Como a disputa pelas Casas mexe com você 11

CORREIO BRAZILIENSE
01 Fev 2015

Legislativo
Candidatos a presidente, na Câmara e no Senado, disputam hoje o poder de definir não apenas as votações em plenário, mas os rumos do país
Amanda Almeida

Senadores e deputados reúnem-se hoje, nas respectivas Casas legislativas, para escolher quem os guiará nos próximos dois anos. PT e PMDB entram rachados na disputa pela Presidência da Câmara, marcada pela troca de alfinetadas entre Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os dois disputam ainda com Júlio Delgado (PSB-MG) e Chico Alencar (PSol-RJ), que contabilizam menos apoios declarados. No Senado, o PMDB se dividiu. O presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) concorre à reeleição contra o correligionário Luiz Henrique (PMDB-SC). Mas o que você tem a ver com isso?

Aparentemente uma guerra de vaidade entre políticos, a disputa pela Presidência do Senado e da Câmara interessa muito ao cidadão brasileiro. Nas mãos dos futuros mandatários das duas Casas está, entre outros, o poder de agilizar ou retardar a aprovação de projetos que interferem diretamente na vida da população. Caso houvesse interesse de deputados e senadores que assumiram o comando do Poder Legislativo nas últimas décadas, o fim do voto secreto para análise de cassação de mandatos, por exemplo, poderia ter saído bem antes de 2013, quando foi promulgado.

Projetos que previam o fim do sigilo foram apresentados em pelo menos quatro legislaturas anteriores. Mas quando eram aprovados por uma Casa, não eram votados na outra. Ou ficavam parados nas duas. É claro que, para se tornarem norma jurídica, não bastava apenas a vontade dos presidentes, mas também a aprovação dos colegas em plenário. Antônio Queiroz, diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), explica, no entanto, que a iniciativa dos dois presidentes na condução de propostas como essa conta muito.

Na gaveta

“Os presidentes empurraram o quanto foi possível a PEC do Voto Secreto. A votação dela é nominal (é possível ver como cada parlamentar votou), ou seja, certamente, os parlamentares aprovariam a proposta antes (caso os presidentes fizessem o esforço de pautá-las), porque eles não gostariam de se posicionar contrariamente à vontade da população”, explica Queiroz. A PEC do Voto Secreto acabou sendo aprovada apenas quando surgiu uma circunstância política. Em 2013, Natan Donadon (ex-PMDB-RO) teve o mandato salvo pelo voto secreto dos colegas. Diante da repercussão negativa do episódio, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), agilizou a votação do fim do sigilo.

Entre as pautas que os futuros presidentes da Câmara e do Senado podem atrasar ou acelerar a votação, estão as reformas política e tributária e as mudanças econômicas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. A aprovação das medidas é considerada fundamental pelo governo, já que fazem parte da estratégia de recuperação do superávit primário das contas do setor público. Entre elas, há as novas regras para o acesso dos trabalhadores a benefícios trabalhistas e previdenciários, que já geram críticas dos parlamentares antes da largada dos trabalhos no Congresso.

Na tramitação de projetos, o presidente tem ainda outro grande trunfo nas mãos. É ele quem indica os parlamentares que serão relatores, responsáveis por fazer o parecer da proposta aconselhando a aprovação ou não. “Um caso disso é um projeto de meio ambiente. Se você dá a relatoria para a Kátia Abreu (ministra de Agricultura e senadora licenciada pelo PMDB), ele tem um destino. Se dá para Marina Silva (ex-senadora), é outro. E quem decide isso é o presidente”, exemplifica o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).

Fora essas e outras atribuições (veja quadro), aos candidatos às presidências, interessam o capital político e eleitoral conquistados pelo comando das duas Casas. Com o controle de acelerar votações de interesse do Palácio do Planalto, os presidentes ganham o poder de pressionar o governo por cargos para aliados. Isso também influencia a vida do cidadão, já que, no toma lá dá cá, aliados políticos de congressistas sem experiência técnica acabam ocupando ministérios, diretorias e secretarias do governo.

Os donos da bola no Congresso

Os senhores da pauta

São os presidentes do Senado e da Câmara que definem quais projetos de lei serão votados nas sessões. Na prática, eles podem acelerar ou atrasar a análise de matérias que interferem diretamente na vida do cidadão. Dois exemplos disso são a PEC das Domésticas e a do Voto Secreto. A primeira foi agilizada por Renan Calheiros (PMDB-AL) no início de 2013, quando precisava apresentar uma agenda positiva no início do mandato como presidente do Senado porque enfrentava rejeição popular. A segunda foi engavetada por presidentes das duas Casas durante várias legislaturas. Só foi aprovada no fim de 2013 depois de os parlamentares usarem o voto secreto para absolver o deputado Natan Donadon (ex-PMDB-RO).

O controle das relatorias

Os presidentes do Senado e da Câmara são responsáveis por indicar os relatores dos projetos examinados na Casa. Essa atribuição está diretamente relacionada à versão final das propostas. Em tese, o relator deve aprimorar a proposta apresentada por colegas, governo ou iniciativa popular. É ele quem faz o parecer sobre a matéria que será examinada pelos colegas. Pode orientá-los a votar pela aprovação ou rejeição do texto. Um projeto sobre meio ambiente, por exemplo, possivelmente terá desfechos diferentes caso seja relatado por um parlamentar ambientalista ou um ruralista.

O “sim” para investigações

O responsável pelo início formal dos trabalhos de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) é o presidente da Casa legislativa em que a comissão foi proposta. Os presidentes da Câmara e do Senado não têm prazo para instaurar a CPI. Na prática, os dois comandantes têm o poder de agilizar ou atrasar a abertura desses grupos de investigação, que, se trabalharem com seriedade, podem ajudar, por exemplo, a desvendar esquemas de corrupção.

O capital político

Com o controle nas mãos sobre o andamento de matérias de interesse do governo federal, os presidentes do Senado e da Câmara ganham capital político nas negociações com o Palácio do Planalto. Isso tem sido usado de diferentes formas pelos presidentes das duas Casas nas últimas décadas. O “toma lá dá cá” pode servir para pressionar o presidente da República, por exemplo, a não vetar determinado projeto aprovado pelo Congresso. Pode também ser instrumento de cobrança para execução orçamentária pelo governo federal de determinadas obras. Como pode também ser usado para manter aliados em posições estratégicas no Executivo.

O comando do Congresso

O presidente do Senado é também o comandante do Congresso Nacional. Entre as atribuições nesse cargo, ele convoca sessões para a análise de vetos presidenciais e escolhe os que vão ser examinados em cada sessão. O presidente pode colocar em votação vetos do presidente da República que interessem à população, como ocorreu, por exemplo, com o projeto que regulamenta a criação de municípios. A proposta era demanda de emancipalistas que querem a divisão das cidades. Por outro lado, era criticada por economistas que apontavam aumentos de custos. A presidente Dilma Rousseff vetou a proposta e a rejeição foi mantida pelos parlamentares.

A linha sucessória

O presidente da Câmara dos Deputados é o segundo na linha sucessória presidencial, atrás apenas do vice-presidente da República. Logo depois, na terceira posição entre os “reservas”, vem o presidente do Senado. Em outras palavras, caso o presidente e o vice-presidente do país estejam doentes ou em viagem, é o presidente da Câmara quem assume a Presidência. Se ele também estiver impedido, é o presidente do Senado. A mesma ordem é levada em consideração no caso de presidente e vice morrerem, renunciarem ou forem cassados. Nesse caso, os “reservas” assumem provisoriamente até que uma nova eleição seja convocada, o que pode levar até 90 dias

Um Comentário

  1. Em meio a críticas por crise hídrica, Alckmin parte para embate político
    Para o governo, falta de água em outros Estados abre brecha para distribuir responsabilidades

    Desfecho do problema pode determinar as chances de governador paulista concorrer à Presidência em 2018

    DANIELA LIMA
    DE SÃO PAULO
    Todos os dias o governador Geraldo Alckmin (PSDB) checa a previsão do tempo. No computador de seu gabinete e no tablet que carrega consigo, instalou um aplicativo que indica a possibilidade de chuvas em São Paulo.

    Esse hábito é só mais um na rotina de verificações que o tucano implementou desde o acirramento da crise hídrica.

    Ele avalia dados da Sabesp sobre as represas diariamente. Tem mapas com indicações de reservatórios e mananciais em sua sala e no material que leva para reuniões com subordinados e, não raro, afere, secretaria por secretaria, o consumo de água nos prédios da administração.

    “Estou aqui com o governador e ele quer saber por que o gasto no Cidade 4 disparou”, disse, no ano passado, o então secretário de Planejamento, Júlio Semeghini, a um servidor. O Cidade 4 é um edifício no centro que abriga várias secretarias do Estado.

    Ironicamente, a austeridade que exige da própria equipe no “dever de casa” reflete também, na avaliação de alguns aliados, a maior debilidade do tucano como gestor.

    “Ele tem muito apreço pelo micro, controla com lupa esses pequenos indicadores. Mas demorou para encarar a situação no macro”, diz um ex-secretário. “Ele vê a árvore, mas tem dificuldade em enxergar a floresta”, resume.

    A resistência em decretar um rodízio e em dimensionar o impacto que um agravamento pode ter na economia são parte das críticas. Há ainda a avaliação de que ele demorou a ver que era preciso, além do embate técnico, o político.

    Em um ano, o nível do Cantareira caiu de 22,4% para 5,1% –apenas o segundo número inclui as duas cotas de volume morto já acionadas. Durante a campanha eleitoral, Alckmin negou a necessidade de racionamento.

    “Pode até chover menos do que a média que ultrapassaremos o novo período seco. Temos as demais represas cheias, sistemas de substituição crescentes e há mais reserva técnica”, afirmou à Folha, em setembro. No dia 14, quando ele usou o termo racionamento para se referir à redução na captação de água, foi acusado de “estelionato eleitoral” por Alexandre Padilha (PT), rival na eleição.

    ‘GUERRA POLÍTICA’

    Nesta semana, auxiliares viram uma “guinada” na estratégia de Alckmin, motivada por dois fatores: o sentimento de que estaria pagando sozinho por uma crise que considera nacional e o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff na terça (27).

    A petista disse que sua gestão “apoiou, apoia e apoiará” os “governos estaduais, responsáveis constitucionalmente pelo abastecimento”, frase decifrada como modo de jogar nos Estados todo o ônus.

    Após a fala, Alckmin chamou seu vice, quatro secretários e um marqueteiro. “Há uma guerra, uma guerra política, uma guerra de comunicação e nós estamos perdendo”, disse, segundo relatos, o vice, Márcio França (PSB).

    Do encontro saíram determinações: água é “questão estrutural para todo o governo”; escolas terão campanhas; a Sabesp lançará novas propagandas; a publicidade trará “prestação de contas” do que foi feito pelo governo.

    Foram as primeiras medidas do que se chamou de reação à “saraivada da oposição e da imprensa”. Alckmin quer martelar a versão de que reagiu antes dos outros Estados.

    Ele determinou que os secretários saiam em defesa das ações da gestão e pediu estudos que mostrem quanto o governo federal investiu em abastecimento no Sudeste. “Vamos nos antecipar aos ataques”, disse um auxiliar.

    Para o governo, o fato de Rio, Minas e Espírito Santo também terem adotado medidas para conter o uso de água deu a São Paulo a chance de distribuir responsabilidades.

    “Parece que o Pezão [governador do Rio] descobriu ontem que acabou a água. Onde é que estava a ANA [Agência Nacional de Águas] quando o Sudeste inteiro secava, e só São Paulo apanhava?”, diz um integrante do governo.

    As acusações de que assistiu apático ao esvaziamento dos reservatórios são das que mais irritam o governador.

    Alckmin já havia criticado a “politização da crise” na eleição. Boa parte da propaganda eleitoral de Dilma em 19 de outubro foi dedicada à falta de água no Estado como indicativo da incapacidade dos tucanos de planejar.

    A preocupação com a crise, descrita como “obsessiva” por aliados, tem motivo: o desfecho determinará a estatura que Alckmin terá como presidenciável em 2018. Hoje, no PSDB, seu nome desponta ao lado de Aécio Neves (MG).

    Se contornar a crise, pode sair maior do que entrou e desequilibrar a disputa interna. O insucesso terá efeito contrário. Alckmin está, agora, entre a árvore e a floresta.

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  2. Hoje nos postos mais um efeito do TARIFAÇO DA DILMA, a gasolina deve subir entre 0,30 a 0,50 centavos de real na bomba

    Eduardo Cunha vai colocar em pauta a votação para impeachment da Dilma logo após o Carnaval, o cara da UTC já entregou a maioria dos petralhas graúdos inclusive o famoso pai, do suposto dono da Friboi.

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  3. ATÉ O GARI DA MINHA RUA ESTAVA FALANDO EM IMPICHIMAM DA MOCRÉIA GUERRILHEIRA:

    “QUANDO VAMO IMPICHIMAR A PETRALHA -KKK”

    O CARA RECONHECEU QUE VOTOU NELA, MAS AGORA TÁ COM MEDO DE PERDER O EMPREGO.

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  4. E o LULA é o lider da esquerda que toda direita sonha em ter. O cara simplesmente acabou com a esquerda (BOLCHEVICS TUPINIQUINS).
    ADEUS REVOLUTION!!!

    NUNCA ANTES NESTE PAÍS OS BANQUEIROS GANHARAM TANTO.

    AGORA É SÓ JOGAR A PÁ-DE-CAL.

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