O DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO “LAVA AS MÃOS” E ANTECIPA VIOLÊNCIA DA PM CONTRA SERVENTUÁRIOS: “Eles estão loucos para ter heróis e mártires. Estão provocando”. 16

Ao longo de uma jornada com mais passado que futuro, o que pude aprender do idioma “Português” é que ESTE DISCURSO DO PRESIDENTE publicado hoje na FOLHA DE SÃO PAULO em
http://www1.folha.uol.com.br/poder/752918-grevistas-desejam-ter-um-martir-diz-presidente-do-tj-sp.shtml

não tem outro significado que uma concisa ameaça cabal- fatal; resTa saber : – quem NÃO será o MARTIR?

Ulysses Freire da Paz Junior

18/06/2010-

Grevistas desejam ter um mártir, diz presidente do TJ-SP

FREDERICO VASCONCELOS
DE SÃO PAULO

O presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, desembargador Antonio Carlos Viana Santos, prevê confrontos entre grevistas e a Polícia Militar: “Eles estão loucos para ter heróis e mártires. Estão provocando”.

A PM monitora a movimentação de ônibus que vêm do interior. O maior contingente de grevistas, segundo o TJ, é de Ribeirão Preto, principal núcleo da greve.

“Alguns advogados criticam que o Fórum João Mendes está fechado. Se não fecho, ponho em risco a segurança dos meus servidores, diante da forma agressiva, do verdadeiro vandalismo”, diz Viana Santos.

Leia abaixo a íntegra da entrevista.

Folha – O Tribunal vai apostar no desgaste do movimento? Em que medida o tribunal é responsável por essa greve?

Antonio Carlos Viana Santos – O Tribunal não é responsável pela greve. O executivo estadual cortou 1/3 do orçamento proposto, abrangendo a verba de pessoal. Não tenho verba para gratificações ou reposições salariais. Seria necessário uma lei aprovada pela Assembleia e suplementação do Executivo.

Vários juízes entendem que as reivindicações são justas…

Nossa data base é março e há dois anos estamos sem nenhuma reposição salarial.

Há a imagem de que os juízes recebem abonos, auxílio-voto, e há servidores sem reajustes, sem receber indenizações por férias não gozadas.

Eles querem que se pague aos funcionários o mesmo tanto que se paga ao juiz… O subsídio do juiz é fixado [em relação] ao subsídio do STF. É nacional. Em média, um salário de um juiz é equivalente a um salário de seis servidores. São 1.900 juízes. Há 44 mil funcionários em atividade e 16 mil aposentados. Como eu posso fazer o equilíbrio que eles querem?

Há servidores sem indenizações por férias não gozadas?

O governo anterior cortou 1/3 do orçamento que era justamente para pagamento dessas férias, de licença prêmio e o FAM [Fator de Atualização Monetária]. Há uma verba pequena, estamos pagando férias, licença-prêmio e o FAM. Há uma fila. 33 mil funcionários receberam um desses benefícios no ano passado. Eles não falam isso.

Alguns juízes entendem que o Tribunal deveria se empenhar mais para obter mais verbas, mais autonomia. Por que não questionar no STF os cortes feitos pelo Executivo?

Não vejo saída jurídica. A autonomia financeira do Judiciário, prevista na Constituição de 1988, é mera retórica. É autonomia de papel. O Poder Judiciário é um poder pobre. É o que não tem nada para barganhar com o Executivo, que é o poder forte. A Assembleia Legislativa tem. Aprova ou não os projetos.

Como superar o impasse, serviços essenciais paralisados e a violência que o sr. cita?

Até agora não houve confronto entre a Polícia Militar e os grevistas… Eles estão loucos para ter heróis e mártires. Estão provocando, verbalmente, como impropérios e, na segunda-feira passada, de forma física. Invadiram o Tribunal de Justiça, invadiram o Fórum João Mendes, fizeram corredor polonês, bateram em funcionários…

Qual é o alcance da greve?

Greve com piquete e com violência física não é greve. Se todos tivessem aderido, não haveria necessidade de piquete. O Tribunal de Justiça, nesta greve, não parou um instante. Os julgamentos estão sendo realizados normalmente. Não há um servidor em greve no tribunal, nem nos gabinetes dos desembargadores e nem na parte administrativa.

Como recuperar os atrasos?

Os prazos no Fórum João Mendes e no Fórum Hely Lopes Meirelles, fechados, com a invasão dos servidores, serão devolvidos [voltarão a correr]. Onde não há greve ou onde ela é parcial os prazos serão devolvidos pontualmente pelo juiz da Vara.

Como o sr. vê o pleito para a criação de novas vagas?

Nós temos um projeto prevendo concurso para 1.000 vagas. Está parado há um ano na Assembleia. O último concurso foi há quatro anos. Devemos abrir concurso, por esses dias, para 300 vagas na Capital. A Justiça Federal e a trabalhista estão pagando o dobro. Nossos melhores servidores fazem concurso. Fornecemos mão de obra…

Qual o efeito da aprovação do Plano de Cargos e Carreira?

O Executivo entende que a aprovação de um Plano de Carreira, que estava na Assembleia há cinco anos, será o suficiente. Na verdade, um plano de carreira tem que ser piramidal. A base é formada pelos mais jovens, os que começaram há pouco tempo. Alguns terão 5% a 10%, porque não é linear. É um paradoxo, mas quanto mais elevada a função, a chefia e a direção terão, indiretamente, um aumento maior. Estou mandando fazer hora extra, sábado e domingo, para implantar o plano.

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Noutras palavras: meterão porrada nos grevistas sob  beneplácito do presidente do Tribunal.

HORTOLÂNDIA: Dois guardas municipais de Hortolândia estão sendo acusados de tortura e abuso de autoridade contra um motoboy, durante uma fiscalização de trânsito 69

HORTOLÂNDIA
Polícia Civil registra acusação de tortura contra soldados da GM
Dois guardas municipais de Hortolândia estão sendo acusados de tortura e abuso de autoridade contra um motoboy, durante uma fiscalização de trânsito, anteontem à noite, no Jardim Esmeralda. Segundo boletim de ocorrência, um dos guardas provocou transtornos e interferiu no depoimento das vítimas.O motoboy W.L.F.A., 21, relatou ao TodoDia que os guardas apontaram as armas para sua cabeça na abordagem, à procura de drogas. “Dissemos que não tinha nada, mas ele insistia em manter a arma na nossa direção. Falei que meu colega estava com a perna machucada, mas mesmo assim, eles chutaram e colocaram a gente na viatura”, comentou.

A versão do guarda C.F.R., 43, foi que o motorista dirigia em alta velocidade pelo bairro e que o W. tentou se desvencilhar da autuação, mas teve o carro guinchado. O guarda disse também, no plantão policial, que algemou o motorista para evitar uma agressão. O outro guarda, M.B.A, 35, participou da detenção.

Na delegacia foi constatado que o carro tem documentação em ordem e o motorista possui habilitação. Por isso, o carro e os documentos do motorista foram liberados.

Segundo o motoboy, C. interrompia a versão das vítimas para “forçar” o registro do caso como direção perigosa, desobediência e resistência, enquanto a ocorrência era registrada. O delegado Roberto Conde Guerra preferiu efetuar o registro por tortura e abuso de autoridade.

Os guardas foram procurados ontem à tarde para comentar o assunto, mas não foram localizados pela reportagem. 

 CRISTIANI AZANHA

http://portal.tododia.uol.com.br/?TodoDia=policia&Materia=394908&dia=16&mes=06&ano=2010

O escritor português José Saramago morreu aos 87 anos em sua casa em Lanzarota, nas Ilhas Canárias, nesta sexta-feira (18). 9

Autor de ‘Ensaio sobre a cegueira’ morreu nesta sexta nas Ilhas Canárias.
Informação foi passada à agência de notícias EFE pela família do escritor.
Da EFE
O escritor português José Saramago morreu aos 87 anos em sua casa em Lanzarota, nas Ilhas Canárias, nesta sexta-feira (18).
A informação foi passada à agência de notícias EFE pela família do escritor de “Ensaio sobre a cegueira”.
O escritor português era um dos maiores nomes da literatura contemporânea e vencedor de um prêmio Nobel de Literatura.
Prêmio Nobel

Morre o escritor português José Saramago

Publicada em 18/06/2010 às 09h44m

RIO – Morreu nesta sexta-feira na ilha espanhola de Lanzarote, aos 87 anos, o escritor português José Saramago.

O escritor português e Prêmio Nobel de Literatura José Saramago morreu na ilha espanhola de Lanzarote, nesta sexta-feira, por volta das 8h (horário de Brasília). Ele tinha 87 anos e, segundo as primeiras informações cedidas por familiares, passou mal após o café da manhã e morreu pouco depois. Ele estava em casa, na companhia da mulher, a espanhola Pilar Del Río.

José Saramago é considerado um dos mais importantes escritores contemporâneos, autor de obras que atingiram reconhecimento mundial, como “O evangelho segundo Jesus Cristo”, “A jangada de pedra” e “Memorial do convento”. Sua obra “Ensaio sobre a cegueira” foi levada ao cinema pelo brasileiro Fernando Meirelles e o filme se tornou um sucesso mundial. Em 1998, sua prosa inventiva, a estética rigorosa e a constante preocupação social o fizeram merecer o Prêmio Nobel de Literatura.

O escritor publicou no final de 2009 seu último romance, “Caim”, um olhar irônico sobre o Velho Testamento. O livro foi muito criticado pela Igreja.

BELEZA: No início, as fraudes envolviam apenas provas para ingresso na Polícia Civil…VENHA PARA O CURSINHO DO “EDGAR” E SEJA MAIS UM FELIZ POLICIAL 8

No início, as fraudes envolviam apenas provas para ingresso na Polícia Civil
A Operação Tormenta iniciou a vistoria de documentos na 4ª-feira 

Quadrilha de concursos
age em Santos há 20 anos

Sexta-feira 18 A TRIBUNA

Sigilo

Página: 3

ERALDO JOSÉ DOS SANTOS *

DA REDAÇÃO
A origem da Operação Tormenta remonta há 20 anos, com fraudes em concursos para a Polícia Civil, em Santos. Desde então, segundo uma fonte da polícia, a quadrilha se especializou em fraudes para concursos de outras carreiras, como polícia militar, auditor e técnico do Tesouro Nacional e até para Polícia Federal. Em um concurso para técnico do Tesouro, pessoas de uma mesma família teriam sido aprovadas com a mesma nota, fato que gerou a desconfiança. Há casos de investigados que, afastados dos concursos, chegaram a ingressar com ações de reparação de danos.
IMAGEM
O juiz da 3ª Vara Federal em Santos, Herbert Cornélio Pieter de Bruyn Júnior, que concedeu os mandados de prisão disse que a investigação tem caráter sigiloso. “O objetivo é preservar a imagem das pessoas investigadas e resguardar as investigações”. O magistrado confirmou ter concedido 12 mandados de prisão que foram cumpridos em Santos, São Paulo e Brasília. Ele acentuou que a origem das investigações é Santos e por isso o processo vai tramitar pela Cidade. Os mandados de prisão têm prazo de cinco dias e podem ser renovados. Mesmo entendendo o interesse público que a investigação desperta, o juiz salientou que deve prevalecer o resguardo das investigações e a preservação dos investigados.
REDAÇÃO
A Polícia Federal abriu o inquérito a partir da denúncia de uma professora que foi procurada por dois candidatos, em dias diferentes, no ano passado. Os dois fizeram a ela a mesma encomenda: que redigisse um texto sobre o tema do concurso da PF. O segundo candidato foi incisivo ­ queria “uma redação mais apurada” e comentou que se destinava a um concurso. Desconfiada, a professora comentou o fato com os responsáveis pelo estabelecimento de ensino onde trabalha. Logo, os movimentos dos candidatos chegaram à cúpula da corporação, em Brasília. A investigação seguiu para Santos, base da organização sob suspeita. Pelo menos oito da lista de 12 presos pela Tormenta da PF são candidatos supostamente beneficiados. Todos tiveram prisão temporária e estão sob custódia da Superintendência da PF em São Paulo.

Na lista de detidos, segundo a Agência Estado, consta Antônio Luiz Baptista Filho, aprovado no concurso para agente da PF.Onome Edgar Rikio Suenaga aparece na lista de aprovados para analista administrativo da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em 2009. Maurício Toshikatsu Iyda figura em dois concursos públicos para perito da PF, em 2004, e para policial rodoviário federal, em 2002. Em ambos, Iyda consta como aprovado. Nilton Moreno, embora acusado pela PF, aparece como reprovado na fase de redação do concurso para agente da PF em 2009. Paulo Eduardo Tucci tem seu nome ligado ao concurso para papiloscopista da Polícia Civil, ocorrido em 2006, e ao exame de 2009 da OAB. Pedro de Lucca Filho é apontado como aprovado no concurso da PF, em 2009.

“A investigação tem caráter sigiloso. O objetivo é preservar a imagem das pessoas investigadas e resguardar as investigações”
Herbert Cornélio Pieter de Bruin Júnior, juiz da 3ª Vara Federal de Santos.

Na TV, Serra vira “Zé” e fala em ampliar Bolsa Família 43

PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010

Na TV, Serra vira “Zé” e fala em ampliar Bolsa Família

PSDB repete PT, dribla a lei eleitoral e antecipa propaganda de campanha

Partido usa programa para traçar biografia do candidato, que aparece com a família e como um político “aprovado”

CATIA SEABRA

BRENO COSTA

DA REPORTAGEM LOCAL

 

Exatamente um mês depois de acusar o PT de uso eleitoral do horário político por promover Dilma Rousseff, o PSDB repetiu a fórmula e dedicou ontem os dez minutos de seu programa partidário à candidatura de José Serra à Presidência.

Chamado de “Zé” -numa clara tentativa de humanização-, Serra monopolizou o programa, fazendo até promessas de campanha.

A primeira fala de Serra foi uma “vacina” ao discurso de que pretende acabar com os benefícios sociais se eleito: “O Bolsa Família deve ser ampliado, fortalecido”.

Ele também prometeu ampliar programas de saúde e o ensino profissionalizante. “Vamos juntos. O Brasil pode mais”, conclamou, usando o slogan de campanha.

Serra falou por três minutos e apareceu em imagens durante 5min45s. Mas seu nome e sua trajetória consumiram todo o tempo, incluindo 17 depoimentos elogiosos. “Espero que, quando ele for presidente, refaça isso [as AMEs] em todo o Brasil”, afirmou o eleitor identificado como Mário Franco Jr.

Serra evitou críticas duras ao governo Lula. “A saúde está ruim. A educação precisa melhorar muito. E a segurança, em muitos lugares, está péssima”, disse, sem nunca culpar o presidente.

Insistindo na estratégia de comparar biografias com Dilma, o programa martelou por quatro vezes a expressão “aprovado” para se referir a Serra nos cargos que ocupou.

Numa tentativa de nacionalizar sua atuação e dissociá-lo de São Paulo, sua ação no Ministério da Saúde teve muito mais destaque que a como governador do Estado.

Apesar do risco de ações do PT, a Folha apurou que o PSDB avaliou que não poderia perder a oportunidade para tentar reverter o quadro de empate nas pesquisas.

 

“ZÉ” E AVÔ

Descrito como avô coruja, Serra apareceu com os olhos marejados ao falar da neta.

Além das cenas em família, o programa ressaltou a origem humilde de Serra, um “homem simples”, “filho de família pobre” que “estudou em escola pública”.

Numa repetição da campanha de 2006, quando Alckmin virou “Geraldo” também pelas mãos do jornalista Luiz González, Serra é chamado de “Zé” e aparece bem-humorado: “Não consegui descobrir o genérico para a careca”, diz a eleitores.

Segundo tucanos, a incorporação do José ao nome de Serra irá acontecer durante a campanha.

 

TSE decide que Ficha Limpa vale para todos com condenação em órgão colegiado por crime grave 21

ELEIÇÕES 2010

Já condenados estão fora

TSE decide que Ficha Limpa vale para todos com condenação em órgão colegiado por crime grave

Isabel Braga

 

Numa decisão histórica, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu ontem que a Lei da Ficha Limpa alcançará todos os candidatos que tiverem condenação em órgão colegiado (por mais de um juiz), por crimes graves, mesmo que elas tenham ocorrido antes da sanção da lei, em 4 de junho passado. O ministro relator da consulta sobre a abrangência da lei, Arnaldo Versiani, defendeu que inelegibilidade não é pena e nem significa perda de direito político. Versiani enfatizou que a lei alcança os processos em tramitação, os já julgados ou aqueles aos quais ainda cabe recurso. O relator foi acompanhado por cinco dos sete ministros. Apenas Marco Aurélio Mello ficou contra.

Segundo Versiani, as causas de inelegibilidade devem ser verificadas no momento do registro da candidatura. Se, naquela data, o candidato tiver condenações por órgão colegiado, estará impedido de se candidatar. Ou seja, o registro poderá ser negado. Para Versiani, não há por que se alegar que a lei estará retroagindo para prejudicar o direito do candidato.

– Não se trata de retroagir. A causa de inelegibilidade incide sobre a situação do candidato no momento do registro (até 5 de julho). Não se trata de perda de direito político, de punição. Inelegibilidade não constitui pena. A condenação é que por si só acarreta a inelegibilidade – disse Versiani. – A incidência de causa de inelegibilidade, sem exigência de trânsito em julgado (condenação definitiva), resulta de se exigir vida pregressa compatível dos candidatos.

 

Decisão traz “menor sacrifício possível”

O relator relembrou o voto do ministro Hamilton Carvalhido, dado na semana passada, destacando que o legislador, ao vetar o registro apenas nos casos em que haja condenação por órgão colegiado, garantiu o “menor sacrifício possível do princípio da não culpabilidade”, ou seja, o princípio da presunção da inocência (a pessoa só é considerada culpada quando for condenada definitivamente).

Assim como Carvalhido, Versiani e os demais ministros que acompanharam seu voto enfatizaram que o direito eleitoral impõe a proteção da probidade e moralidade públicas. Os ministros enfatizaram que a lei, ao impedir o registro dos que têm condenações passadas, não está impondo sanção penal, mas avaliando se o candidato tem condições de concorrer a um cargo eletivo.

Versiani também citou o artigo terceiro da nova lei, que permite que pessoas com condenação recorram a instâncias superiores para tentar suspender a inelegibilidade, para afirmar que a lei atinge todas as condenações passadas.

O presidente do tribunal, Ricardo Lewandowski, levou ponderações de professores sobre o tempo verbal – a modificação feita ao texto na votação no Senado que mudou o tempo verbal de “os que tenham sido” para “os que forem” condenados. Para Lewandowski, ainda que haja mais de um interpretação, é preciso levar em conta o espírito da lei:

– A locução “os que forem” não exclui os já condenados. Não se trata de hipótese de retroatividade, mas de considerar, na ocasião do registro, as condições de inelegibilidade.

O ministro Marco Aurélio afirmou que o TSE não poderia ter respondido à consulta porque as convenções partidárias já estão ocorrendo. E, no mérito, afirmou que a lei só deveria valer para as próximas eleições, alertando que a retroatividade levará à insegurança jurídica:

– Temo que a antecipação de crivo pelo TSE acabe por encomendar uma missa de sétimo dia relativamente a essa lei. Continuo convencido de que a queima de etapas não conduz ao ordenamento jurídico. Certos temas devem ser amadurecidos.

A vice-procuradora geral eleitoral, Sandra Cureau, defendeu a validade da lei para condenações que ocorreram antes da sanção. Ela destacou o movimento popular em torno da votação do projeto de iniciativa popular que pedia ética e moralidade no exercício dos cargos públicos:

– O Ministério Público entende que se aplica a situações de inelegibilidade já configuradas e às que vierem se configurar até a data das eleições.

Apesar de acompanhar o voto de Versiani, o ministro Marcelo Ribeiro fez ressalvas à decisão. Para ele, há casos em que inelegibilidade é pena. O ministro deu como exemplo casos em que o eleito é julgado e cassado, na Justiça eleitoral, por compra de votos ou abuso de poder econômico.

O projeto de iniciativa popular foi apresentado à Câmara em setembro do ano passado, com o apoio de mais de 1, 3 milhão de assinaturas, e vetava a candidatura dos que tivessem condenação em primeira instância. Para ser aprovado, foi flexibilizado. O Congresso cedeu à pressão e aprovou o projeto em maio, e ele foi sancionado no último dia 4 de junho. Na semana passada, o TSE decidiu que a lei valerá para as eleições deste ano.

Antes desta lei, só condenados em última instância da Justiça estavam impedidos de concorrer. A lei atual veda o registro eleitoral de condenados por crimes graves: cassação de mandato, crimes contra a vida, por tráfico de drogas, por improbidade administrativa. O texto amplia o prazo de inelegibilidade de três para oito anos.

A condenação que torna o político inelegível só valerá se o julgamento se der em instância colegiada. A proposta permite que o condenado recorra para tentar suspender a inelegibilidade e concorrer.

EX-DELEGADO ONÉZIMO MENTE DE ÓCULOS ESCUROS 7

CAPANGA

ELEIÇÕES 2010

Ex-delegado confirma ter sido procurado para espionar Serra

Onézimo diz que jornalistas ligados à campanha de Dilma queriam investigação

Jailton de Carvalho

 

BRASÍLIA. O delegado aposentado da Polícia Federal Onézimo Sousa reafirmou ontem, em depoimento na Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso Nacional, que foi procurado pelos jornalistas Luiz Lanzetta e Amaury Ribeiro Jr. – o primeiro era contratado pela campanha presidencial petista -, para investigar o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, e um suposto grupo ligado ao deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ). Onézimo disse que, entre os alvos da investigação, estariam também os petistas Rui Falcão e Valdemir Garreta, rivais de Lanzetta na equipe da campanha da ex-ministra Dilma Rousseff.

– A investigação seria sobre o fogo amigo (vazamento de informação da campanha de Dilma Rousseff), e o alvo principal seria o candidato José Serra – disse Onézimo. – De pronto reagi e usei a expressão: vocês querem editar o aloprados 2 (o caso do falso dossiê sobre corrupção que seria usado por petistas contra candidatos tucanos na eleição de 2006, em São Paulo) E a partir daí não tinha mais clima para a conversa.

Disse ainda que recebeu uma proposta concreta, com pormenores, mas que não saberia dizer se as pessoas estavam autorizadas. E que foi procurado para “levantar tudo sobre” o candidato tucano.

– Fui convidado pelo PT. Não prestei serviços ao PT. Mas acabei ajudando o PT. Se esse pessoal tivesse ido em frente, as consequências teriam sido piores. Eu me informei que os três que compareceram à reunião eram ilustres desconhecidos. Se vieram individualmente ou em nome do PT é um problema deles.

Sobre a participação do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, Onézimo afirmou que o convite inicial para trabalhar na campanha “teria partido dele”.

– Quem se apresentou como representante do senhor Pimentel foi o Lanzetta. O outro foi apresentado como a pessoa que seria responsável por efetuar os pagamentos, que se apresentou como Bené – disse. Pimentel, coordenador da campanha de Dilma, nega participação.

 

“Houve uma proposta de R$160 mil por mês”

Durante o depoimento, o ex-delegado falou de suas relações com ex-colegas da Polícia Federal, citando o senador Romeu Tuma e o deputado Itagiba. Ele repetiu sua versão sobre o que seria o contrato.

– A conversa inicial foi no sentido de prestar serviços ao PT. Faria um contrato por dez meses. Seria a proteção da casa, proteger as instalações físicas. Houve uma proposta de R$160 mil por mês. No decorrer da reunião, teve outra proposta que considero indecente, que seria fazer um trabalho em cima do candidato concorrente. Então bati na mesa e disse: vocês querem reeditar os aloprados 2. Um deles (Amaury) disse que conseguiu dois tiros fatais contra o candidato (Serra).

Luiz Lanzetta e Amaury, que voltaram a negar ontem a versão de Onézimo, teriam feito a proposta num encontro entre eles em 20 de abril, num restaurante em Brasília. A reunião teve ainda a participação do sargento da reserva da Aeronáutica Idalberto Mathias, o Dadá, e do empresário Benedito de Oliveira Neto, o Bené. Onézimo se recusou, no entanto, a responder se gravou a conversa com Lanzetta, Amaury, Dadá e Bené.

– Isso é matéria de defesa – disse Onézimo, quando Itagiba perguntou se ele queria comprovar o que estava dizendo.

Onézimo contou ainda que, depois de tornar pública a denúncia contra o grupo de Lanzetta, recebeu uma ameaça velada de morte por e-mail.

– Na mensagem que recebi pela internet, isso (a denúncia) iria me transformar em nome de parque. Na hora não entendi. Não conheço bem São Paulo. Depois entendi que seria assassinado como o prefeito de Santo André Celso Daniel – disse Onézimo.

O delegado aposentado, que hoje atua como investigador particular, disse ainda que quem iria pagar pelo contrato de produção de dossiês seria Bené, um dos donos da empresa Dialog. A empresa é investigada por supostas irregularidades em contratos com o governo federal. Bené é uma espécie de sócio informal de Lanzetta, dono da Lanza Comunicação, empresa que prestava serviços à campanha da ex-ministra. Depois da divulgação do encontro com Onézimo, o contrato da Lanza com a campanha foi suspenso.

– O importante aí é investigar a triangulação de recursos para a campanha – disse o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).