Congresso discute MAIS UMA QUADRILHA DO PAÍS: PEC que transforma agentes penitenciários em corporação. Tema é polêmico e causou até pancadaria 19

SEGURANÇA CARCERÁRIA

Mais uma polícia no país

Congresso discute PEC que transforma agentes penitenciários em corporação. Tema é polêmico e causou até pancadaria

Renata Mariz

 

No último esforço concentrado do Congresso Nacional antes das eleições, um acordo entre os líderes partidários pode garantir a votação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) recheada de polêmicas. Prevista para entrar hoje na pauta da Câmara dos Deputados, a PEC n° 308/2004, que transforma agentes penitenciários em policiais penais no Brasil, causou tumulto e até pancadaria ontem nas dependências da Casa. Onze ônibus trouxeram profissionais dos quatro cantos do país para reivindicar a aprovação da matéria. Em outra frente, pelo menos 25 entidades ligadas ao tema da Justiça e dos direitos humanos no país divulgaram manifesto contrário e fizeram contato com parlamentares para dissuadi-los da votação. Ao se encontrarem no Congresso ontem, houve confronto, mas ninguém se feriu. Ao governo federal, que já tornou público seu descontentamento com a proposta, só resta lamentar.

“Já nos manifestamos contrários, mostramos que essa ideia é absurda e representa um atraso institucional. Não existe nada parecido no mundo. Então, se mesmo assim vão votar, fazer o quê?”, resigna-se Airton Michels, diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), ligado ao Ministério da Justiça. Apesar das lamentações, o relator do projeto, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), garante que existe acordo para aprovar a matéria hoje, com a apresentação de um novo texto. É que a proposta original trazia, além da criação da Polícia Penal, suas atribuições, entre elas investigação dentro das prisões, captura de foragidos e combate ao narcotráfico direcionado às cadeias. “Não havia consenso, então fui procurado por agentes de várias cidades para fazer uma nova redação, que apenas cria a Polícia Penal. O funcionamento será resolvido por lei complementar”, afirma o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), autor do novo texto.

Para Teixeira, que concordava com a redação anterior, a saída foi a possível. “Em busca do ótimo, a gente perde o bom”, filosofa o parlamentar. Não é essa, entretanto, a avaliação do presidente da Associação Brasileira de Ciências Criminais (IBCCrim), Sérgio Mazina Martins. “Se dentro do próprio Congresso não há consenso sobre as atribuições dessa nova polícia, por que criá-la? A questão tem que ser debatida não só com os agentes, em âmbito corporativista. Mas sim com os operadores da Justiça, com as universidades, com as outras polícias.”

João Rinaldo, presidente do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo (Sifuspesp), onde estão quase 30 mil dos 100 mil agentes penitenciários do país, pensa diferente. “Sermos reconhecidos na Constituição nos dará força para exigir uma capacitação melhor. Hoje, o curso que recebemos ao ingressar na carreira é muito fraco”, alega Rinaldo. Presidente do Sindicato dos Técnicos Penitenciários do Distrito Federal, Gustavo Alexim defende a aprovação da matéria, enfatizando que o trabalho seria feito de uma forma melhor. “Hoje, ficamos muito amarrados e dependendo das forças policiais para atividades simples, como recaptura de presos e questões disciplinares”, enumera.

 

Agentes da lei

Conheça as atribuições das corporações existentes no país:

Polícia Militar

Faz o policiamento ostensivo para prevenir a ocorrência de crimes e manter a ordem pública. Cada estado e o Distrito Federal tem a sua corporação.

 

Polícia Civil

Tem a tarefa de apurar crimes, por meio de inquéritos, exceto as infrações de natureza militar. Também é ligada aos estados e ao Distrito Federal.

 

Polícia Federal

Mantida pela União, apura infrações contra a ordem política e social de interesse da União. Ou ainda crimes de repercussão interestadual e internacional. Cuida também do tráfico de drogas, contrabando e infrações tributárias. Emite passaportes e atua nas fronteiras.

 

Polícia Rodoviária Federal

Faz o patrulhamento das rodovias federais, atuando na questão do ordenamento do trânsito e também no combate ao contrabando, ao tráfico de drogas e à prostituição.

Polícia Legislativa

Trabalha no Senado e na Câmara dos Deputados em atividade ostensiva para manter a ordem e zelar pelo patrimônio. Também apura infrações penais ocorridas nas dependências das duas Casas.

 

Polícia do Exército

Responsável por zelar o cumprimento dos regulamentos militares. Atua apenas no âmbito das Forças Armadas.

 

Polícia Ferroviária Federal

Atua no patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.

Vox Populi dá 45% a Dilma e 29% a Serra 8

Vox Populi dá 45% a Dilma e 29% a Serra 

BRASÍLIA. Pesquisa do instituto Vox Populi, divulgada ontem, mostra a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, com 45% das intenções de voto, contra 29% do candidato tucano, José Serra, e 8% da candidata do PV, Marina Silva.

Com esse resultado, Dilma venceria no primeiro turno, já que para isso basta que o total de votos válidos contabilizados por um candidato seja maior do que a soma dos votos obtidos por seus concorrentes.

Os demais candidatos não atingiram 1% das intenções de voto. Entre os entrevistados, 5% declararam voto em branco ou nulo, e 12% estão indecisos. A pesquisa foi feita entre os dias 7 e 10 de agosto com 3 mil pessoas em 219 cidades de todos os estados, exceto Roraima.

A região onde Dilma está mais bem colocada é o Nordeste.

Em Pernambuco, terra do presidente Lula, ela teria 66% dos votos, contra 19% de Serra.

O pior desempenho da petista é no Sudeste. Já Serra tem seu melhor desempenho no Sul e o pior, no Nordeste. Em São Paulo, onde foi governador até decidir se candidatar à Presidência, Serra teria 40% dos votos, contra 33% da petista.

Na última pesquisa Vox Populi, publicada em 22 de julho, Dilma tinha 41%, contra 33% de Serra e 8% de Marina. Outros 4% declararam votar em branco ou anular e 13% estavam indecisos.

O levantamento divulgado ontem foi registrado no TSE sob o número 22.956/10. A margem de erro é de 1,8 ponto percentual, para mais ou para menos.

 

A+ = “ALTAMENTE RECOMENDADOS”…VALE DIZER: um amigo ou parente “CONTRIBUINTE”… 7

Conforme a Folha revelou no final do ano passado, candidatos ligados a funcionários do IC foram aprovados irregularmente num concurso que teve 17,6 mil inscritos. Após a reportagem, o secretário da Segurança, Antonio Ferreira Pinto, anulou a segunda fase do concurso.

Os concorrentes “altamente recomendados” tinham um “A+” no verso do prontuário e aprovação praticamente garantida. Um “A” significava ser um amigo ou parente. Cruzamento feito pela Corregedoria revelou que 75 concorrentes receberam nota “A+”. Desses, 95% deles foram aprovados.

Procurado, Perioli, que continua como chefe da Polícia Científica, não quis falar. Além dele, outros quatro policiais são citados como envolvidos no caso. O então diretor do IC, José Domingos Moreira das Eiras, é um deles. Ele perdeu o cargo após a Folha revelar a fraude –um parente dele estava entre os beneficiados.