Rota é alvo de dois ataques do crime organizado; bandido morre em ação
Quinze horas depois de atentado contra comandante, criminosos atiraram contra o quartel do batalhão. Polícia redobrou vigilância
02 de agosto de 2010 | 0h 00

Homem que atirou contra sede da Rota, na Avenida Tiradentes, foi morto
As Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), unidade de elite da Polícia Militar, transformou-se no alvo dos mais graves ataques praticados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) neste ano em São Paulo. Um suspeito de integrar a facção criminosa foi morto quando disparava contra o prédio do quartel da Rota, no centro de São Paulo.
Quinze horas antes, o comandante do batalhão, tenente-coronel Paulo Adriano Telhada, escapara ileso de um atentado à bala. Em seus 40 anos de existência – ela foi fundada em 1970 – essa é a primeira vez que a sede e o chefe da Rota são alvos de um ataque. A polícia ainda investiga a possibilidade de incêndios criminosos que destruíram 13 carros na madrugada de ontem na zona leste terem ligação com as novas ações da facção criminosa.
O governador Alberto Goldman (PSDB) afirmou ontem que “não existe nenhum perigo que possa colocar em risco a segurança do povo paulista”. O Centro de Inteligência Policial da PM e três departamentos da Polícia Civil estão apurando os ataques. Suspeita-se que eles são uma retaliação dos bandidos às ações da Rota que atingiram as finanças da liderança da facção, com a apreensão de armas, drogas e dinheiro e a prisão de homens da organização. “Pode ser uma reação a eles”, disse Goldman.
As ações do PCC começaram às 11 horas de anteontem, na Vila Penteado, zona norte. O tenente-coronel Telhada retirava sua picape de casa quando percebeu a aproximação de um carro com dois homens. Ao ver o passageiro abaixar o vidro e colocar a mão para fora da janela, Telhada se deitou no banco da picape. Os criminosos dispararam cerca de dez tiros e fugiram.
Pouco antes das 4 horas, policiais da Rota que estavam de guarda no quartel na Avenida Tiradentes, na Luz, escutaram disparos. Eles pareciam vir da rua ao lado, a João Teodoro. Os policiais foram verificar o que estava acontecendo e surpreenderam um homem de pé atirando em direção às janelas da lateral do quartel. Eles revidaram e balearam o criminoso, que morreu.
Identidade. Ele foi identificado como Frank Ligieri Sons, de 33 anos. O acusado deixou em fevereiro a prisão em Guarulhos, na Grande São Paulo. Em sua ficha policial consta que ele foi acusado de dois roubos – um na região da Sé e outro na Lapa, em São Paulo -, um estupro e uma lesão corporal, estes em Guarulhos.
Um outro bandido, que o aguardava em um carro, fugiu. Com Frank os policiais afirmaram ter encontrado um coquetel molotov e uma pistola calibre 40, mesmo tipo usado no atentado fracassado contra o tenente-coronel Telhada. Ele é suspeito de integrar a facção criminosa.
O atentado contra a Rota está sendo investigado pelo Centro de Inteligência da PM e pelo Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic). Já o atentado contra Telhada é alvo de inquérito do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Uma das principais pistas neste caso é a placa de um carro que o tenente-coronel conseguiu anotar.
As ações colocaram a polícia em alerta – comandos foram orientados a redobrar a vigilância. Cones foram postos na frente de quartéis, como o da Rota. Por enquanto, a polícia não identificou os outros participantes dos ataques.
CRONOLOGIA
29 de fevereiro de 2008
Rota prende dois tesoureiros do PCC e apreende R$ 674 mil
16 de abril de 2009
Presos 18 membros na escola de samba Barroca Zona Sul
26 de agosto de 2009
Apreensão de 130 kg de cocaína
17 de maio de 2010
Fábio Fernandes da Silva, o Vampirinho, um dos líderes da facção, é morto
7 de julho de 2010
Oito homens do PCC na zona leste são presos e um é morto
Defesa
ALBERTO GOLDMAN, governador do Estado: “Existe um cuidado maior, é claro, mas nada fora do normal”
Agora ou vai ou racha
Novo diretor do Denarc recebe carta branca do secretário de Segurança Pública para fazer uma limpeza geral e mudar a
imagem do Departamento de Narcóticos de São Paulo
Madi Rodrigues
O Departamento de Narcóticos de São Paulo foi vítima de uma overdose. De casos de corrupção, tortura, abuso de autoridade, extorsão e tráfico internacional de drogas. Até o diretor do departamento entregou os pontos. Sentindo-se “magoado”, Marco Antônio Ribeiro de Campos ,entregou o cargo, na segunda-feira 13, pois já não agüentava mais a sucessão de envolvimento de seus subordinados em crimes que deveriam combater.
Sucessivos escândalos abalaram a credibilidade do Denarc, que vem sendo alvo de atenções e preocupações dentro da cúpula da segurança pública do Estado, desde o ano passado. Em dezembro de 2001, cinco investigadores foram denunciados pelo Ministério Público por crimes de abuso de autoridade, tortura e extorsão contra viciados e prostitutas da região central da cidade. O caso ficou conhecido como o escândalo da Crocolândia e repercutiu em todo o País e causou o afastamento do delegado-corregedor, Ruy Estanislau, e de mais dois delegados que trabalhavam diretamente com os acusados. Em abril, o delegado Fábio Dalmás e mais três investigadores, entre eles João Saladini, foram afastados sob suspeita de extorsão contra um doleiro, no centro. Dalmás teria, conforme a denúncia, ameaçado colocar cocaína na mochila do filho do doleiro, caso não recebesse determinada quantia em dinheiro. O escândalo mais recente foi a gota d’água que faltava para transbordar o oceano das coisas e aconteceu no último dia 8, quando o agente policial Marcondes Romeiro e a namorada Cristine Mausquer Ardnt foram presos pela Polícia Federal no Rio de Janeiro, por tráfico internacional de drogas. Ex-garota de programa, Cristine foi surpreendida pela PF no aeroporto Tom Jobim com 1 quilo e 100 gramas de cocaína e contou à polícia que ela e Romeiro pretendiam embarcar com a cocaína rumo à Europa, onde a droga seria trocada por ecstasy e mais tarde vendida em São Paulo, Rio e Santa Catarina. Romeiro foi preso em seguida em um hotel e Cristine encaminhada ao serviço de proteção à testemunha, por ter colaborado com a polícia revelando todo o esquema. O investigador Flávio Simões Júnior, que comprou as passagens do casal com o seu cartão de crédito, se entregou à Corregadoria da Polícia Civil de São Paulo, no dia 12. A Corregedoria agora investiga a possível participação de outros policiais do Denarc no esquema. “Fui eu que pedi para deixar o departamento, me senti apunhalado por esses policais”, disse Campos. Durante os três anos em que esteve à frente do departamento, ele afastou cerca de 300 policiais. “O delegado Campos é um homem de bem, de honestidade a toda prova e agora vai chefiar a assessoria da Polícia Civil aqui no meu gabinete”, disse o secretário de Segurança Pública, Saulo Castro Abreu Filho, durante coletiva, na quarta-feira, 16.
Mudanças – No lugar de Campos entrou Ivaney Caires de Souza, 47 anos, diretor do Departamento de Polícia do Interior, em Sorocaba, onde conseguiu unir as polícias civil, militar, federal e guarda civil, fazendo até com que dividissem o mesmo prédio. Ele trouxe uma equipe de 22 policiais, onde estão incluídos seis delegados. “Essa equipe me acompanha há anos e são pessoas de minha extrema confiança”, revelou. O Denarc – que conta hoje com 407 policiais, entre eles 37 delegados e 276 investigadores – será regionalizado, ou seja, haverá delegacias do departamento nas cinco regiões da cidade. Além disso, haverá um relacionamento mais estreito com a Polícia Militar. Para completar, novas ações serão implantadas para controlar as atividade dos investigadores nas ruas. “Quero uma polícia de resultados. Vou trabalhar vinte e quatro por dia para devolver a imagem do Denarc. Ninguém sairá às ruas sem dizer exatamente aonde vai e o que vai fazer. Todos terão de prestar contas de suas investigações”, prometeu Ivaney. “Vou analisar cada funcionário. E os que se adaptarem ao novo perfil serão aproveitado. Também não terei o menor constrangimento em dispensar os que não se enquadrarem no novo esquema de trabalho”, garantiu. “Ele veio para mudar as coisas lá dentro. E tem carta branca minha e do delegado geral, Marco Antônio Desgualdo, para fazer o que for preciso ser feito. Ninguém aqui quer conviver com mau policial e com corrupto muito menos”, disse o secretário Saulo Abreu Filho. O secretário também avisou: “A caneta do delegado-geral está mais pesada e com mais tinta para expulsar policiais corruptos.” Ivaney Caires está na polícia há 21 anos e já esteve no Denarc, em 1997, como diretor da Divisão de Investigação sobre Entorpecentes. O Departamento de Narcotícos de São Paulo, agora vai funcionar em sede própria. Sai da Brigadeiro Tobias, no centro, e vai para a rua Moncorvo Filho, na Cidade Universitária, ao lado do prédio da Polícia Científica (Instituto de Criminalística-IC) e da Academia de Polícia.
DEZ ANOS DEPOIS… RACHOU!!!!
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Ato de fé?Perguntas que não querem calar:
Agora temos também homem bomba?
Para quem tem granada,molotov,parece-me ingenuidade.
Entenderam que não devem matar os comandados,e sim,os comandantes?
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