Na churrascaria
“Eu só queria furar um pouquinho”, diz comerciante que matou turista
Da Redação
Uma fatalidade. É desta forma que a morte a facadas do estudante Mário dos Santos Sampaio, de 22 anos, no último dia de 2012, em Guarujá, é descrita por Diego Souza Passos, de 23 anos, filho do suspeito do crime, o empresário José Adão Pereira Passos, de 55 anos.
Mário questionou uma diferença de R$ 7,00 em uma refeição na Churrascaria e Pizzaria Casa Grande, na Enseada, de propriedade de José Adão, e foi morto com três golpes de faca.
Pai e filho acusados apresentaram-se, por volta das 21 horas de ontem, na Delegacia Sede da Cidade. Diego é gerente do local. O crime ocorreu pouco após as 19 horas de segunda-feira, véspera do Ano-Novo.
Acompanhados do advogado Valdemir Batista Santana, ambos prestaram depoimento ao delegado Luiz Ricardo Lara Dias Júnior. Nela versão de Diego, detalhada em coletiva à imprensa no final da noite de ontem, a confusão começou quando o grupo de turistas de Campinas, de oito a 12 pessoas – ele não informou com exatidão – reclamou do preço por pessoa, que teria de ser R$ 12,99, e não R$ 19,99, como era cobrado.
“O preço menor é cobrado até as 18 horas, e já passava desse horário. Essa turma começou a confusão por causa do preço”, falou o gerente.
O filho do dono do restaurante disse que Mário, o turista assassinado, teria falado para os amigos não se preocuparem. “Ele disse que o pai é juiz e que resolveria isso”.
O desentendimento continuou e José Adão tentou resolver o caso conversando com o grupo de turistas, mas, segundo Diego, o próprio Mário teria agredido o empresário, com socos e chutes, que caiu no chão.
Uma briga generalizada começou e, ainda na versão de Diego, ele sofreu um leve desmaio ao ser golpeado no pescoço, sem ter presenciado o crime. “Quando acordei, a coisa (as facadas) já tinha acontecido”.
Sua reação foi pegar o pai e sair do local do crime, o que também foi feito por outros três garçons envolvidos. O gerente estava com a mão machucada, segundo ele, por uma garrafada.
José Adão pediu desculpas e disse que não matou ninguém por R$ 7,00. Só quis defender o filho
Sem intenção
Chorando, José Adão se dirigiu aos jornalistas pedindo desculpas e dizendo que “não matei ninguém por R$ 7,00. Só quis defender o meu filho”.
Ele também descreveu o que houve como uma fatalidade, sem se omitir da responsabilidade pelo seu ato. No entanto, alega que desferiu apenas uma facada, embora o Boletim de Ocorrência descreva três golpes de faca nas costas.
José Adão explicou que a faca usada no crime, assim como outras, estava no balcão das carnes e era usada para cortar pernil, chester e tender. “Foi a única coisa que vi quando meu filho estava sendo golpeado, os caras estrangulando ele”.
Mas ele garante que a intenção não era matar. “Eu não queria matar ninguém, só queria furar um pouquinho para ele soltar o meu filho”.
Emocionado, José Adão declarou que queria pedir perdão a Deus e explicou que “não vou me fingir de vítima ou de coitado. Fui lá e peguei uma faca, mas sem intenção de matar”.
Ele ainda esclareceu que tudo aconteceu rapidamente. “Eu bati no ombro dele (a vítima fatal) uma vez, duas vezes e ele não soltou (o filho). Aí, bati a terceira, mas foi no lugar errado”.
Como ambos os acusados se apresentaram à polícia após 24 horas do crime, não houve prisão em flagrante e os dois foram liberados da delegacia. Mas a Polícia Civil deve pedir, ainda hoje, a prisão preventiva do empresário.
Imagens do sistema de câmeras do restaurante deverão ser analisadas para ajudar nas investigações.
Por Justiça
O corpo de Mário Sampaio foi enterrado por volta das 9 horas de ontem, no Cemitério da Saudade, em Campinas. A família pede punição pelo assassinato.
“Eu clamo por Justiça, porque, se fosse meu irmão (em relação a ela), ele iria atrás”, afirmou Valéria Sampaio, irmã do estudante. “Não vai diminuir a nossa dor. Mas esse cara pode continuar esfaqueando outras pessoas, acabando com a vida de outras famílias”.

