ADPESP lança documentário sobre a greve de 2008 53

Delegados lançam documentário da maior greve da Polícia Civil

O curta-metragem tem nove delegados relembrando a histórica greve de 59 dias que abalou São Paulo, em 2008, quando policiais civis e militares entraram em confronto nas proximidades do Palácio dos Bandeirantes.

Três delegadas de polícia se deitam na frente de viaturas para impedir a retirada dos veículos, ordenada pelas autoridades de Segurança Pública. Os carros oficiais guarneciam uma manifestação de policiais civis, que tentavam ser recebidos pelo então governador.
Sem canal de diálogo, a maior greve da história da Polícia Civil se arrastaria por 59 longuíssimos dias, trazendo incerteza à população, que assistia, atônita, a um inédito conflito entre a PM e a Polícia Civil. Imagens da época mostram bombas, tiros e policiais feridos, a poucos metros do Palácio dos Bandeirantes.

A cúpula da Segurança determina a prisão de uma das delegadas que organizava a greve, por coincidência filha de um dos maiores líderes dos movimentos estudantis de 1968, Luiz Travassos. Quarenta anos depois, em 2008, a marcha de policiais denunciava São Paulo por pagar os piores salários do Brasil.

Depois de uma década, os bastidores da histórica greve da Polícia Civil, são finalmente contados por seus protagonistas, no curta “16/10 – Um dia para não ser esquecido”. O filme será exibido, pela primeira vez, nesta segunda-feira, 12/10, às 18h30 horas, no Centro de Convenções Frei Caneca, no primeiro dia do Fórum Nacional da Inteligência Aplicada para o Combate à Criminalidade (IACC).

Produzido pelo setor de comunicação da Associação dos Delegados de Polícia do Estado (ADPESP), o documentário conta as histórias de nove policiais, selecionados entre os milhares de integrantes do movimento. Eles relembram onde estavam, o que fizeram e sentiram naquele dia. Explicando, por exemplo, a decisão de se deitarem na frente das viaturas.

“16/10 – Um dia para não ser esquecido” revisita aos momentos mais tensos da greve policial que abalou São Paulo, como a passeata de policiais civis no Morumbi, que o governo tentava barrar com cordões de isolamento formados por policiais militares.

Tiros, bombas e 35 policiais feridos no conflito entre as polícias. Em vez de mais segurança e valorização de seus policiais (civis e militares), a opinião pública percebe que o governo aposta no confronto armado e irresponsável.
O risco é enorme. Os policiais civis enfrentam atiradores de elite e tropas especiais de Choque, igualmente mal remuneradas. Recebem solidariedade de policiais de todo o país, que ameaçam nacionalizar o movimento. O caso vai parar no STF.

A greve é vitoriosa, altera a organização das carreiras policiais e cumpre seu objetivo de apontar o sucateamento da Polícia Civil.

Mas o curta é extremamente atual. Passados 10 anos da greve histórica, os policiais paulistas ainda recebem o pior salário do país e trabalham com defasagem superior a 31% nos quadros da Polícia Civil, o que afeta o atendimento à população e a investigação dos crimes.

Entusiasta do curta metragem, o presidente da ADPESP, Gustavo Mesquita, diz que é importante avivar a greve policial, não só pela memória histórica, mas porque “a Polícia Civil ainda hoje é alvo de descaso por parte do governo, e quem mais sofre com isso é a população paulista”.

SERVIÇO:
“16/10 – Um dia para não ser esquecido”
Duração: 16 minutos

Horário: 18:30 horas

Local: auditório do Centro de Convenções Frei Caneca
Mais Informações: www.forumiacc.com.br

Organização e promoção: Sator e TechBiz

Os paradoxos da PM: está preparada para retaliações do PCC, mas não está preparada para impedir um resgate fantasioso ….Major Olímpio, que tal chamarmos os militares de verdade para cuidar da segurança paulista ?…( Acho que o Doria acertou nomenado uma General, espero que não seja do tipo que se deixe emprenhar pelos ouvidos ) 34

Sem aval de França, Promotoria vai à Justiça para transferir chefes do PCC

Ministério Público decidiu pedir remoção para presídio federal por avaliar que há risco de resgate

O governador Marcio França e o comandante geral da PM coronel Vieira Salles
O governador Marcio França e o comandante geral da PM coronel Vieira Salles – Bruno Rocha/Fotoarena/Agência O Globo

Rogério Pagnan
São Paulo

Diante da resistência do governo Márcio França (PSB) em transferir chefes do PCC para presídios federais, o Ministério Público de São Paulo decidiu apresentar sozinho um pedido à Justiça para tentar a remoção, por avaliar que há risco de resgaste na unidade estadual onde eles estão.

A lista dos que seriam transferidos, composta por 15 a 20 integrantes da facção criminosa, é encabeçada por Marco Camacho, conhecido como Marcola, número 1 do PCC e supostamente envolvido em um plano de criminosos para resgatá-los da penitenciária de Presidente Venceslau, no interior paulista.

O pedido da Promotoria deve ser feito entre segunda (12) e terça (13) ao juiz Paulo Sorci, da 5ª Vara de Execuções de São Paulo. Ele deve envolver promotores criminais que atuam na capital e no interior.

Na terça (6), Márcio França se reuniu com os secretários Lourival Gomes (Administração Penitenciária) e Mágino Alves Barbosa Filho (Segurança) e foi convencido pelo último do risco de represália da facção criminosa em caso de transferência.

Na mesma reunião, segundo a Folha apurou, Gomes disse ao governador que os serviços de inteligência não indicavam a possibilidade de reação do PCC semelhante à de 2006 —​quanto forças de segurança foram atacadas— e recomendou a transferência do grupo para fora do estado.

A reunião foi marcada por bate boca entre os secretários. O titular da Segurança alegou informações sigilosas e não quis fornecer a fonte de informação sobre a possibilidade de retaliação do PCC.

Nesta sexta-feira (9), durante evento na academia de formação de oficiais da PM paulista, ao ser questionado sobre esse assunto, França afirmou que não pretendia fazer a remoção dos presos.

Alegou ser necessário ter “cautela”, em razão de possibilidade de “reações”, e citou não haver consenso sobre a necessidade de transferência.

“Nós sabemos que existem pessoas criminosas que também têm a tentativa de produzir reações, confusões. Então, temos que tomar cautela, não é uma coisa simples”, afirmou.

“Na hora em que as forças de segurança entenderem por bem que há a necessidade de qualquer mudança, eu não tenho nenhum problema de fazer. Mas, por enquanto, não há essa fala hoje de maneira uníssona”, afirmou França.

Além do Ministério Público, a decisão de França de não avaliar a remoção por enquanto contrariou integrantes da Polícia Militar que, em sua maioria, defendem a transferência para unidades federais.

Oficiais disseram ao secretário de Segurança que seus homens estavam preparados para eventuais represálias.

O plano de resgate de chefões do PCC foi alertado a França e aos comandos do Exército e Aeronáutica pelo deputado federal e senador eleito Major Olímpio (PSL).

O parlamentar criticou duramente a decisão do governador, que considerou uma demonstração de fraqueza. “Fecha a porta do estado e entrega a chave ao Marcola.”

“Preso escolhendo onde quer cumprir a pena? Enquanto isso, a Grande São Paulo está sem Rota há 30 dias. E até quando ficarão por lá?” questionou Olímpio, em referência ao deslocamento de homens da tropa de elite da PM para reforçar a segurança em Presidente Venceslau devido à ameaça de um plano de resgate dos criminosos.

Pelo esquema descoberto pelo serviço de inteligência do governo paulista, chefões do PCC montaram um plano de resgate estimado em até R$ 100 milhões que incluiria um exército de mercenários e helicópteros de guerra.

Os bandidos planejam usar também lança mísseis para destruir as vigilância.

Pajubá: das religões afro-brasileiras às travestis, e da gíria LGBT à Globo…( 23

Pajubá: das religões afro-brasileiras às travestis, e da gíria LGBT à Globo

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Ontem à noite, no horário nobre, a Rede Globo ensinou a seus espectadores as origens de algumas palavras de pajubá, “linguagem popular usada pela comunidade LGBT”. De fato, há palavras do pajubá que se ouvem com frequência de norte a sul do Brasil – nas ruas, em memes na Internet, nas novelas e seriados, em bares e cafés… Mas os dicionários não registram quase nenhuma delas. Mais grave que isso: sequer registram pajubá.

O pajubá (também chamado bajubá) é o socioleto que, resultante da incorporação de vocabulário de línguas africanas usadas em religiões afro-brasileiras, como o candomblé, que, usado inicialmente como antilinguagem por travestis, foi posteriormente disseminado entre toda a comunidade LGBT e simpatizantes.

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O pajubá surgiu nos terreiros de candomblé – adições de palavras africanas ao português ocorriam naturalmente, em regiões de mais forte presença africana no Brasil. Além do iorubá, palavras do quimbundo, quicongo e de outras línguas também marcavam presença, e o dialeto resultante da assimilação desses africanismos, por resultar incompreensível para aqueles que não o conheciam, passou a ser usado também como forma de comunicação entre travestis – grupo tradicionalmente marginalizado, que se beneficiava da possibilidade de falarem entre si em uma espécie de código não compreendido pela maioria da população.

Pouco a pouco, ao longo das últimas décadas, o pajubá acabou chegando às grandes cidades de todo o Brasil e algumas de suas palavras e expressões popularizaram-se, ao ponto de que algumas poucas das milhares de palavras do pajubá já são palavras do português corrente no Brasil.

É o caso de , por exemplo, com o significado de “ruim” – que se ouve por todos lados, e se lê, por exemplo, aquiaquiaquiaquiaquiaquiaqui) – mas que ainda não aparece em nenhum dicionário.

Entre as palavras do pajubá que deveriam ser dicionarizadas, por – como mostram rápidas pesquisas no Google – já terem extrapolado o grupo linguístico a que se restringiam, sendo já de compreensão e uso, em geral com fins humorísticos ou informais, por parte significativa da população brasileira, estão:

amapô – (do pajubá) s.f. 1 vagina; órgão sexual feminino; 2 mulher [variante: amapoa]

aqué (aqüé) – (do pajubá) s.m. dinheiro

babado – (do pajubá) s.m. acontecimento significante, podendo tanto ser bom quanto ruim; o mesmo que basfond/bafão

bafão – (de basfond, corruptela do francêss.m. notícia, novidade de especial importância; acontecimento significante, podendo tanto ser bom quanto ruim; o mesmo que babado

bafo – (derivação de bafão) s.m. notícia, novidade; acontecimento significante (sentido criado por analogia com bafão, como se esta fosse uma palavra no aumentativo)

bajubá – s.m. socioleto que incorporou vocabulário de línguas africanas ao português brasileiro; popularizado como antilinguagem empregada entre travestis [variante: pajubá] (Exemplos: aquiaquiaquiaquiaquiaquiaqui e aqui).

climão – s.m. saia justa, clima pesado ou tenso entre duas ou mais pessoas. (Ex: aquiaqui e aqui)

ebó – (do pajubá) s.m. macumba

edi – (do pajubá) s.m. ânus (aqui e aqui)

elza – (do pajubá) s.f. roubo    (Dar a elza – roubar)

fazer carão – fazer pose, ser esnobe, arrogante

gongar – v. tentar prejudicar; derrubar; torcer contra; ridicularizar.

horrores – adv. muito, demais; advérbio de intensidade. Ex.: “Bebi horrores” = “bebi demais”

jeba – (do pajubá) s.f. órgão genital masculino de proporções avantajadas; o mesmo que benga

mala – s.f. genitália masculina, especialmente quando visível sob a roupa (Ex: aqui e aqui)

montado(a) – adj. muito arrumado(a) (por exemplo, para sair), produzido(a) ao extremo

neca – (do pajubá) s.f. órgão genital masculino

picumã – (do pajubá) s.m. cabelo; peruca; cabeleira

racha – s.f. mulher

 – adj. desagradável, ruim (aquiaquiaquiaquiaquiaquiaqui)

Pajubá: das religões afro-brasileiras às travestis, e da gíria LGBT à Globo