No meado de 2003, quando ocupávamos o cargo de Delegado de Trânsito na CIRETRAN de Cubatão, por dever de ofício, instauramos diversos procedimentos em desfavor dos responsáveis pela AUTO-ESCOLA FERRARI, estabelecida naquela cidade.
Os proprietários, os irmãos CIDÃO e VADINHO, continuadamente praticaram inúmeras irregularidades e crimes contra a Administração Pública.
Patrocinaram, como retaliação, intensa campanha difamatória; por meio de um pequeno jornal local, inclusive.
Depois, em comitiva formada por amigos e políticos, compareceram ao gabinete do falecido João Jorge Guerra Cortez, então Seccional de Santos.
Pelo que, de pronto, fomos convocados para explicações; presenciadas pelo Dr. Quelhas, seu assistente e conhecedor da legislação.
Ao termino de detalhada demonstração dos fatos que desencadearam “a injusta perseguição aos donos do CFC Ferrari; cujo proprietário Cidão, dentro daquela sala teria “aos prantos alegado que pensava em se matar por nossa culpa”, o Seccional, laconicamente: “dá um tempo lá no 2º DP, depois da coisa esfriar você volta”!
Respondemos: SE O MOTIVO FOR A “FERRARI” O SENHOR QUE ME RETIRE DA CIRETRAN!
Ele não gostou, mas também não nos retirou…
O CFC impetrou mandado de segurança, em razão do bloqueio do funcionamento da auto-escola… E PERDEU!
Trouxeram o Dr. PANTALEÃO – ex-divisionário do DETRAN – objetivando fossem , juntamente com o Delegado aposentado e atualmente advogado, recebidos e ouvidos. O doutor PANTALEÃO – infelizmente obrigado a abaixar-se pela espécie da “cancela de cavalo” formada pela divisão da porta em duas folhas, pois a folha de cima estava com fechadura quebrada – pode entrar. Os dois não, pois legalmente não eram diretores do estabelecimento, ou seja, não estavam habilitados para representar o CPF na repartição de trânsito.
Ouvimos os argumentos do digno doutor PANTALEÃO, mas informamos que não poderíamos proceder ao desbloqueio sem que fossem cumpridas as exigências legais, ou seja, saneamento de irregularidades continuadamente despercebidas noutras gestões.
Lavraram um B.O. – subscrito pelo doutor ARMANDO LIRA – relatando que também DEIXEI DE RECEBER A ESPOSA , na qualidade de sócia, COM INSULTOS E GRITOS presenciados por uma filha pré-adolescente. De fato não a recebi formalmente, mas depois de ouvir verborragia da mulher, chamei-a de canto para dizer-lhe algumas “verdades” ( sem insulto,berros e sem a presença da menina ).
COMO É QUE O GOVERNADOR ALCKMIN FICAVA SABENDO DE COISA MIÚDA E NÃO FICAVA SABENDO DE FRAUDES GRAÚDAS, GOSTARIA DE ENTENDER?
Os “empresários”, por meio do saudoso RUBENS LARA, encomendaram um lamuriento e mentiroso pedido de providências sob o fundamento de que o Delegado estava atentando contra a livre iniciativa, causando prejuízo econômico ao CFC, ao Município de Cubatão e ao Estado.
SEM DEMORA
Dias depois de o protocolado ser levado ao Gabinete da Casa Civil, PRESTAVAMOS CONTA AO ILMO DOUTOR “ROGER” , da assistência do Palácio dos Bandeirantes.
Obviamente, tendo em mãos os telefones da sede do governo , não perguntamos acerca da qualidade funcional do Dr. Roger.
Expliquei verbal e expressamente. O Dr. Roger – gentilmente – deu retorno; informando-nos de não se constatar nenhuma das irregularidades apontadas pelos interessados, ou seja, perseguição de cunho pessoal…
Recordo-me de algumas das palavras do Dr.ROGER, em linhas gerais, o governador adota uma política de fortalecimento ao micro e pequeno empresariado… Assim ele pessoalmente verifica tais denúncias , cobrando com urgência informações e providências, pois também se preocupa em preservar a boa imagem das autoridades. “PODE FICAR TRANQUILO”!
Fiquei tranquilo, aguardando merecidas férias marcadas a partir do dia 16 de setembro.
Um dia antes, por volta das 18h00, recebemos telefonema do Ilustre João Jorge Guerra Cortez: “xará” você não foi falar com o homem ( Dr. Corazza), né?
É o seguinte…você vai sair de férias, mas não volta…O EDY ASSUMIRÁ A PARTIR DE SEGUNDA!
Depois das tuas férias a gente vê!
Cortez muito cortez, mas não no significado de cortesia, delicadeza no tratar os colegas…
O falecido era tão cortês quanto o explorador “CORTEZ THE KILLER” ( o assassino espanhol ).
Do Dr. ROGER – anos depois – soube que se tratava de Roger Ferreira, ex-assessor de comunicação do ex-governador de São Paulo, investigado por participar de alegado esquema de uso político de verbas de propaganda da Nossa Caixa, vinculada ao governo paulista.
Valendo dizer: DELEGADO DE POLÍCIA é obrigado a dar explicação para qualquer ocupante de cargo de confiança.
Enfim: GERALDO SABIA OU NÃO SABIA DA DENÚNCIA FEITA VERBAL E EXPRESSAMENTE NO CASO DA LICITAÇÃO DO DETRAN?
Sabia! Mas dizem que ele passeava de helicóptero com o dono da CASA VERRE.
Dias antes de deixarmos a CIRETRAN( setembro de 2003 ), ocorreram mudanças das empresas de placas. Um emplacador – “vagabundo e apadrinhado” – foi designado para substituir aquele que há anos estava em Cubatão.
Tentamos impedir a demissão do bom funcionário e ouvimos de um dos assistentes da Divisão do Interior: “Guerrinha deixa quieto…O governador passeia de helicóptero com o dono de todas essas empresas de placas!”
É MENTIRA, TERTA?

800 delegados são investigados em SP
Investigações da Corregedoria da Polícia Civil atingem 24% do total de delegados da corporação; 418 policiais foram removidos
Procedimentos foram abertos por suspeitas como prevaricação e violência e atingem alguns dos nomes mais importantes da polícia
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 800 dos 3.313 delegados de SP (24%) são investigados hoje pela Corregedoria da Polícia Civil numa das maiores tentativas de depuração dos 104 anos da corporação.
São procedimentos abertos pelas mais variadas suspeitas (extorsão, enriquecimento, violência, prevaricação, mau uso de dinheiro público etc.) e que atingem nomes dos mais importantes da Polícia Civil, que tem 33 mil integrantes.
As investigações se intensificaram em agosto de 2009, quando o secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, suspeitando de corporativismo (muitos dos casos se arrastavam havia anos), decidiu reformular a Corregedoria, vinculando-a diretamente ao seu gabinete, e nomear pela primeira vez uma mulher para a chefia do órgão, a delegada Maria Inês Trefiglio Valente.
Além de acelerar as apurações e incentivar a abertura de novos procedimentos (um total de 8.579 casos contra policiais de várias funções), Ferreira Pinto removeu 418 policiais de três dos principais órgãos da instituição, a própria Corregedoria, o Deic (departamento de roubos) e o Denarc (narcóticos).
São policiais contra quem pesam suspeitas ou que simplesmente não têm o “perfil” desejado -Ferreira Pinto os afastou por acreditar que eles não estavam preparados para atuar em departamentos importantes.
Nessas trocas, delegados até então considerados intocáveis foram colocados na “geladeira” -postos de menor destaque. Exemplos: A) Ruy Ferraz Fontes, “xerife” do combate à facção criminosa PCC, hoje está em uma delegacia na periferia.
B) Everardo Tanganelli Jr., ex-Denarc, hoje no setor de cartas precatórias, é suspeito de enriquecimento ilícito. Em férias, não foi achado pela Folha. C) Maurício Lemos Freire, ex-n.º 1 da Civil, hoje no setor de helicópteros, é suspeito de não apurar fraude em concurso. Está em férias e não foi localizado. D) Antonio Carlos Bueno Torres, que ocupou cargo importante no Detran, está em função de menor importância. É suspeito de dispensar licitação. À reportagem, afirmou: “Vá cuidar da sua vida!”.
E) Pedro Pórrio, importante delegado do Denarc, hoje em funções burocráticas, foi denunciado à Justiça sob acusação de extorquir US$ 800 mil da quadrilha do traficante Juan Abadía. Daniel Bialski, seu advogado, diz que ele é inocente.
Caso do informante
Um outro delegado foi escanteado após ter sido descoberto que ele e membros de sua equipe ameaçaram de morte os familiares de um presidiário informante que “falou demais”.
O preso havia dado às autoridades a localização de um suspeito de envolvimento na morte do juiz Antonio Machado Dias, de Presidente Prudente -ocorrida em 2003. O nome do delegado é mantido em sigilo pela secretaria, que busca provas.
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DA REPORTAGEM LOCAL
As recentes mudanças na Polícia Civil de SP têm atingido até mesmo policiais como o delegado Ruy Ferraz Fontes, o xerife do Deic (departamento de roubos), considerado durante anos como o número 1 no combate à facção criminosa PCC.
Com grandes divergências com o secretário da Segurança Pública de José Serra (PSDB), Antonio Ferreira Pinto, Fontes foi sacado da chefia da 5ª Delegacia de Roubos a Bancos e, hoje, está à frente do 69º Distrito Policial (Teotônio Vilela), no extremo leste de SP.
O 69º é um distrito onde quase nenhum policial quer trabalhar. É muito distante do centro, tem pouca estrutura e atua em uma das áreas mais violentas da cidade. Questionado sobre o seu afastamento do posto de destaque no Deic, onde constantemente comandava ações com grande exposição na mídia, Fontes disse ter sido ele que pediu a transferência.
Nos bastidores da polícia, a história que se conta é outra. Fontes teria perdido prestígio depois que policiais de sua equipe começaram a ser investigados por suspeita de extorsão de dinheiro de criminosos, inclusive membros do PCC.
Em um dos casos, o investigador Wilson de Souza Caetano foi preso em flagrante há um mês sob acusação de exigir R$ 300 mil de um suspeito de estelionato, que teve seus bens apreendidos irregularmente. A Folha tentou localizar, sem sucesso, o advogado de Souza para ouvir sua versão sobre o caso.
Ferrari
Um outro caso que chama atenção na chamada operação de depuração da Polícia Civil é o de um delegado que, anos atrás, foi flagrado por superiores ao rasgar as ruas do Jardim Europa a bordo de uma Ferrari.
Espantado com a cena, o chefe do delegado à época mandou ele se desfazer do carro para não chamar atenção. O nome desse policial está na lista dos que hoje estão na mira da Corregedoria, mas é mantido em sigilo, pois o caso ainda está na fase de apuração de provas.
Num outro caso ainda mais curioso, um policial aposentado, também investigado, costuma se gabar de ser dono de uma pequena vila na Itália.
A Corregedoria encontra dificuldades de obter provas de enriquecimento ilícito contra esses delegados porque eles normalmente usam nomes de “laranjas” ou parentes para registrar os bens.
Outro problema da Corregedoria é que muitas apurações foram retardadas e até comprometidas por antigos funcionários do órgão, hoje afastados pelo secretário Ferreira Pinto. Suspeita-se que recebiam propina de policiais para avisá-los sobre investigações e, em casos mais graves, retardá-las.
Hoje, sem as históricas interferências corporativas, a Corregedoria até consegue desenvolver ações como a que atinge o investigador Renzo Borges Angerami, filho do número 2 da Polícia Civil, o delegado-geral-adjunto Alberto Angerami.
Renzo é investigado sob a suspeita de tentar extorquir R$ 300 mil de um suposto estelionatário (no mesmo caso citado acima, do policial Caetano).
Renzo foi transferido do Setor da Investigações Gerais da 4ª Seccional Norte (central da Polícia Civil) na zona norte para a de São Bernardo do Campo.
A reportagem tentou, mas não conseguiu localizar Renzo na sexta-feira. Seu pai, o delegado-geral-adjunto Alberto Angerami, disse que o filho não tem participação na extorsão e não é investigado por nenhum crime. (ANDRÉ CARAMANTE)
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Delegado ameaçado de demissão diz que secretário o persegue
Policial, que é filho de Sérgio Paranhos Fleury -diretor do Dops na ditadura militar-, afirma ter sofrido “tortura psicológica”
Paulo Fleury foi à sede da Segurança Pública, com câmera escondida, para gravar um delegado que viu conversa dele com o secretário
DA REPORTAGEM LOCAL
Prestes a ser demitido da polícia, o delegado Paulo Sérgio Óppido Fleury (filho de Sérgio Paranhos Fleury, diretor do Dops -Departamento de Ordem Política e Social-, morto em 1979) tenta reagir contra o que chama de “perseguição e tortura psicológica” por parte do secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto.
Na última semana, Paulo Fleury protocolou pedidos de providências na Procuradoria Geral de Justiça e no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, contra o secretário.
Nos documentos, ele o acusa de assédio moral, “tortura psicológica” e também pede que o secretário seja afastado.
Paulo Fleury, que está há 33 anos na polícia, afirma que Ferreira Pinto mantém uma campanha para demiti-lo da corporação. Com os pedidos, ele tenta ganhar tempo para conseguir a aposentadoria antes.
A base das representações de Paulo Fleury é um encontro ocorrido com o secretário em abril do ano passado e no qual ele diz ter sofrido intimidação.
Nesse encontro, segundo a versão do delegado, Ferreira Pinto teria caminhado em sua direção e dito “não passa vontade”. O delegado afirmou à Folha não saber o motivo de o secretário ter dito isso a ele.
Dentro da polícia, a versão para a frase foi uma reação ao fato de que Paulo Fleury teria espalhado que precisava ser feito algo contra Ferreira Pinto.
Um oficial da PM e o delegado Marco Antônio Ribeiro de Campos estavam no gabinete do secretário quando aconteceu o encontro.
Dias depois, Fleury voltou à sede da secretaria e, com uma câmera escondida em uma gravata, gravou uma conversa com o delegado Campos na qual tentou confirmar que havia sido destratado pelo secretário.
O ex-perito do IC (Instituto de Criminalística) Onias Tavares de Aguiar, acusado pelo sumiço de 50 laptops que estavam à espera de perícia em 2005, foi contratado por Paulo Fleury para produzir um laudo sobre a gravação com o delegado Campos e que foi juntado nas representações.
No rol de testemunhas das representações contra Ferreira Pinto, Paulo Fleury citou os nomes, entre outros, dos também delegados Ruy Ferraz Fontes e Alberto Pereira Mateus Júnior, que eram do Deic, já tiveram prestígio na polícia paulista e hoje estão em cargos de menor relevância. À Folha, Fleury disse que tanto Fontes quanto Mateus Júnior sofrem o mesmo tipo de pressão que ele por parte de Ferreira Pinto.
As principais investigações contra o delegado Paulo Fleury na polícia começaram antes de Ferreira Pinto assumir a pasta, em março de 2009.
Quando estava na Delegacia de Turismo, Fleury foi acusado de apreender câmeras de vídeo que haviam sido furtadas e não registrar o encontro; já na Delegacia Antipirataria, o delegado presenteou escrivãs de uma juíza com bolsas falsificadas da marca francesa Louis Vuitton e mantinha uma empresa particular que cobrava para combater pirataria.
Procurado, Ferreira Pinto não quis se manifestar. A presidente da Associação dos Delegados de SP, Marilda Aparecida Pansonato Pinheiro, que assumiu o posto no dia 11, estava em viagem e não foi localizada para falar sobre as ações da Corregedoria contra delegados no Estado. (ANDRÉ CARAMANTE)
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Frase
“Não sei porque ele me persegue. Até pode ser por causa do meu pai [Sérgio Paranhos Fleury, diretor do Dops]”
PAULO SÉRGIO ÓPPIDO FLEURY
delegado, ao afirmar que o secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, o persegue
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A CPI QUE NUNCA FOI
Atualizado e Publicado em 11 de abril de 2008 às 16:14
A denúncia foi feita pela Folha de S. Paulo, em 26 de março de 2006.
O texto foi assinado por Frederico Vasconcelos.
“O governo Geraldo Alckmin (PSDB) direcionou recursos da Nossa Caixa para favorecer jornais, revistas e programas de rádio e televisão mantidos ou indicados por deputados da base aliada na Assembléia Legislativa. Documentos obtidos pela Folha confirmam que o Palácio dos Bandeirantes interferiu para beneficiar com anúncios e patrocínios os deputados estaduais Wagner Salustiano (PSDB), Geraldo “Bispo Gê” Tenuta (PTB), Afanázio Jazadji (PFL), Vaz de Lima (PSDB) e Edson Ferrarini (PTB). A cúpula palaciana pressionou o banco oficial para patrocinar eventos da Rede Vida e da Rede Aleluia de Rádio. Autorizou a veiculação de anúncios mensais na revista Primeira Leitura, publicação criada por Luiz Carlos Mendonça de Barros, ministro das Comunicações no governo Fernando Henrique Cardoso.”
Quando a denúncia foi publicada, a bancada do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo impetrou mandado de segurança junto ao Tribunal de Justiça para garantir a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito.
A liminar foi concedida e o acórdão foi publicado no Diário Oficial do dia 25 de abril.
Mas o presidente da Assembléia, deputado Vaz de Lima – um dos acusados de ter recebido benefício indevido – protocolou um recurso contra a decisão.
O PT impetrou embargo declaratório alegando que “a única leitura possível do acórdão do TJ é a que determinou a imediata abertura da CPI do banco, visto que quando impetrado o mandado de segurança, em fevereiro de 2006, o pedido principal era obrigar o presidente da Assembléia a adotar as medidas necessárias para instalar especificamente a CPI da Nossa Caixa.”
No entendimento do presidente da Assembléia a decisão do TJ não deixa claro qual CPI deve ser instalada, uma vez que houve mais de 70 pedidos na legislatura anterior.
Na próxima quarta-feira, 9 de maio, o líder da bancada petista, Simão Pedro, se encontrará com o presidente do Tribunal de Justiça, Celso Limongi, para solicitar aos desembargadores que a decisão do Tribunal para instalação da CPI seja cumprida.
Viomundo: Qual é o valor de dinheiro público envolvido nesse caso?
Simão Pedro: Foram R$ 43 milhões destinados a agências de publicidade que operavam para o governo estadual sem contrato – os contratos estavam vencidos há dois anos. Elas operaram 18 meses sem contrato. E nos anos de 2004, 2005 e 2006 houve a denúncia que essa publicidade era direcionada para órgãos de comunicação de propriedade de deputados da base de Alckmin aqui na Assembléia Legislativa. O dinheiro vinha da Nossa Caixa e ia para programas de rádio, a revista do ex-deputado Wagner Salustiano…
Viomundo: O atual presidente da Assembléia está entre os acusados de tirar proveito do esquema. O que ele alega para não instalar a CPI?
Simão Pedro: Ele diz que não é auto-aplicável, que a decisão não está muito clara… Ele resolveu protocolar um recurso contra o acórdão do Tribunal de Justiça. Nós entramos com embargo declaratório porque achamos que ele está descumprindo uma determinação judicial. Também entramos com embargo para que o TJ deixe mais claro que o que é para ser implementado é a CPI da Nossa Caixa. É uma briga jurídica em que o deputado Vaz de Lima, seguindo a tradição dos deputados ligados ao governo tucano, não quer implantar qualquer CPI de investigação sobre denúncias contra o governo do estado.
Viomundo: Além do que saiu no jornal, vocês fizeram alguma investigação?
Simão Pedro: A comissão de Finanças e Orçamento conseguiu no ano passado convocar o presidente da Nossa Caixa e o ex-diretor de publicidade e, além da confirmação de que eles operaram sem contrato, negaram que o Roger Ferreira, ex-secretário de Comunicação do Alckmin, determinava o destino da publicidade. Mas ele mandava e-mails dizendo “faz publicidade nessa revista, naquele programa de rádio”…
Viomundo: E essas revistas, esses órgãos de imprensa eram de propriedade de quem?
Simão Pedro: De deputados, como o próprio Vaz de Lima, o deputado Wagner Salustiano. O próprio deputado Afanázio Jadadji confirmou que o governo estadual utilizava recursos da Nossa Caixa para patrocinar programas dele. Então, é um escândalo. Muitas agências trabalhavam sem contrato e havia direcionamento político das verbas. Tinha que ter havido licitação, tinha que obedecer critérios de distribuição de recursos… Eram propagandas da Nossa Caixa só que destinando, por exemplo, 70 mil reais para um programa de rádio com critérios políticos. O Mendonça de Barros (fundador da Primeira Leitura, revista que faliu) é um político tucano, do PSDB, já foi ministro. Ou seja, a publicidade da Nossa Caixa era direcionada para órgãos de imprensa ligados aos tucanos. Isso foi chamado de mensalão do Alckmin, uma forma de contemplar deputados aqui da base aliada e outros políticos.
Viomundo: Quem é que vocês pretendem chamar para depor?
Simão Pedro: Deputados que foram beneficiados, o presidente da Nossa Caixa, o Roger Ferreira – que durante as denúncias foi afastado da função de secretário da Comunicação e agora voltou ao governo, foi contratado sem licitação pela Secretaria de Educação. A gente tem os e-mails que ele mandava para as agências de publicidade dizendo “nesse veículo vocês podem fazer propaganda”. Queremos trazer os representantes dos veículos que receberam a publicidade para saber como é que era feita essa operação. Nosso foco é o uso político de recursos públicos para favorecer a base tucana, “acalmar” a base, para que votasse de acordo com o governo. Além disso, durante um ano e meio empresas de publicidade prestaram serviços à Nossa Caixa, manipulando recursos públicos, sem contrato. Isso é flagrantemente ilegal e não era pouco dinheiro, só nesse período foram R$ 43 milhões.
Publicado originalmente em 4 de maio de 2007
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esse Roger Ferreira é um safado. Ladrão. Manipulador.
cuidado com esse cara…..
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