O repórter ANDRÉ CARAMANTE fala sobre os riscos de fazer jornalismo policial crítico e investigativo e dá dicas para quem quer seguir carreira nesta área 3

Profissão de risco

REPORTAGEM PREMIADA

O repórter ANDRÉ CARAMANTE conta como apurou a reportagem “Chefe do Deic é sócio de firma de segurança”, que acaba de ser indicada ao Prêmio Folha. Na entrevista, ele fala também sobre os riscos de fazer jornalismo policial crítico e investigativo e dá dicas para quem quer seguir carreira nesta área. 

O texto completo da reportagem –que tem co-autoria do repórter-fotográfico DANILO VERPA) pode ser lido AQUI NO FLIT.

Novo em Folha – A pauta surgiu de uma fonte que você cultivava, de uma outra fonte que não conhecia, ou você teve um palpite e foi checar como era? 

André Caramante – Uma fonte antiga, em meio às denúncias de corrupção enfrentadas recentemente pela Polícia Civil, foi a responsável pela informação. Ele me deu apenas o primeiro nome da empresa de segurança do delegado Youssef Abou Chahin, chefe do Deic. Isso aconteceu por volta das 17h de uma terça-feira. Acredito que às 20h, já tinha a confirmação de tudo e até mesmo os horários do delegado na empresa. 
 
NF – Quantas pessoas mais ou menos você ouviu para apurar a informação?om certeza, mais de 15 pessoas. Entre sócios, funcionários e desafetos do delegado, claro.
 
NF – Durante a apuração, como fazer para a matéria não vazar e alertar o principal suspeito antes da hora?Em alguns momentos, tive de tentar contratar os serviços da empresa e também simular a necessidade de marcar uma reunião com o delegado. Foi assim, por exemplo, que consegui os horários da agenda dele à frente da Oregon e isso facilitou muito a realização das imagens por parte do Danilo Verpa.

AC – C

AC –

Também combinamos que, para captar a chegada do delegado à empresa, o Verpa não podia correr nenhum risco, até para não pensarem que ele era do crime organizado. Ele usou um carro com vidros escurecidos para ficar perto da empresa. Também usou as potentes lentes de aproximação.
 
NF – Vocês tinham documentos? Como foram obtidos?  

AC – Sim, tínhamos alguns documentos. Na quarta-feira, um colega de investigação aqui na Folha de S.Paulo conseguiu vários outros, a partir do número de CNPJ que havia conseguido na noite de terça.
 
NF – Foi difícil ouvir o outro lado? 

AC – Bastante difícil, até porque o delegado denunciado pela reportagem alegou que eu havia procurado seus superiores antes e por isso ele não tinha mais o que falar.

Fiz mais de 20 ligações para o delegado Chahin. Liguei para o celular dele, para a sede do Deic, para a Oregon e para o assessor de imprensa do órgão. O delegado adotou como postura não falar. Gravei todas as minhas tentativas de contato e até mesmo os recados deixados na caixa-postal do delegado.

No dia em que a reportagem saiu, uma quinta-feira, o delegado mandou carta para o jornal e alegou não ter sido procurado por mim. Rebati a acusação de não ter ido atrás dele e provei com as gravações as inúmeras tentativas de contato.

Após receber a carta do delegado, liguei para o assessor de imprensa do Deic e, novamente com o gravador ligado, fiz com que ele assumisse que a carta não era real e que havia procurado por Chahin inúmeras vezes.  
 
NF – Como fica a questão da segurança pessoal nesse tipo de matéria? Vocês não têm medo? Tomam alguma precaução especial? 

AC – Desde agosto do ano passado, as pessoas que cobrem a área de Segurança Pública aqui no jornal tomam algumas medidas de segurança para desenvolver matérias como essa. As medidas foram adotadas com apoio da direção do jornal.

Mas é claro o quanto esse tipo de denúncia desagrada quem estava lucrando com a insegurança vivida no país todo e isso sempre nos deixa em alerta.

Depois da reportagem sobre o chefe do Deic, também fizemos uma sobre o delegado-geral da Polícia Civil de SP, delegado Mário Jordão Toledo Leme, um dos que partiram em defesa de Chahin à época da revelação de que ele explorava a segurança privada.

Por também ser sócio de uma empresa de segurança privada, descoberta dias após a de Chahin, Leme o defendeu.

Hoje, dia 14 de agosto, o companheiro de Redação Kleber Tomaz  foi à sede do Deic para cobrir uma grande operação montada pelo departamento.

Ao ser visto com o crachá da Folha de S.Paulo no peito, ele foi abordado por um policial civil chamado Paulinho, do setor de “inteligência” do Deic.

O policial disse ao repórter que “o André Caramante é persona non grata ali”. Diante disso e do fato de que o Deic é um lugar com mais de 2 mil policiais (todos quase sem controle algum), cada um pensa o que quiser sobre riscos. 
 
NF – Há quantos anos você cobre polícia?  Como e por que entrou nessa área? 

AC – Atuo na reportagem de Segurança Pública desde 1998, quando trabalhei no Notícias Populares. Estou perto de completar dez anos nessa caminhada.
 
 
NF – O que recomendam para um recém-formado que queira fazer carreira na cobertura de polícia?Durante boa parte do tempo, desconfie de todos, principalmente daqueles que te dão as informações de maneira muito fácil. Há sempre algum interesse por trás desse tipo de atitude.

AC –

Mas também confie o tempo todo na sua apuração e naqueles que sempre te fazem observar outros lados de uma mesma história. A área de Segurança Pública movimenta muito dinheiro e muita vaidade.

Também acredito que a discrição ajuda muito. Quem não é visto, não é lembrado. Acredito que o repórter só tem de aparecer em várias situações quando já tem tudo apurado e está “pronto para dar o bote”. 

VESPEIRO

Admiro a coragem dos meus colegas ANDRÉ CARAMANTE e MARIO CESAR CARVALHO.

De hábito, fazem investigações jornalísticas que envolvem gente poderosa. Nos últimos dois meses, têm apurado a suposta ligação de policiais com traficantes de drogas.

Ligações talvez não seja a melhor palavra. Policiais não se associavam ao tráfico; as suspeitas são de que chantageavam, extorquiam e seqüestravam traficantes.

Por isso acho que vale a pena todo mundo ficar de olho nessa notícia: Corregedoria vai investigar se policiais espionavam jornalistas.

[Copiei o texto no site do treinamento, para quem não tem acesso à FSP]

MARIO CESAR conta como entrevistou megatraficante
ANDRÉ CARAMANTE fala sobre a reportagem “Chefe do Deic é sócio de firma de segurança”.

Escrito por Ana Estela de Sousa Pinto às 14h47

http://novoemfolha.folha.blog.uol.com.br/arch2007-10-07_2007-10-13.html#2007_10-12_15_47_04-11540919-0

Um Comentário

  1. PREZADO DOUTOR CONDE GUERRA

    MEU NOME É AUGUSTO PEÑA – E – CREIO – QUE DEVA SER DE CONHECIMENTO DE VOSSA SENHORIA .

    GOSTARIA MUITO DE ESTABELECER CONTATO PARA SUA ASSUNTO DE INTERESSE

    PARA TANTO REQUEIRO PERMISSÃO PARA MANTER CONTATO TELEFONICO À DELEGACIA QUE VOSSA SENHORIA ESTA EM EXERCÍCIO , OU , SE PREFERIR , VIA E-MAIL
    ( xxxx mail.com )

    ASSUNTO DE INTERESSE DE MUITOS
    CREIO NA SUA VERDADE
    GOSTARIA DE UM RETORNO
    GRATO
    AUGUSTO PEÑA

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  2. APENAS UM DETALHE O ENDEREÇO ELETRONICO

    ap_
    ( undereline )
    foi coberto na amensagem acima

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  3. gostaria de um numero de telefone pra fazer uma denuncia sob maquinas de caça niqueis

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