A filosofia da Polícia Civil é agir dentro da lei 22

07/09/2012 12:08

Professor de jiu-jítsu morto em ação da Polícia

Policiais do Garra alegam que houve troca de tiros. Testemunhas dizem que lutador estava rendido Thaís Nunes thais.nunes@diariosp.com.br

Bruno Polleti/ Diário SP Família mostra quimono e luvas usadas por Alex para lutar jiu-jítsu Família mostra quimono e luvas usadas por Alex para lutar jiu-jítsu

Corregedoria da Polícia Civil, DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) e Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) investigam se o professor de jiu-jítsu Alex Sandro Nascimento, 41 anos, foi executado durante uma operação na madrugada de quinta (06) no Cambuci, Centro.

Policiais do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) foram até um cortiço na Rua Muniz de Souza apurar uma denúncia sobre a venda de drogas no local.

O boletim de ocorrência diz que o delegado Mário Palumbo Júnior e os investigadores José Augusto de Morais Neto e José Marcelo Espósito tinham prendido uma mulher e um homem quando os tiros começaram. Os policiais dizem que Alex atirou contra Neto. O investigador reagiu e o suspeito foi baleado.

Não é isso que familiares e vizinhos do professor relatam. Na versão deles, Alex tinha acabado de chegar da academia onde dava aulas de manhã e à noite. Era meia-noite quando ele e uma amiga foram até a porta do cortiço buscar uma pizza. Quando voltavam para casa, foram abordados pelos policiais civis. A mulher, que está com medo e não quis falar com a reportagem, teria levado uma coronhada. O professor, afirmam as testemunhas, foi baleado três vezes nas costas quando estava no chão.
DESPREPARO/ Para Ana Cristina do Nascimento, irmã de Alex, o lutador é mais uma vítima do despreparo da polícia paulista. “Todos sabem que ele não era bandido. A maioria dos alunos dele, inclusive, era investigador”, conta.

As duas pessoas presas, que seriam testemunhas-chave do caso, fugiram. A polícia não diz como eles conseguiram driblar diversos policiais dentro de um cortiço estreito.

Com Alex, a polícia diz ter apreendido um revólver calibre 32. O local do crime, segundo o boletim de ocorrência, estava prejudicado para a perícia.

Artur José Dian, chefe do Garra, diz que a ocorrência foi legítima. Já o delegado-geral, Marcos Carneiro, pondera. “Nós acreditamos que o policial diz a verdade sempre, mas vamos investigar o caso com rigor. A filosofia da Polícia Civil é agir dentro da lei.”

Carneiro afirma que o exame no corpo do professor vai esclarecer se os tiros foram feitos de baixo para cima e à curta distância. O delegado Palumbo e os investigadores Neto e Espósito não foram localizados pelo DIÁRIO.
Alex lutava jiu-jítsu há mais de 20 anos. Levava uma vida dedicada ao esporte e se preparava para uma competição no próximo mês. Tinha acabado de ficar noivo e era pai de duas meninas, de 10 e 3 anos. O professor não tinha passagem pela polícia. “Foi um engano, um erro. E agora? O estado vai pagar a pensão das filhas que ele deixou?”, questiona Ana.

Entrevista Ivaldo do Nascimento Aposentado ‘Perdi meu campeão e estou com medo da polícia’, diz pai

DIÁRIO_ Se o Alex não era traficante, por que foi baleado pelos policiais? IVANILDO NASCIMENTO_ Não tenho dinheiro para morar em mansão, só nesse cafofo. A polícia acha que todos que vivem aqui são bandidos. Estão errados. O meu filho trabalhava com carteira assinada, era um atleta e nunca se envolveria com drogas. Eu perdi meu campeão.

Como foi o comportamento da polícia nesta operação? Atiraram para depois saber quem era. Ainda me perguntaram o que ele estava fazendo na rua, como se fosse errado buscar uma pizza na porta de casa. Recolheram as balas, chamaram minha filha de vaca e o Alex de bandido sem o conhecer. Estou com muito medo das retaliações.

JOÃO ALKIMIN: Me engana que eu gosto! 22

Estive em várias Delegacias de Polícia e inclusive na Corregedoria, vi pregado nas paredes vários cartazes louvando a emenda constitucional nº35, onde se pode ler que o Delegado de Polícia agora é soberano em suas decisões.

Balela!

Para que se seja independente são necessários alguns requisitos: salário digno, inamovibilidade, irredutibilidade de salários, promoções sem o beneplácito da Administração.

Do contrário, a tal emenda não é absolutamente nada.

O Delegado de Polícia plantonista é independente enquanto o titular permitir que assim seja, o titular do distrito não pode contrariar o Seccional, o Seccional por sua vez, deve satisfações ao Diretor, o Diretor ao Delegado Geral e esse por fim ao Secretário de Segurança Pública.
Então que diabos de independência funcional é essa?
Policiais são absolvidos na esfera criminal, não existe falta residual,mas o Secretário determina a instauração de PAD.
Onde está a liberdade?
Teria o Delegado Corregedor coragem para dizer ao Secretário “não concordo e não vou instaurar o procedimento” ?
Não acredito. Duvido.
Cada um procura defender sua cadeira e em nenhuma hipótese irritar ou desagradar o Chefe de plantão, haja visto a demissão do Delegado Conde Guerra sem um motivo jurídico relevante e a do Delegado Frederico.
Portanto, essa história de independência funcional não passa de mais uma brincadeira de mau gosto, não só da Administração como dos nossos próprios políticos.
Afinal, que Deputado deixará de pugnar pela indicação de um titular de distrito, um seccional ou um diretor?
E sendo aceita tal indicação do político, qual a liberdade da autoridade policial para negar-lhe um pedido?
Nenhuma.
Pois quem sabe fazer, sabe também desfazer.
Por outro lado, ouvi comentários de fontes fidedignas da Corregedoria que fora instaurado processo administrativo contra a Delegada Maria Inês Trefiglio Valente no famoso caso da escrivã torturada. Uma dúvida me assaltou: somente ela? E o Secretário que segundo palavras da própria Dra. Maria Inês na televisão sabia dos fatos. Continuará processando a tudo e a todos e passará incólume por mais essa?
E o Ministério Público que se acha o “Guardião da integridade e da moralidade pública” ?
Quais providências tomou para apurar se o Secretário sabia dos fatos?
E se ficar provado que sabia, quais providências tomará?
Espero que não seja como aquela em que um Promotor de Justiça bêbado no interior de um estado, atropelou uma família e matou, foi punido com sua promoção para a Comarca da Capital. Se esse Promotor tivesse se encontrado antes com o Delegado Frederico, talvez uma família estivesse viva.
Ou então o Delegado teria sido demitido antes…
João Alkimin

Versão estilo dono de botequim que não quer dizer a verdade: ” ouviram tiros, e um investigador e o delegado se afastaram para checar a situação” 33

SP: policiais envolvidos em ação que terminou com 1 morto são afastados
06 de setembro de 2012 18h17 atualizado às 18h31

Ricardo SantosDireto de São Paulo

 

O diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Jorge Carrasco, confirmou que o delegado e os dois investigadores acusados de executar um homem durante uma abordagem, na madrugada desta quinta-feira no Cambuci, no centro expandido de São Paulo,  foram afastados da Polícia Civil durante a investigação, que deve durar até 30 dias. Carrasco também endossou a versão dos policiais, segundo a qual o investigador responsável por dar os três disparos que atingiram Alex Sandro do Nascimento, 41 anos, reagiu a um tiro dado pelo motorista, que era abordado com mais duas pessoas. Em entrevista ao SPTV, a família acusou os policiais de execução.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, o caso ocorreu por volta da 1h. O diretor do departamento narrou que um delegado e dois investigadores do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra) foram ao local apurar uma denúncia de tráfico de drogas. Ao chegar à rua Muniz de Souza, encontraram dois homens e uma mulher, que foram abordados.

Neste momento, segundo Carrasco, os policiais ouviram tiros, e um investigador e o delegado se afastaram para checar a situação. Vendo-se com apenas um policial, o motorista teria tentado atirar no investigador, que respondeu, acertando três tiros em Nascimento, que chegou a ser levado ao Hospital Cruz Azul, mas morreu em decorrência dos ferimentos. O casal que estaria junto à vítima conseguiu fugir.

Com o motorista, foi encontrado um revólver calibre 32 com a numeração raspada e cinco projéteis, “quatro íntegros e um picotado”. A falha na munição é o motivo, segundo Carrasco, para o investigador não ter se ferido com o disparo. Em resposta à suposta investida do motorista, o policial revidou acertando três tiros do lado direito de Nascimento: um de raspão no mamilo direito; outro que se alojou entre o fêmur e a bacia; e um terceiro na parte posterior das costelas. “Eu acho que (o tiro foi) de frente. Mas isso no transcorrer da perícia nós vamos saber”, afirmou Carrasco.

No hospital, foram encontrados 52 pinos de cocaína no bolso da calça da vítima. Os policiais envolvidos prestaram depoimento e foi apreendida, além do revólver que pertenceria ao motorista, uma metralhadora Famae .40 do investigador que efetuou os disparos. A polícia ainda deve ouvir testemunhas, pedir imagens de câmeras de vigilância e aguardar o resultado das perícias do local do crime, das armas, das mãos da vítima (para saber se ela fez disparos de arma de fogo) e do corpo.

Nesta quinta-feira, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou ter falado com o secretário de Segurança Pública e garantiu que a corregedoria já estava em cima do caso. “A tolerância é zero. Nenhum tipo de abuso ou de desvio, seja quem for, Polícia Civil, Militar”, disse o governador, que foi a Brasília para a posse de Francisco Falcão na Corregedoria Nacional de Justiça. Ele disse ainda que a polícia avaliará se os policiais serão afastados. “Se for o caso, serão afastado e até presos.”