Fernando Grella: tolerância zero contra baderneiros durante a Copa 62

SP terá tolerância zero contra baderneiros durante a Copa, diz secretário

Vagner Magalhães
Do UOL, em São Paulo

20/05/201406h00

  • Vagner Magalhães/UOL

    O secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, diz que São Paulo será segura para a Copa

    O secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, diz que São Paulo será segura para a Copa

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, afirma estar convicto de que São Paulo será um local seguro para aqueles que vierem acompanhar a Copa do Mundo no Estado. Diz que a Polícia Militar (PM) irá garantir o direito de todos à livre manifestação, mas que haverá tolerância zero para os “baderneiros”. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, em seu gabinete, ele afirmou que hoje não há qualquer elemento que permita afirmar a existência de um plano para a atuação do crime organizado durante a competição. Mas que  isso “não dispensa o trabalho de acompanhamento” dos criminosos dentro e fora das presídios paulistas.

Em um Estado em que os crimes contra o patrimônio – roubos e furtos – estão em crescimento contínuo, o secretário diz que essa pode ser uma forma de a população extravasar a sua insatisfação. “Parece-me que a população está extravasando as suas pretensões por duas linhas: pela linha do crime e das manifestações para colocar o seu descontentamento”, diz ele.
Paulista de Capivari, Grella Vieira assumiu a secretaria de Segurança Pública em novembro de 2012. Formado bacharel em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito da PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica), atuou como procurador do Estado e promotor público antes de chegar ao cargo. É corintiano, mas conta não ser fanático. “Não sou daqueles que não perde um jogo, que briga com o amigo, que vai em estádio”. Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

UOL Esporte: O que se pode esperar da segurança pública em São Paulo durante a Copa do Mundo?

Fernando Grella: Podemos dizer que as pessoas podem vir com tranquilidade. Estamos atuando de maneira integrada com as forças federais: Polícia Federal, o próprio Exército, sob cordenação da Sesg (Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos), do Ministério da Justiça. Em São Paulo, nós montamos um esquema especial de policiamento ostensivo, o chamado Comando Copa, para não prejudicar o policiamento normal. São alunos da escola de soldados, da escola de sargentos, que portanto não estão no policiamento de rotina. E mais 700 policiais de diretorias administrativas no total de 4.265 homens, que estarão sob o comando de um coronel na capital. Nós estamos preparados. O segredo é a integração. O Centro de Comando e Controle está em vias de ser concluído. O que eu posso dizer é que as pessoas venham para aproveitar, que nós estamos fazendo tudo o que é necessário.
UOL Esporte: O policiamento normal da cidade não será afetado?
Fernando Grella: Pelo contrário. Ele vai ter um acréscimo. Porque nós suspendemos férias e licença-prêmio de todos os policiais. Então, mesmo no interior, onde temos os centros de treinamento, esses efetivos terão um aumento de 15%, só com suspensão de férias e licença-prêmio.
UOL Esporte: Como será a logística de deslocamento de delegações, das autoridades?
Fernando Grella: Tudo isso obedece a um plano nesse trabalho integrado. Participam das escoltas e dos acompanhamentos, a Polícia Federal, o Exército, a Polícia Rodoviária Federal, a PM e a Polícia Civil. Já foram feitos vários exercícios de simulação. A coordenação de trajetos é da PM, pela expertise que ela tem, mas todos vão participar. Nenhum segmento vai estar excluído. Já fizeram, inclusive, a definição desta partilha de atribuições e como isso acontecerá. Não estamos tirando ninguém lá da ponta, do batalhão, de qualquer área de São Paulo, para prejudicar o policiamento rotineiro.
UOL Esporte: Haverá transtornos para o paulistano no trânsito, por conta desses deslocamentos?
Fernando Grella: O que existe é um planejamento de trajetos, trajetos alternativos. Quem ficará incumbido dessas delegações. Escolta da presidente, escolta de chefes de Estado. Quem participará e como participará. Por exemplo, a Polícia Federal tem por atribuição legal, o que eles chamam de acompanhamento próximo. Ela estará no carro da autoridade. O Exército estará presente nas escoltas de chefe de Estado. Mas haverá, evidentemente, uma integração nisso tudo, um trabalho conjunto. Porque a PM se incumbirá de definir o trajeto, o trajeto alternativo. De regular a fluição dos comboios dessas escoltas.
UOL Esporte: Qual será a atribuição do Comando Copa durante o Mundial?
Fernando Grella: O comando vai ficar com o coronel Wagner Tardelli, que está designado para comandar esses 4.265 homens. A atribuição dele é dar apoio em todos os setores da capital para os eventos da Copa, para deslocamentos, para as áreas onde teremos os jogos, outras atividades como as fans fests e áreas de hotéis, que serão reforçadas. Todas as áreas em que a gente tiver um contingente razoável de turistas receberão reforço.
UOL Esporte: E o papel do policamento de Choque?
Fernando Grella: Na verdade, nós estamos preparados, temos uma expertise nisso. As últimas manifestações demonstraram que a polícia se aprimorou no tratamento dessa questão. Nós estaremos preparados para garantir o direito de manifestação. As que acontecerem poderão ser realizadas. A polícia vai garantir e vai também cumprir o seu papel em relação àqueles grupos de baderneiros que usam o direito de manifestação para praticar atos de violência e a tolerância com esses grupos será zero. Até porque, o que eles agridem em primeiro lugar é o direito à manifestação. Estamos preparados para tratar isso. De uma maneira geral, houve um recrudescimento dessas manifestações. Tivemos também um aumento dos crimes contra o patrimônio em praticamente todos os Estados. No Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, aqui em São Paulo. É um efeito dos tempos atuais. Parece-me que a população está extravasando as suas pretensões por duas linhas: pela linha do crime e das manifestações para colocar o seu descontentamento.
UOL Esporte: A Polícia Militar tem sido muito questionada pela sua atuação nas manifestações desde o ano passado. Em alguns momentos, pelo uso desproporcional da força. Em outros pela avaliação de que deixou as coisas correrem soltas. Qual a autocrítica que o senhor faz do desempenho da PM?
Fernando Grella: Essa questão das violências em manifestações é uma questão que se colocou em junho. Nós nunca tínhamos tido isso. Ao contrário de outros países que tiveram no passado e passaram pela mesma experiência. A polícia se aperfeiçoou como acontece em todas as operações. Os resultados dessas operações são avaliados para o aperfeiçoamento da operação. Eu acredito que a própria experiência, a própria atuação, erros e acertos havidos, evidentemente orientaram e permitiram um aperfeiçoamento na estratégia, na forma de agir. E as últimas manifestações revelam isso. Que a polícia hoje conhece melhor, sabe melhor trabalhar esse assunto.
UOL Esporte: Em uma manifestação em fevereiro, a polícia deteve mais de uma centena de pessoas no centro de São Paulo, sem que elas tivessem cometido nenhum tipo de crime. Foi dito à época que foi uma medida preventiva, o que é considerado ilegal…
Fernando Grella: Pelos relatórios que recebemos, ali foi uma intervenção no momento certo, quando alguns atos de violência já se colocavam. Tanto foi exitosa a intervenção que não tivemos depredações, não tivemos pessoas feridas. O objetivo da polícia não foi de forma alguma cercear o direito de manifestação.
UOL Esporte: Mas a ação foi alvo de muitas críticas, sobre sua legalidade…
Fernando Grella: O que eles fizeram foi uma ação pontual, quando os atos de violência já estavam se colocando. E foi nesse sentido, de evitar violações, depredações e agressões. Tanto que o resultado foi exitoso. Depois daquela, nós tivemos outras manifestações que transcorreram normalmente.
UOL Esporte: Mas esse tipo de ação não se repetiu…
Fernando Grella: Nas outras manifestações não foi necessária essa intervenção. Não houve um esboço, um início de atos de violência, de agressões, de atos criminosos. Então a polícia não teve de usar essa estratégia. Naquele caso se justificou. Nas demais manifestações, que nós tivemos na sequência, isso não aconteceu.
UOL Esporte: Então é uma estratégia que pode ser utilizada novamente?
Fernando Grella: Depende do momento. E o comandante da operação é que tem condições de avaliar qual é a estratégia. Eles têm várias estratégias. Mas é preciso que fique clara uma coisa. Que o objetivo da polícia, em primeiro lugar, é garantir o direito à manifestação. Como sempre foi feito. São Paulo teve mais de mil manifestações e nunca houve problema. E a polícia vai continuar trabalhando nesse sentido, de garantir o direito de manifestação.
UOL Esporte: Qual será o papel da polícia no entorno do estádio?
Fernando Grella: (O entorno) vai receber cerca de 700 policiais, só do trânsito. Mais 600 desse policiamento do Comando Copa. E como a Fifa é organizadora e executora, sabe que nós não vamos ter policiais lá dentro dos estádios. Eles vão ter os seguranças privados, contratados. No entanto, vamos ter uma sala, um local reservado, um contingente mínimo de um pelotão de Choque. Nas próprias revistas no estádio, que serão feitas pelos agentes privados, a PM não vai participar, mas vai estar à disposição. Por que razão? Se houver um incidente, alguém que tenha uma arma, um objeto, a polícia vai ser acionada, vai agir.
UOL Esporte: O Centro de Operações da Copa do Mundo fica como legado?
Fernando Grella: Posteriormente, acabada a Copa, queremos manter esse centro agregado ao centro de inteligência que nós temos. Hoje nós temos o Centro de Inteligência Integrada. Eventualmente, para algumas operações participam o Exército, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), a Receita Federal, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). Queremos manter aquele centro de atuação integrada, com alguns segmentos da área federal e estadual, também agências e setores. Exatamente para fomentar a área de inteligência e permitir essa integração. Também ficaremos com alguns equipamentos para a área de segurança. Imagiadores para helicópteros, robô para desarmamento de bombas. Bases móveis de comunicação perto do estádio. Alguns equipamentos vão ficar e serão úteis, como softwares e equipamentos. São um legado positivo: além de fomentar a cultura da integração, que acredito ser fundamental em qualquer área de inteligência e segurança pública do mundo. Hoje, quando você quer enfrentar quadrilhas que fraudam, que se dedicam a lavagem de dinheiro em qualquer lugar do mundo, isso é desenvolvido por um trabalho integrado das várias agências do País ou de países envolvidos.
UOL Esporte: Ao contrário dos estádios, dá para dizer que está tudo pronto?
Fernando Grella: Estamos fazendo o melhor, o que é possível fazer. Há um perfeito entrosamento, todos os entendimentos. É lógico que há dificuldades. O Centro de Comando vai ficar pronto, para ser entregue, no dia 23. Em cima do prazo. Há um grande esforço que as coisas saiam da melhor maneira possível.
UOL Esporte: A possibilidade de uma greve da polícia ou de setores estratégicos, utilizando Copa como forma pressão, preocupa?
Fernando Grella: Estamos acompanhando. Isso não há como evitar. No caso da polícia é muito pouco provável que a gente tenha em São Paulo o que está acontecendo em outros Estados. Tivemos o último reajuste em novembro. Com algumas medidas extras para a PM e para a Civil. O reajuste dos últimos 3 anos foi quase o dobro da inflação no período.
UOL Esporte: Mas tem também o fator político…
Fernando Grella: O governante tem limites, a lei de Responsabilidade Fiscal… Qual governante que não gostaria de dar 20% de aumento agora? O governante tem de ser leal, sincero, explicar. Como demos um reajuste em novembro, estamos avaliando quanto será possível dar de reajuste agora. Faremos a avaliação. O governo tem condições de decidir qual será o reajuste. Que governo dá no primeiro ano 15% de aumento? No segundo, 11%? E que governo não gostaria de dar em um ano de eleição o maior percentual possível?
UOL Esporte: O crime organizado está sendo monitorado por conta de uma possível atuação durante a Copa?
Fernando Grella: Sempre se falou nisso, são cogitações genéricas… Mas não tem nada da existência de um plano estruturado. Nós temos a responsabilidade de acompanhar. Com a SAP (Secretaria de Assuntos Penitenciários), o movimento nos presídios, com a inteligência da Civil, da Militar. Estamo acompanhando. Não descartamos nada, porém hoje eu posso dizer que não há nenhum elemento que permita afirmar a existência de um plano para isso. O que não nos dispensa do trabalho de acompanhamento.

Transcrito do UOL ; nos termos do artigo 46 da Lei nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998.‏

http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2014/05/20/sp-tera-tolerancia-zero-contra-baderneiros-durante-a-copa-diz-secretario.htm

Policiais civis de São Paulo vão parar nesta quarta, afirma sindicato 97

Paralisação é nacional e busca nivelamento de salários dos policiais. Casos urgentes, como roubos e sequestros, devem ser atendidos.
20/05/2014 12h00 – Atualizado em 20/05/2014 13h17
Do G1 São Paulo
Os policiais civis do estado de São Paulovão aderir à paralisação nacional da categoria, marcada para esta quarta-feira (21). O objetivo do protesto no país, organizado pela Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol), é nivelar os salários dos servidores em todo o território nacional. Em São Paulo, o sindicato informou que é necessária uma política de segurança séria.
João Batista Rebouças, presidente do Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo (Sipesp), uma das entidades paulistas de policiais civis, disse esperar que toda a categoria participe da paralisação. “Espero que todos respeitem o que o sindicato está solicitando e possamos dar ao governo uma explicação. Ou ele nos atende, nos respeita, ou nós fazemos uma ação mais drástica”, afirmou.
Rebouças destacou, porém, que os serviços de urgência no estado serão mantidos. “Vamos atender casos de roubo, assalto a banco, sequestro. O que não vamos atender são casos menos urgentes, como perda de documentos”, explicou.
Para ele, a segurança pública precisa mudar. “Temos uma falta de investimento, de preparo, de pessoal, de uma política de segurança séria”, enumerou o presidente do Sipesp. Rebouças reclamou, ainda, que a categoria não recebeu preparo suficiente para atender às ocorrências e às demandas da Copa do Mundo, entre 12 de junho e 13 de julho.
O G1 também procurou a Associação dos Funcionários da Polícia Civil do Estado de São Paulo (Afpcesp), que informou não saber da paralisação.

Polícia Civil faz paralisação nesta quarta em pelo menos seis estados – PMs de São Paulo planejam manifestação 32

O GLOBO

RIO – A Polícia Civil de pelo menos seis estados – Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Rondônia e Pará – fará na quarta-feira paralisação por melhorias nas condições de trabalho e “uma política nacional de segurança voltada para defender os cidadãos. Segundo a a Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol), policiais civis de 14 estados cruzarão os braços, mas, até terça-feira à noite só foi confirmada a adesão de seis estados.

Os dois sindicatos que representam policiais civis do Rio decidiram aderir à paralisação de 24 horas. Segundo o Sinpol/RJ, a decisão foi tomada numa assembleia com cerca de 40 agentes e é uma advertência ao governo estadual. O grupo pede reajuste salarial de 80% e incorporação de gratificações.

– Vamos paralisar, mas respeitaremos a lei que determina um efetivo de 40% de policiais nas delegacias – disse o presidente Fernando Bandeira.

Em Brasília, o movimento dos policiais civis também manterá serviços mínimos.

– Nós temos que manter 30% (trabalhando) – disse Jânio Bosco Granda, da Cobrapol, que espera mobilizar entre 8 mil e 10 mil agentes em todo o país.

Até amanhã, devem ocorrer ao menos duas outras assembleias de policiais civis – do Distrito Federal e do Rio Grande do Norte. Os policiais federais também se articulam para parar. Haverá assembleia em Pernambuco, Bahia, Alagoas, Paraíba, Ceará, Piauí, Goiás, Rondônia e Tocantis.

Os policiais federais em São Paulo marcaram uma passeata na capital paulista no próximo sábado. Apesar de o governo federal ter oferecido reajuste de 15,8%, os policiais federais consideraram que o percentual não repõe as perdas acumuladas nos últimos anos e brigarão pela reestruturação da carreira, que permitirá um aumento em torno de 48%. A comissão de mobilização deverá determinar nesta terça-feira onde será feita a passeata e qual o horário

No Rio, a Polícia Militar faz uma reunião às 15h para discutir um percentual de aumento. A Associação de Cabos, Soldados e Pensionistas da PM e do Corpo de Bombeiros não apoia a greve, mas não descarta esta possibilidade.

PMs de São Paulo planejam manifestação

Os policiais militares de São Paulo vão às ruas para fazer manifestações. As datas deverão ser marcadas numa assembleia fechada, marcada para quarta-feira, pela Coordenadoria das Entidades Representativas dos Policiais Militares do Estado de São Paulo (CERPM), que reúne as diversas entidades representativas da categoria. Segundo Sérgio Payão, porta-voz da entidade, as manifestações deverão ocorrer antes do início da Copa. A partir de amanhã, 15 outdoors deverão ser colocados em rodovias, em pontos estratégicos de acesso à capital paulista, como Bandeirantes, Anchieta, Anhanguera e Castello Branco. Outros 10 serão espalhados nas principais cidades do estado.

– Queremos que a sociedade saiba as condições em que trabalhamos. Vamos dizer que não são armas ou viaturas que salvam vida. Elas, sozinhas, não salvam ninguém. Nós arriscamos as nossas vidas pela das outras pessoas. Não merecemos receber zero de reajuste do governador Geraldo Alckmin – diz o coronel Payão.

Transcrito de O GLOBO ; nos termos do artigo 46 da Lei nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998.‏