| Títulos e condecorações : Escrivão de polícia do 14º DP comemora 50 anos na carreira e é homenageado pela Polícia Civil |
| 27/11/2013 19:58:04 (1519 leituras) |
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Cinquenta anos de carreira na Polícia Civil. Essa marca foi comemorada este ano pelo escrivão de polícia Carlos Eduardo Seggato Corrêa, em exercício há cinco anos no 14º DP (Pinheiros), zona oeste da Capital. Ele foi homenageado na última quinta-feira (21), na sede da 3ª Delegacia Seccional, pelo diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), Domingos Paulo Neto, pelo terceiro delegado seccional, Armando de Oliveira Costa Filho, e por colegas de trabalho.
Carlos Seggato sempre trabalhou no Decap. Ele ingressou em 3 de setembro de 1963 – então com 19 anos -, no 20º DP (Água Fria) e passou por outras 14 unidades da Polícia Civil: 1ª Delegacia Auxiliar (que ficava no Pátio do Colégio), Plantão Norte, o extinto Departamento de Polícia do Consumidor (Decon), e os distritos policiais 13º (Casa Verde), 28º (Freguesia do Ó), 3º (Campos Elíseos, onde trabalhou por 21 anos seguidos), 96º (Monções) e 78º (Jardins) – ambos em sua inauguração -, 1º (Liberdade), 4º (Consolação), 5º (Aclimação), 11º (Santo Amaro) e 15º (Itaim Bibi), até o atual 14º DP. “O Junkiti (chefe dos escrivães da 3ª Seccional, de quem partiu a ideia da comemoração) me falou da homenagem, eu tentei de todas as formas dissuadi-los disso, mas não teve jeito (risos). Acho que muitos outros merecem uma homenagem. Ano que vem será um momento importante pra mim (ano em que se aposentará), vou poder descansar”, disse Seggato.
Sobre a vocação, Seggato acredita que tenha nascido com a responsabilidade familiar. “Eu me casei muito cedo, com 26 anos já tinha três filhos… A família até hoje continua unida, os filhos estão encaminhados, um filho é formado em Direito e em Educação Física, uma filha é jornalista e a outra é doutora em Letras pela USP (Universidade de São Paulo)”, contou orgulhoso. Um dos aspectos da carreira que Carlos Seggato fez questão de destacar, foi a incrível marca de 50 anos como policial sem nunca ter precisado recorrer a uma arma de fogo. “Nunca dei um tiro”, frisou.
Dois dos casos mais emblemáticos em sua trajetória na Polícia Civil foram os trabalhos que fez por conta dos incêndios dos edifício Andraus, em 1972, e Joelma, em 1974, ambos no Centro da Capital. “Eu cheguei a fazer plantão em necrotério no caso Joelma”, disse o escrivão, primeiro na lista dos escrivães de classe especial da Polícia Civil.
Por Kerma Matos Oliver Fotos: 3ª Delegacia Seccional (Oeste) |
Arquivo diário: 28/11/2013
DESMILITARIZAÇÃO DA PM – Tenente-coronel diz que a condição de militar da PM é desnecessária 42
DESMILITARIZAÇÃO DA PM
‘A autoridade policial passou a pressupor violência e arbitrariedade’, diz tenente-coronel da PM
São Paulo – Segundo o estudo sobre violência policial e a desmilitarização da Polícia Militar feito pelo tenente-coronel Adilson Paes de Souza, da reserva da PM do estado de São Paulo, a instituição “é resquício da sobrevivência da Doutrina de Segurança Nacional, mesmo após o dito processo de redemocratização do país com a Constituição Cidadã, em 1988”. Os dados estão expostos no livro O Guardião da Cidade, em que o oficial analisa como a Polícia Militar perpetua até hoje mentalidade e ações da ditadura no Brasil.
Em 2012, o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) pediu para que o governo brasileiro trabalhe para suprimir a violência praticada pela Polícia Militar, porque a instituição é acusada de assassinatos extrajudiciais. De acordo com o tenente Adilson de Souza, a desmilitarização da Polícia Militar implica diretamente em desarmar a Doutrina de Segurança Nacional que ecoa até os dias de hoje. “Desmilitarizar não é defender uma polícia sem armas, mas a existência de uma Polícia Civil”, disse. “Não há a menor necessidade de que uma instituição de segurança pública seja militar. Essa condição leva a uma série de abusos e de tradição de subcultura da violência que é inaceitável no estado democrático de direito.”
A violência praticada por policiais militares contra brasileiros se tornou ainda mais evidente com as recentes manifestações populares e a repressão policial e com o extermínio de jovens – em sua maioria negros – nas periferias. O caso do adolescente paulistano Douglas Rodrigues, assassinado por um militar em outubro deste ano, faz parte de uma das inúmeras mortes cometidas pela instituição no Brasil. A desmilitarização da Polícia Militar foi tema da edição de ontem (27) programa Melhor e Mais Justo, da TVT.
A coordenadora do Observatório de Violências Policiais da Pontifícia Universidade Católica da cidade de São Paulo (PUC SP), Ângela Mendes de Almeida, reforçou que as ações militares nas periferias dos grandes centros urbanos são extremamente violentas e destinadas ao extermínio da população pobre. “Quando o jovem [Douglas Rodrigues] perguntou ao policial ‘por que você me matou?’, ele não percebeu que a polícia está lá para matar todos eles, para torturá-los, para humilhá-los e tem uma grande parte da população que aprova esse tipo de ação, desde que seja com o pobre”.
Para o tenente, houve no Brasil, com o passar do tempo, a perda do sentido do que é autoridade. O termo, antes usado para designar responsabilidade, passou a pressupor ações violentas, tomadas por arbitrariedade e truculência. “Existem supostas autoridades que apregoam o extermínio e a morte. Isso exerce um efeito pedagógico nefasto sobre a mente de policiais militares e da sociedade civil, que faz com que eles defendam ideias como a pena de morte”, afirmou.
O livro do policial compara documentos considerados padrões nacionais e internacionais de direitos humanos, como a Declaração Universal de Direitos Humanos, o Programa Nacional de Direitos Humanos, e o Programa Estadual de Direitos Humanos de São Paulo, aos conteúdos relacionados a esse aspecto no curso de formação de oficiais.
Souza constatou que temas essenciais não eram abordados no treinamento da PM paulista, como a violência policial, o preconceito e a tortura. Das 1.100 horas de aula previstas para os policiais, somente 90 são dedicadas a temas ligados aos direitos humanos. O autor ressaltou que é preciso entender na mente e no ensino policial “qual o mecanismo que faz com que uma pessoa reduza a outra a objeto a ponto de praticar violência”.
Segundo o advogado José Nabuco, professor de Direito Penal, a intolerância e a violência da Polícia Militar são históricas e provêm de uma errônea troca de valores. “Prevalece na instituição o respeito à autoridade em detrimento da legalidade”, argumentou. A conhecida alegação policial de estar “cumprindo ordens”, utilizada para cometer crimes contra a vida dos cidadãos – situação em que o direito estabelece que a ordem é ilegal – é para o advogado a mais clara evidência do processo de inversão comportamental.




Adilson entende que a condição militar da PM é desnecessária e leva a uma série de abusos