Atos do Governador
SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA
Decreto de 18-12-2009
Aplicando a pena de demissão a bem do serviço
público, nos termos dos arts. 67, V, 70, I, 74, II, e 75, II e
IX, da LC 207-79, alterada pela LC 922-2002, e à vista
do que consta do processo DGP-9.234-06-SSP – Vols. I
a XI e apensos, a André Luiz Martins Di Rissio Barbosa,
RG 10.157.037, Delegado de Polícia, efetivo, do Quadro
da Secretaria da Segurança Pública.
___________________________________
POLÍCIA
O xerifão atrás das grades
Com salário de menos de 7000 reais e patrimônio
que inclui apartamento de 1 milhão, dois automóveis
Jaguar, jóias e uma coleção de relógios Rolex,
o delegado André Di Rissio está preso acusado
de corrupção, formação de quadrilha e tráfico de
influência, entre outros crimes. Até comissão na
venda do jogador Robinho ele teria negociado
Alessandro Duarte e Rodrigo Brancatelli*
Boa-pinta, culto, ótimo orador e sempre vestido com ternos de grife, o delegado André Luiz Martins Di Rissio Barbosa conquistou, em dezesseis anos de carreira, a admiração de grande parte de seus colegas. Um dos coordenadores do Departamento de Administração e Planejamento da Polícia Civil – responsável por aprovar o orçamento da corporação, inclusive verbas extras para compras de armas e equipamentos –, foi eleito em janeiro, aos 42 anos, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo. É o mais jovem presidente da história da entidade. No dia 29 de junho, essa boa imagem começou a ruir. Acusado de integrar uma quadrilha que liberava mercadorias importadas ilegalmente no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, Di Rissio foi preso pela Polícia Federal. Na semana passada, surgiram novas denúncias contra ele. Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça apontaram uma suposta influência em ações do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) e de delegacias de Santos, impedindo a apreensão de mercadorias e a prisão de suspeitos.
O Ministério Público Federal investiga depósitos feitos em uma conta não declarada em Miami, nos Estados Unidos. Pesam contra Di Rissio acusações de formação de quadrilha, sonegação fiscal, falsidade ideológica e posse ilegal de armas de fogo, entre outros crimes. Além da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, o delegado está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual.
Figurinha fácil de ser encontrada em restaurantes estrelados dos Jardins, Di Rissio tinha um estilo de vida mais compatível com o de um playboy do que com o de um delegado de polícia que ganha menos de 7 000 reais por mês. Até ser preso, morava com a mulher, Mylene Mendes Abrahão, também delegada, e uma filha de 4 meses em um apartamento de alto padrão no Morumbi, avaliado em 1 milhão de reais. Segundo as gravações grampeadas, ele estava negociando a compra de um outro, por 1,5 milhão de reais. Quando foi detido, policiais apreenderam na garagem de seu prédio dois Jaguar blindados – que custariam, juntos, de acordo com o Ministério Público Federal, 300 000 reais –, quatro relógios importados de grife (30 000 reais cada um), dois sacos de supermercado abarrotados de jóias, 30 000 reais em dinheiro e duas autorizações de transferência para uma conta em Miami – cada uma no valor de 20 000 dólares. “Estou estarrecido”, afirma o delegado e deputado estadual Romeu Tuma Júnior. “Era uma liderança nova, que havia conquistado o respeito da classe.”
Claudio Rossi![]() |
| Setor de cargas de Viracopos: Di Rissio foi uma das dezesseis pessoas presas na Operação 14 Bis |
A principal plataforma de Di Rissio para vencer a eleição à presidência da associação dos delegados era o combate aos baixos rendimentos da categoria – São Paulo paga o segundo menor salário do país para um delegado em início de carreira (3.000 reais), à frente apenas do estado da Paraíba. Ataques aos secretários de Segurança Pública e da Administração Penitenciária eram comuns. “Temos um amador na Segurança e outro incompetente na Administração Penitenciária”, chegou a dizer, após as ações do PCC em maio. Na festa que marcou sua posse, no hotel Maksoud Plaza, estiveram presentes diversas personalidades, como o senador Eduardo Suplicy e os deputados federais Luiz Eduardo Greenhalgh e José Eduardo Martins Cardozo, todos do PT. As fotos do evento foram publicadas na revista Caras.
Outro alvo de sua língua ferina era o Ministério Público. “Os promotores não podem investigar crimes porque a Constituição não permite”, disse Di Rissio. “Quando fazem isso, denigrem a imagem da polícia.” Ironicamente, é o Ministério Público que a cada semana descobre novas falcatruas do delegado. “Pela proximidade que os policiais civis têm dos criminosos, é muito fácil eles se deixarem corromper”, afirma o coronel José Vicente da Silva, consultor na área de segurança e ex-secretário Nacional de Segurança Pública. “O que mais surpreende é que as denúncias recaiam sobre uma pessoa que se vangloriava de sua postura ética.”
Ormuzd Alves![]() |
| Comissão na negociação de Robinho: em gravação do ano passado, Di Rissio diz que ajudaria na venda do jogador para o Barcelona |
O Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público Estadual (Gaeco) ouviu vinte CDs com conversas grampeadas nos telefones de Di Rissio, que resultaram em 190 páginas de transcrições. O que mais chamou a atenção dos procuradores é que em nenhuma ligação ele fala sobre operações policiais ou assuntos de interesse da associação de delegados. Em um ano inteiro de escutas – de julho do ano passado a junho deste ano –, só tratou, de acordo com o Gaeco, de ações à margem da lei. Na operação da Polícia Federal batizada de 14 Bis descobriu-se que Di Rissio servia de ponte entre empresários, despachantes e o delegado Wilson Roberto Odornes, então titular da delegacia da Polícia Civil dentro de Viracopos. Era Di Rissio quem oferecia propina para que fiscais da Receita Federal e funcionários do aeroporto fizessem vista grossa para cargas irregulares e notas subfaturadas (entre 10% e 20% dos valores reais). Os auditores da Receita Federal cobravam de 10 a 14 dólares por quilo de mercadoria liberada ilegalmente. A Polícia Federal, no entanto, ainda não conseguiu estimar em quanto essa quadrilha lesou os cofres públicos. Dezesseis pessoas foram presas, entre elas Di Rissio e Odornes. Para intermediar as negociações em Viracopos, Di Rissio ganharia cerca de 50.000 reais fixos por mês e participaria dos lucros das operações.
As escutas flagraram ligações de Di Rissio pedindo favores a delegados do Deic e a policiais em Santos. Essas conversas mostram que o delegado playboy também negociava relógios. “Tá chegando o Dia das Mães. O que você tem pra mim desta vez?”, diz a um intermediador. “Um Rolex, 14 000”, ouve como resposta. Os preços eram sempre passados em dólares. Di Rissio chegou a mostrar interesse em pelo menos quinze modelos de relógio, principalmente das marcas Rolex e Cartier. Outra negociação flagrada pelos grampos foi de uma cobertura dúplex de 660 metros quadrados na Rua José Maria Whitaker, no Morumbi. “Achei um de 1,5 milhão…”, conta a corretora. “Pô, meu apartamento tem 500 metros quadrados, não vou sair daqui para um lugar pior”, diz o delegado. A corretora esclarece: “Não, esse é dúplex. Tem 660 metros quadrados”.
Em uma das ligações, gravada em julho do ano passado, ele garante estar ajudando na negociação entre Robinho, então jogador do Santos, e o Barcelona, da Espanha. Dando a entender que era conselheiro do Santos (o que ele não é), o delegado combinou uma comissão caso a venda fosse fechada. O negócio não se concretizou – Robinho foi para o Real Madrid –, e ele ficou sem a bolada. Torcedor santista fanático, o delegado costumava ir aos estádios assistir aos jogos do time da Vila Belmiro. Filho do desembargador Eduardo Antonio Di Rissio Barbosa, do Tribunal de Justiça, Di Rissio era aparentemente o policial exemplar. Teve forte atuação no ABC paulista. Foi delegado em Santo André e São Caetano, professor de direito em uma universidade da região e secretário de Assuntos Jurídicos de Diadema. Em 2003, completou o mestrado em direito constitucional na PUC, onde depois entrou no programa de doutorado.
Fotos Nilton Fukuda/Folha Imagem/reprodução Revista Caras![]() |
| Presidente da associação dos delegados: Di Rissio em seu gabinete (no alto) e durante a cerimônia de posse, em fevereiro, com o deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (à esq.), a mulher, Mylene, e o pai, Eduardo Barbosa, em reprodução da revista Caras |
Di Rissio está detido provisoriamente na Penitenciária da Polícia Civil General Ataliba Leonel, na Zona Norte. Ele aguarda o julgamento de um habeas corpus. Segundo seu advogado, Antônio Claudio Mariz de Oliveira, o delegado nega todas as acusações. Mariz de Oliveira reconhece que muitas vezes amigos e conhecidos solicitavam os préstimos de Di Rissio. “Mas sempre dentro da absoluta legalidade”, afirma. “Di Rissio teria outras rendas, como dono de uma empresa de consultoria na área de segurança e contra-espionagem industrial.” Sua mulher, Mylene, receberia ainda uma mesada do pai, fazendeiro. Um dos advogados criminalistas mais conhecidos do país, com um currículo que inclui a defesa da empresária Eliana Tranchesi, do ex-prefeito Celso Pitta e de Suzane von Richthofen, a estudante que mandou matar os pais, Mariz de Oliveira costuma cobrar entre 50.000 e 100.000 reais por um habeas corpus. No caso de Di Rissio, entretanto, afirma que abriu uma exceção. Aceitou atender o delegado de graça. Não precisava. A julgar pela vida que leva, seu novo cliente não teria dificuldade para lhe pagar os honorários.
| “Tem piscina?”Em ligações grampeadas pela Polícia Federal, André Di Rissio negocia a compra de um apartamento no Morumbi
Corretor: Eu consegui uma cobertura pra você, vai estar saindo mais ou menos por uns 1,8 milhão de reais, mais ou menos. Dias depois, uma outra corretora liga Corretora: Tem um apartamento por 5 milhões. |
| Mãozinha para os amigosDi Rissio conversa com um preso acusado de sonegar imposto Di Rissio: Você está sendo levado pro Deic por quem? Quem tá aí com você? |
| “Tá abortada a operação”Um advogado pede ajuda a Di Rissio para um cliente alvo de uma blitz da polícia Advogado: Diz que tão levando todo o estoque de bebidas deles lá. Di Rissio fala com um delegado do Deic. Pouco depois, tinha a solução Di Rissio: Você quer a má ou a boa notícia? |
| Negócios em famíliaA mulher de Di Rissio, a delegada Mylene Mendes Abrahão, pede ao marido que interceda pelo irmão dela
Mylene: André, meu irmão vai ser ouvido. Liga lá para o delegado para ficar macio para ele lá. O desembargador Eduardo Di Rissio Barbosa, pai do delegado, pede que o filho ajude um advogado amigo dele. Preocupado com a possibilidade de o telefone estar grampeado, Di Rissio tenta encerrar a conversa Di Rissio: Pai, você vive me alertando pra não falar por telefone. Depois de velho eu tenho que ficar preocupado contigo. Você já falou isso. Vai contar de novo a história? Vou pedir pro Salata (segundo a Polícia Federal, o advogado Luiz Silvio Moreira Salata) ligar pra ele pra agradecer. Agora, pelo amor de Deus, fique mais inteligente. Você não vê que a bruxa tá solta aí? |






ja vai tarde faltam mais iguais a este
CurtirCurtir
Será que só ele vai ser o bodes espiatório. E os outros que estão ricos.
CurtirCurtir
E não é que o Doutor ia passar no concurso para professor na ACADEPOL.
CurtirCurtir
E o pai que é desembargador.. Será que não vão anular a demissão naquela famigerada 15 Câmara do TJSP..
CurtirCurtir
Algo que me diz que essa estória não acaba com essa publicação no D.O.
Isso ainda vai longe…
CurtirCurtir
Preso em 2006, delegado Di Rissio é demitido
Ex-presidente de associação de policiais foi acusado de participar de fraudes em Viracopos
Bruno Tavares e Marcelo Godoy
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), determinou a demissão a bem do serviço público do delegado André Di Rissio. O despacho foi publicado ontem no Diário Oficial. Ex-presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp), Di Rissio foi preso em junho de 2006 pela Operação 14 Bis da Polícia Federal, sob acusação de integrar um esquema de liberação fraudulenta de contrabando no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas. Em cinco meses, ele teve contra si três mandados de prisão, dois expedidos pela Justiça Federal e outro pela estadual.
À época, a Corregedoria da Polícia Civil instaurou procedimento administrativo para apurar a conduta funcional do delegado. Neste ano, um dos conselheiros da Polícia Civil havia votado pelo sobrestamento do feito – suspensão até decisão judicial dos casos em que Di Rissio é réu. Entretanto, o secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, discordou da posição do conselheiro, elaborou um parecer e encaminhou o processo ao governador.
No processo administrativo, Di Rissio teve o apoio de autoridades do Legislativo e do Judiciário paulista em sua defesa. Entre as 29 testemunhas que prestaram depoimento a seu favor estão os deputados estaduais Orlando Morando (PSDB) e Campos Machado (PTB), além do deputado federal Régis de Oliveira (PSC-SP), vice-prefeito de São Paulo na gestão Celso Pitta (1997-2000). Seis desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) também depuseram a favor de Di Rissio. Um deles disse acreditar que as acusações feitas contra o delegado eram motivadas pela atuação dele na defesa dos interesses da Polícia Civil.
Afastado de suas funções desde a primeiro prisão, o delegado protagonizou em setembro de 2007 um episódio embaraçoso na cúpula da segurança pública. Foi aprovado em primeiro lugar em concurso aberto pela Academia de Polícia Civil para o cargo de professor de Inquérito Policial. No dia seguinte, Serra veio a público para explicar que a aprovação de Di Rissio havia sido um erro de publicação no Diário Oficial.
Além da investigação conduzida pela PF, o delegado também foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE) por formação de quadrilha, corrupção, advocacia administrativa (defender o interesse de investigados) e por dez casos de escuta clandestina – ele seria dono de uma empresa de segurança, a Spycops, acusada de ter grampeado ilegalmente empresários, políticos e até um desembargador. Di Rissio sempre negou as acusações.
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091220/not_imp484881,0.php
CurtirCurtir
EU NEM FICO REVOLTADA, FICO TRISTE, POR CARREGAR A DELEGACIA NAS COSTAS, TRABALHAR FEITO UMA CONDENADA, FAZER BICO E CONTINUAR SEM CONSEGUIR SUSTENTAR MINHA FAMILIA DE MANEIRA DECENTE….É MUITO TRISTE MESMO…
CurtirCurtir
Faz como eu,fia, vai estudar para sair disso!!!
agora, se sua vocação é sofre , so lamento!!
assinado: carcepol favelado.
CurtirCurtir
cade a PEC 41, esfriou. E as noticias da globo dos tiroteios no Rio, parou. Agora vem essa conversa do projeto para congelar os salários por 10 anos. Esse filme eu já vi.
CurtirCurtir
Vergonha, o caso mais escabroso dos ultimos 50 anos! Vergonha, pior que mnensalão. E o desembargador Di Rissio, o pai, como é que fica com aquela conversa de malfeitoria?
CurtirCurtir
o dr. andre pra quem nao conhece sempre ajudou os outros, nunca foi mau colega,falo isso porque o conheco e nunca pedi nada pra ele, mas com certeza nao merece isso, mesmo porque quem o conhece sabe que ele sempre foi bem de vida, nao sei se tudo, mas muita coisa disso, nao e verdade, espero que no final acabe bem pra ele e que a verdade venha a tona!
CurtirCurtir
solta o delega tem favelado matando!
CurtirCurtir
bom…sei d nda mas gostaria de saber d um alguem de peso p me colocar no deic,mas o pai da civil tah preso? tenho grande talento p ser um agente kd di? rs
CurtirCurtir