Joesley chama Temer de “chefe da quadrilha” sem medo de ser processado por crime contra a honra ou incurso na Lei de Segurança Nacional 53

Em entrevista a revista, Joesley chama Temer de “chefe da quadrilha”

Do UOL, em São Paulo

16/06/201723h58

  • Danilo Verpa/Folhapress

    Temer é "o chefe da maior e mais perigosa organização criminosa" do país

    Temer é “o chefe da maior e mais perigosa organização criminosa” do país

O empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, em entrevista concedida à revista “Época” desta semana, afirma que o presidente Michel Temer (PMDB) é “o chefe da maior e mais perigosa organização criminosa” do país. Josley também confirma que pagou pelo silêncio na prisão de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, apontado como o principal operador de propina do ex-presidente da Câmara, e que o ex-ministro Geddel Vieira Lima era o “mensageiro” do presidente que o procurava para garantir que este silêncio seria mantido.

Na entrevista, publicada nesta sexta-feira (16), Joesley detalha a relação com Michel Temer, que, segundo ele, “nunca foi uma relação de amizade” e sim “institucional”. Ele diz que Temer o via “como um empresário que poderia financiar as campanhas dele e fazer esquemas que renderiam propina”.

A relação, que teve início por meio de Wagner Rossi, ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento nos governos Lula e Dilma, segundo ele, era direta, com trocas de mensagens de celular e encontros privados. Em 2010, pouco depois do início desta relação, Temer teria pedido dinheiro para campanha. “[O presidente] não é um cara cerimonioso com dinheiro”, afirmou.

Josley conta que os pedidos de Temer eram sempre ligados a favores pessoais. E que ele não explicava a razão dos pedidos.

“Tem políticos que acreditam que, pelo simples fato do cargo que ele está ocupando, já o habilita a você ficar devendo favores a ele. Já o habilita a pedir algo a você de maneira que seja quase uma obrigação você fazer. Temer é assim”, disse.

O empresário confirma o empréstimo de um jato para uma viagem particular de Temer e a briga por dinheiro dentro do PMDB na campanha de 2014, relatada por Ricardo Saud, empresário da JBS e que também colabora com delações premiadas no âmbito da Operação Lava Jato.

“O PT mandou dar um dinheiro para os senadores do PMDB. Acho que R$ 35 milhões. O Temer e o Eduardo descobriram e deu uma briga danada”, relembra.

Segundo o empresário, os peemedebistas pediram, após a celeuma, R$ 15 milhões. “Demos o dinheiro”, disse Joesley, afirmando que foi aí que Temer voltou à presidência do PMDB.

Relação de Michel Temer com Eduardo Cunha

De acordo com Joesley, Cunha se referia a Temer como seu superior hierárquico. “Tudo que o Eduardo conseguia resolver sozinho, ele resolvia. Quando ficava difícil, levava para o Temer. Essa era a hierarquia”. O empresário aponta, porém, Lucio Funaro como o primeiro a participar das negociações. “Funcionava assim: primeiro vinha o Lúcio. O que ele não consegui resolver ele pedia para o Eduardo. Se o Eduardo não conseguia resolver, envolvia o Michel”.

Quando se tratava de acertos de “esquema mais estrutural”, Temer pedia para falar com Cunha. De acordo com Joesley, Temer se envolvia diretamente quando se tratava de pequenos favores pessoais ou “em disputas internas, como a de 2014”.

O empresário afirma que o grupo tinha influência “no FI-FGTS, na Caixa, na Agricultura, todos órgãos onde tínhamos interesses”, e que temia que eles “encampassem” o Ministério da Agricultura.

Quando Cunha foi eleito presidente da Câmara dos Deputados, os “achaques” ficaram mais constantes. O empresário relata pedidos de propina do peemedebista em troca de “abafamentos” de CPIs que pudessem ser prejudiciais ao empresário. Josley disse, contudo, que não pagava esses achaques.

“Eduardo sempre deixava claro que o fortalecimento dele era o fortalecimento do grupo da Câmara e do próprio Michel”, disse.

“Mais perigosa organização criminosa desse país. Liderada pelo presidente”

Joesley, ao apontar Temer como o “chefe da quadrilha”, cita como integrantes da “organização criminosa” os peemedebistas Eduardo Cunha, Eduardo Henrique Alves (ambos já presos), Geddel Vieira Lima e Moreira Franco.

“Quem não está preso está hoje no Planalto. Essa turma é muita perigosa. Não pode brigar com eles. Nunca tive coragem de brigar com eles. Esse grupo é o de mais difícil convívio que já tive na minha vida”. Para Joesley, “eles não têm limites”.

Silêncio de Cunha e Funaro na cadeia

Na entrevista, Joesley também detalha como virou “refém de dois presidiários”, referindo-se aos pagamentos que realizou “em dinheiro vivo” a mensageiros de Eduardo Cunha e Lucio Funaro, para que estes não delatassem os esquemas de corrupção que os envolviam e que também implicavam o empresário.

“O presidente estava preocupado. Quem estava incumbido de manter Eduardo e Lúcio calmos era eu”, diz Joesley, ressaltando, ainda, que era Geddel Vieira Lima quem atuava em nome de Temer para garantir que esse “sistema” fosse mantido.

“Depois que o Eduardo foi preso, mantive a interlocução desses assuntos via Geddel. O presidente sabia de tudo. Eu informava o presidente por meio do Geddel”, afirma.

Crise

A delação premiada de Joesley Batista e outros executivos da JBS detonou a maior crise do governo Temer desde que o presidente assumiu o cargo. Joesley gravou uma conversa com o presidente no Palácio do Jaburu, em março deste ano, e entregou o áudio para a Procuradoria-Geral da República. Na conversa, ele fala sobre o suborno a agentes do poder judiciário, cita questões no BNDES e relata que “estou bem com o Eduardo”, o que a PGR entendeu como sendo uma sinalização de que o empresário continuava pagando mesadas a Cunha, com aval do presidente, para evitar uma delação do ex-deputado.

Temer nega que soubesse de qualquer pagamento a Cunha e Funaro, alega que o áudio foi editado e diz que foi alvo de uma armação de Joesley, que estava em vias de assinar o acordo com a PGR.

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Funaro diz à Polícia Federal que Temer sabia de pagamentos ilegais ao PMDB

Funaro afirma que Michel Temer sabia dos repasses por meio de caixa dois ao partido

O doleiro Lúcio Bolonha Funaro prestou depoimento à Polícia Federal (PF) e assumiu ter operado caixa dois do PMDB. Além disso, Funaro, segundo informações obtidas pelo jornal O Globo, sustentou que o presidente Michel Temer tinha pleno conhecimento de doações ilícitas de campanha feitas à legenda. O depoimento do doleiro durou cerca de quatro horas e foi realizado na última quarta-feira (14). Funaro foi questionado no âmbito do inquérito que investiga Temer no Supremo Tribunal Federal (STF).

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Entre outras coisas, no depoimento que ainda está sob sigilo, o doleiro falou sobre o esquema de nomeações a cargos públicos articuladas pelo PMDB e que funcionavam com associações a desvios de recursos. O presidente Temer foi presidente da legenda durante o período de 2001 a 2016. Ao jornal, a assessoria do presidente Michel Temer negou que ela tenha tido conhecimento de financiamento ilegal de campanha para a sigla.

O empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, gravou uma conversa com Temer, em março deste ano, no Palácio do Jaburu, na qual o presidente avaliza pagamento de mesada ao ex-deputado Eduardo Cunha e também a Lúcio Funaro, pelo empresário, em troca do silêncio dos dois. A gravação é parte da delação premiada firmada entre o empresário e o Ministério Público Federal (MPF).

Funaro, conforme revela o jornal, negou que ele ou seus familiares tenham recebido recursos da J&F, holding que controla a JBS, para se manter calado. De acordo com ele, os recebimentos de recursos da JBS estão ligados a três contratos legais que o empresário mantinha com ele para prestação de serviços em operações de mercado.

Sobre a mala recebida por sua irmã, Roberta Funaro, com R$ 400 mil em dinheiro vivo, também é parte de um pagamento realizado pelos serviços lícitos apontados por ele à PF. Roberta Funaro chegou a ser presa na Operação Patmos, deflagrada a partir das delações da JBS. As investigações ligam a mala à compra do silêncio do operador pelos empresários da JBS, conforme gravação com Temer.

Funaro está preso há quase um ano. Apesar de ter contratado um advogado especialista em delação premiada, ainda não há informações de que o acordo tenha sido fechado.

Eduardo Cunha, que também prestou depoimento na última quarta-feira (14), afirmou que seu silêncio “nunca esteve à venda” e que nunca foi procurado pelo presidente Michel Temer ou interlocutores do presidente com esse objetivo.

Leia íntegra da reportagem do jornal O Globo

Os melhores e os piores salários do Brasil pagos a um policial. Confira tabela 115

Paraíba paga realmente o pior salário do Brasil a um policial. Confira tabela

Em pronunciamento da tribuna da Assembleia Legislativa na quarta-feira (14), durante sessão especial convocada para debater os problemas da categoria que representa, Suana Melo, presidente da Associação dos Policiais Civis de Carreira da Paraíba (Aspol-PB), disse que a remuneração da Polícia Civil do Estado é a pior do país. Será que é mesmo? O blog pesquisou, conferiu e chegou à conclusão que revela a seguir.

A confirmação de que Suana disse a verdade, nada além da verdade, está no ranking que a Cobrapol (Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis) divulga e atualiza todos os anos. É o que se pode constatar na tabela reproduzida abaixo, que traz – estado por estado – quanto os governos pagavam aos seus agentes, investigadores ou inspetores em 2016. Vejam que a Paraíba é realmente o estado que paga o pior salário a esses servidores.

E à Polícia Militar?

Já no que se refere aos policiais militares, a Paraíba entregou a lanterna do ranking ao Espírito Santo, mas ocupa um constrangedor penúltimo lugara em matéria de remuneração dos PMs em todo o Brasil, conforme tabela atualizada divulgada em fevereiro deste ano pela Associação das Entidades Representativas dos Militares Brasileiros (Anermb). O valor do salário refere-se, claro, ao vencimento de um soldado. Confira.