Os promotores do Grupo de Ação e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) vão investigar a denúncia do envolvimento de funcionários da Prefeitura de Campinas em irregularidades no camelódromo. A acusação foi feita nesta quarta-feira (13) por um ex-camelô que acusou funcionários da Setec (Serviços Gerais de Campinas), que deveriam fiscalizar os camelôs, de serem também donos de barracas e alugarem o local para terceiros.
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O ex-camelô, que preferiu não se identificar, disse ter sofrido pressão durante os três anos que trabalhou no camelódromo para pagar propina e garantir a abertura da barraca. Mas, não aguentou a ação da presidente do sindicato, Maria José Salles, e deixou a atividade.
As denúncias vieram à tona depois que o Ministério Público (MP) questionou a prefeitura e a polícia por não fiscalizarem a venda de produtos piratas no camelódromo. Nesta quarta-feira (13), mais de duzentos camelôs fizeram uma passeata pelas principais ruas da cidade em protesto, depois que fiscais da Setec retiraram sete barracas da área do Terminal Central na terça-feira (12).
Nova denúncia
Segundo o denunciante, a presidente do sindicato trabalhava junto com o funcionário da Setec Valdir Deling, que tem a responsabilidade de vistoriar o local. “A Setec toda a vida quis legalizar o pessoal, só que ela infelizmente ela faz esse meio com o senhor Valdir, na época que ele foi diretor da Setec. São carne e unha, se você colocar ele e a Zezé numa balança vai dar zero, porque os dois pesam igual nas falcatruas”, disse.
Outra denúncia, envolvendo novamente a prefeitura, de acordo com o denunciante, seria que fiscais da Setec – que deveriam zelar pelo uso correto do espaço público-, tem barracas dentro do camelódromo. “Tem funcionários da própria Setec que tem bancas ali. Tem fiscal da Setec que tem banca lá. Trabalha como fiscal na prefeitura, só que a banca dele está alugada e dinheiro rola né”, afirma o ex-camelô.
Esse é o segundo depoimento sobre irregularidades no camelódromo. Outra pessoa, que também preferiu não se identificar, informou sobre o pagamento de propina para poder atuar no mercado informal e que também denunciou a presidente do sindicato, o funcionário da Setec e incluiu ainda a polícia civil no esquema, citando o próprio delegado do 1° Distrito Policial (DP), Eribelto Piva Júnior. (Leia reportagem completa aqui)
A Corregedoria também recebeu a denúncia e vai analisar o suposto envolvimento da Polícia Civil que recebia para não fiscalizar.
Polícia
O delegado corregedor da Polícia Civil de Campinas, Roveraldo Battaglini, pediu a gravação da reportagem exibida nesta terça-feira (12) e disse que vai investigar a participação de policiais no esquema ilegal. Segundo Battaglini, o envolvimento de policiais é preocupante e o material poderá levar a punição dos envolvidos. “Caso haja comprovação dos fatos e um eventual oferecimento de denúncia crime pelo Ministério Público, esses policiais podem ser responsabilizados perante a Polícia Civil do Estado de São Paulo conforme a Lei Orgânica da polícia”, afirma.
Outro lado
A presidente da Associação dos Camelôs, Maria José Salles, não foi encontrada no fim da tarde para comentar sobre as novas denúncias.
O funcionário da prefeitura, Valdir Deling, se reuniu nesta quarta-feira (13) com a presidente da Setec, Tereza Dóro, saiu dizendo que não cometeu nenhuma irregularidade, não recebeu propina e não houve aumento do número de barracas, pelo contrário a quantidade foi reduzida. Por isso, teria sofrido ameaça e chegou a registrar um boletim de ocorrência em 2007. Em relação à acusação de que fiscais da Setec têm bancas no camelódromo, a presidente do órgão disse que sem ter os nomes dos fiscais ou quais são as barracas específicas, não pode fazer nada.