Policial civil tem que reaprender como tratar as pessoas: Às vítimas nosso carinho, aos vagabundos porrada e chumbo…( Polícia não pode ser manso ) 45

Muito melhor ficar na delegacia fazendo boletim pra população do que fazer papel de policia.

Esses que falam que “dessa maneira libera policiais para sua função” nunca entraram numa viatura ou favela.

Vai tomar no cu. O bagulho ta louco na rua. E nem falo de PCC , ladrão ….to falando da população mesmo.

Ninguém respeita mais porra nenhuma. Policia que quer sair com seu parceiro e fazer policia só leva fumo. De tudo qto é lado.

Até do Delpol da própria delegacia qdo vc traz um desacato. Vc só toma no cu.

Então é melhor fingir que trabalha e principalmente FINGIR QUE O GOVERNO PAGA……do que o seu chefe para segurar a cadeira ficar cobrando produção e te mandando pro abate.

Aqui ninguém é cuzao não. Pelo contrario: sou o cara que segura a pica na rua. Aquele que o chefe coloca o tiozinho com um pica pau, a tiazinha que quer aposentar pra ir cumprir denuncia anônima.

Quem se ligou no que eu quis dizer fica na bola de meia.

Valorize seu passe. Só vai fazer policia se derem um parceiro bom, equipe boa, um delpol por trás que não se incomoda em por no papel o que vc passar na rua.

Blablabla do Caralho esse negocio de “aí cada um faz sua função de fato…”

Vai demorar uns 20 anos pra PC mudar a cara.

Falar em “libera pra fazer policia” é fácil falar qdo vc é um vampirão do parceiro em todos os sentidos.

Na boa: tem meia dúzia de policia que sabe fazer policia na rua sem ser abatido ou ir pra rua….

Só não morre um policial civil por dia justamente pq ta todo mundo engessado nesse sistema. Até pq ta todo mundo desanimado.

Quero ver passar esse pessoal “administrativo” (que só trabalha dentro de DP) pra rua ….

Não é bem assim…

O Governo e a própria policia não dá amparo.

MINHA .45 TEM 16 ANOS!!!!!

EU DISSE 16 ANOS!!!!!

E vai lá pedir uma arma….kkkk

Vai lá pedir munição pra treinar….kkkkk

Ouso a dizer: 50% das pistolas que os policiais civis carregam e acham que funcionam trava no 2 tiro.

Muita calma nesse blablabla de “liberar pra rua…

Major Olímpio: “Os jovens policiais estão desesperados” 45

“Os jovens policiais estão desesperados”

 A PONTE 
Em entrevista à Ponte, o deputado estadual Major Olímpio (PDT)  fala de ameaças sofridas por policiais, da falta de proteção por parte do Estado, dos PMs mortos neste ano e de como a guerra diária nas periferias é uma luta entre pessoas de mesma origem social.

Representante dos policiais militares na Assembleia, Olímpio afirma que os integrantes da corporação estão abandonados e que o clima é de insegurança geral, o que pode despertar o desejo de fazer “justiça com as própria mãos” . Ele explica como esse ciclo evolui e o que gera, do ponto de vista dos policiais militares.

Na zona leste, houve muitos confrontos com mortes envolvendo a polícia neste ano. Esse clima faz com que o policial atire primeiro e pergunte depois?

Traz insegurança, sujeição ao erro de avaliação e também outra coisa muito perigosa para a sociedade. Quando os homens da lei não acreditam mais na lei, já que a lei não funciona, procuram muitas vezes estabelecer a lei do cão. Assim foram as criações das milícias no Rio de Janeiro, com ex-policiais e membros das Forças Armadas. Eles diziam “vamos tirar os traficantes dos morros”. Tiraram e é a mesma forma de atuação e extorsão das pessoas. Isso é perigosíssimo. Você acaba gerando o policial pé-de-pato, que é um matador de aluguel. “Não dá no caixa 1, vai no caixa 2″, ele diz. Isso é perigosíssimo.

Você quer saber se temos esse sentimento hoje? Nós temos. E a própria sociedade faz uma interrogação disso. Opa, matam um policial e assassinam 12 pessoas 24 horas depois, em Campinas? Matam um policial e 14 pessoas em uma noite, em Sorocaba? Não adianta dizer que não tem causa e efeito, que não tem relação nenhuma. Porque a sociedade faz essa relação. Então, o que gente sempre tenta dizer para os policiais: a lei é omissa ou é dura, mas é a lei. Não dá para pressupor um sistema de segurança que não esteja amparado na lei. Agora, quer saber se os policiais acreditam na lei? Cada vez acreditam menos. Isso é extremamente perigoso para a sociedade. Pensam “já que não tem jeito, antes que ele me jante, vou almoçá-lo”. Os presídios para policiais estão lotados, muitas vezes, de policiais que não tinham o ânimo de enveredar pela corrupção, mas [foram presos] por excessos. Nesse imaginário, no desespero, acabam tentando fazer justiça com as próprias mãos. A sociedade não quer e não pode aceitar. Precisamos mudar a lei? Precisamos. Mas enquanto não mudamos, temos uma lei que juramos defender.

Quando os homens da lei não acreditam mais na lei, já que a lei não funciona, procuram muitas vezes estabelecer a lei do cão.

O sr. avalia que há ciclos de vingança?

É uma situação muito perigosa. Infelizmente, [isso acontece] quando o Estado não dá a demonstração de que tem o comando e a coordenação das coisas, quando o policial sabe que as informações para executá-lo saem de um presídio que deveria ser mais fechado, hermético, a respeito desse tipo de coisa. O Estado faz lançamentos. O governador vai lá para apertar o botão da detecção de metais em presídio. Em 2001, tivemos uma megarrebelião e as manchetes diziam “vamos instalar bloqueadores [de celular]“. Em 2006, novos ataques em série, “vamos instalar bloqueadores”. Agora, “vamos instalar bloqueadores”. O Estado diz que vamos gastar R$ 30 milhões com bloqueadores que não estão funcionando. Estive na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau e não estão funcionando.

O policial começa a perguntar: o que acontece para reforçar a segurança? O secretário reforçou a segurança de si próprio, o comandante da PM redobrou as escoltas e o governador aumentou as escoltas. A sensação do policial é de abandono. Eles dizem que estão na água de salsicha, nós mesmos dando proteção a cada um de nós. Temos policial que está sob ameaça e os amigos fazem a escolta dele no horário de folga. Com esse desespero todo, há um clima de insegurança para aqueles que deveriam estar mais seguros para passar isso à sociedade. A possibilidade do erro é maior, o espírito de vingança é existente, sim. Então, quando policiais estão nesse desespero de “olha, mataram um companheiro nosso”, nesse momento, as redes sociais, os grupos de policiais, podem estar sujeitos ao erro. Erro de médico e polícia a terra come. Muitas vezes, é fatal. Temos essa preocupação, os jovens policiais estão desesperados.

O policial está perdendo esse lado de um defensor intransigente da sociedade. Os que podem estão estudando para ir para qualquer outra atividade e, se possível, para polícia em outros estados, Polícia Federal ou Rodoviária Federal.

É um problema social? Pobre matando pobre?

Sem a menor dúvida. Repetindo: 99% da população da periferia não tem o instinto criminoso. São pessoas que andam três horas no transporte coletivo, estão procurando trabalho. Mas você tem 1% e a miséria facilita a ação de bandos criminosos para ocupar um espaço que seria do Estado. É muito difícil hoje, rapaz, você passar valores para uma criança da periferia menos assistida. Ele fica em casa tomando conta dos irmãozinhos, não vai para a escola porque os pais saem para trabalhar. A mãe passando valores para ele, falando que levantou às 5h e ganha R$ 800 por mês, mas tem dignidade. E tem um contraponto, o tempo todo, com o traficante falando que ele pode trabalhar de aviãozinho e ganhar R$ 50 por semana, só para entregar uns pacotinhos. “Olha a tua mãe aí, o desespero dela, você precisa dar uma vida melhor para ela”. Ele vê, sentado num caixote, vê mensalão, desvio de verba no metrô. A cooptação é um jogo terrível. Não são muitos os que enveredam para o mundo do crime, mas quando você pega 11 milhões de habitantes e fala em 1%, é gente pra caramba delinquindo.

Qual o número de PMs mortos no Estado de São Paulo em 2014?

Temos números que são assustadores. Até hoje, 18 de junho, estamos com 58 PMs mortos no Estado de São Paulo, sendo 4 em serviço e 54 fora. Há essa banalização da morte de policiais. Muitas vezes, as autoridades de governo e a própria administração da polícia, querem dizer que esses policiais foram por demais azarados, que estavam na hora e no lugar errados. É a mesma coisa que dizer que o culpado do crime é a vítima. Então a moça colocou uma saia justa e merece ou poderá ser estuprada, dando causa a isso? Isso é um absurdo também em relação ao policial. Quer se mudar o enfoque, dizer que foi vítima de latrocínio, porque [os bandidos] levam somente a arma, o que vira mais um instrumento para potencializar a criminalidade.

 Você acaba gerando o policial pé-de-pato, que é um matador de aluguel.

Como se sentem os policiais em meio a tudo isso?

Os policiais estão apavorados, se sentindo abandonados pela estrutura do Estado e, lamentavelmente, até pela própria estrutura de comando. Fui no domingo enterrar um menino, o soldado Pietro. Ele estava levando o pai para fazer uma cirurgia, houve um entrevero e ele acabou morrendo. Ele é do BPCopa [batalhão da PM voltado à Copa do Mundo]. Um dos lamentos da família —o pai e o tio são policiais e o irmão é aluno da escola de formação de soldados de Pirituba— é que não tinha uma representação, um oficial do batalhão dele. Então, além do desespero, há a sensação do abandono. “Ah, mas ele morreu no horário de folga”, dizem alguns. Era um menino que faria 24 anos de idade em dezembro. Aliás, hoje eu li no plenário a carta que a mãe dele me deu. É o sentimento de uma família de policiais sobre a tragédia, a dor, o desespero. A alegria da família foi ele ter ingressado na PM, pelo sonho de ser policial.

O policial não tem medo de enfrentar o crime. De verdade. Temos uma interpretação de que o poder do Estado deve ser muito maior. Mas, nesse sentimento do abandono, ele sente a administração da segurança pública distante. Ele não tem no chefe um aliado. Tanto que virou uma máxima entre nós, policiais, a frase “o PCC mata na hora e o governo vai matando aos poucos”.

Esse clima acontece em todo lugar?

Pergunte para qualquer policial nos 645 municípios [de São Paulo]. Nas regiões mais carentes, o cidadão está no abandono da estrutura do Estado. O policial da periferia também sofre com esse abandono estrutural em relação à própria atividade dele. Também temos verificado que os policiais morrem na folga. Antigamente, dizia que ele morria no bico. Hoje, estão matando policial do lado de casa. Por quê? O grande volume de policiais vem de origem humilde, nós somos das classes menos favorecidas da sociedade. A grande massa nossa é da periferia, mesmo. Um pequeno número envereda para o crime. São os amigos do futebol, do lazer, do baile do bairro que, de repente, um vai para o crime e outro para a escola da polícia.

“…os policiais acreditam na lei? Cada vez acreditam menos. Isso é extremamente perigoso para a sociedade”.

O sr. sabe da existência de listas de policiais para serem mortos pelo crime organizado?

Temos circunstâncias em que [essas ameaças] foram constatadas pelo setor de inteligência. São identificadas relações de policiais [ameaçados]. Temos também, lamentavelmente, a divulgação de relações de companheiros que são inescrupulosos ou que têm envolvimento com o crime e já foram expulsos do aparato de segurança pública. Eles conhecem quem são os policiais que estiveram em ocorrências mais graves. E vão colocando falsamente os nomes desses policiais em listas. Isso potencializa o terror entre policiais, famílias e amigos. Temos casos concretos, sim, em que policiais foram vítimas de ameaças. Temos situações em que as ameaças se concretizaram e o policial foi morto. O policial pode ser aguerrido, corajoso, preparado, mas ninguém, jamais, joga de forma convencional na vingança. Quem vai para a vingança usa de ardil, dissimulação, tocaia. E o elemento surpresa estará 100% contra o policial.

Quais são as condições para quem quer ser PM?

Os salários que são pagos à polícia não são suficientes para atrair indivíduos que tenham oportunidade diferenciada de formação ou a possibilidade de ganhos. São salários miseráveis. Então, ouço [queixas] de todos os cantos do estado, de todas as modalidades do serviço policial. Nas periferias, o policial sente mais o abandono. O que era orgulho virou a angústia do pai e da mãe. Eles não veem a hora de o filho passar no serviço público e sair da polícia. É desesperador.

 Até hoje, 18 de junho, estamos com 58 PMs mortos no Estado de São Paulo, sendo 4 em serviço e 54 fora.

Muitos jovens reclamam que não sentem segurança na polícia.

Tem que ter investimento do Estado de forma maciça. Exigir mais. Para ter moral para exigir mais, precisa selecionar, preparar e pagar melhor. Dar expectativa de carreira. Estive em 1992 em Nova York quando teve início a tolerância zero por lá. O Rudolph Giuliani passou um sentimento para a população de que não seria complacente com os pequenos delitos para não ser conivente com os grandes crimes. O que eles fizeram? Unificaram os sistemas de comunicação das polícias metroviárias, de trânsito, de investigação e ostensiva. Praticamente dobraram os salários e reestruturaram as carreiras. Fizeram uma depuração jamais vista dentro de um organismo policial, expulsando 25% da polícia em um período de dez anos. Então, não adianta ficar com conversa mole, dizer que tem a corregedoria. O fato de ter uma corregedoria já significa que o sistema local não funciona. Já é um negócio que vai no ensaio e erro. E você tem essas coisas, o desvio de conduta, o assédio permanente [do crime]. A única coisa que não podemos aceitar jamais é [a justificativa de] que o policial se tornou corrupto porque ganhava mal. Os bons policiais não aceitam essas circunstâncias. Quem prende o mau policial é o bom policial, mais ninguém. Não é o juiz, nem o promotor.

Como o senhor lidava com essa situação no quartel?

Sempre disse aos meus policiais que gente pobre, sem condições, entupida nos transportes públicos, é gente da gente. É o pai, a mãe, o irmão, a nossa origem é justamente essa. Não significa que seja alguém que esteja delinquindo. É inadmissível esse tipo de conduta, e os bons policiais tentam cuidar disso o tempo todo. Mas, também, com o crescimento do número de pessoas na polícia, baixos salários, carreiras estagnadas, muitas vezes você tem indivíduos que acabam passando em um processo de seleção mais frágil em função disso, com comportamento distorcido. Ele vai se manifestar no sentimento de poder, de subjugar pessoas, potencializando sentimentos que já tinha. Encontram ali, momentaneamente, o paraíso para satisfazer essas anomalias psíquicas. O uso comedido da força é difícil no serviço policial no mundo todo, em todas as circunstâncias.

Qual o impacto dos maus policiais dentro das instituições?

Hoje, no Estado de São Paulo, você tem 140 mil policiais entre civis e militares. Então, quanto é 1% ou 2% disso que pode estar no desvio [de conduta]? Um policial numa região, quando ele tem a mente criminosa, foi assediado pelo crime, consegue fazer tanta barbaridade até ser identificado… São situações trágicas para a sociedade. Infelizmente, temos aqui no país a lei mais maldita, que é a do silêncio. Há pessoas da periferia acuadas pelo crime e abandonadas pelo Estado, sem estrutura policial. Muitas vezes, elas podem sofrer, sim, a refrega do mau policial, do inconsequente, do que se tornou perigoso, do psicologicamente abalado. Têm aquele medo “e se eu denunciar?”. Tanto o criminoso quanto o policial que vira bandido tem a mesma forma de atuação, de subjugar e ameaçar. Isso facilita tanto a ação dos criminosos comuns quanto a do policial que se torna criminoso. Esse desespero é também dos policiais… Eles falam “chefe, a gente não sabe mais quem é o Papa-Mala que está do nosso lado”. Papa-Mala é o policial bandido [variação irônica de Papa Mike, como são conhecidos os PMs pelo alfabeto fonético]. Já tivemos situação de policial vender o cadastro de endereços dos colegas da companhia. Está vendendo a morte das famílias e dos outros policiais. Quando a população se queixa, é preciso ver com muito cuidado e respeito.

Qual o perfil do policial bandido, do Papa-Mala?

Os grandes Papa-Malas são extremamente disciplinados administrativamente. Têm as botas mais bem engraxadas, as roupas mais bem passadas, o cabelinho bem cortado, grandes adoradores e bajuladores dos comandantes. Por quê? Ele precisa da cobertura, de dizerem “olha, que bom policial”! Daí, ele deita e rola com o crime, extorquindo, potencializando violência. O histórico é de que precisa acontecer uma situação onde a denúncia vaze, precisa ter repercussão pública para tomar providência, senão deixa para lá, vamos passar um pano… É a polícia como um todo? Não! É a minoria, mas essa minoria hoje já é um número bastante grande, preocupa demais

Quando gente armada se sente ameaçada, pode esperar: o ruim vai ficar pior 27

Fonte: Yahoo Notícias
Passeata de familiares e amigos do policial militar soldado de Lucca, torturado e morto por bandidos/ Foto: Coletivo …Representante dos policiais militares na Assembléia Legislativa de São Paulo, ele mesmo oficial da reserva, o major Sérgio Olímpio Gomes (PDT), conhecido apenas como major Olímpio, deu uma entrevista tão reveladora quanto assustadora ao jornalista William Cardoso, do site Ponte, de Segurança Pública, Justiça e Direitos Humanos”. Diante da pergunta: Os policiais acreditam na lei?, o major –que conhece a alma militar como poucos– respondeu:
“Cada vez acreditam menos.”
Segundo ele, a descrença na Justiça leva muitos policiais a estabelecer a “lei do cão”. Gera o “policial pé-de-pato”, o matador de aluguel. “Os presídios para policiais estão lotados, muitas vezes, de policiais que não tinham o ânimo de enveredar pela corrupção, mas [foram presos] por excessos. No desespero, acabam tentando fazer Justiça com as próprias mãos.”
O major Olímpio cita uma expressão que tem sido muito usada nos quartéis:  “Não dá no caixa 1, vai no caixa 2″. Refere-se a mortes de bandidos. “Caixa 1” é a modalidade de morte de um suspeito que o policial diz decorrer de um confronto. O “caixa 2” é o homicídio praticado sem a farda, por grupos de extermínio compostos por policiais. E completa, sobre o espírito da tropa, usando outra expressão comum: “Já que não tem jeito, antes que ele me jante, vou almoçá-lo.”
Segundo o major Olímpio, é esse sentimento que explica surtos de violência como o que aconteceu em 13 de janeiro deste ano em Campinas, quando 12 pessoas foram assassinadas menos de 24 horas depois da morte do PM Aride Luis dos Santos. Ou as mortes em série de 14 pessoas em poucas horas em Sorocaba, na sequência da morte do PM Sandro Luiz Gomes, no fim de abril. “Não adianta dizer que não tem causa e efeito, que não tem relação nenhuma. Porque a sociedade faz essa relação”, afirma o oficial da reserva.
O clima de vingança torna-se ainda pior porque, desde o início do ano até o dia 18 de junho, já se contabilizam 58 PMs mortos no Estado de São Paulo, sendo 4 em serviço e 54 fora. “Há essa banalização da morte de policiais”, diz Olímpio.  E isso está deixando os policiais “apavorados”.
“Com esse desespero todo, há um clima de insegurança (…). A possibilidade do erro é maior, o espírito de vingança é existente, sim. Então, quando policiais estão nesse desespero de ‘olha, mataram um companheiro nosso’, nesse momento, as redes sociais, os grupos de policiais, podem estar sujeitos ao erro. E erro de médico e polícia a terra come. Muitas vezes, é fatal. Temos essa preocupação: os jovens policiais estão desesperados, se sentindo abandonados pela estrutura do Estado”, afirma o major.
No último domingo, eu acompanhei as 300 pessoas que desfilaram em silêncio pelo centro de Mogi das Cruzes, a grande maioria vestida de negro, para homenagear o policial militar e membro da Força Tática Rodrigo de Lucca Fonseca, assassinado aos 28 anos.
O soldado De Lucca, como era chamado, foi sequestrado na porta de sua casa, quando saía do serviço. Passou dois dias amarrado. Foi torturado. No fim, assassinaram-no com um tiro na nuca. O corpo ainda foi maltratado por outros quatro tiros. Policiais descobriram-no jogado na beira de uma estrada, no município vizinho de Suzano, no dia 24, uma terça-feira.
A passeata, toda ela feita em silêncio, foi organizada à pressas por amigos do soldado e por familiares de policiais. Em voz baixa, os parentes relataram sua rotina de medo. Medo de morrer, medo de que seus entes queridos sofram revanches do crime organizado. E reclamaram do desamparo do Estado, que, aliás, nenhum representante enviou para participar do ato.
Nem apoio psicológico foi dado aos colegas e amigos de De Lucca, que cancelaram folgas e trabalharam como loucos para tentar salvar a vida do colega, nos quatro dias em que ele ficou desaparecido.
O pior é que a espiral da violência não para de crescer,  alimentando a pauta dos programas sensacionalistas de televisão, avidamente consumidos dentro dos quartéis. Como vampiros, os apresentadores desses shows de sangue clamam por mais sangue, carne e vingança. É dessa matéria prima que é feito cada ponto deles no Ibope.
Na última terça-feira (1º de julho) o cabo da Polícia Militar Alexandre de Souza Dias foi morto a tiros da porta da casa em que morava, na zona norte de São Paulo.
Quando gente armada se sente ameaçada, pode esperar: o ruim vai ficar pior

Alckmin anuncia BO unificado para agilizar o trabalho policial 89

O secretário da Segurança ressaltou que o projeto é inédito no país

O governador Geraldo Alckmin encaminha para a Assembleia Legislativa nesta quinta-feira (3) o projeto de lei que cria o boletim de ocorrência unificado, com o objetivo de agilizar o registro dos casos e o trabalho das polícias Civil, Militar e Científica.

A iniciativa permitirá que todo policial inicie a elaboração de um BO em um sistema unificado de ocorrência, que será digital. O registro será finalizado pelo delegado responsável, que complementará e poderá retificar as informações que julgar necessárias.

“O objetivo é facilitar, simplificar, desburocratizar, economizar, ter eficiência, ganhar tempo e fazer as coisas funcionarem melhor”, disse Alckmin durante o anúncio.

A modernização do boletim de ocorrência otimizará os esforços dos policiais. Um PM, por exemplo, poderá iniciar o BO de um acidente de trânsito, com identificação das pessoas e veículos envolvidos, além dos dados gerais da ocorrência. Desta forma, esses dados não terão que ser novamente informados e inseridos no sistema quando o caso chegar na delegacia.

O sistema permitirá o registro de infrações penais e de fatos relevantes para a Segurança Pública, como casos de distúrbio do sossego e comércio ambulante.

“Esse projeto inova. Não temos algo parecido em nosso país. Ele cria esse sistema único que vai permitir o registro de ocorrência criminal e de infrações não criminais, mas relevantes para a segurança pública”, explicou o secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira.

Além disso, os registros feitos pelas polícias terão uma única numeração de boletim de ocorrência. Atualmente, a Polícia Militar tem o Boletim de Ocorrência da Polícia Militar (BOPM), que tem um número de controle diferente do Boletim de Ocorrência registrado pela Polícia Civil.

O projeto de lei também permite que sejam firmados convênios com a Justiça e com o Ministério Público para que tenham acesso às informações do sistema unificado de ocorrência.

Paula Vieira