CRIMINOSA PROPAGANDA POLÍTICA: “Investigadores e escrivães terão referências salariais iguais às dos peritos. Para tanto, receberão aumento”… UMA GARANTIA UOL E FOLHA DE SÃO PAULO, PODEM GASTAR POR CONTA! 24

04/09/2009
Policial terá aumento com mudanças na carreira
Vinícius Segalla e Amanda Mont’Alvão
do Agora

Oito carreiras da Polícia Civil de São Paulo se transformarão em apenas uma (agente de polícia), com aumento salarial para a maioria, segundo a Delegacia Geral de Polícia.

Reajuste de 6,5% é pago hoje
Os próximos concursos para delegado exigirão aprovação no exame da OAB. Investigadores e escrivães terão referências salariais iguais às dos peritos. Para tanto, receberão aumento. A progressão na carreira se dará só por tempo de serviço e títulos, pondo fim ao critério de merecimento.

Essas e outras mudanças estão no plano de reestruturação das carreiras da Polícia Civil, que foi apresentado, no começo da semana, pelo delegado-geral da Polícia Civil, Domingos de Paulo Neto, aos sindicatos da instituição. Das 17 entidades presentes na reunião, 14 aprovaram.

Domingos deverá enviar o plano ao secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, até o final da semana que vem. A ideia é que um projeto de lei com a reestruturação seja enviado à Assembleia Legislativa ainda em 2009. “Todas alterações foram submetidas às categorias”, diz o delegado-geral.

Unificação


Oito carreiras que exigem ensino médio (agente policial, carcereiro, agente de telecomunicações, desenhista técnico-pericial, fotógrafo pericial, auxiliar de necropsia, atendente de necrotério e auxiliar de papiloscopista) passarão a compor a nova carreira de agente de polícia.

O salário será igual ao do agente de telecomunicações, atualmente em R$ 1.466,38 (sem contar as gratificações). O maior aumento será para carcereiros e agentes, que ganham, hoje, R$ 1.090.

Investigadores, escrivães e papiloscopistas também terão aumento, já que as carreiras, de nível médio, passarão a exigir nível superior. “Essa era uma reivindicação de 20 anos da categoria. As mudanças valorizam os profissionais”, diz Alaor da Silva, da associação dos papiloscopistas.

Outra mudança virá na progressão das carreiras. A indicação por mérito para que o servidor mude de classe acabará, com exceção da promoção da classe final para a superior (chamada, hoje, de especial).

http://www.agora.uol.com.br/trabalho/ult10106u619312.shtml

NÃO TEVE PARTICIPAÇÃO FEMININA…ESSA REESTRUTRAÇÃO SERÁ UMA PROCRIAÇÃO SEM MULHER 10

Subject: SITE DO SINDPESP
To: roberto conde guerra <dipol.

 

Nesta data (01/09/2009) iniciamos ao lado das outras entidades classistas, representantes das Associações e Sindicatos dos Policiais Civis do Estado, a primeira reunião com duração de quatro horas, presidida pelo Exmo. Delegado Geral de Polícia, as discussões sobre o Futuro Projeto da Reestruturação da Polícia Civil. Aprovou-se por maioria de votos dos presentes, o enxugamento das carreiras policiais civis, das catorze existentes, para sete apenas.

Publicação: 01/09/09

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Pode até  sair qualquer coisa, mas nada que preste.

ESTE RABISCO QUE TENTAM VENDER COMO “NOVO PROJETO DE REESTRUTURAÇÃO” FAZ PROVA DA INÉPCIA EXISTENTE NA POLÍCIA CIVIL…ALIÁS, TAL INÉPCIA É TODA DE QUEM O RABISCOU E FEZ PUBLICAR PARA ACIRRAR DISCÓRDIAS…ATÉ JARGÃO DE MAU GOSTO FOI ELEVADO À CATEGORIA DE INSTITUTO DE DIREITO ADMINISTRATIVO: “FICA PROIBIDO O BICO” 171

PROJETO DE REESTRUTURAÇÃO

O NOVO Projeto de Reestruturação contém alterações substanciais e necessárias para corrigir algumas distorções e seu conteúdo resumimos abaixo:
a) Inamovibilidade para Delegados de Policia, já prevista inclusive na Constituição Estadual;( INAMOVIBILIDADE  PARA INGLÊS VER, O atual  DGP E O seu atual DGP ADJUNTO NUNCA RESPEITARAM TAL DISPOSITIVO JÁ PREVISTO NA C.E.,  inclusive )
b) 07 (Sete) Carreiras Policiais:
Delegado de Polícia – Bacharel em Direito
Médico Legista – Bacharel em Medicina
Perito Criminal – Nível Superior
Investigador de Polícia – Nível Superior
Escrivão de Policia – Nível Superior
Papiloscopista Policial – Nível Superior
Agente de Policia – 2° Grau
c) O RETP passa denominar-se REPJ Regime Especial de Polícia Judiciária . ( NA CONTRAMÃO DA CONSTITUIÇÃO, POIS DETERMIDAS CARREIRAS DEVEM RECEBER SUBSÍDIO SEM PENDURICALHOS )
d) 4 Classes:
Classe Inicial
Classe Intermediária
Classe Final
Classe Superior
e) Cursos para promoção de classes na Academia de Polícia terá valor de Pós – Graduação . ( COMPETÊNCIA DA UNIÃO…O CURSO NA ACADEMIA NÃO SERVE PARA NADA, SALVO O FIM PARA QUE TEORICAMENTE SE DESTINA: ATUALIZAÇÃO E REQUISITO PARA PROMOÇÃO PARA MERECERIMENTO NAS CLASSES QUE SERÃO EXTINTAS : 2ª e especial )
f) A promoção ocorrerá sempre nos meses de Janeiro e Julho de cada ano.
g) Diferença entre as classes será de 20%.
h) Todos de Classe Especial, serão enquadrados na Classe Superior. ( ENQUADRAR O REDATOR …rs, o termo é CLASSIFICAR )

i) Concurso para novos Delegados de Policia será exigido aprovação em exame da OAB.  ( OS DELEGADOS , A MAIORIA JÁ PERTENCIA AOS QUADROS DA POLÍCIA , AGORA QUEREM  COLOCAR MAIS UMA TRAVE NO CAMINHO DOS CANDIDATOS; DOS POLICIAIS ESPECIALMENTE )
j) Fica criado:
Colegiado Superior da Policia Civil composto por ex-Delegados Geral de Polícia.( CONSELHO ANCIÃO OU CONSELHO DE  EGRESSOS )  
k) Anexo I: Investigador de Polícia e Escrivão de Polícia terão seus vencimentos iguais ao do Perito Criminal. ( INCONSTITUCIONAL – PROIBIÇÃO DE VINCULAÇÃO DE VENCIMENTOS )
l) Esta Lei Complementar e suas Disposições Transitórias aplicam-se no que couber a todas as carreiras policiais da ATIVA, INATIVOS e PENSIONISTAS.
m) Fica proibido o bico, exceto para Ensino e Difusão Cultural. ( BICO  É JARGÃO, LOGO IRÃO CONSTAR NA LOP:  É PROIBIDO  RECEBER “JOTINHA”, PROIBIDO “VENTAR”, “ESCULACHAR” O INVESTIGADO…DAR BONDE…etc )

n) Permanência nas Classes:
Classe Inicial até 5 anos.
Classe Intermediaria – Mais de 5 e até 15 anos.
Classe Final – Mais de 15 até 25 anos.
Classe Superior – Acima de 25 anos.

O conteúdo da Reestruturação acima foi aprovado pela quase unanimidade das Entidades de Classe da Polícia Civil (14×3) em reunião realizada em 01/9/2009 na Delegacia Geral de Polícia. ( VOTO DE REPRESENTANTE DE CLASSE, SEM PRÉVIA  DISCUSSÃO  E APROVAÇÃO DA MAIORIA DOS MEMBROS DA RESPECTIVA ENTIDADE…É COMO VOTO DE LIDERANÇA: SEMPRE CONTRÁRIO AOS INTERESSES COLETIVOS )
-Acreditamos que realmente agora teremos uma Reestruturação de verdade!!! ( EU QUE ACREDITO NA EXISTÊNCIA DO PAPEL- NOEL…EU QUE CACEI SACI-PERERÊ COM PENEIRA DE PEDREIRO E GARRAFA DE CERVEJA EM DIA DE NOROESTE…TAMBÉM ACREDITO QUE TEREMOS UMA REESTRUTURAÇÃO DE VERDADE…MAS SE DEPENDERMOS DOS NOSSOS REPRESENTANTES :  NO  “OLAM HABÁ”! )

Vanderlei Bailoni
Presidente AIPESP

03/09/2009
INVESTIGADORES TERÃO TETO DE PERITOS

Dirigentes do SIPESP (Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo) estiveram reunidos, na última terça-feira, com uma equipe de negociação da DGP (Delegacia Geral de Polícia) para discutir o plano de carreira que esta sendo montado para a categoria.
Segundo os sindicalistas, muitas das idéias apresentadas pelo SIPESP foram acatadas pela DGP e constam no esboço do projeto.
Um dos exemplos é a remuneração máxima que poderão receber investigadores e escrivães com nível superior. No plano esboçado, esses valores serão iguais ao salário de peritos, cuja remuneração inicial atualmente é de R$ 2.850.
Quem quiser mudar de carreira mas não tiver qualificação para isso poderá prestar um curso na Academia de Polícia do Estado e, depois, candidatar-se à progressão.
Um ponto, porém, não foi atendido, o de possibilitar promoções sem a realização de concursos. O sindicato teria ouvido da DGP que a transposição de cargos, sem a realização de concurso, é inconstitucional.
Por enquanto, o novo plano de careira segue em analise interna na polícia civil. Depois, ele será submetido à Secretaria da Segurança Pública e, por fim, levado ao governador José Serra, que enviará o projeto à Assembléia Legislativa.

Fonte: Jornal Agora
FUNCIONALISMO

Vinicius Segalla
03/09/09

 

MAIS UM POLICIAL MILITAR INDICIADO POR TRÁFICO DE MUNIÇÃO PARA RIFLES DE ASSALTO 6

Mais um PM investigado por desvio  

Mais um soldado é investigado sob acusação de desviar balas de fuzil 7,62 mm do Centro de Suprimento e Manutenção de Armamento e Munição da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Ele e outros dois homens foram indiciados no 95º DP (Heliópolis). A Polícia Civil já havia prendido o sargento Ricardo Tadeu de Souza Ferraz, de 43 anos, acusado de municiar traficantes do Comando Vermelho (CV) do Rio de Janeiro com 2 mil projéteis de idêntico calibre extraviados do mesmo setor.

O nome do soldado não foi divulgado. A Justiça negou o pedido de prisão contra ele por falta de provas. Policiais chegaram ao PM após a prisão, no último dia 24, de Oséias dos Reis Lacerda, 51 anos, e Sandro Luís Esperantio, 46. De acordo com a Polícia Civil, ambos tentavam vender 145 balas de fuzil 7,62 mm em Heliópolis.

Ainda segundo a Polícia civil,a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), fabricante do produto, informou à Polícia Civil que as balas pertenciam ao lote AAY68, vendido para a Polícia Militar em 31 de agosto de 2006. O soldado indiciado é lotado numa unidade da PM na zona leste. O sargento Ferraz, preso no Presídio Militar Romão Gomes, era lotado no Centro de Manutenção e Armas.

O soldado Marcos Rantiguieri foi morto com 18 tiros de fuzil na Praia Grande, litoral sul, em 3 de outubro do ano passado…Do outro lado Sargento roubava munição do Estado e vendia para marginais 7

Policiais mortos em poucos meses na Baixada Santista

31/08/2009

Marco Antonio Vieira levou dez tiros em São Vicente

06/04/2009

O soldado Edmundo Andreia Junior morto a tiros em São Vicente em uma emboscada

04/03/2009

O tenente Silvio França da Silva executado a tiros em São Vicente

23/03/2009

O soldado Marcio Luis Bueno é morto em Praia Grande

03/08/2008

Soldado Mauro de Lara Torquato assassinado em Praia Grande

03/10/2008

O soldado Marcos Rantiguieri é morto a tiros em Praia Grande

19/10/2008

Cabo Anderson Lira é morto com tiros de fuzil na frente dos filhos em Praia Grande

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POLICIAL QUE TRAFICA  MUNIÇÃO MERECE PENA DE MORTE?

POLICIAL QUE TRAFICA MUNIÇÃO MERECE PENA DE MORTE?

ENTREVISTA DA 2a. PARA LEITURA SABATINA: Uma prisão de merda custa 250 por dia na Itália. Não faz sentido usar algo tão caro para qualquer criminoso…AQUI O POBRE É PRESO POR TENTAR FURTAR UM TICO DE CARNE 8

massimo pavariniENTREVISTA DA 2ª – MASSIMO PAVARINI

Punir mais só piora crime e agrava a insegurança

Castigo mais duro, herança dos EUA de Reagan, transforma criminoso leve em profissional, diz professor de Bolonha

“É UM PECADO , uma ideia louca” a noção de que penas maiores de prisão aumentem a segurança. “Acontece o contrário. Penas maiores produzem mais insegurança”, diz o italiano Massimo Pavarini, 62, professor da Universidade de Bolonha e considerado um dos maiores penalistas da Europa. Ele dá um exemplo: “Quanto mais se castiga um criminoso leve, mais profissional ele será quando voltar ao crime”.

Imagem por Eduardo Knapp: O pesquisador Massimo Pavarini, em São Paulo

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ligado ao pensamento de esquerda, Massimo Pavarini diz que essa ideia de punir mais teve como origem os EUA de Ronald Reagan, nos anos 80, e difundiu-se pelo mundo “como uma doença”. A eleição de Barack Obama à Presidência dos EUA pode ser um sinal de que esse ideário se esgotou, acredita. Pavarini esteve em São Paulo na última semana para participar do congresso do IBCCRIM (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), onde deu a seguinte entrevista:

FOLHA – O sr. diz que o direito penal está em crise porque o discurso pró-punição está desacreditado e a ideia de ressocialização não funciona. O que fazer?
MASSIMO PAVARINI
– O cárcere parecia um invento bom no final de 1700, quando foi criado, mas hoje não demonstra mais êxito positivo. O que significa êxito positivo? Significa que o Estado moderno pode justificar a pena privativa de liberdade. Sempre se fala que o direito penal tem quatro finalidades:
serve para educar, produzir medo, neutralizar os mais perigosos e tem uma função simbólica, no sentido de falar para as pessoas honestas o que é o bem, o que é o mal e castigar o mal.
Após dois séculos de investigação, todas as pesquisas dizem que não temos provas de que a prisão efetivamente seja capaz de reabilitar. Isso acontece em todos os lugares do mundo.

FOLHA – O que fazer, então?
PAVARINI
– As prisões já não produzem suficientemente medo para limitar a criminalidade. Todos os criminólogos são céticos. O direito penal fracassou em todas as suas finalidades. Não conheço nenhum teórico otimista. Isso não significa que não possa haver alternativas. Há um movimento internacional em busca de penas alternativas. O que se imagina é que, se a prisão fracassou, a pena alternativa pode ter êxito punitivo. Há penas alternativas há três décadas e, se alguma pode surtir efeito, foi em algum momento específico, que não pode ser reproduzido em um lugar com história e recursos econômicos diferentes.

FOLHA – Numa conferência, o sr. disse que o Estado neoliberal, que começou na Inglaterra e nos EUA, não pensa mais em ressocializar o preso, mas em neutralizá-lo. Por que morreu a ideia de recuperar o preso?
PAVARINI
– Já se sabia que não dá para ressocializar o preso. O problema é outro. Existe uma obra bem famosa dos anos 70, chamada “Nothing Works” [nada funciona]. O livro foi escrito quando [Ronald] Reagan era governador da Califórnia [1967-1975]. Ele criou uma equipe de cientistas, de todas as cores políticas, e deu-lhes um montão de dinheiro. A pergunta era muito simples: você pode mostrar que o modelo de ressocialização dos presos tem um êxito positivo? Os cientistas pesquisaram muito e no final escreveram “nothing works”. A prisão não funciona nos EUA, na Europa nem na América Latina. Nada funciona se você pensa que a prisão pode reabilitar. Não pode. O cárcere tem o papel de neutralizar seletivamente quem comete crimes.

FOLHA – Ele cumpre esse papel?
PAVARINI
– Pode cumprir. O problema é que a neutralização do inimigo, a forma como o neoliberal vê o delinquente, significa o fim do Estado de direito. O primeiro problema é que você não sabe quantos são os inimigos. Essa é a loucura.
Os EUA prendem 2,75 milhões todos os dias. Mais de 5% da população vive nas prisões. São 750 presos por 100 mil habitantes. Há ainda os que cumprem penas alternativas. Esses são 5 milhões. Portanto, são 7,5 milhões na América os que estão penalmente controlados. Aqui no Brasil são 300 presos por 100 mil habitantes.

FOLHA – Há teóricos que dizem que nos EUA as prisões se converteram em um sistema de controle social.
PAVARINI
– Sim, isso ocorre. O setor carcerário nos EUA é quase tão forte quanto as fábricas de armas. Muitas prisões são privadas. É um bom negócio. O paradoxo dos EUA é que em 75, quando Reagan começa a buscar a Presidência, os EUA tinham 100 presos por 100 mil habitantes. Após 30 anos, a taxa multiplicou-se por oito. Os EUA não tinham uma tradição de prender muito. Prendiam menos do que a Inglaterra.

FOLHA – O senso comum diz que os presos crescem exponencialmente porque aumentou a violência.
PAVARINI
– Isso é muito complicado. Se a pergunta é “existe uma relação direta entre aumento da criminalidade e aumento da população presa?”, qualquer criminólogo do mundo, eu creio, vai dizer não. Os EUA não têm uma criminalidade brutal. Ela é comparável à criminalidade europeia. Eles têm um problema específico: o número elevado de casas com armas de fogo curtas. Um assalto vira homicídio.

FOLHA – Por que prendem tanto?
PAVARINI
– Os EUA prendem não tanto pelo crime, mas por medo social. Essa é a questão. A origem do medo social é bastante complexa, mas para mim tem uma relação mais forte com a crise do Estado de bem-estar social do que com o aumento da criminalidade. É um problema de inclusão social. Os neoliberais dizem que não dá para incluir todas as pessoas que não têm trabalho, os inválidos, os que estão fora do mercado. Os criminosos são os primeiros dessa categoria. Uma regra que ajudou a aumentar a população carcerária foi retirada do beisebol: três faltas e você está fora. Em direito penal isso significa que após três delitos, que podem ser pequenos, você está preso. Você está fora porque não temos paciência para tratá-lo. Vamos eliminá-lo.

FOLHA – Eliminar é o papel principal das prisões, então?
PAVARINI
– É um dos papéis. O direito penal é cada vez mais duro, as sentenças são mais longas, “life sentence” [prisão perpétua] é mais frequente, aplica-se a pena de morte.

FOLHA – Como essa ideia neoliberal funciona onde há muita exclusão?
PAVARINI
– Vou dizer algo que parece piada: quando os EUA dizem uma coisa, essa coisa é muito importante. Podem ser coisas brutais, grosseiras, mas quem diz são os EUA. Como imaginar que na Itália e na França, que têm ótimos vinhos, os jovens preferem Coca-Cola?
Não se entende. É o poder dos EUA que explica isso. A ideia de como castigar, porque castigar e quem castigar faz parte de uma visão de mundo. Se a América tem essa visão de mundo, isso se reproduz no mundo.

FOLHA – É por essa razão que cresce o número de presos no mundo?
PAVARINI
– Isso é um absurdo.
Dos 180 e poucos países do mundo, não passam de 10, 15 os que têm reduzido o número de presos. Na Itália, temos 100 presos por 100 mil habitantes.
Há 30 anos, porém, eram 25 por 100 mil. Aumentou quatro vezes em três décadas. Isso acontece na Ásia, na África, em países que não se pode comparar com os EUA e a Europa.
Creio que é uma onda do pensamento neoliberal, que se converte em políticas de direito penal mais severo. É engraçado que os EUA, nos anos 50 e 60, eram os mais progressistas em política penal, gastavam um montão de dinheiro com penas alternativas. Mas hoje as pessoas acham que o direito penal que castiga mais tem mais eficiência. Isso é desastroso. Nos EUA, o número de presos cresce também porque há um negócio penitenciário.

FOLHA – O que há de errado com esse tipo de negócio?
PAVARINI
– Os EUA têm cerca de 15% dos presos em cárceres privatizados. É uma ótima solução para a empresa que dirige a prisão. Ela sempre vai querer ter um montão de presos, é claro, para ganhar mais dinheiro, e isso nem sempre é a melhor política. É um negócio perverso.
Os empresários financiam lobistas que vão difundir o medo.
É um desastre. Mas pode ser que tudo isso mude. Obama parece ter uma visão oposta à dos neoliberais e já demonstra isso na saúde pública, um tema ligado à inclusão social. O difícil é que não há uma ideia suficientemente forte para se opor ao pensamento neoliberal sobre as penas. A esquerda não tem uma ideia para contrapor. Os políticos sabem que, se não têm um discurso duro contra o crime, eles perdem votos.

FOLHA – No Brasil, os políticos e a população defendem o aumento das penas. Penas maiores significam mais segurança?
PAVARINI
– Isso é um pecado, uma ideia louca, absurda. Acontece o contrário. Penas maiores produzem mais insegurança. É claro, um país não pode neutralizar todos os criminosos. Nos EUA, eles podem colocar na prisão o garoto que vende maconha. Prende por um, dois, cinco anos, e ele vai virar um criminoso profissional. Quanto mais se castiga um criminoso leve, mais profissional ele será quando voltar ao crime. Há mais de um século se diz que a prisão é a universidade do crime. É verdade. Mas, se um político diz “vamos buscar trabalho para esse garoto”, ele não ganha nada.

FOLHA – No Estado de São Paulo, o mais rico do país, faltam 55 mil vagas nos presídios e as prisões são muito precárias. Por que um Estado rico tem presídios tão ruins?
PAVARINI
– Há uma regra econômica que diz que a prisão, em qualquer lugar do mundo, deve ter uma qualidade de sobrevivência inferior à pior qualidade de vida em liberdade. Como aqui há favelas, as prisões têm de ser piores do que as piores favelas. A prisão tem de oferecer uma diferenciação social entre o pobre bom e o pobre delinquente. Claro que São Paulo poderia oferecer um presídio que é uma universidade, mas isso seria intolerável. O presídio ruim tem função simbólica.

FOLHA – Em São Paulo, o número de presos cresce à razão de 6.000 por mês. Faz sentido construir um presídio novo por mês?
PAVARINI
– Mais cárceres significam mais presos. Se você tem mais presídios, você castiga mais. Por isso os países promovem moratórias, decidem não construir mais presídios.

FOLHA – Políticos dizem que mais presídios melhoram a segurança.
PAVARINI
– A única coisa que você pode dizer é que mais presídios significa mais população presa. Há milhões de pessoas que delinqúem diariamente, e os presos são uma minoria. O sistema penal é seletivo, não pode castigar todos. As pessoas dizem que o crime não compensa, mas o crime compensa muito. O sistema não tem eficiência para castigar todos.
Quando você aumenta muito a população carcerária, algo precisa ser feito. Na Itália, há cada cada quatro, cinco anos há anistia. Entre os nórdicos, quando um juiz condena um preso, ele precisa saber a quantidade de vagas na prisão. Se não há vaga, outro preso precisa sair. O juiz indica quem sai. Porque é preciso responsabilizar o Poder Judiciário e a polícia pelos presídios. O cárcere tem de ser destinado aos mais perigosos. Uma prisão de merda custa 250 por dia na Itália. Não faz sentido usar algo tão caro para qualquer criminoso.