12/09/2013 – COMUNICADO PARA A SOCIEDADE CIVIL
A Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo reafirmando o seu comprometimento com a sociedade civil, da qual também faz parte, vem tornar público sua profunda indignação pela falta de segurança que vem vitimizando as famílias paulistas por conta da Política equivocada de Segurança Pública que há duas décadas privilegia a Polícia Preventiva que é a Polícia Militar em detrimento da Polícia Investigativa, da Inteligência, que é a Polícia Civil.
As Operações Blecaute, protagonizadas pela Polícia Civil com interrupções temporárias dos atendimentos das Delegacias, não visam prejudicar a população já penalizada pela falta de segurança, mas demonstrar publicamente o descaso com que a Instituição vem sendo tratada pelo governo tucano.
Não é de hoje que a dualidade de tratamento entre as Polícias pode ser constatada. Segundo dados oficiais do sistema orçamentário de 2011, por exemplo, o investimento destinado à corporação da Polícia Militar superou 35% do previsto nos seis anos anteriores, na prática R$ 296 milhões a mais. Enquanto a Polícia Civil teve de se conformar em receber 13% a menos do que o previsto (equivalente a R$ 65 milhões em investimentos).
A desigualdade entre as Polícias também pode ser notada pela gestão de suas corregedorias: na PM é interna, responde à própria instituição; na Polícia Civil está subordinada à Secretaria de Segurança Pública. A lista de tratamento diferenciado entre as duas Polícias não para por aí, são inúmeros os benefícios e privilégios adquiridos, conforme quadro sobre Tratamento Isonômico Interinstitucional,
clique aqui para conferir.
É sabido que as instituições se complementam, mas em todos os outros estados da Nação não há isonomia salarial entre as polícias. Sem contar que São Paulo, o Estado que mais arrecada, é o que pior remunera seus Policiais Civis. Os Delegados de Polícia ocupam hoje a última posição no ranking salarial. Lembrando que estamos em SÃO PAULO, a “locomotiva da nação”.
Esta política discriminatória implementada durante décadas de “tratamento isonômico interinstitucional” é a principal causa do avanço da criminalidade que hoje transita impune por falta de investimento na Polícia que investiga e prende. O cenário atual é de falência da Segurança Pública, que caminha a passos largos rumo ao colapso, caso não haja investimento que possibilitem a permanência dos Delegados de Polícia no nosso Estado e na nossa carreira, considerando-se que a cada dez dias um de nós a abandona por outra carreira jurídica ou por outro estado onde existe o merecido reconhecimento.
A Polícia Civil de São Paulo não busca simplesmente o aumento salarial, mas principalmente, o atendimento de excelência que a sociedade precisa e merece. Ao cidadão, que contribui com altos impostos, não se pode admitir deixá-lo sem a devida resposta quando se vê atingido pela violência, levando-o a ser duplamente vitimizado, primeiro pelo crime e depois pelo Estado que tem o poder – dever de garantir a sua segurança.
Nosso compromisso é com o cidadão, na condição de primeiro garantidor de seus direitos, esposados pelas leis brasileiras e pelo Estado Democrático de Direito, das quais somos legítimos operadores e no qual não mais existe espaço para a truculência, a violência armada sem controle e a ameaça, ainda que velada, de derrotar-se a democracia, conquistada com sangue da sociedade que é civil.
Marilda Pansonato Pinheiro
Presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo – Adpesp