Crimes sem castigo…( Viva o meu querido CORINTHIÃO, campeão da Libertadores ) 22

Enviado em 19/07/2012 as 15:47  – Alter Ego do Flit

Crimes sem castigo

Atendendo as preces da cúpula da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, São Pedro, como de costume, não faltou aos seus fiéis, mandou o mês de junho mais chuvoso dos últimos setenta anos.

Não obstante a enorme colaboração dada, as forças de segurança do Estado não conseguiram impedir o banho de sangue que lavou São Paulo no mencionado mês, pelo contrário, em várias situações atuaram como protagonistas principais dessa trágica estatística. Violência policial administrando a violência social.

Foram mais de quatrocentos homicídios, além dos perpetrados pela PM em serviço, rotulados de “Resistência Seguida de Morte”, que melhor seria “Morte travestida de Resistência” e os praticados fora do serviço, no chamado “bico”.

São dados oficiais, excluindo-se os homicídios não contabilizados, ocultados em ocorrências policiais com outras naturezas. Matou-se tanto em São Paulo, durante o mês de junho, quanto na guerra da Síria no mesmo período, e olha que o mundo inteiro está voltado para aquele país, em razão da violência praticada pelo Estado contra sua população civil.

O roubo, principalmente o de veículos, em vertiginosa escalada ascendente, para alegria dos ladrões, donos de desmanches, policiais corruptos e da Federação Nacional das Empresas Seguradoras, que calcula o valor das apólices com base na sinistralidade.

Tristeza mesmo, só do cidadão, cumpridor dos seus deveres, que vem arcando com despesas decorrentes da renovação do seguro de seu carro, com porcentagens de reajuste muito acima da inflação acumulada no mesmo período. Agora, tendo que se preocupar também em fazer um seguro de vida, porque sai de casa e não sabe se volta.

Vou mais além, julho promete ser ainda pior. Tudo indica que vamos ter o inverno mais violento da última década, contrariando todas as previsões sazonais e dos consultores e especialistas em segurança de que no inverno a criminalidade violenta diminui.

Dois irmãos caminhavam em Guarulhos, quando do nada, um deles levou um tiro no meio do peito. Não é pessoa pública, de notório poder econômico, mas sim, humilde migrante nordestino, hipossuficiente morador da periferia. Será que o MP vai utilizar a mídia para dizer que serão designados dois promotores para acompanhar o caso? Um empresário, em São Vicente, contrata um PM para sua segurança pessoal e da família e o mesmo participa do seqüestro de quem tinha a obrigação de proteger. O empresário está desaparecido, o caso apresenta similitude com um dos mais repugnantes da crônica policial paulista, o seqüestro e morte do menino Ives Ota. Vamos pedir a Deus que o caso em questão não termine da mesma forma. Ainda hoje, mais um assassinato em Santos e outro na zona oeste que vitimou um jovem publicitário. Até quando? Será que tem que acontecer com o filho do Governador, de um deputado, de um juiz ou promotor para que tomem uma providência. E o Conselho Nacional do Ministério Público? E as entidades internacionais de direitos humanos? E a Defensoria Pública? E as entidades da sociedade civil organizada? Cadê o NEV, o Sou da Paz?

E cadê o MP Paulista ?

Está em Brasília, preocupado com o que rotularam de PEC da impunidade, mesmo com tanto serviço por aqui. Já que estão sedentos por investigar, poderiam começar pelos casos acima, assim como pelas dezenas de homicídios perpetrados por forças de segurança do Estado, ou então, pela conduta pouco elogiosa, do paladino da moralidade pública, prata da casa, Demóstenes Torres.

Impunidade é o inacreditável retorno dele como Procurador de Justiça ao Estado que foi o epicentro de um dos maiores escândalos de corrupção do país, tendo como protagonistas principais, dois dos mais reluzentes quadros tucanos, o seu governador e o então senador e atual procurador de justiça Demóstenes Torres.

Como corrente dissidente do tucanato, reúnem todos os predicados para fundar a nova legenda PCCSDB (Primeiro Comando da Capital Socialista Democrático Brasileiro).

Viva a República das Bananas; Viva São Paulo; Viva a Inoperante Milícia Bandeirante; Viva aos administradores, colaboradores e leitores do Flit Paralisante e Viva o meu querido CORINTHIÃO, campeão da Libertadores. Fui!

Mas volto, isso se não der o azar de cruzar com uma viatura equipada com o “Kit Culpa”(cabrito, pendorf ou papelote de cocaína, baganha de maconha, pedra de crack) e a guarnição resolver me transformar em mais uma “Resistência seguida de Morte”.

Tchau!

Um Comentário

  1. Que bla,bla,bla.

    Prender bandido que é bom nada…

    Todavia valeu pela quebra de tensão, e comentarios maliciosos!
    Isso prova oque muitos policias estão se tornando…
    COMEDIANTES

    kkk.

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  2. Enquanto os Estados de Minas Gerais, R. G. do Sul, Goiais, Piaui, Ceará, Paraná e Mato Grosso do Sul concedem mais de 100% de aumento aos seus Policais Civis, fazendo com que o salário inicial ultrapasse os R$4.200,00, aqui em São Paulo o reajuste é de meros 11% no base e nada mais, sendo o salário inicial de um policial em São Paulo aproximadamente R$2100,00.

    Se o salário dos Policiais de São Paulo já era o PIOR DO BRASIL imagine agora.

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  3. Prender bandido! Deve ser um daqueles PMs infiltrados nas redes! Pois não vejo como um PC em São Paulo tera ânimo de trabalhar novamente, por mim só trabalho quando for por alguém próximo e sei que não sou o único!

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  4. E o que é que o Corinthians tem a ver com isso? Para de ser chato e envolver futebol no assunto … Se o pinto é corintiano, o picolé de chuchu é santista e o antecessor dele era palmeirense … vamos para de bobagem … Tem canalha em todas as torcidas.

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  5. PCCSDB (Primeiro Comando da Capital Socialista Democrático Brasileiro), essa foi boa sempre achei isso, mais o povo do Estado de São Paulo está de parabéns, por continuar a votar nesses canalhas, e o pior que não aprendem, pois o Vampiro esta em primeiro lugar nas pesquisas para prefeito, ou seja o povo tem mais é que se fod…. mesmo.

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  6. Antes a pm tinha medo apenas da Polícia Civil. Pm é bicho sem vergonha, não pode dar uma brecha que se aproveita. Mas tinham medo dos Delegados… Hoje, graças ao pinto chegam no D.P. mandando e exigindo que se faça o que eles querem, e os majuras tão abraçando as idéias. Não discutem nada e ainda arredondam nas oitivas dos ladrões. Não que ladrão não tenha que se fuder. Como dizia o Maluf, ladrão bom é ladrão morto e eu não tenho nem que fazer o B.O. pois quem abraça resistência é o D.H.P.P. Mas não dá pra qualificar qualquer um como ladrão. Amanhã pode ser o seu filho ou o meu. E aí o majura que receber a ocorrência vai fazer como os pms mandarem. E aí nós estamos mais fudidos ainda.

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  7. SE CONSELHO FOSSE BOM … EU ACEITAVA :
    E o que é que o Corinthians tem a ver com isso? Para de ser chato e envolver futebol no assunto … Se o pinto é corintiano, o picolé de chuchu é santista e o antecessor dele era palmeirense … vamos para de bobagem … Tem canalha em todas as torcidas.

    E o saudoso Covas também torcia para o alvinegro praiano.

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  8. ECA= aberração; Código Penal e de Processo Penal= peças arcaicas e protetivas de mal feitores; Classe política com ênfase à Câmara dos Deputados e Senado= não deixam passar a maioridade penal reduzida pelo menos para 18 anos e outras medidas de austeridade aos delinquentes e presos que continuam a gozar de todas as mordomias e ajuda de custo (sem trabalharem). Isso responde sua pergunta? Pergunte o porquê da esquerda federal e seus coligados protegem tanto os autores de crime neste país. Não tiveram chance né? kkk…..

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  9. O Timão foi referenciado porque o autor é corinthiano roxo e procurou achar no texto uma brecha para exaltar a grande conquista. Só isso.

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  10. Só para lembrar:
    A equipe de jornalismo da Band, antecipando a todas as demais empresas jornalísticas, sensível ao problema, fez com extremo profissionalismo, uma extensa reportagem sobre o assunto, veiculada durante uma semana inteira. As autoridades governamentais paulistas mantiveram-se silentes sobre as graves denúncias de execuções policiais. Ao final da reportagem, uma modesta nota mencionava que o MP apuraria os fatos, o que, a vista dos últimos acontecimentos, parece que ainda não aconteceu. O que se comenta a respeito é que acintosamente instauraram um inquérito contra a equipe jornalistica, para apurar não sei o que, vez que os fatos estão aí, demonstrando que estavam cobertos de razão prenunciando o que hoje poderia ter sido evitado.

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  11. TRISTE FIM PARA O DHPP O CARRASCO ESTA PARA O PINTO ASSIM COMO O OSCAR GODOY ESTA PARA O LUCIANO DO VALE . “CARIMBA PINTO CARIMBA!!! QUE A CHACINA, O MORTICINIO, O GENOCIDIO É LEGAL”,

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  12. Os PM’s, em razão da falsa percepção da injusta agressão, incorreram na chamada Legítima Defesa Filho da Putativa, e acabaram assassinando um jovem publicitário.

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  13. O tal kit culpa, não fosse tanta desgraceira seria engraçado. Ainda ontem conversei com um indivíduo que tem alguns contatos com membros do “partido” na capital. Foi bem enfático, me mandou cair fora da polícia e procurar coisa melhor, pois nada virá. Qualquer outra secretaria tem possibilidades de melhorias funcionais, mas na segurança ele ainda não sabe o que há.

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  14. Uma coisa que interessa a todos. aquela diaria de 240 reais. Quem recebe e quem não recebe. De quem é a culpa que não recebe. Alguem sabe dizer por que uns recebem e outros não?

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  15. ataulfo :
    Uma coisa que interessa a todos. aquela diaria de 240 reais. Quem recebe e quem não recebe. De quem é a culpa que não recebe. Alguem sabe dizer por que uns recebem e outros não?

    240 só se fizer 12 plantões de 12 horas ou mais. 20 reais por plantão. senão num recebe.

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  16. COLEGAS, ISSO É MUITO IMPORTANTE, VAMOS FAZER UMA ENORME CORRENTE ANTI-PSDB, CONVENCENDO AMIGOS E FAMILIARES A NÃO VOTAR NO PSDB, E JÁ ESTÁ DANDO CERTO, OLHEM SÓ A MARAVILHA ABAIXO (VAMOS AGRADECER NAS URNAS TUDO O QUE ESSE PARTIDO MALDITO TEM FEITO CONTRA NÓS, SALÁRIO DE FOME, BORRACHADA NO PALÁCIO DOS BANDEIRANTES)
    Pequisa Datafolha mostra Russomanno próximo de Serra nas intenções de voto
    Os dois candidatos aparecem tecnicamente empatados na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Fernando Haddad (PT) e Soninha Francine (PDT) vêm logo atrás com 7%
    http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2012-07-21/pequisa-datafolha-mostra-russomanno-proximo-de-serra-nas-intencoes-de-voto.html
    ENQUANTO EM GOIANIA O GOVERNO OFERECE 4,500 INICIAIS, ASSIM COMO MINAS E NO SUL QUE É GOVERNO PSDB, EM SP ESSES MALDITOS NÃO NOS DÃO NADA…….

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  17. Caro Comandante

    A polícia é instituição voltada ao equilíbrio social custeada pela população que deve ter em relação a ela respeito e não temor reverencial.

    Muito me surpreende afirmar que esse nefasto acontecimento foi técnicamente correto. Por via indireta, pode estimular que outros semelhantes continuem acontecendo. Não acredito que a infeliz conclusão decorra de quem efetivamente tem experiência capitaneando guarnições de força tática, tático móvel ou de rota, ou seja, que fez carreira na atividade fim, o que não parece ser o seu caso, executivo de polícia.

    Aproveita e passa uma borracha em cima dessa macabra atividade de relações públicas de mandar mensageiro do diabo pedir desculpas por ter a polícia assassinado de forma inexplicável e injustificável um membro da família.

    Como qualquer um de nós passou a ser potencialmente sujeito a isso, se ocorrer comigo esse infortúnio, se aparecer na minha porta dou um tiro no meio do peito.

    Vai aí um grande alerta, “Esse jovem da foto poderia ser filho de qualquer um de nós” Não fazemos a mínima idéia da intensidade da dor vivenciada, nesse momento, pela família e amigos próximos” Palavras não confortam, só a Dele, Que Deus ilumine e conforte essa família. São os sentimentos de todos aquí de casa.

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  18. 4 Central, sexta feira, Ex Policial Civil. E preso por estelionato, condenado pelo chefe daquela central ao cárcere comum, e enviado ao 72DP onde colocado juntamente com os demais presos, foi sumariamente Suicidado, crime de 171, para quem tirou 20 anos no Deic, puxou cadeia e quase derruba a policia toda, Zé do Ouro fez sua vingança, Suicídio???
    Agnus Dei.

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  19. LA NÃO É COMO CÁ, BANDO DE MIJÕES……..É ASSIM QUE SE RESOLVE, VÊ SE APRENDE COMO LIDAR COM GOVERNO DESCOMPROMISSADO COM A DIGNIDADE DO POLICIAL CIVIL!!!!!

    Policiais entram em greve e cobram reajuste de 65% em Pernambuco
    Segundo o governador Eduardo Campos, não há possibilidade de reajuste diante da crise que tem atingido Estados e municípios

    Agência Estado | 23/07/2012 18:14:03

    Texto:

    Policiais civis de Pernambuco iniciaram, nesta segunda-feira (23), uma paralisação por tempo indeterminado. O sindicato da categoria (Sinpol-PE) reivindica 65% de reajuste salarial e melhores condições de trabalho e equipamentos de segurança. Pernambuco tem cerca de seis mil policiais. O salário inicial da categoria é de R$ 2,6 mil.

    Outros Estados:
    Dezembro: Greve da Polícia Militar do Maranhão chega ao fim
    Janeiro: Com greve de policiais, Fortaleza entra em pânico e lojas fecham
    Janeiro: Polícia Militar e bombeiros paralisam atividades no Pará
    Fevereiro: Assembleia decreta o fim da greve da Polícia Militar na Bahia
    Fevereiro: Polícias Civil, Militar e bombeiros entram em greve no Rio

    A procuradoria Geral do Estado entrou à tarde com ação cível na justiça pedindo a ilegalidade da greve, por atingir um setor considerado essencial, e o secretário estadual de Defesa Social, Wilson Damázio, informou que quem faltar ao trabalho poderá ter o ponto cortado.

    O governador Eduardo Campos (PSB) antecipou não haver possibilidade de reajuste diante da crise na economia que tem atingido também Estados e municípios, com queda nas receitas. Segundo Campos, o governo vem cumprindo um acordo realizado com a categoria no ano passado – visando um aumento real de 47% até 2014 – sem chance de revisão. Em junho foi concedido 8,4% de reajuste, dentro do acordo.

    “O que tivemos em junho foi reposição de perdas inflacionárias”, afirmou o presidente do Sinpol-PE, Claudio Marinho, ao destacar que Pernambuco paga o vigésimo pior salário do País. Segundo ele, o programa de segurança do governo, Pacto pela Vida, tem conseguido reduzir a violência no Estado à custa dos baixos salários dos policiais. “Em Pernambuco, um policial alcança o salário de R$ 4,5 mil depois de 30 anos de serviço; em Sergipe, o salário inicial da categoria é de R$ 4,1 mil”, destacou. “Só quem está lucrando é o governo, que mostra os louros de uma política de segurança pública que não beneficia os policiais”.

    Na sua avaliação, 70% da classe aderiu à paralisação e 30% está trabalhando para manter em funcionamento os serviços de flagrante e perícia em locais de crime, conforme prevê a legislação. Para o secretário-geral da polícia civil, Osvaldo Moraes, apenas 30% da classe está em greve. A população já se ressente da paralisação, com dificuldade para prestar queixas. A polícia tem tentado estimular a realização de boletim de ocorrência pela internet.

    Moraes considerou o movimento “inoportuno”, diante do esforço para atender à categoria: aumento do efetivo em 640 policiais civis, aumento da gratificação da hora de folga de 180% a 350% (dependendo da categoria) e a troca de coletes velhos por novos (uma das reivindicações dos grevistas) que, segundo ele, teve início semana passada.

    De acordo com o Sinpol, até a quinta-feira (26), quando será realizada nova assembleia para avaliar o movimento, os grevistas não farão mobilizações ou protestos nas ruas.

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  20. Querido Amigo,boa noite.
    Sou Ten PM da PMESP, Reformado por invalidez em serviço e ultimamente estou muito preocupado com a situação da segurança pública em SP. Os últimos acidentes envolvendo PM, que fizeram vítimas civis, agora sim, sabidamente inocentes ( durante a abordagem o mosaico era outro. Adrenalina a milhão, giroflex, a penumbra da noite, a atuação de grupos criminosos vitimando colegas indefesos, tudo isso somente quem já esteve em ação nessas condições pode saber o que é. Nem Governador, nem Secretário da Segurança pode e deve avaliar tal momento. Claro que houve um erro e os “culpados” serão punidos, alias já foram punidos, pois tenho certeza que esses chefes de família estão passando por momentos que não desejo para nenhum ser humano. Estão eles no limite da linha que separa o “Herói”, o “Covarde” e o Bandido”. Herói se tivessem preso ou matado um perigoso bandido. Covarde se comportassem como centenas de PM que existem e quando surge a ocorrência procuram não chegar a tempo no local dos fatos, disso está cheio, e hoje eu já não os condeno tanto como já os condenei quando na ativa. O bandido é aquele PM vítima de um erro, sim vítima, pois se percebe que estavam tentando acertar e erraram. Mas para a sociedade isso não importa, são Bandidos. Poderia ficar a noite toda escrevendo sobre esse tema, uma vez que me tornei um herói quando fui vítima de acidente em serviço e fui reformado por invalidez, porém se tivesse cometido qualquer erro talvez hoje eu fosse conhecido como um bandido. Seria interessante que a imprensa desse divulgação a uma matéria antiga, publicada em “Seleções” em março de 1975 na página 84 de seleções, com o tema “De Professor a Policial. Minha solidariedade aos PM envolvidos e suas famílias, contem com minhas orações.
    De Professor A Policial

    Um professor de criminologia sai da sua “torre de marfim” para fazer uma ronda e apreender coisas que só a rua pode ensinar.

    George L. Kirkham é professor assistente da Escola de criminologia da Universidade da Flórida e autor do livro Signal Zero a ser publicado brevemente.
    Este artigo originalmente publicado no boletim do FBI e condensado agora por seleções é de muita importância para que aqueles que procuram explicações para a ação policial no cotidiano das grandes cidades possam compreender por que o policial anda armado e possam ver “os milhares de policiais, homens e mulheres, lutando e resolvendo problemas difíceis para preservar nossa sociedade e aquilo que nos é mais caro”.
    Ao determinar a reprodução deste artigo, recomenda a todos os comandos que o explore na instrução da tropa, bem como estimule debates com autoridades locais, especialmente aqueles que, como o professor, disponham do tempo que queiram para tomar decisões difíceis. Talvez, então, possam compreender o policial que é “forçado a fazer escolhas críticas em questão de segundos (prender ou não prender, perseguir ou não perseguir), sempre com a incômoda certeza de que outros, aqueles que tinham tempo para analisar e pensar, estariam prontos para julgar e condenar aquilo que fizera ou aquilo que não tinha feito”.
    São Paulo, 15 de março de 1975.
    Como professor de criminologia, tive problemas durante algum tempo, devido ao fato de que, como a maioria daqueles que escrevem livros sobre assuntos policiais, eu nunca fui policial. Contudo, alguns elementos da Comunidade Acadêmica Norte-Americana, tal como eu, foram muitas vezes demasiado precipitados ao apontar erros da nossa política. Dos incidentes que lemos nos jornais, formamos imagens estereotipadas, como as do policial violento, racista, venal ou incorreto. O que não vemos são os milhares de dedicados agentes da polícia, homens e mulheres, lutando e resolvemos problemas difíceis para preservar a nossa sociedade e aquilo que nos é mais caro.
    Muitos dos meus alunos tinham sido policiais, e eles várias vezes apunham às minhas críticas o argumento de que uma pessoa só poderia compreender o que um agente da polícia tem de suportar quando também experimentasse ser policial. Por fim, me decidi a aceitar o repto. Entraria para a polícia e assim iria testar a exatidão daquilo que vinha ensinando. Um dos meus alunos (um jovem agente que gozava licença para frequentar o curso, pertencente à Delegacia de polícia de Jacksonville, Flórida) me incitou a entrar em contato com o xerife Dalle Carson e o vice-xerife D K. Brown e explicar-lhes minha pretensão.
    Lutando por um distintivo. Jacksonville me parecia ser o lugar ideal. Era um porto de mar e um centro industrial em crescimento acelerado. Ali ocorriam também manifestações dos maiores problemas sociais que afligem nossos tempos: crime, delinquência, conflitos raciais, miséria e doenças mentais. Tinha igualdade a habitual favela e o bairro reservado aos negros. Sua força policial, composta por 800 elementos, era tida como uma das mais evoluídas dos Estados Unidas.
    esclareci ao xerife Carson e ao vice-xerife Brown de que pretendia um lugar não como observador, mas como patrulheiro uniformizado, trabalhando em expediente integral durante um período de quatro a seis meses. Eles concordam, mas puseram também a condição de que eu deveria primeiro preencher os mesmos requisitos exigidos a qual outro candidato a policial: uma investigação completa ao caráter, exame físico e os mesmos programas de treinamento. Havia outra condição com a qual concordei prontamente: em nome da moral, todos os outros agentes deviam saber quem eu era e o que estava fazendo ali. Fora disso, em nada eu me distinguiria de qualquer agente, desde o meu revólver Smith e Wesson calibre 38 até o distintivo e o uniforme.
    O maior obstáculo foram as 280 horas de treinamento estabelecidas por lei. Durante quatro meses (quatro horas por noite e cinco noites por semana), depois das tarefas de ensino teórico, eu aprendi a como utilizar uma arma, como aproximar-me de um edifício na escuridão, como interrogar suspeitos, investigar acidentes de trânsito e recolher impressões digitais. Por vezes, à noite, quando regressava a casa depois de horas de treinamento de luta de defesa pessoal, com os músculos cansados, pensava que estava precisando era de um exame de sanidade mental por ter me metido naquilo. Finalmente, veio a graduação e, com ela, o que viria a ser a mais compensadora experiência da minha vida. Patrulhando a rua. Ao escrever este artigo, já completei mais de 100 rondas como agente iniciando, e tantas coisas aconteceram no espaço de seis meses que jamais voltarei a ser a mesma pessoa. Nunca mais esquecerei também o primeiro dia que montei guarda defronte à porta da delegacia de Jacksonville. Sentia-me ao mesmo tempo estúpido e orgulho no meu novo uniforme azul e com cartucheira de couro.
    A primeira experiência daquilo que eu chamo de minhas “lições de rua” aconteceu logo de imediato. Com meu colega de patrulha, fui deslocado para um bar, onde havia distúrbio, no centro da zona comercial da cidade. Lá chegando, encontramos um bêbado robusto e turbulento que, aos gritos, se recusava a sair. Tendo adquirido certa experiência em admoestação correcional, apressei-me a tomar conta do caso. “Desculpe amigo”, disse eu sorridente, “não quer dar uma chegadinha aqui fora para bater um papo comigo?” O homem me encarou esgazeado e incrédulo, com os olhos raiados de sangue. Cambaleou para mim e me deu um empurrão no ombro. Antes que eu tivesse tempo de me recuperar, chocou-se de novo comigo – e dessa vez fazendo saltar da dragona a corrente que prendia meu apito. Após breve escaramuça, conseguimos levá-lo para a radiopatrulha.
    Como professor universitário, eu estava habituado a ser tratado com respeito e deferência e, de certo modo, presumia que isso iria continuar assim em minhas novas funções. Agora, porém, estava aprendendo que meu distintivo e uniforme, longe de me protegerem do desrespeito, muitas vezes atuavam como um “imã” atraindo indivíduos que odiavam o que eu representava. Confuso, olhei para meu colega que apenas sorriu.
    Teoria e prática nos dias e semanas seguintes, eu iria aprender mais coisas. Como professor, sempre procurava transmitir aos meus alunos a ideia de que era errado exagerar o exército da autoridade, tomar decisões por outras pessoas ou nos basearmos em ordens e mandatos para executar qualquer tarefa. Como agente da polícia, porém, fui muitas vezes forçado a fazer exatamente isso. Encontrei indivíduos que confundiam gentileza com fraqueza – o que se tornava um convite à violência. Também encontrei homens, mulheres e crianças que, com medo ou em situações de desespero, procuravam auxílio e conselhos no homem uniformizado.
    Cheguei à conclusão de que um abismo entre a forma como eu, sentado calmamente no meu gabinete com ar condicionado, conversava com o ladrão ou assaltante a mão armada, e a maneira como os patrulheiros encontraram esses homens – quando eles estão violentos, histéricos ou desesperados.
    Esses agressores, que anteriormente me pareciam tão inocentes, inofensivos e arrependidos depois do crime cometido, agora, como agente da polícia, eu os encarava pela primeira vez como uma ameaça a minha segurança pessoal e à da nossa própria sociedade.
    Aprendendo com o medo. Tal como o crime, o medo deixou de ser um conceito abstrato para mim, e se tornou algo bem real, que por várias vezes senti: era a estranha impressão em meu estômago, experimentava ao me aproximar de uma sensação de boca seca quando, com as lâmpadas azuis acesas e a sirene do carro ligada, corríamos para atender a uma perigosa chamada onde poderia haver tiros.
    Recordo especialmente uma dramática lição no capítulo do medo. Num sábado à noite, patrulhava com meu colega em uma zona de bares mal frequentados e casas de bilhares, quando vimos um jovem estacionar o carro em fila dupla. Dirigimo-nos para o local, e eu lhe pedi que arrumasse devidamente o automóvel, ou então que fosse embora – ao que ele respondeu inopinadamente com insultos. Ao sairmos do carro de radiopatrulha e nos aproximarmos do homem, a multidão exaltada começou a nos rodear. Ele continuava a nos insultar e se recusando a retirar o carro. Então, tivemos que prendê-lo. Quando o trouxemos para a viatura da polícia, a turma no cercou completamente. Na confusão que se seguiu, uma mulher histérica me abriu o coldre e tentou sacar meu revólver.
    De súbito, eu estava lutando para salvar a minha vida. Recordo a sensação de verdadeiro terror que senti ao premir o botão do armeiro onde se encontravam nossas armas. Até então, eu sempre tinha defendido a opinião de que não devia ser permitido, aos policiais o uso de armas, pelo aspecto “agressivo” que denotavam, mas as circunstâncias daquele momento fizeram mudar meu ponto de vista, porque agora era minha vida que estava em perigo. Senti certo amargor quando, logo na noite seguinte, voltei a ver já em liberdade o indivíduo que tinha provocado aquele quase motim – e mais amargurado fiquei quando ele foi julgado e, confessando-se culpado, condenaram-no a uma pena leve por “violação da ordem”.
    Vítimas silenciosas.
    Dentre todas as trágicas vítimas do crime que vi durante seis meses, uma se destaca. No centro da cidade, num edifício de apartamentos, vivia um homem idoso que tinha um cão. Era motorista de ônibus, aposentado. Encontrava-os quase sempre na mesma esquina, quando me dirigia para o serviço, e por vezes me acompanhavam durante alguns quarteirões.
    Certa noite fomos chamados por causa de um tiroteio numa rua perto do edifício. Quando chegamos, o velho estava estendido de costas no meio de uma grande poça de sangue. Fora atingindo no peito por uma bala e, em agonia, me sussurrou que três adolescentes o tinham interceptado e lhe pediram dinheiro. Quando viram que tinham tão pouco, dispararam e o abandonaram na rua. Em breve, comecei a sentir os efeitos daquela tensão diária a que estava sujeito. Fiquei doente e cansado de ser ofendido e atacado por criminosos que depois seriam quase sempre julgados por juízes benevolentes e por jurados dispostos a concederem aos delinquentes uma “nova oportunidade”. Como professor de criminologia, eu dispunha do tempo que queria para tomar decisões difíceis. Como policial, no entanto, era forçado a fazer escolhas críticas em questão de segundos (prender ou não prender, perseguir ou não perseguir), sempre com a incômoda certeza de que outros, aqueles que tinham tempo para analisar e pensar, estariam prontos para julgar e condenar aquilo que eu fizera ou aquilo que não tinha feito.
    Como policial, muitas vezes fui forçado a resolver problemas humanos incomparavelmente mais difíceis do que aqueles que enfrentara para solucionar assuntos correcionais ou de sanidade mental: rixas familiares, neuroses, reações coletivas perigosas de grandes multidões, criminosos. Até então, estivera afastado de toda espécie de miséria humana que faz parte do dia-a-dia da vida de um policial.
    Bondade em uniforme. Frequentemente, fiquei espantado com os sentimentos de humanidade e compaixão que pareciam caracterizar muitos dos meus colegas agentes da polícia. Conceitos que eu considerava estereotipados eram, muitas vezes, desmentidos por atos de bondade: um jovem policial fazendo respiração boca a boca num imundo mendigo, um veterano grisalho levando sacos de doces para as crianças dos guetos, um agente oferecendo a uma família abandonada dinheiro que provavelmente não voltaria a reaver.
    Em consequência de tudo isso, cheguei à humilhante conclusão de que tinha uma capacidade bastante limitada para suportar toda a tensão a que estava sujeito. Recordo em particular, certa noite em que o longo e difícil turno terminaria com uma perseguição a um carro roubado. Quando largamos o serviço, eu me sentia cansado e nervoso. Com meu colega, estava me dirigindo para um restaurante a fim de comer qualquer coisa, quando ouvimos o som de vidros se quebrando, proveniente de uma igreja próxima, vimos dois adolescentes cabeludos fugindo do local. Conseguimos interceptá-los e pedi a um deles que se identificasse. Ele me olhou com desprezo, xingou e me virou as costas com intenção de se afastar. Não me lembro do que senti. Só sei que eu agarrei pela camisa, colei seu nariz bem no meu e rosnei: “Estou falando com você, seu cretino!”
    Então, meu colega me tocou no ombro, e ouvi sua reconfortante voz me chamando à razão: “Calma companheiro!” larguei o adolescente e fiquei em silêncio durante alguns segundos. Depois, me recordei de uma das minhas lições, na qual dissera aos alunos: “O sujeito que não é capaz de manter completo domínio sobre suas emoções em todas as circunstancias não serve para policial”.
    Desafio Complicado.
    Muitas vezes perguntara a mim próprio: “Por que um homem quer ser policial?” Ninguém está interessado em dar conselhos a uma família com problemas às três da madrugada de um Domingo, ou entrar às escuras num edifício que foi assaltado, ou em presenciar dia após dia a pobreza, os desequilíbrios mentais, as tragédias humanas.
    O que faz um policial suportar o desrespeito, as restrições legais, as longas horas de serviço com baixo salário, o risco de ser assassinado ou ferido?
    A única resposta que posso dar é baseada apenas na minha curta experiência como policial. Todas as coisas eu voltava para casa com um sentimento de satisfação e ter contribuído com algo para a sociedade – coisa que nenhuma outra tarefa me tinha dado até então. Todo agente da polícia deve compreender que sua aptidão para fazer cumprir a lei, com a autoridade que ele representa, é a única “ponte” entre a civilização e o submundo dos fora da lei. De certo modo, essa convicção faz com que todo o resto (o desrespeito, o perigo, os aborrecimentos) mereça que se façam quaisquer sacrifícios. Este artigo foi publicado em março de 1975 na página 84 de seleções e reproduzido pela PM/5 da Polícia Militar de São Paulo para instrução da tropa.

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