Polícia poderá receber comissão nas áreas onde a violência diminuir 56

Casos de latrocínio em São Paulo aumentam 114% no último ano

Furtos de carro, roubo de carga, roubo a banco e roubo de carro diminuíram.

Para ajudar combater crimes, autoridades investirão em incentivos à polícia.

26/03/2013 14h31 – Atualizado em 26/03/2013 14h57

Por Monalisa Perrone

São Paulo, SP

O governo de São Paulo divulgou novos números da violência. Os números em geral diminuíram no primeiro bimestre deste ano em comparação com o ano passado, mas os crimes mais violentos ainda preocupam.

O crime que mais aumentou foi o latrocínio, que é o roubo seguido de morte – subiu 114% na comparação entre fevereiro deste ano e o de 2012. Mas os furtos de carro, roubo de carga, roubo a banco e roubo de carro diminuíram.

“Você pode ver que tivemos índices que foram diminuídos, mas o crime de latrocínio é crime que mexe muito com sentimento das pessoas. Ele afeta sensação de violência que as pessoas sentem na cidade. Portanto fundamental combate crime bárbaro”, explica o especialista em segurança, Diógenes Lucca.

Para o Instituto Sou da Paz, Organização Não Governamental (ONG), que acompanha os números da violência em São Paulo, um dado positivo é que, quando a pesquisa é comparada ao segundo semestre do ano passado, os números estão em queda.

“Se olhar para o número absoluto de ocorrências registradas é muito menor que nos últimos meses – parece que estamos retomando o controle em relação aos homicídios. O que a gente percebe agora é que parece que estamos saindo da crise de 2012 e isso já é positivo”, diz a coordenadora do núcleo de análise de dados do Sou da Paz, Ligia Rechenberg.

“Estivemos num momento atípico a partir do segundo semestre, especialmente a partir de setembro e outubro, e evidentemente a situação dessa reversão exige muito trabalho, um trabalho intenso, especialmente, não só de prevenção pela Polícia Militar, mas de investigação pela Polícia Civil, voltado ao esclarecimento de vários crimes e acreditamos que esse é um trabalho que exige tempo”, explica o secretário de Segurança, Fernando Grella.

As autoridades de segurança pública de São Paulo também pensam em combater a criminalidade com programa de estímulo para os policia. Uma das medidas questão em estudo seria o pagamento de bônus para aqueles policiais que trabalham em áreas onde a violência diminuir.

Major PM desqualifica delegado em razão de ser indiciado por crime comum não previsto na legislação militar; para ele o que não está na lei militar não está no mundo 57

Tragédia em Santa Maria

26 de Março de 2013•13h59• atualizado às 14h10

Bombeiro compara inquérito da Boate Kiss a degolas em praça pública

Responsabilizado pela Polícia Civil, major Gerson da Rosa Pereira divulgou carta aberta à população nesta terça-feira

Major do Corpo de Bombeiros criticou o trabalho do delegado Marcelo Arigony (foto) Foto: Wilson Dias / Agência Brasil
  Major do Corpo de Bombeiros criticou o trabalho do delegado Marcelo Arigony (foto)
Foto: Wilson Dias / Agência Brasil

Apontado como responsável no inquérito que investigou as causas do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, major Gerson da Rosa Pereira, chefe do estado maior do 4º Comando Regional do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, divulgou nesta terça-feira carta aberta à população em que critica o trabalho conduzido pela Polícia Civil gaúcha. Se dizendo indignado pela “maldade e falta de escrúpulos” do delegado Marcelo Arigony ao inclui-lo no inquérito – mesmo cabendo à Justiça Militar o julgamento de eventuais crimes cometidos por bombeiros -, o major comparou a divulgação das investigações a execuções medievais.

“Publicar um relatório na íntegra, com nomes de pessoas e suas individualidades, além de depoimentos não autorizados na imprensa, se assemelha às execuções de guerra e às degolas em praça pública do século medieval. Dentre estas pessoas, certamente, teremos pessoas inocentes, ao menos aos olhos da Justiça dos homens. Estamos diante de uma nova modalidade de execução sumária”, afirma. “Minha família e vida pessoal foram feridas de morte sem qualquer possibilidade de reparo, nem mesmo qualquer indenização ou retratação pelos responsáveis poderá desconstituir a exposição que sofri”, argumenta o bombeiro.

Publicar um relatório na íntegra, com nomes de pessoas e suas individualidades, além de depoimentos não autorizados na imprensa, se assemelha às execuções de guerra e às degolas em praça pública do século medieval

Major Gerson da Rosa Pereirachefe do estado maior do 4º Comando Regional do Corpo de Bombeiros do RS

O major também questiona o crime imputado a ele no inquérito (fraude processual), que não está previsto no Código Penal Militar. “Como sou militar e não há previsão desta conduta típica no Código Penal Militar, não haveria nem como ‘enxovalhar’ o nome que defendo e defendi durante toda minha vida pessoal e profissional, ‘arrumando’, às pressas, alguma coisa a me imputar”, reclama Pereira, que nega qualquer tentativa de prejudicar a investigação do incêndio. “Minhas declarações estão lá, nunca deixei de contribuir, nunca ocultei ou inseri qualquer documento que comprometesse a investigação.”

Choro, pois não esperava do senhor e de sua instituição meu indiciamento por crime comum (crime impossível), expondo minha vida, minha família, minha carreira

Major Gerson da Rosa Pereiradirigindo-se ao delegado Marcelo Arigony

No trecho final da carta, o bombeiro se dirige diretamente ao delegado Arigony, que, na apresentação do inquérito, afirmou que poderia, enfim, dar-se ao luxo de chorar. “Como o senhor, chorei por todas as pessoas que conhecia, pelos 241 inocentes e sua família com suas casas vazias e pelas calúnias e difamações que sofremos como instituição e pessoas”, diz o major. “Mas choro pelo espetáculo proporcionado por sua instituição, do qual poderíamos ser poupados; choro pela desconsideração em relação aos militares que o senhor não tinha competência de indiciar e, que, na ‘maior boa vontade’ prestaram depoimentos desnecessários à sua instituição. (…) Choro, pois não esperava do senhor e de sua instituição meu indiciamento por crime comum (crime impossível), expondo minha vida, minha família, minha carreira”, argumenta Pereira.

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Esse Delegado é estrela. Delegado estrela é perigoso para a sociedade e para o órgão!

Polícia Federal diz que policiais do Denarc desviaram 3 toneladas de cocaína 27

26 de março de 2013 | 2h 03

O Estado de S.Paulo

Sequestro, tortura, tráfico de drogas e até o relato de assassinatos fazem parte da investigação da Polícia Federal (PF) que começou a desbaratar uma quadrilha encastelada no Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc). Os papéis da Operação Dark Side mostram que os homens do Denarc atraíam traficantes internacionais para São Paulo para sequestrá-los e achacá-los, além de roubar a droga e revendê-la a bandidos amigos. O esquema funcionaria desde 2004 e, segundo o delegado-chefe da PF em Sorocaba, Roberto Boreli Zuzi, teria desviado pelo menos três toneladas de cocaína.

A PF está apurando o patrimônio dos sete policiais civis presos. Seis deles são do Denarc e um da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise), de Sorocaba. Segundo o delegado Zuzi, se não comprovarem a origem do patrimônio, os policiais também serão acusados de lavagem de dinheiro. Alguns dos presos ostentariam patrimônio incompatível com a renda e teriam usado dinheiro da droga para adquirir apartamentos, chácaras e carros de luxo. O bloqueio dos bens foi pedido à Justiça.

A PF desvendou o esquema quando monitorava um suspeito de tráfico em Sorocaba, o empresário de jogadores de futebol Marcelo Athiê, que está foragido. Ele seria o destinatário de um carregamento de 133 kg de cocaína apreendido em 15 fevereiro na Rodovia Castelo Branco – outros 175 quilos estavam no apartamento do investigador Alexandre Lajes. Foram presos então dois traficantes e os investigadores Lajes e Michael Ruiz, do Denarc, e Glauco Fernandes, de Sorocaba, que escoltariam a droga. Eles alegam inocência.

Depois de preso, Lajes conversou com a mulher pelo celular e pediu: “Abre meu cofre, tira tudo que tem dentro e bota em uma sacola. Não queira saber o que tem porque isso não te interessa”. Uma câmera do apartamento do casal em Perdizes, na zona oeste da capital, flagrou a mulher arrastando sacolas. Os federais chegaram a tempo de apreender a cocaína, 70 mil e US$ 84 mil, além de reais. Na última quarta-feira foram presos mais quatro suspeito: os investigadores Gustavo Gomes, Edson Melin, Mariano Pinto e André Souza, todos do Denarc. Eles também alegam inocência.

A chamada Operação Dark Side mostra que os policiais forneceram a bandidos até um Fiat Strada, apreendido pelo Denarc em 26 de outubro de 2010. Em fevereiro de 2012, o veículo foi flagrado pelos federais sendo dirigido por Athiê e por um homem suspeito de tráfico.

Mortes.

Os federais descobriram ainda que o investigador Lajes aparecia como testemunha no inquérito sobre as mortes do colombiano Bernardo Castanho Estrada e do argentino Fabian Alejandro Gugliese. O crime aconteceu em 26 de novembro de 2011, no Guarujá. Lajes disse que Estrada era seu informante. Segundo a versão apresentada pelos envolvidos à Delegacia do Guarujá, o argentino teria tentado assaltar a casa e o colombiano tentara impedi-lo. Ou seja, um teria matado o outro.

Em outubro de 2012, os federais interceptaram um telefonema do investigador no qual ele diz ao seu chefe no Denarc que estava levando “uns uisquinhos” supostamente para o delegado responsável pelo inquérito das mortes no Guarujá.

O Guarujá era uma das cidades que abrigavam cativeiros de traficantes. Um deles ficava em uma casa na Avenida Veraneio, na Enseda. Um sítio em Ibiúna também fora usado para o mesmo fim.

No total, foram apreendidos 340 quilos de cocaína, carros e um celular com o traficante boliviano Heber Carlos Berberi Escalante, com imagens de um traficante acorrentado, pedindo à família para entregar US$ 300 mil aos policiais para não ser morto. O próprio Escalante teria pago US$ 1 milhão para não ser preso. A Secretaria da Segurança Pública abriu os processos administrativos contra os investigadores presos. “As últimas prisões contaram com a cooperação da Corregedoria da Polícia Civil”, disse o secretário Fernando Grella Vieira.

FAUSTO MACEDO, JOSÉ MARIA TOMAZELA e MARCELO GODOY