Enviado em 20/01/2011 às 22:00

Polícia brasileiro faz parte de grupo de traficantes que fugiu
por CARLOS RODRIGUES LIMAHoje

Fugitivos tinham sido apanhados com 1,7 toneladas de cocaína, a maior apreensão de sempre.
Ao contrário do habitual, nenhum familiar dos dois reclusos estava, terça-feira, à porta do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP). Detidos em Outubro do ano passado, os dois homens que fugiram, sempre que eram chamados ao Ministério Público para prestar declarações, costumavam ter familiares à sua espera, que aproveitavam a distância entre a estrada e a entrada do departamento para trocar algumas palavras. Segunda-feira, ninguém estava lá. “Há muitas coincidências que serão investigadas”, disse ao DN fonte do Ministério Público.
De acordo com uma fonte do DCIAP, a organização a que os reclusos pertenciam já revelava algum grau de sofisticação. Além dos dois fugitivos, o grupo, que em Outubro de 2009 tentou introduzir no mercado 1,7 toneladas de cocaína, contava nas suas fileiras com um polícia federal brasileiro. “O que lhes permitia conhecer e despistar tácticas policiais”, segundo a mesma fonte. E terá sido através de conhecimento que os reclusos terão congeminado o plano de fuga. Até porque, como revelou ontem o director-geral das Prisões, Rui Sá Gomes, com determinados conhecimentos é possível abrir umas algemas. Por apurar está a forma como os presos tiveram acesso a uma lata de gás-pimenta, utilizada para atacar os guardas prisionais.
Para evitar a duplicação de investigações, o DCIAP vai concentrar num só inquérito o apuramento de responsabilidades. Este será coordenado pelo procurador João Ramos, que já tinha em mãos o inquérito relativo ao tráfico de droga. Ontem, os serviços prisionais e a Polícia Judiciária estiveram reunidos nas instalações do DCIAP de forma a coordenarem no terreno as investigações.
O grupo a que pertenciam os dois fugitivos era composto por cinco pessoas. Em Outubro de 2009, alguns já se encontravam em Portugal à espera da chegada da cocaína ao porto de Leixões. Os restantes vieram do Brasil, trazendo as respectivas famílias. Ao que o DN apurou, o grupo era ainda conhecido por auxiliar famílias de cidadãos brasileiros a residir em Portugal, tendo até pago algumas passagens de avião.
Por isso, as autoridades – que logo após a fuga emitiram alertas por todas as forças policiais – suspeitam de que os fugitivos possam estar escondidos numa comunidade de cidadãos brasileiros a viver em Portugal.
Foi em Outubro de 2010 que a Polícia Judiciária lançou a operação que permitiu a detenção dos cinco suspeitos. Os investigadores conseguiram monitorizar a chegada de contentores ao porto de Leixões, contendo mercadoria declarada como gesso em sacos para projecção e em blocos, tendo como destino uma empresa portuguesa propriedade dos detidos na zona do Montijo.
Já nesta localidade perto de Lisboa, os investigadores prenderam os suspeitos e inspeccionaram o caminhão que transportou a droga. Encontrando no interior das paletes de gesso, previamente preparadas, 1,7 toneladas de cocaína. O que representou a maior apreensão de sempre. Todos os suspeitos estavam em preventiva.