02/09/2009 – 07h40
Moradores da região de Heliópolis acusam policiais de agressão após protestos
da Folha Online
Três moradores da favela de Heliópolis afirmaram terem sido agredidos por policiais militares durante o protesto realizado na noite de terça-feira (1º) na favela, na zona sul de São Paulo, segundo informações da Polícia Civil. A manifestação aconteceu contra a morte de uma estudante de 17 anos, atingida por uma bala perdida durante uma perseguição policial na região, na noite desta segunda (31)
Segundo o delegado José Benedito Lorena, do 95º DP (Cohab Heliópolis), os três moradores estavam entre os 21 detidos durante os protestos. Todos passaram por averiguação e foram liberados. Já os moradores que afirmaram terem sido vitimas de agressão também passaram por exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal).
O delegado ainda afirmou que apesar de terem sido liberados, todos devem passar por averiguação, e destacou que as acusações de agressão contra policiais também serão investigadas.
O protesto teve inicio por volta das 19h de ontem. Durante a ação, o grupo queimou três ônibus e dois carros, além de bloquear alguns acessos à favela, como a avenida Almirante Delamare, a estrada das Lágrimas, na rua do Grito e na rua Cônego Xavier.
Convocação
O capitão Mauricio de Araujo, da Polícia Militar, afirmou na manhã de hoje, que os manifestantes foram convocados para participar dos protestos por bilhetes escritos a mão, que prometia a entrega de uma cesta básica para quem participasse.
Segundo o capitão, os responsáveis pela convocação ainda não tinham sido identificados até a manhã de hoje.
| Andre Penner/AP | ||
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| Polícia entra em confronto com moradores da favela de Heliópolis, em SP, durante protesto contra morte de jovem |
Tiroteio
A garota voltava da escola pela estrada das Lágrimas, em Heliópolis, zona sul de São Paulo, na noite desta segunda-feira, quando foi atingida por um tiro no pescoço durante troca de tiros entre guardas civis de São Caetano do Sul (Grande São Paulo) e os suspeitos de roubar o Ford Ka. O corpo da jovem é velado na noite desta terça-feira em uma capela na região.
Ela foi socorrida e encaminhada para um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. A jovem morava com a mãe e uma filha de um ano e oito meses.
Durante a perseguição –que começou em São Caetano do Sul– os suspeitos entraram com o carro roubado na favela de Heliópolis, quando os guardas civis atiraram no pneu do carro. O motorista perdeu o controle do veículo e bateu em um Corsa que trafegava pela via.
Ao descerem do carro, os suspeitos trocaram tiros com os guardas e uma bala –ainda não se sabe de qual arma– atingiu a adolescente no pescoço.
Uma mulher que estava no banco de trás do carro foi presa por suspeita de envolvimento no roubo. Ela afirmou à polícia que era vítima de um sequestro, mas a dona do Ka roubado afirmou que a suspeita estava com o homem que levou seu carro. Ela não tinha passagem anterior pela polícia, segundo o boletim de ocorrência. O homem que dirigia o Ford Ka conseguiu fugir. A polícia investiga ainda o envolvimento de uma terceira pessoa.
Os guardas civis que participaram do tiroteio foram afastados da Guarda Civil de São Caetano do Sul até o término das investigações. A decisão foi anunciada pelo secretário municipal de Segurança de São Caetano do Sul, Moacir Rodrigues.

Não estive no Morumbi em outubro do ano passado, mas só de olhar a foto do choque alinhado já me deu raiva.
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do http://naotecalaseducador.blogspot.com/
Assassinato em Heliópolis: desabafo de um professor
É que mataram um estudante que poderia ser filho de qualquer um de vocês. Com essas palavras, se explicou o motivo dos protestos que seguiram a morte por uma bala perdida de Edson Luis, estudante secundarista, que almoçava no restaurante Calabouço, em 1968. Edson que na época sonhava em virar universitário, já não poderia sonhar com mais nada, diziam os manifestantes na época.
É que mataram uma estudante. Ana Cristina E não foi naquela ditadura. Foi agora. Segunda feira. Voltava pra casa. Tinha dezessete anos e deixou uma filha de um ano e oito meses. Se tinha sonhos? Sim, muitos. E isso eu posso dizer com toda certeza. Pois até o semestre passado fora minha aluna. Sentava na primeira fileira. Também falava de continuar estudando, de voltar pra terra natal, falava de amores. Falava e mostrava fotos de sua filha. Escutava com atenção as explicações na aula e tentava produzir o melhor. Agora não vai poder sonhar mais nada. Uma bala perdida que se alojou em seu pescoço tirou tudo isso. Tentou se esconder atrás de um carro, mas não conseguiu.
Mais uma vez entraram na favela atirando.
Agora ouço os helicópteros voando baixo aqui perto. Mais cedo ouvíamos os gritos e barulhos de tiros. Tudo para conter a manifestação de indignação dos moradores do lugar. Aos poucos chegam notícias do gás de pimenta, das bombas. Como moro no Ipiranga, tudo isso é muito perto e ao mesmo tempo muito longe. A distância de um viaduto que nos separa da favela. E tentamos dormir quase em paz.
Antes do recesso, um outro estudante me disse que a polícia está matando demais na favela. Que para dispersar uma festa na rua que atrapalhava o trânsito, junto com balas de borracha usaram balas de verdade, resultando em um morto, outro estudante da mesma escola.
E esses estudantes não são martires de nenhuma luta contra ditadura. São meras estatistícas. Números em nossa tão fulgurante democracia republicana.
Sua luta é muito mais dura, pois é cotidiana. Luta por sobreviver, por existir.
A tortura, os assassinatos e a opressão continuam. Mas todos saúdam uma pretensa democraciam e relembram ( mas não muito, que não se deve mexer em certos esqueletos no armário) uma ditadura que segundo eles juram, acabou. Deixemos isso para os livros de história. E um salve para nossos heróis.
E que Heliopólis e seus mortos permaneçam bem longe, depois do viaduto.
Alan L.
PS: Sei que o que escrevi está muito confuso, mas precisava desabafar. Estou cansado de chorar. Na TV poucas palavras agora a noite em contraposição a uma imnesa matéria sobre peixes. Mas no fim pouco disso importa. Ana não está mais aqui. E tudo isso continuará, e cada vez pior!
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Guarda municipal de São caetano acha que é Polícia, faz bloqueio nas ruas, efetua perseguições, abordagens nas ruas sem qualquer fundamentação, além de ficarem pagando de polícia ( olha o esilo dos caras) não passam de vigilantes do municípo, gansos, não possuem treinamento adequado, é pior que o nosso. Tudo isso acontece nas barbas das polícias, que faz vista grossa, esperimenta um delegado do plantão , registrar um abuso de um “ganso” desses que vai ver a encrenca que arruma na cidade – Feudo de São Caetano ou como gostão de chamar Principado de São Caetano do Sul, lá não ficam dando tiro a esmo – dizem que lá não tem favelas – mas fora dalí pode!!!!
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COLEGA CAETANO,
EMOCIONANTE O DESABAFO DESSE PROFESSOR!
AH! SE PELO MENOS ELA FOSSE LOIRA DE OLHOS AZUIS E MORASSE NOS JARDINS…
SUA MORTE NÃO FICARIA IMPUNE!
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