**************** CHEIRO DE GREVE NO AR ***************
Após dois anos de paralisação de seis meses, Polícia Civil cogita greve; reivindicações não foram atendidas
Gazeta de Ribeirão
GABRIELA YAMADA – gabriela.yamada@gazetaderibeirao.com.br
A Polícia Civil pode entrar em greve novamente. Semana passada, policiais de Ribeirão Preto estiveram em manifestação realizada em São Paulo, em frente ao Largo São Francisco, e na segunda-feira que vem uma assembleia na Associação dos Delegados da Polícia Civil do Estado poderá definir os rumos a serem tomados.
“Será discutida a reestruturação dos cargos. Dependendo do que for decidido, a greve não está descartada”, afirmou o delegado Samuel Zanferdini. Em 2008, os policiais civis em todo o Estado cruzaram os braços por um período de seis meses, a greve mais longa da história da categoria, onde eram atendidos somente casos considerados graves. A paralisação teve fim depois de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que o direito a greve não pode ser aplicado aos policiais civis.
Na semana passada, a manifestação teve como objetivo cobrar do Governo do Estado as mesmas reivindicações propostas há dois anos e que, até hoje, não tiveram resposta: o projeto de plano de cargos e carreiras, o reajuste salarial e a incorporação do Adicional Local de Exercício (ALE).
De acordo com o Eumauri Lucio da Mata, do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol) de Ribeirão e Região, o início da greve irá depender da decisão dos próprios policiais e, sobretudo, de uma falta de resposta do Governo do Estado. “Fizemos a manifestação na semana passada para cobrar as promessas que foram feitas. Não saiu aumento, ninguém viu nenhum projeto ou definição sobre a reestruturação”, afirmou. Dois investigadores, que preferiram não ser identificados, afirmaram que concordam com a greve novamente. “Na minha opinião, a greve começaria hoje”, disse um deles. A assessoria de imprensa do Governo do Estado não se manifestou.
REORGANIZAÇÃO. No início do ano, sete departamentos da Polícia Civil em todo o Estado, inclusive em Ribeirão, foram alterados dentro do projeto de reestruturação da Delegacia Geral de Polícia, de acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Segurança Pública.
Greve de 2008 prejudicou emissão de CNHs e audiências
Em Ribeirão Preto, a greve realizada há dois anos teve a adesão de 100% dos policiais civis, conforme informou na época o Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol) de Ribeirão e Região. O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2 Região determinou que 80% dos trabalhos fossem mantidos e, de acordo com o Ministério Público Estadual (MPE), a ordem foi cumprida na cidade.
O problema maior, de acordo com o MPE, foi percebido na 15 Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran): houve atrasos na emissão de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH). Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), audiências nas 1, 2, 3 e 5 varas criminais foram suspensas por falta de escolta de presos —hoje, quem faz a escolta é a Polícia Militar.
Na ocasião, os policiais reivindicavam 15% de reajuste salarial em 2008 e mais 12% para 2009 e 2010. Também havia o pedido de implementação da aposentadoria especial, melhores condições de trabalho e mais contratações. (GY)