POLÍCIA SOB SUSPEITA…( sempre sob suspeita )

  • Segurança não esclarece fuga de Marcola, líder do PCC

  • Sindicância aberta em 2008 não foi concluída; MPE aponta ação deliberada e quer saber quem sãos os responsáveis


  • Secom/MT

    Sejusp, sob Curado, não concluiu sindicância; no detalhe, o traficante Marcola, líder do PCC

    ALEXANDRE APRÁ
    DA REDAÇÃO 

    A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública ainda não conseguiu finalizar a sindicância interna para apontar os responsáveis pela prescrição do inquérito que investigou a fuga do presidiário Marcos Willian Herbas Camacho, um dos líderes do Primeiro Comando da Capital e considerado um dos bandidos de maior periculosidade do Brasil.

    Ele esteve preso no presídio do Carumbé, em 1999, após assaltar uma agência do Banco do Brasil. O inquérito para investigar as circunstâncias da fuga foi instaurado, mas ficou seis anos sem uma movimentação sequer, gerando a prescrição punitiva do crime.

    O pedido de abertura de sindicância partiu da promotora Ana Cristina Bardusco, titular da Promotoria Criminal de Defesa do Patrimônio Público e Probidade Administrativa. Um ofício foi enviado ao secretário Diógenes Curado, no início do ano passado, para que a Sejusp encontrasse o responsável pelo descaso com a investigação.

    A Gerência de Repressão a Seqüestros e Investigações Especiais (Gresie) foi quem conduziu as investigações. Pelo inquérito, passaram, pelo menos, cinco delegados.

    No entanto, de acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Judiciário Civil, a sindicância é conduzida pela Corregedoria do órgão, mas não tem previsão para ser finalizada. A Polícia também não deu detalhes sobre os rumos da investigação administrativa. Quando a investigação foi aberta, no ano passado, a Sejusp informou que o trabalho tinha um prazo de 30 dias para ser concluído, podendo ser prolongado, caso fosse necessário.

    No documento em que solicitou a sindicância, a promotora apontou falhas no inquérito policial, como a ausência do pedido de quebra do sigilo bancário de agentes que faziam a segurança da unidade prisional, mesmo que um dos carcereiros tenha confessado que recebeu dinheiro para facilitar a ação dos presidiários. Além disso, houve indícios da participação de outros funcionários, policiais militares e, até mesmo, do diretor do presídio, à época.

    Para Bardusco, o inquérito apresentou graves conseqüências. Uma delas foi a não identificação de todos os envolvidos no crime e a “vitória da impunidade”, já que, depois de nove anos, houve a prescrição da pretensão punitiva como rege o Código Penal Brasileiro.

    O Inquérito Policial Militar (IPM), também aberto à época, concluiu que a fuga seria impossível sem o envolvimento dos funcionários públicos. Os nomes de 16 policiais militares que trabalhavam no Carumbé no dia do fato foram citados no documento, mas, como o crime de facilitação de fuga deve ser investigado pela Justiça Comum, nenhum deles sofreu sanções. Todos prestaram depoimento e negaram participação.

    Ação deliberada

    Para a representante do Ministério Público Estadual (MPE), o desfecho inconclusivo da Polícia Civil provoca indignação e perplexidade. Além de gerar sentimento de impunidade.

    Segundo a promotora, as constantes reclamações de policiais civis em relação às condições de trabalho não podem ser alegadas pelo Gresie, pois a gerência funciona em condições diferenciadas das demais unidades policiais. Para Ana Cristina Bardusco, isso é indício de que “a inércia ocorrida é fruto de ação deliberada”.

    Quando o inquérito foi encaminhado para arquivamento sem conclusão, a Gresie respondeu que a situação era reflexo da sobrecarga e que, na época, o MP poderia ter se manifestado. No entanto, informações levantadas pelo MidiaNews garantem que a Gresie é um dos departamentos mais bem estruturados e equipados da Polícia Civil de Mato Grosso. A gerência contaria, por exemplo, com mais policiais e viaturas do que o Cisc Verdão, maior complexo policial do Estado.

    Quem é Marcola?

    Marcos Willian Herbas Camacho, o “Marcola”, é apontado como o líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que comanda o tráfico de drogas em São Paulo. Ele está na lista dos criminosos mais perigosos do país.

    Em Cuiabá, ele liderou um assalto à agência matriz do Banco do Brasil, na Rua Barão de Melgaço, no Centro, em abril de 1999. Mais de R$ 6 milhões foram roubados, segundo informações da época.

  • fonte: mídia news