Se gritar pega ladrão num sobra um meu irmão: policiais civis prendem um policial militar com 60 KG de cocaína 42

Policial militar é preso com 60 kg de cocaína dentro do carro

O soldado Beneval Silva dos Santos está lotado na 2º Companhia do 7º Batalhão de São Paulo – Foto: Reprodução/Ponte Jornalismo

Soldado foi pego em flagrante por policiais civis que investigavam distribuição de drogas na área norte da região metropolitana

60 kg de cocaína apreendidos com o policial militar Beneval Silva dos Santos – Foto: Reprodução/Ponte Jornalismo

O policial militar Beneval Silva dos Santos, 33 anos, foi preso após uma investigação da Polícia Civil contra o tráfico de drogas na zona norte de São Paulo, na tarde da última terça-feira (21/02). O soldado, que mora em São Vicente, litoral do Estado, está lotado na 2º Companhia do 7º Batalhão de São Paulo, em Sorocaba (interior), foi pego em flagrante com 60 quilos de cocaína. A droga estava dividida em 60 tabletes com um quilo em cada.

A apreensão ocorreu na avenida Maria Amalia Lopes de Azevedo, no bairro de Tremembé (zona norte de SP), quando policiais civis de Franco da Rocha abordaram o Volkswagen Up da cor branca que o soldado dirigia. A suspeita da Polícia Civil era de que uma quadrilha de tráfico de drogas do litoral iria distribuir cocaína em Mairiporã, na região metropolitana da São Paulo. O soldado é investigado sob suspeita de prestar serviço a essa quadrilha.

O soldado Beneval Silva dos Santos está lotado na 2º Companhia do 7º Batalhão de São Paulo – Foto: Reprodução/Ponte Jornalismo

Um primo do soldado Beneval dirigia um Corolla cinza, fazendo escolta ao policial militar durante o transporte da cocaína. Trata-se de Vitor dos Santos Pereira. De acordo com a Polícia Civil, durante a abordagem, Beneval se identificou como PM e ambos não reagiram. O soldado assumiu que os tabletes eram dele, inocentando o primo.

Nesta quarta-feira (22/02), o soldado passará por audiência de custódia. Ele está preso na DISE (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) de Franco da Rocha. Além de agentes da DISE, a operação contou com apoio de policiais do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) e do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos).

Beneval Silva dos Santos e seu primo Vitor dos Santos Pereira, presos em flagrante – Foto: Reprodução/Ponte Jornalismo

A reportagem da Ponte Jornalismo solicitou um posicionamento da SSP (Secretaria da Segurança Pública), que tem à frente o secretário Mágino Alves Barbosa Filho, nesta quarta (22/02). Até a publicação desta reportagem, a CDN Comunicação, empresa terceirizada responsável pela assessoria de imprensa da SSP, não se posicionou sobre o assunto.

Dois casos em um mês

Conforme a Ponte Jornalismo revelou no dia 31 de janeiro deste ano, dois PMs da zona sul de São Paulo foram presos com “kit flagrante” dentro da viaturaO kit flagrante, que poderia ser usado para forjar prisões ou para venda de entorpecentes, por exemplo, estava com os soldados de 1ª classe do 50º Batalhão da PM André Nascimento Pires e Rodrigo Guimarães Gama, que agora respondem por tráfico de drogas.

O flagrante ocorreu na rua Vitória Régia, na Brasilândia, zona norte da capital. Um tenente e um capitão da Corregedoria averiguaram a viatura número M-50315, que continha duas cervejas no porta-malas e outras duas malas cheias de drogas.

As drogas apreendidas em duas malas dentro da viatura M-50315 – Foto: Reprodução/Ponte Jornalismo

Após a averiguação, os corregedores inspecionaram o armários e os carros particulares dos PMs. Nada foi localizado. Eles foram conduzidos à Corregedoria para prestar esclarecimento acompanhados pelo responsável da área do 50º Batalhão. Depois, enviados ao presídio militar Romão Gomes.

Após 17 mandatos de busca e apreensão, determinados pelo juiz Luiz Alberto Moro Cavalcante, do TJM (Tribunal da Justiça Militar), o juiz de Direito Ronaldo João Roth decretou na última sexta-feira (10/02) a prisão preventiva de 12 policiais. Além dos soldados pegos em flagrante, foram para o presídio militar Romão Gomes os soldados Nicolas Almeida Leopoldino da Silva, Anderson Moura de Almeida, Ricardo Francisquette Herrera Filho, Julio Cesar Andrade, Jefferson Cardoso Pedroso, Paulo Alberto Freitas de Oliveira e Heitor Piovesan. O 2º sargento Marcelo de Souza e os cabos Rodolfo Ramos Correia e Luiz Carlos de Jesus Melo também foram presos após investigações no 50º Batalhão.

Segundo o TJM, as drogas apreendidas seriam vendidas a um traficante de drogas da zona sul de São Paulo. De acordo com escutas telefônicas, os PMs presos cometiam diversos delitos para recebimento de vantagem indevida. Os delitos iam desde tráfico de drogas até corrupção passiva, concussão, extorsão e peculato, além de sequestro. Eles também atuavam em locais de ponto de venda de drogas, “deixando de adotar as medidas de caráter policial”, de acordo com a denúncia. Os PMs agiam, principalmente, durante o horário de trabalho, fardados e com as viaturas e as tecnologias da corporação.

O decreto da prisão preventiva de 12 PMs após apreensão de drogas dentro de viatura – Foto: Reprodução/Ponte Jornalismo

À época do caso, a SSP, por meio da assessoria de imprensa terceirizada CDN Comunicação, afirmou à Ponte: “A Corregedoria da Polícia Militar informa que prendeu em flagrante dois policiais do 50º BPM/M. Em vistoria feita na noite de segunda-feira (30/01), agentes da Corregedoria encontraram duas latas de cerveja pela metade e uma mala com drogas na viatura que os dois soldados ocupavam. Os dois PMs, que afirmam desconhecer a origem da droga, foram encaminhados para o presídio Militar Romão Gomes. A Corregedoria irá abrir processo exclusório para os dois”.

A assessoria deixou de informar quantos gramas e quais drogas foram apreendidas com os PMs.

http://ponte.cartacapital.com.br/policial-militar-e-preso-com-60-kg-de-cocaina-dentro-do-carro/

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Se gritar pega ladrão num sobra um meu irmão II – GAECO de Santos manda pra cadeia policiais civis de Peruíbe suspeitos de tráfico e corrupção 29

Policiais civis e advogado são presos por tráfico e corrupção ativa

Operação Ouro Branco cumpriu 20 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão em Itanhaém, Peruíbe, São Vicente e São Paulo

BRUNO LIMA – A TRIBUNA DE SANTOS
Drogas sem registro de apreensão foram encontradas
nas salas dos investigadores de Peruíbe (Divulgação)

Investigações realizadas nos últimos seis meses pelo Grupo de Ações Especiais de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) colocaram, nesta terça-feira (21), três policiais civis da Delegacia de Peruíbe e um advogado do Município atrás das grades por tráfico de drogas e corrupção ativa. Uma mulher, apontada como a responsável pelo tráfico de drogas no Jardim Brasil, em Peruíbe, também teve a prisão temporária de 30 dias decretada, mas não foi localizada e é considera foragida.

Batizada com o nome de Ouro Branco, a operação cumpriu 20 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão em Itanhaém, Peruíbe, São Vicente e São Paulo. O trabalho contou com o apoio da Corregedoria da Polícia Civil na Baixada Santista e de policiais militares do 2º Batalhão Ações Especiais de Polícia (Baep).

Dentro da sala dos três investigadores, na Delegacia de Peruíbe, foram encontradas porções de maconha e pinos de cocaína sem registro de apreensão. Buscas foram realizadas nas moradias do trio e do advogado. Na casa de um dos policiais, em Itanhaém, foram apreendidos R$ 8 mil, enquanto na residência da mãe de um outro investigador, situada em São Vicente, a operação localizou R$ 19 mil.

Segundo o Ministério Público local, os policiais Humberto Mangabeira, Marcos Masek e Rodrigo de Castro são suspeitos. O advogado Walter Gomes também foi preso suspeito, de acordo com o MP, por intermediar o recebimento da propiana entre os policiais civis e os traficantes.

Como funcionava

Conforme o apurado pela reportagem, os investigadores e o advogado participavam de um esquema que beneficiava os negócios ilícitos da mulher. Em troca de propina, os investigadores passavam informações ao advogado sobre diligências a serem feitas no Jardim Brasil.

Em posse dos detalhes, a mulher livrava-se de ter uma grande quantidade de entorpecentes apreendida ou de ver pessoas de sua confiança surpreendidas pelos policiais. Sempre que o esquema funcionava, o advogado tratava de pagar os investigadores com dinheiro do crime.

Conduzidos à sede da Corregedoria, em Santos, os três policiais civis foram apresentados ao delegado Eduardo Assagra Ribas de Mello e, posteriormente, encaminhados ao Presídio da corporação, na Capital. Já o advogado não teve o destino divulgado.

Operação Ouro Branco

A investigação do Gaeco recebeu o nome de Ouro Branco, porque foi originada de diligências que apontavam a apropriação ilícita de joias. Porém, durante as apurações descobriu-se o esquema de tráfico de drogas, que culminou com a prisão do grupo. As investigações da Ouro Branco prosseguem.

Governo Alckmin decide antecipar troca do comando da Polícia Militar 40

Bruno Poletti/Folhapress
SAO PAULO, SP, 19.05.2016: Ricardo Gambaroni, comandante geral da PM - Coquetel de entrega do 7 Premio Polícia Cidada, Instituto sou da Paz. (Foto: Bruno Poletti/Folhapress, FSP-MONICA BERGAMO) ***EXCLUSIVO FOLHA**
Ricardo Gambaroni, comandante da PM, deve ser substituído pelo governo Alckmin em março

ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO

O governo Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu antecipar a troca no comando da Polícia Militar de São Paulo em meio à sequência de resultados ruins nos índices de roubos.

Prevista originalmente para maio, devido à aposentadoria do atual comandante, coronel Ricardo Gambaroni, a mudança na cúpula da corporação deve ocorrer logo depois do Carnaval, em março.

Segundo a Folha apurou, a troca foi anunciada numa reunião na noite de segunda-feira (20) com a participação do secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, do coronel Gambaroni e ainda de seu provável substituto, coronel Nivaldo Restivo, que é hoje comandante do Choque.

Integrantes do governo Alckmin ligados à pasta dizem haver um descontentamento interno com Gambaroni (no cargo desde 2015) devido ao avanço de crimes patrimoniais no Estado, incluindo ataques a cargas.

No caso dos roubos em geral, os registros subiram 5,19% no ano passado e bateram recorde desde 1999.

Um policiamento ostensivo eficaz, tarefa da Polícia Militar, é uma das cobranças de especialistas da área para combater esse tipo de crime.

A chefia da Polícia Civil, responsável pelas investigações dos crimes, não deve mudar –segue a cargo do delegado Youssef Abou Chahin.

TRANSIÇÃO

A substituição de um oficial antes do tempo previsto no cargo é um movimento incomum na PM. Oficialmente, a gestão Alckmin não confirma a antecipação da troca no comando. Ela diz que foi iniciada uma “fase de transição” entre os coronéis, mas sem data prevista para concluir.

Oficiais da PM ouvidos pela Folha afirmam, porém, que o novo comando já iniciou os trabalhos de montagem da nova equipe, incluindo a consulta a candidatos para substituir nomes de postos importantes da corporação.

Chefes atuais também já começaram procedimentos de despedida, como a limpeza de gavetas. Uma cerimônia de transição do comando, na academia do Barro Branco, chegou a ser cogitada para as 10h do dia 9.

O atual comandante, Gambaroni, demonstrava bastante interesse por temas ligados à aviação. Piloto de helicóptero, dedicava-se a cursos sobre esse tema até no exterior.

O provável substituto, Restivo, é considerado na corporação como um PM operacional e de linha mais dura –até pela ligação com a tropa de Choque e com a Rota, que ele também já comandou.

O secretário da Segurança estuda anunciar a mudança no dia 25, na divulgação mensal de números da violência.

 

A proibição do jogo de azar no Brasil 15

A proibição do jogo de azar no Brasil

A proibio do jogo de azar no Brasil

Por Carlo Velho Masi

A história do jogo no Brasil confunde-se com nossa conjuntura política. A liberação dos cassinos se deu apenas na década de 20, durante o governo de Epitácio Pessoa, porém restrita às estâncias balnerárias, climáticas e de águas, únicos pontos turísticos brasileiros até então.

A “era de ouro” do jogo só se iniciou na década seguinte, quando o presidente Getúlio Vargas, interessado em fomentar o turismo, decidiu legalizar a prática, vinculada a espetáculos artísticos, permitindo que determinados estabelecimentos o explorassem e criando impostos de licença para funcionamento dos cassinos.

Década de 30: Jantar dançante do Cassino da Urca, no Rio de Janeiro (RJ)

Na época, imperavam no Rio de Janeiro, capital do País, o famoso Cassino do Copacabana Palace, o luxuoso Cassino Atlântico e o badalado Cassino da Urca, em cujos salões apresentaram-se as maiores personalidades da época, como Glenn Miller, Dick Farney, Bing Crosby, Tito Guisar, Orson Welles e Josephine Baker.

Os cantores internacionais desembarcam dos transatlânticos na baía da Guanabara e cantavam nas rádios de Assis Chateaubriand durante o dia e no cassino de Joaquim Rolla à noite.

Com o início da 2ª guerra, as viagens oceânicas tornam-se perigosas e os cassinos passaram a investir em artistas nacionais, como Carmen Miranda e Grande Otelo, que depois adquirem fama internacional.

Em 1944, inaugura-se o Palácio Quitandinha, em Petrópolis, construído para ser o maior cassino da América Latina, revelando que o Brasil já foi um expoente na exploração da indústria do jogo.

Década de 40: Palácio Quitandinha, em Petrópolis (RJ)

Chegaram a existir no país cerca de 70 cassinos, empregando mais de 50 mil trabalhadores.

Com a derrocada de Vargas, em 1946 assume o governo o então general Eurico Gaspar Dutra, inclusive com apoio dos donos de cassinos, receosos das promessas de colocar o jogo na ilegalidade feitas em campanha pelo candidato derrotado brigadeiro Eduardo Gomes.

Mantendo do Estado Novo o poder de legislar enquanto a Assembleia Nacional Constituinte não finalizava a nova Constituição, em 30 de abril daquele mesmo ano, Dutra adotou uma de suas medidas mais polêmicas, a proibição da prática ou exploração de jogos de azar em todo o território nacional, através do Decreto-lei 9.215.

Foi considerada uma traição aos grandes empresários do ramo, dentre eles Octávio Guinle.

Conta-se que a decisão teria sido influenciada pela esposa de Dutra, Carmela Teles Leite Dutra, conhecida como “Dona Santinha”, de fervorosa formação católica, que teria aderido à campanha da Igreja contra o ambiente libidinoso dos cassinos.

“Dona Santinha” e seu marido, Gen. Eurico Gaspar Dutra

Outros afirmam, no entanto, que esta foi uma tentativa de reduzir a simpatia das classes abastadas à ditadura de Vargas. O decreto até hoje vigente afirma que

a repressão aos jogos de azar é um imperativo da consciência universal”, que “a legislação penal de todos os povos cultos contém preceitos tendentes a êsse fim”, que “a tradição moral jurídica e religiosa do povo brasileiro é contrária à prática e à exploração de jogos de azar” e que “as exceções abertas à lei geral, decorreram abusos nocivos à moral e aos bons costumes”.

O ato restaurou a vigência do art. 50 e seus parágrafos da Lei das Contravencoes Penais (Decreto-lei nº 3.688, de 2 de outubro de 1941), revogou os decretos de Vargas e todas as licenças, concessões e autorizações concedidas por autoridades federais, estaduais e municipais à prática de jogos de azar.

Da noite para o dia, o jogo caiu na ilegalidade no Brasil.

A medida foi amplamente apoiada pelos congressistas, mesmo os da oposição ao governo, e pela imprensa em geral. O Jornal do Brasil escreveu que os cassinos “fazem acreditar que os problemas da vida se resolvem não pelo trabalho e pela poupança, mas por meio da sorte e do acaso, ao capricho da roleta”.

O deputado gaúcho Antero Leivas, do PSD, afirmava que “se o Brasil depende da proliferação do jogo e do vício para ser conhecido e visitado, prefiro que sejamos eternamente desconhecidos”.

Já o deputado carioca Soares Filho, da UDN, sustentava que “Do jogo surge o desapego aos hábitos de trabalho continuado, único criador do progresso das sociedades”. O deputado Barreto Pinto, do PTB-RJ, chegou a propor uma emenda para que a vedação constasse da Constituição em elaboração, o que não acabou se concretizando.

Décadas se passaram com o jogo totalmente proibido no Brasil, até que, em 1993, no governo de Itamar Franco, a lei nº 8.672, conhecida como “Lei Zico”, autorizou o retorno dos bingos realizados por entidades esportivas, com a exclusiva finalidade de angariar recursos para o fomento do desporto (art. 57).

Como esperado, os bingos proliferaram rapidamente, porém sem um controle eficaz.

A competência para autorizar e fiscalizar as entidades desportivas na prática da exploração do jogo de bingo, inicialmente atribuída às Secretarias Estaduais de Fazenda, foi transferida, em 1995, ao Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto (INDESP), autarquia federal vinculada ao Ministério do Esporte e Turismo, em face de ineficiência da administração descentralizada por Unidade da Federação, à medida que não garantiu a efetiva aplicação dos recursos arrecadados no fomento do desporto.

A autarquia não foi dotada dos recursos e mecanismos necessários para exercer o controle e a fiscalização da atividade de modo satisfatório.

A lei 9.615/98, chamada “Lei Pelé”, que revogou a “Lei Zico”, autorizou os bingos em todo território nacional. Proibiu a entrada de menores de 18 anos nas salas e a instalação de qualquer outra modalidade de jogo, além de prever crimes para a exploração irregular e as fraudes no jogo.

Permitiu-se ainda que a administração das salas de bingo pudesse ser exercida por empresas comerciais. Com a Medida Provisória nº 2.049-24, de 2000, a exploração do jogo tornou-se um serviço público de competência da União, que somente poderia ser executado, direta ou indiretamente, pela Caixa Econômica Federal.

Pouco tempo depois, porém, o presidente Fernando Henrique Cardoso, pela lei 9.981 (“Lei Maguito”), de 2000, decidiu revogar as autorizações para funcionamento dos bingos, respeitando as que estivessem em vigor até sua expiração definitiva em 31 de dezembro de 2001.

Desde então, não há mais autorização para operar bingos em território nacional. Contudo, é de conhecimento geral que se proliferaram as casas de bingo privadas clandestinas, sem qualquer repasse de ganhos ao esporte ou a outras causas sociais.

Já no governo Lula, em 2004, foi proposta a Medida Provisória nº 168, posteriormente rejeitada no Senado, que proibia a exploração de todas as modalidades de jogos de bingo e jogos em máquinas eletrônicas denominadas “caça-níqueis”, independentemente dos nomes de fantasia.

A MP veio em meio a denúncias de que o subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, Waldomiro Diniz, teria recebido propina para financiar a campanha de Carlos Augusto Ramos, vulgo “Carlinhos Cachoeira”, acusado de envolvimento com o jogo do bicho.

A pressão da oposição e da opinião pública fez com que o presidente tivesse que tomar medidas urgentes e, para não afastar o ministro da Casa Civil José Dirceu, Lula decidiu proibir no Brasil qualquer tipo de “jogo de azar”[1].

Inobstante a isso, a justificativa oficial para a proibição foi que

Em torno desses estabelecimentos formou-se um círculo de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e corrupção, a ponto de ameaçar a estabilidade institucional e gerando até mesmo reflexos nos investimentos econômicos, observados no nervosismo do mercado nos últimos dias”.

De todo modo, o Judiciário passou a entender que a legislação que regulamentava os bingos já estava revogada desde 2001, razão pela qual sua exploração é proibida pelo art. 50 da Lei das Contravencoes Penais. A MP do governo Lula, ainda que tivesse sido aprovada, seria inócua uma vez que, após a EC nº 32, não poderia tratar de matéria penal.

Daí em frente diversos projetos de lei vêm tramitando no Congresso Nacional, visando à legalização e à tributação de bingos e cassinos no país.

Protesto de trabalhadores desempregados contra o fechamento dos bingos no Brasil, 3 de maio de 2004.

Na Câmara dos Deputados, o “Marco Regulatório dos Jogos(Projeto de Lei 442/91), que abarca cassinos, jogo do bicho e bingos, além do funcionamento de máquinas de vídeo-bingo, caça-níqueis, apostas e jogos on-line, foi aprovado em comissão especial no dia 30 de agosto de 2016.

Já no Senado, a Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional aprovou, no dia 9 de novembro de 2016, texto que busca ampliar o leque dos jogos de azar legalizados no país (PLS 186/2014). A justificativa do PLS é que

“a legislação proibitiva não alterou o cenário de ilegalidade do jogo no Brasil, que movimenta anualmente em apostas clandestinas mais de R$ 18 bilhões com o jogo do bicho, bingos, caça-níqueis e apostas esportivas, i-Gaming e pôquer pela internet. Segundo o Ipsos, atualmente no Brasil cerca de 8,7 milhões de pessoas jogam algum tipo de jogo on-line, sendo que 2 milhões praticam o pôquer on-line. Mesmo não sendo uma atividade legalizada no Brasil, as empresas de apostas online lucram com clientes brasileiros mais de US$ 200 milhões anuais, segundo estimativas da revista iGame Review O estudo do mercado do jogo ilegal no Brasil, apresentado no Seminário Internacional ‘Gestão Integral de Salas de Jogos’ em Mar del Plata, na Argentina estimou-se que os brasileiros apostem anualmente cerca de US$ 800 milhões pela rede mundial de computadores”.

Como se nota, os números são impressionantes e, evidentemente, o Brasil não está arrecadando nada enquanto a prática permanece ilícita.

Hoje, o único tipo de jogo autorizado a funcionar no Brasil é o de aposta, em loterias federais, monopolizadas pela Caixa Econômica Federal (“MegaSena”, “Lotofácil”, “Quina”, “Lotomania”, “Timemania”, “Duplasena”, “raspadinhas”, etc.), ou estaduais (apenas nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraíba e Ceará) ou em corridas de cavalos (art. 6º da Lei 7.291/84) nos jóqueis.


NOTAS

[1] “Jogo de Azar” é o tipo de jogo que depende exclusivamente da sorte. Na legislação em vigor, a palavra “jogo” é utilizada indiscriminadamente tanto para jogos que são considerados jogos de azar (loterias, Mega-sena, Bingo, Roleta, Black Jack), como para os demais jogos: jogos tradicionais (Futebol, Vôlei, Basquete); jogos intelectuais ou esportes mentais (Poker, Truco, Gamão, Go, Dominó, Xadrez, Bridge); competições de destreza (Sinuca, Bilhar, Bocha, Boliche, Surfe); jogos eletrônicos ou “e-games” (Counter Strike, League of Legends, “DOTA”), videogames; jogos para celular; e jogos de tabuleiro (War, Banco Imobiliário, Ludo).

Fonte: Canal Ciências Criminais