NOTA DE ESCLARECIMENTO DA ADPESP 29

Nota de esclarecimento 

Sobre a declaração (vídeo) do candidato à presidência José Serra, que disse ser mentira a informação divulgada pela também candidata Dilma Rousseff, de que os salários dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo são os piores do país

Diferente do que disse na última sexta-feira (13) o candidato à presidência José Serra, os salários dos delegados de polícia do estado de São Paulo, o estado mais rico do país, são os piores da nação, sim. Clique aqui para ver a tabela, com as suas respectivas fontes.

E isso não é “bobagem”, é apenas uma das aberrações da situação da Segurança Pública paulista. Além da baixa remuneração, hoje são apenas 3,2 mil delegados para os 42 milhões de habitantes. Sem contar que 30% das delegacias do Estado de SP não contam com delegados titulares.

Essa não é a primeira vez que José Serra ignora a situação. Inúmeras foram as investidas dos delegados em conversar sobre reestruturação. Em 2008, o então governador assistiu à maior greve da história da Polícia Civil (59 dias) com a promessa de reformas em dois anos, o que não ocorreu. As propostas estão no Palácio dos Bandeirantes e visam à melhora de condições na carreira e estruturais.

Recentemente, o governo paulista aprovou o Adicional de Local de Exercício (ALE). O benefício traz ironias como tornar a arrecadação do imposto de renda maior do que o aumento. Vale destacar, também, que o adicional será pago integralmente em apenas cinco anos. O que fica de certeza com o ALE é que pelo menos até 2014 os delegados paulistas continuarão tendo o pior salário do Brasil.

PSDB está processando novamente delegados de polícia – no mesmo dia em que José Serra disse ser “bobagem” a questão salarial dos delegados, o Tribunal Regional Eleitoral de SP, a pedido do partido e seus coligados nas eleições, entrou com um Mandado de Suspensão de campanha publicitária (www.adpesp.org.br/campanha) da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de SP – Adpesp. Alega-se que a Associação esteja fazendo propaganda eleitoral negativa.

Contudo, os números divulgados, como a remuneração, são oficiais. Por isso, a Adpesp reforça que é apartidária e está, como sempre esteve, preocupada apenas em tornar o mínimo razoável as condições de trabalho dos delegados de SP.

Marilda Pansonato Pinheiro, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo – Adpesp

CENSURA OFICIAL: Tucanos tentam barrar anúncio de delegados…ESTRANHO, ONTEM, MEU GOVERNADOR NÃO AFIRMOU QUE PERSEGUIÇÃO A JORNALISTA E ATENTADO A LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO É COISA DO PT? 16

Tucanos tentam barrar anúncio de delegados
Associação da classe recebe notificação judicial para suspender campanha que denuncia condições de trabalho e salários
17 de agosto de 2010 |
 
Malu Delgado – O Estado de S.Paulo
A Associação dos Delegados de Polícia de São Paulo (Adpesp) recebeu, na última sexta-feira, notificação judicial para suspender a veiculação no Estado de uma campanha publicitária de protesto às condições de trabalho e salariais da categoria.
Segundo informações da Adpesp, o mandado de suspensão teria sido impetrado pelo PSDB estadual, sob a alegação de que a campanha é uma propaganda eleitoral negativa. Procurado pelo Estado, o PSDB-SP não se pronunciou sobre o assunto.
A assessoria de imprensa do candidato do PSDB ao governo, Geraldo Alckmin, informou que se tratava de uma ação partidária e não da campanha.
O tema segurança pública é considerado prioridade para todos os candidatos ao governo de São Paulo e também à Presidência. O candidato do PSDB, José Serra, já anunciou inclusive a intenção de criar o Ministério da Segurança Pública, se eleito.
Em informe divulgado à imprensa ontem, a Adpesp critica declaração de Serra, na última sexta-feira, em que considera “bobagem” o argumento da entidade sindical sobre o fato de os salários da categoria no Estado serem os piores do país.
A presidente da Adpesp, Marilda Pansonato Pinheiro, nega qualquer intenção político-partidária na campanha publicitária institucional veiculada entre os dias 29 de julho e 1º de agosto. Segundo a associação, a campanha veiculada em mídia eletrônica e na internet teria atingido cerca de 49% do Estado, especialmente nos municípios do interior. Está prevista uma terceira fase da campanha, que seria veiculada exatamente no mês de setembro, às vésperas da eleição.
“A campanha foi feita para conscientizarmos a sociedade sobre a situação da segurança pública no Estado”, afirma Marilda Pinheiro. A presidente da associação afirma que há cerca de 3.200 delegados civis no Estado responsáveis por atender uma população de 42 milhões de pessoas. “Fizemos um acordo com o governo Serra que não foi cumprido”, diz a presidente.
A assessoria de imprensa do candidato José Serra também não respondeu às perguntas enviadas pelo Estado por e-mail.
Outro lado. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, por intermédio de sua assessoria de imprensa, contestou os dados da associação. Segundo a assessoria, o piso salarial é de R$ 5.810,30 para os delegados que atuam em cidades com mais de 500 mil habitantes, mas o salário de um delegado de Classe Especial, o topo da carreira, chega a R$ 12.600 (bruto). A Secretaria informa, ainda, que no Estado há isonomia salarial entre todas as polícias e que São Paulo é reconhecido nacionalmente pela drástica redução dos índices de homicídio – 10,9 homicídios para cada 100 mil habitantes, a segunda melhor colocação no ranking nacional em 2008.
Ainda de acordo com a assessoria de imprensa, a incorporação do ALE (Adicional por Local de Exercício) aos salários foi um acordo com o atual governo e uma conquista da categoria.
Segundo dados oficiais, o orçamento de 2010 da Secretaria de Segurança Pública do Estado é de R$ 11,2 bilhões. O pagamento de pessoal consome R$ 9,4 bilhões deste montante. Na última década, segundo a Secretaria, o gasto com pessoal superou em 35% o aumento da inflação do período. Para o atual governo, o tema segurança deve ser analisado a partir de uma perspectiva macro, que leva em conta resultados positivos da política pública implementada no Estado.
A Adpesp não se convence com os argumentos do governo estadual. “A incorporação do adicional será feita ao longo de cinco anos. Nós recebemos o pior salário do país”, informa a presidente da associação.
“Somos apartidários e a nossa política é institucional. Eu não sou filiada a nenhum partido, nunca fui. Tentaram tirar nossa campanha do ar antes e não tiveram sucesso”, continuou Marilda Pinheiro. A Adpesp informou que seu departamento jurídico já prepara recurso para derrubar a suspensão da campanha.
Tema de campanha
No debate da TV Bandeirantes na semana passada, o candidato Celso Russomanno (PP) criticou a gestão tucana na segurança e defendeu melhores salários para os delegados.

PROCURADORIA DO ESTADO RATIFICA DECISÃO ABSOLUTÓRIA FAVORÁVEL AO DELEGADO PAULO SÉRGIO OPPIDO FLEURY 7

paradipol@flitparalisante.com

data18 de agosto de 2010 16:20
assunto: fleury
assinado porgmail.com

ocultar detalhes 18 ago (2 dias atrás)

Estou encaminhando cópia do DO de 10/08/2010 onde foi publicado a
prescrição do PA 7074/03.
Este caso por incrivel que se possa imaginar estava arquivado,com
despacho so Sr.Secretario Saulo,de 2005.
Este  secretario atual,no afã de castigar toda a Policia
Civil,desarquivou,alegando que o SR. secretario não é competente para
decidir sobre punição a Delegados,e sim o Governador.
A sêde é tão grande,que atropelando todos os prazos e os direitos de
defesa,determinou a procuradora que desse um jeito de prejudicar o
Fleury.Neste impeto eles se esqueceram da prescrição.
Quando o PA estava no Palacio ( isto demorou 30 dias estre desarquivar
e juntar o parecer da procuradora) juntamos nossa defesa,ao 05 de
janeiro,e fomos surpreendidos com esta boa noticia.
É uma vitoria contra este secretario,que vai embora em dezembro; talvez sem deixar saudade.
Sr. Conde Guerra gostaria de divulgar esta decisão  que dá um alento a
todos os policiais que são vitimas da perseguição implacavel deste
inimigo da Policia Civil,o qual não faz justiça,apenas promove a
injustiça,levando em consideração  o que ouve do reservado da PM e dos
delegados alcaguetas que puxam seu  saco.Humilha nosso conselho,não
dando a menor atenção a suas decisões.Chama Delegados  e os ofende em
seu gabinete.Este  aparentemente exerce algum ódio acumulado . Isto sim é
revanchismo.
absolvissão.JPG

___________________________

Espero  então que o Excelentíssimo Secretário de Segurança,  conforme  entendimento da Procuradoria do Estado, possa proferir decisão em P.A.D. instaurado em desfavor de Delegados de Polícia.

Especialmente: sempre nos absolvendo ou atenuando a penalidade.

Nós os desapadrinhados, desafortunados e desvalorosos.

O FLIT PARALISANTE PODE SER BOCA SUJA…MAS É LIMPINHO, SEM PATROCINADOR E PERSEGUIDO PELAS VIÚVAS DO ADHEMAR…É PAU NA MÁQUINA; NÃO PAU EM NÓS!…(“PAU NA MÁQUINA, O GERALDO É MESMO ORIGINAL) 14

19/08/2010 – 13h57
Serra acusa governo de financiar ‘blogs sujos’ e perseguir jornalistas
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PLÍNIO FRAGA
DO RIO
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, acusou nesta quinta-feira o governo federal de financiar “blogs sujos” que “dão norte do patrulhamento” a jornalistas.
Durante discurso no 8º Congresso Brasileiro de Jornais, Serra afirmou que o governo faz “patrulhamentos e perseguições sistemáticas” a jornalistas.
“Boa parte desta estratégia não deixa de ser alimentada por recursos públicos, como por exemplo da TV Brasil, que não foi feita para ter audiência, mas para criar empregos na área de jornalismo e servir de instrumento de poder para um partido.”
Serra defendeu que haja regulamentação do direito de resposta depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) julgou a lei de imprensa como inconstitucional. “É uma questão que não deve ficar em aberto porque pode gerar coisa ruim em termos de censura e liberdade de imprensa.”
Em seu discurso, Serra fez críticas diretas à candidata do PT, Dilma Rousseff, e ao PT por defenderem o “controle da mídia”, que segundo ele, nada mais é do que censura e restrição à liberdade de expressão.
O candidato assinou ao final do pronunciamento da “Declaração de Chapultepec”, documento em defesa da liberdade de expressão elaborado em reunião no México, no qual, por exemplo, está expresso que nenhum meio de comunicação ou jornalista deve ser sancionado por difundir a verdade, criticar ou fazer denúncias contra o poder público.
Após sua palestra, Serra se recusou a responder três perguntas de jornalistas sobre a suposta falta de oposição no Brasil e sobre quais são os blogs sujos a que se referia.
Ao ser questionado, respondia: “Alguma outra pergunta?” Só manifestou-se quando um repórter de TV o perguntou sobre seu empenho na defesa da liberdade de expressão.

POLÍCIA PENAL; Quem diz que não pode ser feito nunca deve interromper aquele que está fazendo. 5

PM/08/19 às 15:37 – REALIDADE DO SISTEMA PRISIONAL

POLÍCIA PENAL.

Para matar uma pessoa não é preciso tirar-lhe a vida. Basta privar-lhe de seus sonhos.

Tem ladrão pra todo mundo.

Não quero ser inoportuno nem inconveniente, apenas gostaria de deixar aqui um tema para reflexão.

Tem ladrão pra todo mundo:
Ao contrário do que opositores rezam, NÓS “servidores públicos que trabalhamos nos estabelecimentos penais” não queremos inserções abruptas na seara funcional das polícias já existentes, (SEARA FUNCIONAL) aí está a gênese de toda a polêmica, nada proveitoso conflito
O importante e a regulamentação nacional do salário, da carga horária e de outras condições de trabalho dos servidores do sistema prisional brasileiro, tal reforma pode e deve ser implementada sem que seja criado mais um órgão policial”

O reconhecimento normativo da Policia Penal (preliminarmente chamada de Polícia Penitenciária, Polícia Prisional), através da PEC-308 depende, agora, de aprovação na Câmara e no Senado Federal para, em seguida, ser promulgada.

Entidades classistas, representantes dos servidores públicos que trabalham nos estabelecimentos penais de todo o país, começam a se mobilizar, visando mostrar, aos senhores parlamentares, mais que uma conveniência profissional, a necessidade social desse reconhecimento. Pretendem demonstrar que, antes de se constituir em pleito classista, referida PEC vem preencher uma lacuna social premente, contribuindo para redução das ameaças no ambiente de insegurança em que se vive. Têm convicção de que, fatalmente, esse trabalho de esclarecimentos deverá estender-se a algumas pessoas e órgãos que, ainda, não se mostram convencidos da oportunidade da aprovação. Essa postura, vista por eles como equivocada, decorreria de falta de informações para uns e de inadequado embasamento técnico para outros, o que poderá ser suprido com argumentações e explicações que conduzam ao convencimento do impacto social extremamente positivo, decorrente da promulgação da PEC-308.

Difícil será debater com quem fundamenta seus pontos de vista em princípios doutrinários arcaicos, anacrônicos. Contudo, se houver uma postura receptiva para o diálogo, para o debate construtivo, provavelmente ocorrerá reexame de posicionamentos. Há muitas concordâncias no varejo e poucas, mas fortes, discordâncias no atacado. As divergências têm fulcro na ambigüidade conceptual e na heterogeneidade doutrinária, cuja origem, entretanto, está numa área bem mais ampla que a discussão sobre a Polícia Penal. A gênese está numa instância superior, onde continuam sendo discutidos, em relação à sociedade, conceitos e doutrina de proteção, de insegurança, de segurança pública, de defesa social, de sistema policial, de ameaças, de vulnerabilidades e outros mais. Mas, certamente, a discussão sobre a Polícia Penal, ensejará, residualmente, a oportunidade de se conhecer e entender melhor a instituição-polícia, o sistema policial, o ciclo completo de polícia e o sistema de defesa social.

Quem é contrário argumenta, fundamentalmente, que o sistema penitenciário não se confunde com o sistema policial; que as atribuições previstas pela PEC, para a Polícia Penal, são atribuições de polícias já existentes, inviabilizando-a; que o Congresso estaria propondo, como solução para a segurança pública, a criação de uma nova polícia, além de outras colocações impertinentes, descabidas; que essa atividade, enfim, não é atividade policial.

Entendo que o Sistema Penitenciário (ou sistema penal, ou sistema de execução penal), como está disposto, integrado pelo Ministério Público, Judiciário e Administração Pública, óbvia e realmente não integra o sistema policial. Entretanto, a Administração Pública Penal (que detém o poder de polícia administrativa penal) o integra, sim.

Quanto ao fato de a Polícia Penal exercer atividades atribuídas a outras polícias, é importante ressaltar que há tendência de surgimento de especificidades para atender determinadas peculiaridades. Recentemente, o médico era um generalista. Hoje temos, por exemplo, especialistas em mão, em joelho, em cabeça, etc. Constata-se haver algumas situações, bem mais complexas que a cristalina atividade de Polícia Penal, envolvendo outros exercícios policiais, fluindo sem que seja dada atenção a alguns questionamentos. De passagem, lembra-se que, há bem pouco tempo, foram criadas a Polícia do Senado e a Polícia da Câmara dos Deputados. Originariamente, havia a expectativa de que haveria troca de um contingente privado por um contingente público, para a proteção patrimonial e de pessoas no âmbito das respectivas instalações, apenas. Contudo, o rol de atividades é extremamente amplo, pelo que são questionadas por fazerem investigações, inquéritos, perícias, escoltas de dignitários, guardas residenciais e outras. E mais, Guardas Municipais, que detêm o Poder de Polícia Administrativa Municipal, criadas para proteger os próprios municipais, ultrapassam seus limites legais de competência, quando são empregadas como força pública municipal (a um passo de se transformarem em guardas pretorianas) e tem havido tácita aceitação. Essa atividade continua sendo realizada, ainda, em algumas cidades, pela Força Estadual, cognominada Polícia Militar. Recentemente foi criada a Força Nacional (que, subutilizada, lamenta-se, não teve reconhecida sua extraordinária importância) para suplementar o trabalho da força estadual ou para cumprir atividades-força, realizadas até então pela Polícia Federal, que vem extrapolando sua missão constitucional de investigar autoria e materialidade de delitos, na qualidade de Polícia Judiciária da União, não sendo, portanto, Força Federal de Polícia.

Divulgar que a Câmara Federal pretende transformar o reconhecimento da Polícia Penal em panacéia para a segurança pública é um equívoco, uma inverdade. Sem dúvida, trata-se de uma grande contribuição, uma inteligente decisão técnica, visando adoção de alguns procedimentos e comportamentos futuros, com interveniência positiva na redução da insegurança, em razão de fortalecimento do Sistema de Defesa Social (não, apenas, para a segurança pública). E, ao se falar desse novel sistema, creio ser oportuno lembrar aqui que, no enfrentamento à violência urbana, a contenção criminal é importante, mas, a inserção social é fundamental. Falhando essa, restaria o recurso da reinserção, através da reintegração e da ressocialização, esforços de que participa a Polícia Penal. Quando, às vezes, grandes ameaças à sociedade têm origem dentro das prisões, isso se dá, quase na totalidade, por desídia governamental nas áreas administrativa, logística e operacional, o que pode gerar desânimo e descompromisso com os resultados da administração penal (prisional, penitenciária) em alguns Estados.

Após essas considerações, manifesto meu entendimento de que a PEC-308 será promulgada por, no mínimo, quatro motivos.

O primeiro é que a atividade desenvolvida pela Administração, na execução penal, é uma atividade típica de polícia, basicamente através do exercício do poder de polícia administrativa penal e eventualmente através do exercício da força de polícia penal. Um entendimento inovador é de que o Estado existe, basilarmente, para prover a proteção e promover o desenvolvimento. Para isso, detém autoridade, bipartida em poder e força. Muitas pessoas enxergam Polícia como sendo uma instituição que “corre atrás de ladrão e prende bandido”. Isso é muito pouco!

Polícia é instituição, atividade, sistema estatal de proteção social distribuída em estruturas de poder e força, garantidora da ordem social.

Dessa forma, grosso modo, o sistema policial é integrado por órgãos distribuídos nas esferas municipal, estadual e federal (não necessariamente existentes em todas), desempenhando atividades que representam o sempre discutido ciclo completo de polícia: começa pela Polícia Administrativa, a polícia de normas, de resoluções, de fiscalizações, de sanções administrativas (polícias do meio-ambiente, sanitária, fazendária, dos transportes, da seguridade social, do senado, da câmara, rodoviária, portuária, ferroviária, das construções e edificações, da habitação, do meio circulante e inúmeras outras); passa pela Polícia Judiciária, que investiga autoria e materialidade de delitos (Polícia Civil e Polícia Federal), e pela Polícia de Desastres, que realiza a prevenção e a sustinência de desastres (Corpos de Bombeiros e Comissões de Defesa Civil); finda na Polícia Penal, encarregada da custódia e participante da ressocialização de apenados, além de auxiliar na fiscalização de decisões judiciais. As Forças Policiais, integrando e enfeixando esse ciclo, fazem a polícia ostensiva, acautelam o poder de polícia de todos esses órgãos policiais e, ainda, garantem o funcionamento dos poderes estaduais constituidos (Polícia Militar e Força Nacional).

O segundo é que vem passando despercebido o fato de, na realidade, não estar sendo criada uma nova polícia. Está sendo buscado o reconhecimento da existência de uma secular atividade policial. Afinal, os precursores da Polícia Penal aqui aportaram custodiando os degredados trazidos por Cabral (o Pedro), há mais de quinhentos anos. Através da PEC federal, busca-se o reconhecimento normativo de um órgão policial – em alguns locais, institucionalmente virtual – mas, que, realmente, desempenha ações que integram a execução penal, presente em todos os Estados brasileiros e no Distrito Federal. Esse reconhecimento ensejará ocupação de espaço (em alguns Estados, as PM e PC não querem realizar esse tipo de serviço, em outros, já estão transferindo a missão para Guardas Penais, sólidas e/ou embrionárias) e, também, uma identidade profissional (que trará, minimamente, dignidade profissional e respeito).

O terceiro é que, com a estruturação da Polícia Penal, haverá reflexos altamente positivos na sociedade, provocados por efetividade na administração penal e instalação de uma gestão profissional. O sistema de administração penal não está falido. Ainda! Isso em razão, tão somente, do esforço pessoal de quem está, no dia a dia, em contato direto com o apenado. Felizmente, alguns governantes começam a acordar e enxergar a importância de esse sistema estar organizado, investindo na Polícia Penal. Começam a perceber que gastos com a Administração Penal não devem ser lançados em custos e, sim, em investimentos. Assim, no final do ciclo da Defesa Social, iremos encontrar profissionais altamente qualificados para a custódia, através de seu braço armado (guardas interna, externa e de muralhas, escoltas e recapturas), para participar da ressocialização, através de seu braço desarmado (psicólogos, pedagogos, advogados, assistentes sociais, médicos, dentistas, enfermeiros e tantos mais especialistas quantos forem necessários) e para auxiliar na fiscalização das decisões judiciais relativas à execução penal (penas alternativas, condicional, albergados, saídas temporárias, etc.). Alguns Estados já estão partindo para profissionalização dessa atividade, profissionalismo de seus integrantes e modernização administrativa, logística e operacional.

O quarto motivo é que, inexoravelmente, hoje ou amanhã, ocorrerá esse reconhecimento normativo. A União não pode correr o risco de uma atividade policial, realizada por um contingente (que, muito brevemente, ultrapassará 50.000- cinqüenta mil homens e mulheres) treinado, armado e equipado, não ter parâmetros normativos legais, sob pena de surgirem novas forças estaduais, a serviço de governadores, como acontecia, até bem recentemente.

A terceirização, tentada em alguns Estados, provavelmente por erro de origem, não deu certo. Claro! Onde já se viu terceirizar atividade-fim? Alguém já voou em empresa aérea cujo piloto é terceirizado, ou assistiu missa com o padre terceirizado? Outro fato é que a espiral da violência está sendo alimentada, também, de dentro de alguns estabelecimentos penais, em razão de débeis condições para realização das custódia e ressocialização, o que exige correções profissionais.

Finalmente, verifica-se que alguns Estados, ante a morosidade federal, já começam a legislar sobre o assunto. Se por um lado é altamente positiva essa fuga da inércia, por outro pode provocar prejuízos a determinados comportamentos, operacionais e administrativos, que, desejavelmente, deveriam ser padronizados em nosso país, respeitadas as realidades culturais.

Convém lembrar que é reservado à União legislar sobre direito processual penal e direito penal (art. 22, I, CF). Porém, compete CONCORRENTEMENTE à União, Estados e Distrito Federal, legislar sobre direito penitenciário. “Sobrevindo lei federal sobre normas gerais, suspende a eficácia da lei estadual no que lhe for contrário. (art. 24, CF)”. Idealmente, pela amplitude e complexidade da matéria, bem como seu reflexo na sociedade brasileira, a iniciativa de reconhecimento normativo da Polícia Penal deveria ser da União, alterando o Art. 144, da C.F., ao que se seguiria seu conveniente delineamento, através de uma Lei Nacional.

O fato é que, para atender a demandas conjunturais inadiáveis, Estados, ratifica-se, já começam a legislar, alguns timidamente, sobre a matéria, curvando-se à inexorabilidade.

Finalizando, o sistema de administração penal pode e deve contribuir para a contenção criminal e para a reinserção social, não devendo constituir-se, ainda que minimamente, em vetor de insegurança social, conforme é possível depreender-se de fatos ultimamente divulgados na mídia. E o Estado brasileiro é o principal responsável pela instalação das condições e do ambiente favoráveis, que irão permitir redução de vulnerabilidades no contexto

POLÍCIA PENAL; Quem diz que não pode ser feito nunca deve interromper aquele que está fazendo.

PECs DA SEGURANÇA PÚBLICA: POLICIAIS DE TODO O BRASIL – COMO SEMPRE – TOMARAM PASSA-MOLEQUE DA MALADRAGEM PROFISSIONAL 6

Deputados driblam policiais 

Contaminados pelo clima de campanha eleitoral, os deputados federais prometeram votar ontem, em segundo turno, a proposta que equipara o piso salarial de policiais e de bombeiros de todo o país aos profissionais do Distrito Federal. De olho no universo de 100 mil agentes penitenciários, os políticos passaram os últimos dias prometendo também a aprovação do projeto que cria uma outra polícia e transforma esses agentes em policiais penais. Carregadas de polêmica, as duas proposições não tinham chances de serem votadas nesses dois dias de esforço concentrado. Apesar de saberem disso, os parlamentares que usaram a tribuna na última terça-feira convocavam os colegas para a votação das matérias e mandavam recados para seus estados de que vieram a Brasília trabalhar pela votação dessas matérias.

Nos bastidores, entretanto, governadores atuavam com os integrantes de suas bancadas. Alegavam que seus estados não teriam condições financeiras de arcar com os reajustes salariais dos policiais e também não estavam certos de que transformar agentes penitenciários em uma nova corporação seria uma mudança sem consequências graves para as unidades da Federação. O governo federal também acionou seu líder e avisou que não concorda com as propostas porque teria de pagar uma parte da conta dos reajustes salariais. A saída dos parlamentares, então, foi fazer cara de paisagem, prometer esforço pela aprovação das matérias e, ao mesmo tempo, contribuir para que não houvesse quorum para votações. A manobra para esfriar as matérias sem que culpados fossem apontados resultou em um protesto das categorias, que passaram a noite de terça-feira no Salão Verde.

Irritados com a pressão, os parlamentares que estavam na Casa para o esforço concentrado se fecharam em seus gabinetes.

Alguns deixaram a Casa. Ao líder governista, Cândido Vaccarezza (PT-SP), coube a missão de dar o recado aos manifestantes.

Saída pacífica da Câmara De maneira pacífica, os cerca de 300 manifestantes que reivindicavam a criação da Polícia Penal e o piso salarial nacional para a área de segurança pública deixaram ontem o prédio da Câmara dos Deputados, depois de dois dias de ocupação. Após ser informado de que não haveria sessão na Casa ontem para votar os projetos que tratam desses temas, o grupo — que incluía representantes das polícias Civil, Militar, do Corpo de Bombeiros e de agentes penitenciários — decidiu acabar com a manifestação.

Ante o adiamento, as categorias programaram uma greve nacional a partir de 2 de outubro, véspera das eleições.

Na última terça-feira, quando a votação das Propostas de Emendas à Constituição (PECs) foi adiada, um protesto dos manifestantes acabou em pancadaria com os seguranças do Congresso. No mesmo dia, entidades e organizações não governamentais (ONGs) contrárias à criação de uma nova corporação no país telefonavam para pressionar os parlamentares a não aprovar a matéria.

“Eles não votaram (as PECs) porque não têm compromisso com a segurança pública”, protestou Francisco Rodrigues, representante dos agentes penitenciários.

“Vamos fazer uma paralisação um dia antes das eleições e retornar um dia após depois”, completou, acrescentando que o movimento deve reunir as polícias Civil, Militar, o Corpo de Bombeiros e os agentes penitenciários de todo o país.

Os manifestantes passaram a noite acampados no Salão Verde da Câmara, sempre vigiados pelos seguranças da Casa. Depois do tumulto de terça-feira, quando o grupo invadiu o plenário, o cenário era de tranquilidade e cansaço, já que todos dormiram no chão e a alimentação ficou restrita ao que era oferecido nas cantinas da Câmara.

Por volta das 14h30, após uma reunião com o deputado Marco Maia (PT-RS), o grupo desistiu de dar continuidade ao movimento.

“Ele (Maia) nos disse que conversou com o presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP), e foi informado de que não havia acordo para a votação das PECs”, explicou Jânio Bosco Granda, presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores da Polícias Civis.

A sessão foi cancelada por questão de segurança e também porque não havia quorum suficiente para a votação das PECs. A assessoria de Temer informou que, na terça-feira, durante a invasão ao plenário, funcionários da Casa foram feridos. Na confusão, segundo servidores, policiais legislativos ficaram prensados em uma porta de vidro, que teve de ser aberta para evitar maiores transtornos. (EL e IT) Não vai ser na marra que os deputados votarão essas matérias.

Ninguém vai se acovardar. Não houve acordo para incluí-las na pauta do esforço concentrado” Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo na Câmara “Não vai ser na marra que os deputados votarão essas matérias.

Ninguém vai se acovardar. Não houve acordo para incluí-las na pauta do esforço concentrado.” Sem acordo ou disposição dos parlamentares de enfrentar o clima hostil dos manifestantes, o presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP), decidiu suspender a sessão marcada para a tarde de ontem e anulou qualquer possibilidade de votação das matérias antes das eleições de outubro.

Resistências O obstáculo à PEC n° 300/08, que aumenta o piso salarial de bombeiros, de policiais civis e de militares, baseia-se nos recursos que os governos teriam de desembolsar para arcar com os reajustes. Já contra a PEC n° 308/04, que cria a Polícia Penal, pesam os mais diferentes argumentos.

Para o presidente da Associação Brasileira de Ciências Criminais (IBCCrim), Sérgio Mazina Martins, atribuir a tarefa da investigação aos atuais agentes penitenciários — um dos itens previstos na PEC— é um erro.

“Se dentro do próprio Congresso Nacional não há consenso sobre as atribuições dessa nova polícia, por que criá-la?”, questiona.

“Já nos manifestamos contrários, mostramos que essa ideia é absurda e representa um atraso institucional.

Não existe nada parecido no mundo”, completa Airton Michels, diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

CORREIO BRASILIENSE

Manifestantes invadiram Casa para pedir aprovação de PEC que cria a Polícia Penal 1

Sem acordo, agentes prisionais saem da Câmara

Manifestantes invadiram Casa para pedir aprovação de PEC que cria a Polícia Penal

DE BRASÍLIA

 

Os agentes penitenciários que ocupavam a Câmara desde a noite de terça deixaram o local no início da tarde de ontem sem ter garantias da votação da PEC (proposta de emenda constitucional) que cria a Polícia Penal.

Entoando o hino nacional, os manifestantes saíram pacificamente. Anteontem, eles entraram em confronto com a Polícia Legislativa, que impedia a passagem deles até o salão verde, que dá acesso ao plenário. Não havia deputados na Casa.

Antes de saírem da Câmara, o grupo, de cerca de 200 pessoas, aprovou um indicativo de greve nacional da categoria.

De acordo com Jânio Gandra, presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis, serão realizadas assembleias nos Estados para decidir sobre a paralisação.

No começo da tarde de ontem, Gandra e outros líderes do movimento conversaram com o vice-presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), que repassou aos manifestantes uma mensagem do presidente Michel Temer (PMDB-SP).

Segundo eles, Temer afirmou que nenhum projeto seria aprovado por falta de acordo entre governo e oposição. O peemedebista, que é vice na chapa da petista Dilma Rousseff à Presidência, não esteve na Câmara ontem. (NANCY DUTRA) 

A proposta de emenda constitucional nº 89/2003, aprovada pelo Senado e que ainda deverá ser votada pela Câmara dos Deputados, PRETENDE ACABAR COM A VITALICIEDADE DA MAGISTRATURA 5

FOLHA DE SÃO PAULO

Gabriel Wedy

O bode expiatório (ou a culpa é do juiz)

 

A aprovação da proposta de emenda constitucional nº 89 pelo nosso Senado não tem precedente nem nos tempos negros da ditadura militar

Desde o começo da história do homem sempre existiu a necessidade de se achar um culpado. Na tradição hebraica, por exemplo, os sacerdotes sorteavam um bode, que era abandonado no deserto para levar os pecados do povo de Israel. Daí a expressão “bode expiatório”. Há algum tempo que a magistratura, de maneira geral, tem sido usada dessa forma.

O acúmulo de processos pelo excesso de recursos previstos em lei que lotam os tribunais… é culpa do magistrado. O criminoso que é libertado porque a legislação assim determina e que volta a transigir… é culpa do magistrado.

Tem sido assim nos últimos anos; por isso, são comuns propostas que retirem direitos e garantias constitucionais de magistrados.

A proposta de emenda constitucional nº 89/2003, aprovada pelo Senado e que ainda deverá ser votada pela Câmara dos Deputados, é um desses casos. Definitivamente, foi uma decisão infeliz. Ela pretende acabar com o direito do magistrado de só perder definitivamente o cargo de juiz por sentença judicial com trânsito em julgado.

É claro que a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) é contra a impunidade em qualquer esfera da sociedade, inclusive no Judiciário. Mas isso não pode significar o fim de garantias e direitos que permitem ao magistrado agir com independência e autonomia.

Foi com esse fim que o constituinte criou salvaguardas que protegem quem exerce a magistratura contra abusos de terceiros. Tais salvaguardas são vitais para manter a estrutura da República que nasceu com a Constituição de 1988.

O magistrado não pode ter receio de condenar o réu, quando presentes as provas nos autos, seja ele um poderoso político ou um rico empresário.

A decisão do Senado não tem precedente nem nos tempos negros da ditadura militar que flagelou nosso país por mais de 20 anos. É completamente inconstitucional! A má vontade demonstrada pelos senadores mais parece uma retaliação às recentes decisões da Justiça, principalmente da Justiça Eleitoral, e da campanha da Ficha Limpa. O juiz, para julgar com imparcialidade, deve estar acima de qualquer tipo de pressão.

O texto agora será encaminhado à Câmara para votação. A Ajufe e os magistrados federais esperam daqueles representantes do povo bom senso e respeito às normas constitucionais; dessa forma, espera que o projeto seja rejeitado por lá.

Se isso não ocorrer, esta associação ingressará com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal, onde temos certeza de que esta injustiça será corrigida.

GABRIEL WEDY, 36, é juiz federal, presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe).

CONTEXTURANDO AS MATÉRIAS DO JORNAL O ESTADO: PRESIDENTE DO STF IRRADIA VETUSTO CORPORATIVISMO DA MAGISTRATURA BRASILEIRA MATERIALIZADO PELA BLINDAGEM DAS TRANSGRESSÕES DE SEUS MEMBROS E AVIDEZ DE BENESSES 1

Ao completar cinco anos, CNJ enfrenta divisão ideológica

Cenário: Luiz Alberto Weber – O Estado de S.Paulo 

Sintoma de uma patologia política, o hiperpresidencialismo brasileiro é topicamente controlado pela ação do Supremo Tribunal Federal. Nesse processo de segura-daqui-estica-dali, restaura-se uma espécie de equilíbrio dinâmico entre os Poderes. A ideia é manter a balança equilibrada.

Para ganhar musculatura e enfrentar a máquina governamental, potencializada às vezes por maiorias parlamentares, a sociedade “delegou” um mandato ao STF de até mesmo “errar” em suas decisões.

A tentativa do STF de fazer ressuscitar o gatilho salarial – que dispararia a cada 12 meses, recompondo perdas inflacionárias, bastando para isso uma penada do presidente da Corte e não uma lei aprovada pelo Congresso – é um “erro” que joga areia no sistema de freios e contrapesos.

Mesmo apontado como peça de ficção, o Orçamento público tem regras que impedem concessões indiscriminadas ou automáticas de aumentos e reajustes: deve se guardar a regra de um olho no peixe outro no gato em matéria de finanças.

Irradiado assim do STF, o corporativismo materializado nos aumentos, é mimetizado pelos demais órgãos . Ao completar 5 anos, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), presidido pelo chefe do STF, vive um momento de divisão ideológica. 

De um lado, parte dos conselheiros defende uma atuação ostensiva do órgão. São partidários da tese de que o Conselho precisa ocupar seu espaço, marcar sua posição e atacar o esprit de corps.

Do outro lado do plenário, conselheiros, agora liderados pelo presidente Cezar Peluso, defendem uma retração do Conselho. Para estes, o CNJ deveria se ater a processos menos midiáticos, como o de punições de magistrados corruptos, para cuidar de temas da magistratura, como benefícios trabalhistas. O erro se propaga. 

Peluso aumenta controle de processos e abre crise no CNJ

Presidente do Supremo propõe votações secretas, diminui número de sessões e irrita[br]conselheiros

BRASÍLIA 

Criado sob críticas de juízes e como remédio contra o corporativismo da magistratura, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) dá sinais de estar sofrendo da mesma doença. Comandado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, crítico de primeira hora do CNJ, o órgão, como acusam alguns conselheiros, padece de um processo de esvaziamento.

Os sinais dessa crise são muitos, reforçados, conforme conselheiros, diariamente e desde que Peluso assumiu a presidência do órgão. No início do mês, por exemplo, Peluso propôs que o conselho passasse a julgar em sessões secretas os processos administrativos e disciplinares abertos contra magistrados. Hoje, os julgamentos são públicos, como determina a Constituição.

Peluso queria que o processo contra Paulo Medina, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acusado de envolvimento num esquema de venda de sentença, fosse sigiloso. Os demais conselheiros reagiram e o julgamento acabou sendo aberto. Medina foi condenado à pena máxima: aposentadoria compulsória.

Para exercer esse comando sobre o CNJ, Peluso passou a presidir todas as sessões. A questão é que, para conciliar a agenda com o STF, ele reduziu a quantidade de sessões. Antes, os conselheiros se reuniam quinzenalmente, às terças e, se necessário, também às quartas-feiras. O então presidente, Gilmar Mendes, presidia a sessão do STF e deixava o plenário do CNJ julgando. Na atual gestão, as sessões são quinzenais e apenas às terças-feiras.

Conselheiros pediram a Peluso que o plenário se reunisse também às quartas para que os processos não se acumulem. Nesses dias, o ministro Gilson Dipp, corregedor Nacional de Justiça, presidiria as sessões. Peluso não aceitou. Conselheiros sugeriram então que as sessões não fossem quinzenais, mas semanais. Peluso poderia presidir todas as sessões e a pauta não travaria. A proposta também foi rejeitada.

No mesmo sentido, o presidente quis aumentar o controle sobre os processos que seriam incluídos na pauta das sessões. Ao chegar ao Conselho, imaginou que teria o mesmo poder que tem no STF. No tribunal, a pauta é feita por ele. No CNJ, os conselheiros poderiam livremente levar os casos para a sessão e colocá-los em julgamento.

Conselheiros reclamam ainda que Peluso quer prestigiar as corregedorias dos tribunais de justiça estaduais e evitar a concentração de casos julgados pela Corregedoria Nacional de Justiça. O ministro argumenta que o CNJ deve atuar como subsidiário das corregedorias, não como o único censor a desvios praticados pelos magistrados.

O problema é que nos últimos dois anos as inspeções feitas pelo CNJ mostraram que as corregedorias locais, em sua maioria, não funcionavam. Via de regra, o corporativismo predominava e impedia que juízes fossem punidos pelos seus atos. O próprio Peluso já admitiu isso. / F.R. e M..G.

SERVENTUÁRIO DO JUDICIÁRIO FAZ JUSTA GREVE, MAS – “NO MOLE” – É MAGISTRATURA A BENEFICIÁRIA DE MAIORES GANHOS

Conselho amplia benefícios de juízes federais

Magistrados, que já gozam de dois meses de férias por ano, podem agora “vender” 20 dias e embolsar uma quantia a mais por ano

Mariângela Gallucci, Felipe Recondo / BRASÍLIA – O Estado de S.Paulo 

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu que os magistrados federais devem ter as mesmas vantagens que já são garantidas a integrantes do Ministério Público Federal (MPF).

Por detrás dessa medida com fisionomia técnica, há uma ampliação de privilégios. Em consequência da decisão, assim como os membros do Ministério Público, os juízes, que já gozam de dois meses de férias por ano, poderão “vender” 20 dias e embolsar uma quantia considerável a mais por ano.

Além da possibilidade de vender um terço das férias, a simetria entre as duas carreiras garante aos magistrados direito a outros benefícios, como auxílio alimentação, licença-prêmio e licença sem remuneração para tratar de assuntos particulares.

No próprio CNJ há quem acredite que, se a decisão do conselho for questionada no Supremo Tribunal Federal (STF), há grandes chances de a corte suspendê-la. Há uma súmula do STF segundo a qual o Judiciário não tem função legislativa e, portanto, não cabe a esse Poder aumentar vencimentos de servidores sob fundamento de isonomia.

A decisão do CNJ, tomada por 10 votos a 5, ocorreu seis dias depois de o STF ter encaminhado ao Congresso Nacional um projeto de lei para reajustar os salários do Judiciário da União em 14,79%.

Se o projeto for aprovado da forma como foi proposto, a remuneração dos ministros do STF, que estão no topo da carreira, deve passar dos atuais R$ 26.723 para R$ 30.675.

Argumentos. O advogado Luís Roberto Barroso, que defendeu os interesses da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), autora do pedido julgado pelo CNJ, afirmou ontem que a simetria entre as duas carreiras está prevista na Constituição. O mesmo argumento foi apresentado pelo conselheiro Felipe Locke, autor do voto que prevaleceu no julgamento no CNJ, ocorrido na terça-feira.

Legislação. A decisão do conselho foi criticada em Brasília. Para os contrários, o CNJ legislou. De acordo com eles, vantagens como a possibilidade de venda de parte das férias somente poderiam ser concedidas por meio de uma lei. Nunca por intermédio de uma decisão do CNJ.

“Ainda que não existindo a lei própria, o regime jurídico não pode ser diferente. As carreiras são simétricas. São duas carreiras típicas de Estado, que têm as mesmas garantias (como a vitaliciedade). Logo, o tratamento não poderia ser diverso”, disse Locke.

A tese de que seria necessária a aprovação de uma lei para equiparar as vantagens das duas carreiras foi contestada pelo advogado Barroso em um memorial encaminhado aos conselheiros no início da semana. “Ao contrário do que uma leitura apressada poderia sugerir, o que se pede no presente processo administrativo não é a criação de benefícios sem a intervenção do legislador, mas sim a aplicação direta de um conjunto de normas constitucionais que impõem a simetria entre as carreiras da Magistratura e do Ministério Público.”

Aplauso. A Ajufe divulgou ontem uma nota na qual o presidente da entidade, Gabriel Wedy, afirma que a decisão representou uma conquista “histórica e sem paradigmas”.

“Muitos colegas já estavam deixando a carreira pelo fato de os magistrados gozarem de menos prerrogativas do que as carreiras jurídicas e do que os seus próprios subordinados hierárquicos. Há setores da magistratura federal, a exemplo do ocorrido na Espanha e Portugal, que cogitam fazer paralisações ou greve, devido à insatisfação”, disse o presidente da Ajufe.

Em março, um mês antes de tomar posse como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça, o ministro Cezar Peluso disse que a corte deveria propor a redução de 60 para 30 dias das férias dos juízes, apesar de pessoalmente defender a prerrogativa. Até agora a proposta não foi feita.

 

Fiscal

O CNJ foi criado em 2004 pela Emenda Constitucional nº 45, para exercer o controle da atuação administrativa e financeira dos órgãos do Judiciário, bem como supervisionar o cumprimento dos deveres funcionais dos juízes.

 

 

Projeto do Supremo ressuscita gatilho salarial para ministros

Dispositivo incluído na proposta prevê reajuste automático por ato administrativo com base no IPCA a partir de 2012

BRASÍLIA

 

Projetos de lei encaminhados ao Congresso pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pela Procuradoria-Geral da República podem ressuscitar a política do gatilho salarial, mecanismo vigente na época da inflação por meio do qual os salários eram reajustados automaticamente com base em índices oficiais.

Atualmente, para conseguir um aumento, o Judiciário e o Ministério Público têm de encaminhar projetos ao Congresso. Nas propostas enviadas na semana passada, no entanto, foi incluído um dispositivo segundo o qual a partir de 2012 o reajuste seria feito por um ato administrativo com base na variação do IPCA.

Na justificativa do projeto, o STF afirmou que o mecanismo “dispensará a necessidade de remessa anual de projetos de lei ao Congresso Nacional, o que tornará o processo legislativo mais célere”. “Terá por base índices anuais projetados pelo governo federal”, diz o projeto que propõe o reajuste dos salários dos ministros do STF dos atuais R$ 26.723 para R$ 30.675.

Cascata. Se a proposta for aprovada pelo Congresso, além do gatilho salarial, ela provocará um aumento em cascata nos salários dos magistrados e do funcionalismo público em geral. Isso ocorre porque a remuneração dos ministros do STF é o teto para o serviço público. Toda vez que ela é reajustada, ocorrem aumentos em todo o funcionalismo.

Há previsão de que o projeto terá impacto de pouco mais de R$ 2 milhões no âmbito do STF e de R$ 446,7 milhões no Judiciário da União.

Ontem, o ministro do Supremo Tribunal de Federal (STF), José Antonio Dias Toffoli, recusou-se a comentar a proposta de reajuste com base no IPCA. Após participar de reunião no Senado para discutir mudanças no código eleitoral, Toffoli reagiu irritado à pergunta se concordava ou não com a proposta enviada ao Congresso pelo presidente do STF, Cezar Peluso. “Aqui não é assunto da comissão. Não vou comentar assunto que não seja da comissão. Estou no Senado e não no Supremo Tribunal”, disse, visivelmente irritado.

Em 2007, quando a Câmara quis aumentar o salário dos parlamentares, o Supremo decidiu que era necessário uma lei e que, portanto, reajustes salariais não poderiam ser concedidos por ato da Mesa. / COLABOROU ANA PAULA SCINOCCA

MAGISTRATURA AFIRMA: ” Somos a única categoria que não conta com recomposição total da inflação” 8

O DIA – ON LINE

Justiça: reajuste de servidor tem que ser anual e pela inflação 

Rio – Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) encaminharam à Câmara dos Deputados projeto de lei que visa reajustar o subsídio dos magistrados todos os anos com base na inflação. A proposta prevê que os ganhos sejam reindexados ao IPCA. A expectativa de economistas é que o Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo chegue aos 4,8% no ano que vem.

A medida garantiria, por meio da lei, que a remuneração da categoria fosse reajustada pela inflação, o que, de acordo com a classe, não vem acontecendo de maneira total desde 2005. “O subsídio tem que ser revisado, anualmente, desde que haja condições orçamentárias. Somos a única categoria que não conta com recomposição total da inflação”, afirma o presidente da Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra), Luciano Athayde.

De acordo com o magistrado, além de acelerar a aprovação do reajuste, que estaria ligado à Lei de Diretrizes Orçamentárias, a proposta permitiria também ao funcionalismo do Executivo, Judiciário e Legislativo ter aumentos baseados na inflação. Isso porque, com a mudança no subsídio do STF, altera-se o teto salarial do funcionalismo público.

Apesar de já estar em tramitação, a proposta encaminhada à Câmara só será analisada e votada pela Casa depois das eleições. Se aprovada, elevará a R$ 30.675,48 os ganhos de juízes e desembargadores, inclusive no âmbito estadual — que hoje é de R$ 26.723,13. A medida vai provocar impacto nos cofres da União de R$ 446 milhões, com aumento de R$ 2 milhões apenas no STF.