DEINTER-6 : “Estou trazendo o delegado Mauro Argachoff para trabalhar na inteligência, a delegada Gisele Boros Tobias para ser assistente. Também farei mudanças na Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise). Vou trazer um delegado de São Paulo para trabalhar na Dise” 74

Diretor quer setor de homicídios

Na tarde desta quinta-feira (11), em entrevista ao Diário do Litoral, Aldo Galiano Júnior comentou seus objetivos no comando do Deinter-6.

por Thales Mauá

        Atualizado em 11 de janeiro de 2013 às 13h26

Com 39 anos de trabalho na Polícia Civil, pela segunda vez na carreira o delegado Aldo Galiano Júnior, de 60 anos, assume a diretoria de um Departamento de Polícia Judiciária do Interior (Deinter). Dessa vez, Galiano Júnior terá a missão de comandar o Deinter-6, que abrange a Baixada Santista e Vale do Ribeiro. Ele já comandou o Deinter-7 (Sorocaba).
O novo diretor na Baixada, nascido em Espírito Santo do Pinhal, assume o cargo após a saída do delegado Waldomiro Bueno Filho, que ocupava o posto desde 2007. Antes de assumir o Deinter-6, Galiano Júnior estava no Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas (Decade) de São Paulo.
Na tarde de ontem, uma cerimônia de transmissão de cargo foi realizada no Palácio da Polícia Civil de Santos, no Centro. O evento, que contou com presença massiva de delegados titulares de delegacias e distritos da Região, marcou o início dos trabalhos.

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Após a cerimônia, o novo diretor do Deinter-6 concedeu entrevista ao DL.

Diário do Litoral – Como o senhor pretende trabalhar? Galiano Júnior – Eu trabalho com o setor de inteligência, hoje não existe fazer polícia sem inteligência, sem saber utilizar os recursos. Quero trabalhar com a comunidade, ao lado das sociedades, como Rotary Club, Lions Club e Consegs. A gente quer humanizar a Polícia Civil novamente. Queremos resgatar a confiança que as pessoas tinham com a polícia. Temos que ter consciência que perdemos a credibilidade.

Diário do Litoral – Qual é o perfil de trabalho do senhor? Galiano Júnior – Eu sou operacional, gosto de ir para rua, colocar o uniforme e estar atuando. Trabalhei no  Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), fundei o Grupo de Operações Especiais (GOE) em São Paulo. A minha satisfação pessoal é prender bandido, você se sente motivado fazendo isso. Você tem que se colocar no lugar das pessoas.

Diário do Litoral – O senhor conhece a Região? Galiano Júnior – Sim, frequento aqui semanalmente, tenho casa em Guarujá.

Diário do Litoral – Como o senhor vai combater o crime organizado? Galiano Júnior – Com inteligência, utilizando escutas, trabalhando com o Ministério Público e o Poder Judiciário. Quero acabar com o crime de roubo de cargas, ele abastece o crime organizado. Não vou permitir que ele se estabeleça de uma forma permanente na Baixada Santista.

Diário do Litoral – O senhor fará mudanças no quadro policial? Galiano Júnior – Com certeza irei fazer algumas alterações. São 39 anos de polícia, muitos acompanhado de uma equipe que esteve comigo em diversos momentos. Não é justo vir para um local onde posso desenvolver meu trabalho e não trazer eles. Você tem suas pessoas de confiança, que conhecem seu jeito de trabalhar. Ninguém chega longe sem uma equipe.

Diário do Litoral – Como elas serão feitas? Galiano Júnior – As mudanças serão feitas com seriedade e profissionalismo. Analisando estatísticas, vendo o que pessoal está produzindo ou deixando de produzir.

Diário do Litoral – O senhor já tem ideia das primeiras mudanças? Galiano Júnior – Estou trazendo o delegado Mauro Argachoff para trabalhar na inteligência, a delegada Gisele Boros Tobias para ser assistente. Também farei mudanças na Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise). Vou trazer um delegado de São Paulo para trabalhar na Dise.

Diário do Litoral – O senhor pretende abrir novas delegacias na Região? Galiano Júnior – Aqui (Baixada Santista e Vale do Ribeira) está carente na área de homicídios. Pretendo criar um órgão específico para investigar esse tipo de crime. A investigação de homicídio exige dedicação. Vamos criar um suporte para o departamento. Homicídio, a cada dia que você não esclarece, ele fica mais complicado de solucionar. Pretendemos também criar um órgão de Meio Ambiente. Estamos em um polo da Serra do Mar, que tem uma reserva ecológica grande. Iremos trabalhar em conjunto com o Ministério Público e a Polícia Florestal.

Diário do Litoral – Como o senhor vê a importância da criação desse setor específico para homicídio? Galiano Júnior – Hoje é necessário ter esse setor, porque o delegado que assume um inquérito de homicídio tem diversos outros casos para cuidar. Se você cria um setor específico, o delegado especializado só terá um ou dois casos de homicídio para cuidar.

Diário do Litoral – O senhor assume o Deinter-6, em um momento que a morte do PM Marcelo Fukuhara não foi esclarecida. Como o senhor vê esse caso? Galiano Júnior –  A vida particular do PM tem que ser levantada. Pelo jeito como foi a morte dele só pode ser  vingança. É um caso que me chocou.

http://www.diariodolitoral.com.br/conteudo/2871-diretor-quer-setor-de-homicidios

João Alkimin: O QUE É DIGNIDADE 34

O QUE É DIGNIDADE
A meu sentir dignidade é pagar salário justo aqueles que trabalham, que colocam a sua vida em risco em prol da sociedade.
Dignidade é tratar os policiais civis e a tropa da polícia militar com respeito.
Dignidade é não demitir funcionários por intriga, por má-fé, por problemas políticos, ou simplesmente por não se afinarem com o governo de plantão ou ainda por repercutirem notícia como delegado Conde Guerra.
Dignidade é permitir que um policial que já tenha anos de serviço se aposente sem medo de perder mais de quarenta por cento de seu salário que lhe são dados enquanto estão na ativa como esmola pelo governo.
Dignidade é não permitir que um delegado de polícia de classe especial tenha um salário de aproximadamente 10 mil reais, em um promotor ou juiz de direito mais de 25 mil reais ou ainda um coronel pm com as mágicas feitas mais de 40 mil reais.
Dignidade é pagar o nível universitário aqueles que tem direito.
Dignidade é pagar um salário digno a investigadores, carcereiros, escrivães, agentes policiais e a toda carreira policial.
Dignidade é dar condições de trabalho as equipes de plantão.
Dignidade é dar condições de atendimento a população que necessita ir a uma delegacia.
Indignidade é o governador fazer ouvidos de mercador aos anseios de toda a classe policial.
Indignidade é o novo secretário de segurança pública afirmar que policiais não ganham tão mal, pois se comparados ao salário do secretário vivem abaixo da linha de pobreza.
Indignidade são os deputados, além de seu salário terem verbas de gabinete milionárias, terem automóveis a sua disposição, terem cota de gasolina, terem alimentação farta quando as vezes policiais não tem o que comer, e muitos ficam a beira das estradas implorando por uma carona ou pela gentileza de um motorista de ônibus, que  por sinal ganham mais que eles que não lhes cobre passagem.
Indignidade são os ataques diuturnos a instituição policial.
Indignidade era o ex secretário ferreira pinto falando aos quatro ventos que mais de 900 delegados eram investigados e que existia uma enorme banda podre.
Indignidade é o delegado de polícia não ter a prerrogativa da inamovibilidade.
Indignidade são diretores de polícia serem removidos do cargo como uma laranja chupada.
Indignidade é o atrelamento da polícia civil a deputados, secretários de Estado e até vereadores.
Indignidade é a sociedade aceitar passivamente tal estado de coisas.
Por tal motivo discordo quando se diz que os atuais conselheiros da polícia civil são “cardeais”. Cardeais era quando tínhamos, o DERIN, o DEIC, o DOPS e o DEGRAN. Esses sim eram cardeais. Hoje quando muito não sei a nomenclatura da igreja, não sei quem é o mais importante, se é o Monsenhor ou o Vigário, mas como alguns podem entender que Vigário seja pejorativo prefiro entender que são Monsenhores. É mais elegante e não corro o risco de alguém dizer que o Vicariato tem um Vigário geral. Quero deixar claro que esses termos são títulos da igreja, não se confundindo com o vigário da gíria policial.
Espero sinceramente que o governador do Estado resolva o problema do nível universitário e dos salários dos policiais, espero também que sua excelência tenha a sensibilidade para reverter inúmeras demissões feitas ao arrepio da lei e que o poder judiciário  julgue co rapidez aqueles que se encontram apodrecendo a muito tempo no presídio da polícia civil. Que se os condene ou absolva mas julguem rapidamente para que possam inclusive recorrer a outras instâncias, por que para cada preso existe uma família sofrendo pela incúria e inércia do poder judiciário.
Isso também, ou seja, manter um homem preso sem julgamento é indigno.

“Se você agir sempre com dignidade, talvez não consiga mudar o mundo, mas será um canalha a menos.”

John F. Kennedy

João Alkimin

João Alkimin é radialista – http://www.showtimeradio.com.br/

Grela Vieira: ” Central de ESCUTAS não é nossa. É do JUDICIÁRIO ” 41

Disponível em: http://vp.virtualpaper.com.br/get.aspx?pid=2&eid=302&host=oestenoticias Acesso em: 10 jan. 2013

Disponível em: http://vp.virtualpaper.com.br/get.aspx?pid=2&eid=302&host=oestenoticias Acesso em: 10 jan. 2013

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PAULO GODOY

          O Secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grela Vieira, disse ontem que a central de escutas montada dentro do Comando de Policiamento do Interior (CPI-8), em Presidente Prudente, não diz respeito à sua secretaria, mas ao Judiciário Paulista e o Ministério Público. Segundo ele, a central continuará em atividade, por se tratar de importante mecanismo de inteligência à disposição do Governo. O Tribunal de Justiça negou que seja responsável pela central. O MP não se pronunciou.

          A vinda da cúpula da segurança do Estado a Prudente ocorre em meio às denúncias da existência e funcionamento da central de escutas da PM, conforme publicou com exclusividade o Oeste Notícias.

          Vieira veio acompanhado do coronel Benedito Meira, Comandante Geral da PM, e do delegado Luiz Maurício Blazeck, delegado-geral da Polícia Civil, para um encontro inédito no interior do Estado, onde seriam debatidas estratégias de segurança pública focadas no planejamento, inteligência e atuação integrada entre as polícias. De Prudente, a cúpula seguiu para Bauru. O evento começou por volta das 10 horas, no auditório da Faculdades Integradas “Antonio Eufrásio de Toledo”.

          A coletiva de imprensa foi dominada por dois assuntos: a resolução do Governo do Estado que proíbe policiais militares de prestar socorro a vítimas em estado grave e a central de escutas montada pela PM dentro do CPI.

          Fernando Grella Vieira disse que não se pode falar em desmonte da central de escuta de Prudente, porque o aparato não próprio da Secretaria, mas do Tribunal de justiça.

          “A escuta não é nossa, da Secretaria. A escuta decorre de procedimentos próprios da lei que tramitam pelo Judiciário com a intervenção do Ministério Público”, disse o secretário, defendendo o trabalho de investigação da Polícia Militar. “Aqui há um grande trabalho de investigação que resulta em um grande número de escutas, como acontece em outras regiões do Estado. Essas investigações prosseguem porque são providencias judiciais apreciadas, deferidas e controladas pelo juiz, com a intervenção do MP”.

          O secretário afirmou que a quantidade de escutas diz respeito ao momento e ao assunto investigado. Com isso, situações mais sensíveis exigiriam um número maior de escutas “obtidos de acordo com a lei, em um processo legítimo”.

          Quando perguntado se tinha cem por certeza de que cem por cento das escutas estavam amparadas legalmente, Vieira disse que enquanto não tiver nenhum caso concreto que indique o contrário, ele continuará pressupondo que as escutas de Prudente correm de forma legal, com ordem judicial.

          Segundo ele, nenhuma evidência de que isso não esteja ocorrendo foi apresentada até agora. “Se isso acontecer não só eu como qualquer agente do Estado tem o poder e o dever de apurar”, disse, emendando que não pode e não tem acesso a nenhuma das quase 88 mil gravações feitas até agora.

          Após a divulgação da existência e operação da central de monitoramento telefônico da PM em Prudente, pelo Oeste Notícias, a Associação de Delegados da Polícia Civil do Estado de São Paulo e a sua congênere na esfera federal entraram com protocolos pedindo a abertura de inquérito policial para apurar o funcionamento do aparato e as condições que ele atua.

          Luiz Maurício Blazeck garantiu que o inquérito será aberto, atuando em duas frentes. Nas denúncias em que aparecer como investigado o ex-secretário de Segurança Pública Antonio Ferreira Pinto, a investigação caberá à Procuradoria de Justiça do Estado de São Paulo. Nos demais casos, o inquérito ficará a cargo da Polícia Civil.

          Blazeck não informou de onde estão partindo os mandados judiciais que autorizem as escutas na central de Prudente. Disse apenas que envolve comarca da região.

          Outro lado – A reportagem entrou em contato ontem com a Procuradoria de Justiça e com o Tribunal de Justiça do Estado com pedidos para que comentassem a afirmação do secretário Fernando Grella Vieira de que a central não é de responsabilidade do Governo do Estado, mas do Judiciário Paulista.

          Até as 19 horas, o Ministério Público não havia se manifestado. Em nota, o TJ disse que o Poder Judiciário do Estado de São Paulo não mantém, nem administra nenhuma central de escuta telefônica, haja visto que não é sua função apurar infrações penais e sua autoria. “Toda e qualquer interceptação telefônica autorizada pelo Judiciário somente é deferida por decisão fundamentada, o que  é objeto de comunicação ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ)”, completou a nota.

          Além dos emails enviados o Oeste Notícias esteve no Forum de Prudente procurando pelo diretor administrativo, juiz Antonio Roberto Sylla, para que comentasse as afirmações de Grella Vieira, mas a informação é que ele está de férias. Em seu lugar atua interinamente o juiz Luis Carlos Moreira, que se recusou a atender a reportagem.

          Da mesma forma o Ministério Público foi procurado. O promotor Silvio Martins Barbato, que responde pela secretaria das promotorias criminais, também está em férias. Em seu lugar interinamente, responde o promotor Braz Dorival Costa, que disse não ter informação sobre o caso.

PMs estão proibidos de remover vítimas em estado grave

Outro assunto que consumiu boa parte da entrevista coletiva com a cúpula da segurança pública do Estado de São Paulo, em Presidente Prudente, foi a resolução do Governo Paulista, válida desde terça-feira (8), proibindo policiais militares de prestarem atendimento, ou remover vítimas em estado grave. A determinação abriu uma crise com os policiais militares, que se sentem atacados diretamente pelo governo, embora a justificativa oficial seja a de estabelecer protocolos padronizados de atendimento, cabendo ao PM envolvido com a ocorrência preservar a cena de eventual crime. “Nós preconizamos que, por meio dessa resolução, o policial não está obrigado a socorrer, mas a acionar o socorro para que um profissional venha ao local e preste o atendimento adequado, enquanto o policial preserve o local”, disse o secretário Fernando Grella Vieira. De acordo com o titular da pasta da Segurança, nas ocorrências de crimes graves, homicídios, em que haja ferimentos graves, decorrentes ou não do enfrentamento policial, a pessoa ou o corpo deverão ficar no local, aguardando atendimento especializado. Nas cidades em que não existam equipes de resgate ou atendimento médico de urgência, o policial está liberado para prestar o atendimento.

Outros pontos destacados na coletiva

          Viaturas para a PM – De acordo com o coronel Benedito Meira, o final de 2013 encerrará o planejamento bienal em que a região deverá contar com 80 viaturas novas, investimento, segundo o comandante de R$ 2,7 milhões. Os veículos serão adquiridos e distribuídos por lotes a todas as cidades da região de Prudente.

          Efetivo – Perto de 400 municípios paulistas dispõem de apenas um grupamento da polícia militar para garantir sua segurança, estrutura que hoje, não comporta mais que sete policiais – o que permite que apenas um policial trabalhe em cada turno.

          Benedito Meira disse que há estudos em andamento que poderão elevar o efetivo dessas cidades para 11 policiais. Com isso, ao menos dois PMS conseguiriam trabalhar juntos em todos os horários do dia. Para poder colocar o plano em prática, seriam necessários pelo menos mais 1.500 novos soldados.

          “A expectativa é que eu tenha alguma coisa formatada até o final do ano. Trabalhei muito tempo no interior e conheço bem a demanda”.

          Polícia Amiga – Depois de dizer que pesquisas encomendadas pela Polícia Militar indicam insatisfação da população paulista com a atuação da PM, o coronel Meira chegou a dizer que uma de suas prioridades é transformar a imagem da corporação.

          Em entrevista à Folha de S. Paulo, o comandante da PM afirmou que pretende com que o policial se aproxime mais do morador e da comunidade em que atua. “No interior isso já acontece, porque o policial está inserido na cidade, conhece os moradores. Mas em São Paulo é diferente”, disse. “A população precisa se sentir protegida pela polícia e isso se dá já na abordagem do policial, uma das maiores reclamações”. Benedito Meira não respondeu à pergunta se sua declaração e proposta tinham a ver com a alta taxa de letalidade da PM registrada em 2012.

          Onda de violência – Apesar de ter tomado posse no auge da violência recente ocorrida em São Paulo, quando mais de cem policiais militares foram mortos em pouco mais de quatro meses Fernando Grella Vieira disse que o Estado não está perdendo a guerra contra a criminalidade.

          “A sensação de segurança se trabalha com esclarecimento para a população e com a abertura dos dados e índices da criminalidade para a sociedade”, disse o secretário.

          Para ele, o Rio de Janeiro tem índices de crime muito piores que os de São Paulo, “no entanto a sensação de segurança lá é maior. Ou seja, o morador do Rio de Janeiro está mais exposto à criminalidade que o de São Paulo, mas se sente mais seguro”.

Bati um recorde na direção do Deinter-6 ficando seis anos no comando; esse teria sido o motivo da minha saída 24

“Fiquei surpreso com a saída”

Após seis anos no comando do Deinter-6, o delegado Waldomiro Bueno Filho deixa o cargo.

por Thales Mauá

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) anunciou a troca de comando de sete departamentos da Polícia Civil, entre eles o que abrange a Baixada Santista e Vale do Ribeira – Departamento de Polícia Judiciária do Interior-6 (Deinter-6). Desde 2007, o comando era do delegado Waldomiro Bueno Filho, que foi substituído pelo delegado Aldo Galiano Júnior. O novo diretor deixou o Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas (Decade) da Capital.
Segundo nota divulgada pela SSP, “as alterações nos comandos das principais diretorias fazem parte de um processo natural de renovação”.
Na tarde de ontem, Bueno Filho concedeu entrevista exclusiva ao Diário do Litoral. O delegado completará, em junho, 45 anos atuando na polícia. Bastante emocionado, Bueno Filho se mostrou surpreso e insatisfeito com a saída.

Diário do Litoral – Como você recebe essa notícia? Waldomiro Bueno Filho – Foi uma surpresa porque vinha fazendo um belo trabalho. O governador (Geraldo Alckmin) tinha dito que contava comigo até o final do seu mandato. Mas estou feliz porque sei que estou saindo por excesso de competência. Ninguém fica no comando por muito tempo, ainda mais trabalhando na polícia.

DL – Qual seu sentimento com essa mudança? Bueno Filho – De coração, eu lamento sair daqui. Não pelo cargo, mas por conta dos policiais que trabalhei, que são homens dignos, comprometidos com a segurança pública e com a Baixada Santista. Mas, tudo bem, a gente compreende, a administração tem suas escolhas e estamos aí para cumprir nosso papel.

DL – Qual teria sido o motivo de sua saída? Bueno Filho – Eu bati um recorde na direção do Deinter-6 ficando seis anos no comando. Esse teria sido o motivo da minha saída.

DL – Como você analisa os seis anos de comando no Deinter-6? Bueno Filho – Nossa produtividade foi grande nesse tempo. Sazonalmente fazíamos operações. Prendemos mais de 5 mil criminosos nos seis anos. Quando eu cheguei aqui, encontrei um departamento com vários problemas e consegui sanar eles. Hoje, estamos com uma produtividade maravilhosa, com quase todos os casos de repercussão resolvidos. No meu comando implantamos a metodologia da recognição visuográfica, onde o policial é obrigado a ir até o local do crime. Isso aumentou o poder de esclarecimento dos casos.

DL – Você acha que deixou alguma aresta no comando? Bueno Filho – Sem dúvidas, tem pontos que precisam ser bem mais trabalhados. Um exemplo são as quadrilhas que atuam em Praia Grande, que conta com um número muito alto de roubos. Infelizmente, são bandidos que não são da região, complicando nosso trabalho. Mas sei que fiz um grande trabalho. Meu sonho na polícia era ter um lugar sem crimes de roubos e furtos, isso é com o tempo, com a própria legislação, que infelizmente atrapalha o trabalho da polícia. Nós criticamos porque gostamos do que fazemos. Nós queríamos leis perfeitas para manter o ladrão preso, para que o cidadão possa caminhar tranquilamente  na rua, andando com o vidro do carro aberto.

DL – Você conhece o novo diretor? Bueno Filho – Conheço, é um grande delegado, um parceiro, que vai dar continuidade ao nosso trabalho. É uma pessoa “super” afável, que não tem amor exacerbado ao cargo. É um homem que tem um ótimo relacionamento com seus funcionários.

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O delegado Waldomiro Bueno Filho deixa o comando do Deinter-6 (Foto: Arquivo/DL)

 

DL – Quais metas você tinha traçado para 2013? Bueno Filho – Tinha planos de neste ano realizar a reforma do Palácio da Polícia Civil, que é uma preocupação minha, a construção de um prédio no Valongo para abrigar o 1º Distrito Policial, viabilizar o barco que está para ser fornecido pela Petrobras, onde poderemos realizar diligências em locais de difícil acesso, além da reforma de algumas delegacias. Sei que o Aldo vai dar continuidade nesses projetos.

DL – Sabe qual será seu futuro? Bueno Filho – Ainda não sei, meu futuro ainda está indefinido. Não sei se vou assumir alguma seccional ou diretoria. Em um primeiro momento, sei que estarei à disposição da Delegacia Geral de Polícia.

DL- Você completa, em junho, 45 anos trabalhando na polícia. Qual sua análise nesse período? Bueno Filho – Eu já comandei por cinco anos São José do Rio Preto, um ano São José dos Campos e aqui. Uma das maiores realizações da minha vida foi ter trabalhado no Litoral, sou um homem realizado por isso, além de me sentir realizado por nesse período ter respeitado as pessoas, inclusive os ladrões que prendi. Na minha carreira, participei de diversos tiroteios, mas nunca dei um tapa no rosto de alguém, sequer levantei a mão para uma pessoa, isso é a coisa mais importante para mim.

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