Posteriormente, em setembro, foi recebido pelo GAECO um e-mail de pessoa que não quis se identificar, apontando a existência de 5 bicheiros na cidade de Santos, que contariam com a cobertura de policiais civis e militares, apontando os bicheiros “Carlinhos Virtuoso”, “Neco”,“Manequinho Perneta”, “Gato Preto” e “Adão”.

Retomando a “reorganização criminosa”: não bastasse a modificação da premiação, também automatizaram o sistema de captação das apostas (informatização).

Agora efetuada por meio da internet; cujos servidores estão alojados em provedores internacionais.

Tudo com criptografia de ponta a ponta.

Do mundo real as bancas migraram para as nuvens (mundo virtual e virtuoso da internet ) , tornando ainda mais difícil e complexa a repressão criminal.

E o atual governo, buscando arrecadar impostos, assegurará o monopólio da jogatina. Não haverá nunca livre iniciativa.

Tente criar um site de apostas? Choverá balas na sua cabeça!

É sabido que conforme estimativas da Polícia Civil e do Ministério Público, os “banqueiros” do jogo de bicho lavam no estado de São Paulo cerca de meio bilhão de reais por ano em segmentos como turismo, construção civil, revendas de veículos importados, universidades, academias de ginastica, lojas de materiais para construção, hotelaria, postos de gasolina e até no segmento de roupas de grife, além de praticamente monopolizarem a compra e venda de bilhetes premiados da CEF.


Os grandes bicheiros são donos de centenas de lotéricas na Capital e grandes cidades do interior.

Estima-se uma movimentação bruta de cerca de R$ 2 bilhões no estado, cerca de R$ 1 bilhão na Capital e Grande São Paulo.

Na base da nova administração dos negócios:  equipamentos eletrônicos modernos e sistemas informatizados, capazes de permitir ao bicheiro que ele tenha, on-line, condições de aferir instantaneamente as apostas e o lucro de cada ponto de bicho.

Na Baixada Santista o jogo continua sendo explorado em qualquer esquina sem impedimento por parte das autoridades e agentes da Administração.

Dizem que nem o antigo e famoso “pau” (propina) está sendo recolhido.

Fala-se “tá tudo parado”; que acabou a recolha…

MENTIRA!

De qualquer forma, com ou sem propina, o jogo de bicho continua sendo a loteria mais rentável do Brasil; aparentemente continuará sendo por muitos e muitos anos.

A melhor providência seria a sua extirpação!

Com bandido não adianta falar em regulamentação.

Enfim, “Game Over”, nada…

Senhoras e senhores, façam as suas apostas!

Reformada sentença que condenou os promotores Cássio Roberto Conserino e Silvio de Cillo Leite Loubeh, do Gaeco , a indenizar por danos morais advogado de Santos 8

Em decorrência de operação do Ministério Público – por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) – Núcleo Santos, supervisionando as Corregedorias da Polícia Militar e da Polícia Civil, foram presos, no dia 7de julho de 2012, 10 policiais militares, três policiais civis, um advogado e outras quatro pessoas, todas por suposto envolvimento com a exploração de jogo ilegal na Baixada Santista.
 
Na época, além das buscas domiciliares, todos os então investigados tiveram a prisão temporária deferida por Juiz de Direito por representação do Ministério Público.

A operação, além das prisões, também cumpriu mandados de busca e apreensão, que resultaram na apreensão de 81 máquinas caça-níqueis, 102 monitores, 78 noteiros,  6 CPUs de computador, dois aparelhos de TV, dois teclados de computador, dois aparelhos de rádio/celular, duas máquinas de cartões de débito/crédito, R$ 27,3 mil em dinheiro e R$ 3,7 mil em cheques.
 
Verdadeiramente, havia notório esquema de operação de jogo ilegal por meio de máquinas caça-níqueis em funcionamento em Santos, São Vicente e Praia Grande.

Uma “associação organizada” cadastrava comerciantes da Baixada, interessados em manter máquinas caça-níqueis em seus estabelecimentos; efetivando controle, venda do ponto, da área; de forma que nos “pontos só poderiam funcionar máquinas da “associação”, identificadas de forma “sui generis” por um vetusto colante que levava ao entendimento de que o funcionamento era autorizado pelo Juizado da Infância e Juventude. Obviamente os selos eram distribuídos e substituídos periodicamente mediante pagamento quinzenal de valores fixados pelos exploradores chefes da associação.
 
Ainda de acordo com as investigações, essa “associação” contratava os PMs presos para efetuar a segurança dos locais de exploração dos jogos. Além disso, pagava propina a policiais civis para que o jogo ilegal não fosse combatido.

Vários documentos que comprovam esses pagamentos também foram apreendidos na operação. Sendo que em agenda pessoal do advogado constava supostas anotações de pagamento de propinas para peritos do Instituto de Criminalística, com a finalidade de que os laudos fossem fraudados e os componentes mais valiosos fossem, furtivamente, devolvidos!

Em razão da negativa repercussão o advogado ingressou com ação de indenização por danos morais alegando quebra de sigilo funcional e ser vítima de vingança pessoal dos promotores.

Os doutores Cássio Roberto Conserino e Silvio de Cillo Leite Loubeh, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado(Gaeco) – Núcleo Santos.

Em primeira instância, os promotores foram condenados a indenizar o advogado na ordem de R$ 20.000,00. De se ver:

Nesse sentido, entendo razoável e proporcional a condenação solidária dos réus ao pagamento de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) em favor do autor, valor este a ser corrigido monetariamente desde o arbitramento, com juros moratórios calculados desde o evento danoso (07de agosto de 2012 – data da publicação da notícia no site oficial do Ministério Público de São Paulo), sendo certo, ainda, que o autor não será condenado nas custas e despesas processuais(respectivamente, Súmulas 362, 54 e 326, todas do Superior Tribunal de Justiça). Isto posto, JULGO PROCEDENTE a presente ação, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, para condenar solidariamente os réus Cassio Roberto Conserino e Silvio de Cillo Leite Loubeh, a pagarem a quantia de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) em favor do autor Armando de Mattos Junior, a título de dano moral, quantia esta que deverá ser corrigida monetariamente a partir desta data, com juros de mora calculados desde o evento danoso (07 de agosto de 2012).Condeno os réus, ainda, ao pagamento integral das custas e despesas processuais e honorários advocatícios em favor do autor, ora arbitrados em 15% sobre o valor da condenação.

Ocorre que, processado recurso de apelação tanto do Autor como dos Promotores, o Tribunal de Justiça, peremptoriamente reformou a decisão com fundamento em jurisprudência firmada pelo Supremo Tribunal Federal, de se conferir:

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 1.027.633/SP, sob a sistemática da repercussão geral, manifestou-se definitivamente no sentido de que:

“A teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por danos causados por agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público, sendo parte legítima para a ação o autor do ato, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa” (Tema 940).

A presente ação foi ajuizada sob alegação deque os réus, promotores de justiça, coordenadores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado Núcleo de Santos (GAECO/Santos), forneceram à imprensa informações relevantes sobre as investigações, a despeito do sigilo imposto judicialmente, causando autor. Portanto, de fato, aplica-se ao caso concreto o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, o que impõe reconhecimento da ilegitimidade passiva dos apelantes, com consequente extinção do feito, a teor do art. 485, inciso VI, do Código de Processo Civil, uma vez que a responsabilização decorreu de suas atuações como agentes públicos.

Na esteira dos fundamentos acima, a sentença foi reformada julgando extinto o processo, sem resolução do mérito, por carência da ação (ILEGITIMIDADE PASSIVA), invertidos os ônus de sucumbência e fixados os honorários advocatícios, devidos pelo autor, no montante equivalente a 15% do valor atualizado da causa.

Ou seja, o advogado, salvo reforma do Acórdão, deverá recolher R$ 15.000,00, corrigidos monetariamente desde o mês de setembro de 2013.

Cabe Recurso Especial já manejado pelo sucumbente, mas com ínfimas possibilidades de admissibilidade.

O respectivo processo penal tramita na Comarca de São Vicente; encontrando-se conclusos para sentença.