Maior consumo de Ritalina preocupa psicólogos e educadores
A gestora do CRP na Baixada Santista, Mirnamar Pagliuso, destaca que o Sistema Integrado de Saúde e Administração de Materiais (Sisam) da Prefeitura comprou, em 2008, 35.100 caixas de medicamentos à base de metilfenidato (princípio ativo da Ritalina, cuja caixa com 20 comprimidos custa em média R$ 20,00).
“Em 2010, o Sisam acusou o consumo de 88.900 caixas desses medicamentos na rede pública. Comparado a 2008, houve um aumento muito grande na compra desses remédios”, atesta Mirnamar.
Diante disso, a Subsede do CRP-SP criou, em setembro de 2011, o Núcleo Baixada Santista do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, que promove reuniões mensais.
“Cada vez mais, os problemas sociais, afetivos e até culturais são medicalizados, ou seja, transformados em deficiências tratadas com medicamentos. Por isso, estamos lançando uma campanha nacional para aprofundar o debate sobre o tema”, afirma Mirnamar.
O crescimento do índice de crianças e adolescentes que usam Ritalina e outros medicamentos para melhorar o rendimento escolar também é atestado na rede particular.
“Desde o ano passado, diminuiu um pouco o número de alunos que usam Ritalina. Mas, principalmente entre 2009 e 2010, percebemos uma banalização na prescrição deste remédio para crianças com algum déficit de aprendizagem”, afirma a diretora pedagógica do Colégio do Carmo, Renata Maria Smolka e Gaia.
Ainda segundo a pedagoga, todo ser humano tem dificuldades e potencialidades para determinadas tarefas e áreas do conhecimento.
“É claro que há crianças que têm TDAH ou outro transtorno que precisa ser, de fato, tratado à base de medicamentos. Mas, a meu ver, a prescrição desses remédios deve ser o último estágio de um processo que também deve envolver a família e a escola”, finaliza Renata.
A próxima reunião do Núcleo Baixada Santista do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade será realizada dia 26, às 19h30, na Subsede local do CRP-SP. Os encontros são abertos para pais e também para educadores. A Subsede do CRP-SP fica na Rua Cesário Bastos, 26, no bairro Vila Belmiro, em Santos. Mais informações pelo telefone 3235-2324.
SMS: Só 25% recebem prescrição
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informa que, confirmado o diagnóstico, cerca de 25% dos pacientes que passam pelo psiquiatra recebem prescrição para uso do medicamento.
Antes disso, as crianças e jovens com suspeita de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) são encaminhados, respectivamente, para um dos três Centros de Valorização da Criança (SVC) ou ao Centro de Referência Psicossocial do Adolescente (Secerpa), onde são acolhidos e acompanhados pelas equipes multiprofissionais, formadas por psicólogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais e acompanhantes terapêuticos.
Nesses locais, são realizados atendimentos individuais e em grupo, inclusive com a participação de familiares. Só depois ocorre o atendimento do médico.
Em relação aos números citados – 35.100 itens (2008) e 88.900 (2010) – a SMS atesta que se referem aos medicamentos entregues pelo almoxarifado às unidades responsáveis pela distribuição na rede municipal: Núcleos de Apoio Psicossocial (Naps), Seção Núcleo de Atenção ao Tóxicodependente (Senat) e Ambulatórios de Especialidades (Ambesp).

