OMBUDSMAN DA FOLHA EM 1996 APONTAVA IVANEY CAYRES DE SOUZA COMO DESPREPARADO E IRRESPONSÁVEL 6

Celia e Yvaney cidadão de SorocabaCASO DE POLÍCIA

São Paulo, domingo, 10 de novembro de 1996

MARCELO LEITE


Nessas horas, delegados da Polícia Civil com faro para autopromoção na mídia também deitam e rolam. Vale até julgar e condenar um morto, como foi feito com Mauro Rodrigues de Mattos.
O passageiro do vôo 402 foi postumamente acusado de ter embarcado quase quatro quilos de cocaína no avião caído, por já ter sido preso como traficante. Segundo o policial Romeu Tuma Jr., ”apesar da condenação e da liberação, ele (Mattos) continuava ligado ao tráfico”.
O abuso policial mais chocante da semana, porém, envolveu a investigação do aparente suicídio do empresário Luiz Carlos Leonardo Tjurs na frente de sua noiva, a modelo e atriz Ana Paula Arósio. Na crítica interna da edição de quarta-feira, anotei:
”Depois de tudo que se falou sobre Escola Base, a Folha ainda dá divulgação para especulações e conjeturas de policiais irresponsáveis que podem prejudicar pessoas em princípio inocentes. Veja a reportagem ‘Atriz Ana Paulo Arósio sai do choque’ (pág. 3-8). Se o delegado Ivaney Cayres de Souza é despreparado o bastante para mencionar em público hipóteses fantasiosas de incitação ao suicídio, o jornal não precisa acompanhá-lo”. Foi, assim, uma satisfação ler na Folha de anteontem o editorial ”Privacidade violada”. Ele trazia uma admoestação cristalina:
”Um braço do poder público, que tem o dever de respeitar e defender a privacidade dos cidadãos e agir com discrição, é, lamentavelmente, o primeiro a violar esse valor. Sem nem sequer correr o risco de uma punição posterior, se, como no caso da escola Base, se verificar que as suspeitas eram infundadas”.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ombudsman/omb_19961110.htm

DO INVESTIGADOR SIDMAR BIANCO: foram José Virgílio e o informante Pedro Henrique Moreira que assassinaram sumariamente as vítimas, sem chance de defesa, por pura vingança 9

Policiais terão de explicar chacina

Cruzeiro On Line

A Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo vai convocar para depoimento os ex-diretores do Departamento Estadual de Investigações Sobre Narcóticos (Denarc), Ivaney Cayres de Souza, Everardo Tanganelli Júnior e Pascoal Ditura, em inquérito que investiga uma chacina em Porto Feliz, município do interior do Estado. Os corregedores querem entender como foi “criada uma história” para inocentar um investigador e um informante que, segundo a própria Corregedoria e o Ministério Público Estadual (MPE), assassinaram sumariamente quatro pessoas desarmadas em julho de 2003.

O caso começou quando as quatro pessoas morreram em uma ação do Denarc, sendo que o órgão anunciou na época que eles eram traficantes e teriam atirado primeiro nos policiais. O Denarc ainda anunciou que já estava no rastro da quadrilha e que acabou sendo surpreendido pela reação do grupo. “Foi uma cilada”, disse Ivaney Cayres de Souza, então diretor do órgão. Morreram no local o dono da chácara, Edson Serafim Tomás, de 41 anos, sua mulher, Flávia Espíndola de Castro, de 28, a caseira Ilza Pereira da Silva Araújo, de 36, e o adolescente Luís Carlos Lopes da Silva, de 16. Ainda segundo o delegado, o grupo estava sendo investigado por escutas telefônicas havia três meses. “A situação impôs que reagíssemos à altura. Lamentamos as vítimas, como lamentamos o policial ferido. A operação foi legítima.”

Uma investigação do MPE, no entanto, mostrou que tudo não passou de uma farsa para encobrir a execução das vítimas. Eram por volta de 7h30 do dia 11 de julho de 2003 quando três policiais sem uniforme e um informante entraram com um mandado de busca na chácara localizada no km 104 da Rodovia Castelo Branco. Um funcionário acabou sendo detido. Segundo testemunhas, o caseiro estranhou a movimentação, pensou que os policiais fossem bandidos e atirou, atingindo a espinha dorsal do investigador Mauro Montanari, de 35 anos, que ficou paraplégico.

Segundo o MP, os policiais foram então atrás de vingança Mataram Luís Carlos, jardineiro do sítio, depois atiraram em Ilza Araújo, mulher do caseiro, que dormia no momento em que os dois invadiram sua casa. Em outra residência dentro da chácara, ainda foi assassinado o casal Edson Tomás e Flávia de Castro – apenas duas crianças, na época de 6 e 9 anos, foram poupadas. Em depoimento, as testemunhas disseram que os policiais também atiraram nas paredes para tentar alterar a cena do crime.

FRAUDE PROCESSUAL

A Corregedoria e o MPE suspeitaram da história após ouvir a versão das crianças e de outras pessoas que passavam pelo local. Depois de vários depoimentos, a chacina no sítio de Porto Feliz foi creditada ao investigador José Virgílio Costa e seu parceiro Sidmar Bianco, ambos presos. Bianco, no entanto, denunciou aos corregedores uma farsa ainda maior. Segundo ele, foram José Virgílio e o informante Pedro Henrique Moreira que assassinaram sumariamente as vítimas, sem chance de defesa, por pura vingança – seu nome só foi envolvido no caso porque colegas do Denarc teriam pedido para ele assumir a responsabilidade, uma vez que ele era chefe dos investigadores.

Na casa do informante, a Corregedoria da Polícia Civil encontrou armas, munição, colete a prova de balas e manuais de investigação da Polícia Civil. Ele e José Virgílio, que foi expulso da Polícia Civil, respondem às acusações em liberdade. A corregedoria vai pedir agora novas prisões dos acusados até o julgamento e quer ouvir os antigos chefes do Denarc para saber o que eles têm a dizer sobre a suposta fraude processual. (AE)

NINGUÉM CITOU QUE O INVESTIGADOR MAURO MONTANARI FICOU E ESTÁ PARAPLÉGICO ATÉ HOJE POR CONTA DO TIRO QUE LEVOU NAS COSTAS 11

Luizinho fea o seguinte comentário:

A REPORTAGEM MAQUIADA E TENDENCIOSA DA GLOBO

É FÁCIL METER O PAU NA POLÍCIA E PRINCIPALMENTE QUEM NÃO ESTAVA LÁ. NA REPORTAGEM DO FANTÁSTICO, NINGUÉM CITOU QUE O INVESTIGADOR MAURO MONTANARI FICOU E ESTÁ PARAPLÉGICO ATÉ HOJE POR CONTA DO TIRO QUE LEVOU NAS COSTAS. TIRO QUE FOI DISPARADO POR UM DOS TRAFICANTES QUE FAZIA A SEGURANÇA DO LOCAL. ESSA CONVERSA DE QUE FOI O CASEIRO QUEM ATIROU POR ACREDITAR QUE SE TRATAVAM DE LADRÕES É BALELA! E O QUÊ UM CASEIRO ESTARIA FAZENDO ARMADO NO LOCAL PRONTO PARA ATIRAR NOS OUTROS? AS PESSOAS QUE MORRERAM ERAM TRAFICANTES SIM SENHOR! MAS, A IMPRENSA MARROM FAZ QUESTÃO DE DIZER QUE ERAM POBRES INOCENTES QUE FORAM MASSACRADOS! NINGUÉM FALA DO MASSACRE QUE SOFREU O INSTIGADOR MAURO E NEM SUA FAMÍLIA! ESTÃO CRUCIFICANDO O DELEGADO DR. SÉRGIO LEMOS NASSUR QUE É UM EXCELENTE DELEGADO DE POLÍCIA “LINHA DE FRENTE” E EXCELENTE COMPANHEIRO POLICIAL! NO DIA DOS FATOS ELE CHEGOU ATRASADO NA OCORRÊNCIA E HOUVE PRECIPITAÇÃO POR PARTE DOS POLICIAIS QUE RESOLVERAM AGIR EM NÚMERO INFERIOR POR CONTA PRÓPRIA ANTES DA CHEGADA DOS DEMAIS COLEGAS. VENDO QUE OS POLICIAIS ESTAVAM EM MENOR NÚMERO, OS TRAFICANTES SE SENTIRAM ENCORAJADOS A ATIRAR CONTRA ELES. NÃO VOU COMENTAR SE HOUVE OU NÃO EXECUÇÃO, OU O FATO DE HAVER OU NÃO UM “GANSO” NA OPERAÇÃO! O QUE ME DEIXA INDIGNADO É O FATO DA IMPRENSA NÃO NOTICIAR QUE O INVESTIGADOR MAURO MONTANARI ESTÁ CONDENADO A PASSAR O RESTO DA VIDA PRESO A UMA CADEIRA DE RODAS EM VIRTUDE DOS TIROS QUE LEVOU DE TRAFICANTES. TRAFICANTES QUE A IMPRENSA QUER TRANSFORMAR EM ANJOS INOCENTES. EU TRABALHAVA NO DENARC NA ÉPOCA DOS FATOS E PERTENCIA A DELEGACIA QUE IMPETROU ESSA AÇÃO DESASTROSA. SEI DO QUE ESTOU FALANDO COM CONHECIMENTO DE CAUSA. INDIGNA-ME O FATO DE SE QUERER CRUCIFICAR O DR. SÉRGIO LEMOS NASSUR QUE NEM HAVIA CHEGADO AINDA AO LOCAL QUANDO TUDO ACONTECEU. O VIRGÍLIO JÚNIOR BEM QUE PODIA DAR AS EXPLICAÇÕES CORRETAS E DELINEAR O PAPEL DE CADA UM NESSA HISTÓRIA JÁ QUE ERA O “UNICO POLICIAL” EM COMBATE NO LOCAL TENDO EM VISTA QUE O MAURO ESTAVA BALEADO! MAS, PARA QUEM ESTÁ DE FORA, É MUITO MAIS FÁCIL ATIRAR PEDRAS COMO FEZ ESSE REPORTERZINHO COM UMA REPORTAGEM TENDENCIOSA E QUE DENIGRE A IMAGEM DE UM DEPARTAMENTO QUE APESAR DE ERROS, TEM UM PAPEL IMPORTANTÍSSIMO NA HISTÓRIA DO COMBATE AO NARCOTRÁFICO NO ESTADO DE SÃO PAULO. A CORREGEDORIA TEM TODA A VERDADE SOBRE OS FATOS, E SOBRE TUDO COMO ACONTECEU NA REALIDADE!

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Luizinho,  lamentamos profundamente pelo investigador baleado.

Contudo a gravidade do ataque por ele sofrido não explicaria  uma reação desproposital – se é que os policiais cometeram quaisquer crimes –   de  outros componentes do DENARC.

Aliás,  um dos traficantes – conforme a reportagem da ocasião fiel ao relato dos policiais –   acabou escapando do local durante o tiroteiro.

Um outro  indício da incompetência do DENARC: os policiais nem sequer aguardaram a chegada dos superiores para início da operação.

A imprensa – por sua vez – não foi marrom quando em 2003 divulgou a versão do DENARC, sem buscar maiores informes acerca das vítimas.

Não vejo motivo para, agora,  ser qualificada como tendenciosa  por divulgar a versão da Corregedoria Geral.

Verdadeiramente, o doutor Sérgio é um excelente colega e profissional.

Duvidamos que tenha tomado parte de ações criminosas, até pelo fato de  que era um  simples plantonista do DENARC.

Quanto  a apreensão de R$ 32.000,00,  isoladamente,  não serve como prova em desfavor dos mortos.

Também , de acordo com o seu relato, difícil acreditar que um só policial tenha conseguido algemar “um traficante” e, imediatamente, durante tiroteio  ferir mortalmente  outro  homem, um adolescente e duas mulheres.

E ainda, depois de balear  as quatro pessoas,  buscar reforço para socorrê-los até o hospital, MAS INFELIZMENTE MORRERAM NO CAMINHO.

Cabendo lembrar :  o DENARC desde a direção do falecido JORGE MIGUEL não merece nenhum crédito.

Não por culpa de “reporterzinho”, por culpa do “bando” de delegadozinhos TRAFICANTES que lá  trabalhavam.

Curiosidade: TINHA MUITOS EX-PMS NO DENARC?

AXIOMA POLICIAL 3

SE A CORREGEDORIA VERIFICAR, VERA QUE QUANDO MULHERES SÃO VITIMAS EM RESISTENCIA, ESTA FOI MASCARADA, POIS OS CONTRA A LEI DIFICILMENTE AS ESPÕE DE TIRO COM POLICIAIS. PODEM AS USA-LAS EM QUALQUER OUTRO TIPO DE CRIME, MENOS ESTE. È UM PENSAMENTO, NÃO ME VENHAM PEDIR PROVAS.

QUEM ERAM OS CHEFES DESSA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA CHAMADA DENARC 1

11/07/200319h26

Operação policial termina com 4 traficantes mortos em Porto Feliz

SÍLVIA FREIRE
da Agência Folha
da Folha Online

Policiais do Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos) foram recebidos a tiros na manhã de hoje quando cumpriam um mandado de busca e apreensão em um sítio próximo ao município de Porto Feliz (112 km a noroeste de São Paulo).

Dois homens, sendo um deles um menor, e duas mulheres que estavam no local foram mortos na troca de tiros com a polícia e um deles foi preso. O investigador Mauro Montanari, 35, foi atingido no braço e nas costas e foi operado no Hospital Regional de Sorocaba. Ele não corre risco de morte.

Equipes do Denarc, da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), da Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes) e do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) de Sorocaba foram acionados na operação. Um helicóptero “Águia”, da Polícia Militar, também foi usado na tentativa de localizar os suspeitos.

Operação policial

Os policiais do Denarc montaram uma operação no município depois que uma investigação realizada pelo Diap (Divisão de Inteligência e Apoio Policial) comprovou que os traficantes faziam parte da quadrilha de Itamar Barbosa de Freitas e Edison Dantas Bernardino, ambos procurados pela Justiça por tráfico de drogas.

Por meio de uma escuta telefônica autorizada pela Justiça ficou comprovado que o grupo movimenta grandes quantidades de cocaína, que age com extrema violência e que possui armamento pesado. Os traficantes seriam responsáveis por distribuir drogas para região de Sorocaba e teria ligações com traficantes de Campinas e da região oeste da capital paulista.

Quando os policiais chegaram no sítio, numa estrada de terra do km 104 da rodovia Presidente Castello Branco, conseguiram prender Luciano Ribeiro Ivo, que saiu da casa para verificar a movimentação no quintal. Ele foi algemado, mas conseguiu fugir durante quando o tiroteio começou. Ele foi capturado mais tarde em Itu, a 30 km do local.

Foram apreendidos no sítio dois revólveres calibre 38, uma espingarda Pulman, uma pistola 6.35 e uma metralhadora com silenciador, além de munição e de R$ 32 mil.

Segundo dados da escuta telefônica, os traficantes possuem drogas escondidas no sítio, mas até agora nada foi encontrado.

O DENARC DOS FARSANTES DEL REY 10

Policiais são investigados por execução sumária
Quatro inocentes teriam sido assassinados em SP. 

 
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1079289-7823-INVESTIGACAO+DA+POLICIA+E+DO+MP+REVELA+FARSA+NO+DENARC,00.html
 
Quatro pessoas morrem em uma ação do Departamento de Narcóticos (Denarc) no interior de São Paulo. A polícia diz que elas eram traficantes e atiraram nos policiais. Mas uma investigação da própria polícia e do Ministério Público mostra uma farsa: uma execução sumária de quatro inocentes desarmados, que não reagiram.

Imagens do dia 11 de julho de 2003 mostram o Denarc – principal departamento da Polícia Civil de combate às drogas em São Paulo – comemorando o resultado de uma operação em Porto Feliz, no interior do estado.

A polícia afirma que, ao chegar a um sítio, dois investigadores foram recebidos a bala. Um deles acabou ferido nas costas. Segundo o Denarc, na troca de tiros, foram mortos dois homens e duas mulheres, que estariam armados e seriam traficantes.

“Aqui fica fácil de você pulverizar a droga e não tem muita fiscalização como em São Paulo”, disse o delegado Everardo Tanganeli, na época.

Hoje, seis anos depois, a Corregedoria da Polícia Civil e o Ministério Público afirmam que há fortes indícios de que delegados e investigadores mentiram e que quatro inocentes foram executados.

Na região, encontramos parentes dessas pessoas e testemunhas da ação policial. Também tivemos acesso a detalhes da investigação.

Eram 7h30, e os policiais tinham um mandado de busca. Dois ficaram mais distantes, enquanto outros dois entraram no sítio. Eles não usavam roupas da polícia.

A primeira ação foi prender um funcionário. O caseiro viu a cena, estranhou o movimento e atirou contra os policiais. Ele atingiu um investigador e fugiu.

“O caseiro tirou, porque pensou que era bandido, que estava invadindo a chácara. Eles não estavam com roupa de polícia, estavam à paisana”, conta o agricultor Ademir Lopes da Silva.

Segundo o Ministério Público, depois que o investigador foi ferido, a equipe do Denarc quis vingança e começou uma série de execuções. A investigação mostra que o primeiro a ser morto foi Luiz Carlos, um funcionário do sitio de 16 anos, que estava desarmado. Ele morava em uma casa simples, com o pai e a avó. O jovem estudava à noite. De dia, ficava no sítio.

“Ele cuidava da horta. Às vezes, lidava no chiqueiro dos porcos. Era muito boa pessoa. Ele era uma maravilha. Nunca fez nada para ninguém”, garante a avó Elvira Camargo da Silva.

“Meu filho nunca teve problema com delegacia, nem com a professora. Todos queriam bem”, lembra Odacir Lopes da Silva, pai de Luiz Carlos.

Luiz Carlos era filho único. “Vou falar a verdade: para mim arrebentou tudo por dentro. Ele morreu de graça”, lamenta Odacir.

De acordo com os promotores, a segunda pessoa a ser assassinada foi a mulher do caseiro: Ilza Araújo, de 41 anos. Ela dormia quando os policiais invadiram a casa.

“Ela limpava a casa, lavava roupa, fazia tudo. Eu ouvi falar que ela ficou trabalhando lá uns seis meses”, diz Herminegildo Araújo, ex-marido de Ilza.

Segundo a investigação, a chacina continuou em outra casa, onde estavam quatro crianças e o casal Flávia de Castro e Edson Tomaz, que tinha passagem na polícia por furto.

Nós localizamos um menino e uma menina, que na época tinham 9 e 6 anos. Os irmãos vivem hoje escondidos. Eles viram tudo.

“Quando eles chegaram, meu pai estava com meu irmão no colo. Ele falou assim: ‘solta esse menino senão ele vai morrer junto com você’. Meu pai falou, ‘não, por favor’. Ele começou a chorar e ajoelhou no chão. Na hora em que ele soltou o meu irmão, ele foi lá e atirou. Mas meu pai tossiu. Ele chutou meu pai e falou assim: ‘seu desgraçado, você está vivo ainda’. Ele foi lá e deu um tiro nas costas do meu pai”, conta a filha do casal.

De acordo com o Ministério Público, outro agente do Denarc matou a mãe das crianças, que também estava desarmada e não reagiu. As crianças não sabem explicar por que não morreram e dizem que, depois das execuções, os policiais começaram a ter atitudes estranhas.

“Nós fomos para trás da casa. Então, o cara veio com a arma na mão. Eu vi ele colocando a arma na mão do Buda”, lembra o menino.

Buda era o apelido que o rapaz de 16 anos, Luiz Carlos, tinha desde criança. Ele foi o primeiro a ser morto. Há outros indícios de que os policiais alteraram a cena do crime.

“Os policiais estavam dando tiro na parede”, descreve o filho do casal que testemunhou a morte dos pais.

Uma testemunha que passava por lá, naquele dia, conta que depois de 15 a 20 minutos da chegada dos policiais, eles continuavam dando tiros e muitos. O que chamou a atenção da testemunha é que os policias estavam próximos da casa e atiravam no sentido do portão, onde não havia ninguém. Para a corregedoria, isso foi uma farsa: uma tentativa de simular um confronto entre moradores e policias.

Localizamos a testemunha: “Eles atiravam para o lado do portão, e não tinha ninguém no portão. As pessoas já estavam mortas, com certeza” conta.

E mais: a perícia não encontrou droga no sítio. Entre os policiais que participaram da operação estão o delegado Sérgio Lemos, que é acusado de alterar a cena do crime, e o agente José Virgilio Junior. Segundo a investigação, foi Virgílio quem matou o pai das crianças.

“Fiquei vendo a hora em que deu um tiro no meu pai”, diz o filho da vítima.

Em 2007, o agente do Denarc chegou a ser preso. De acordo com a corregedoria, logo depois de ser solto, ele tentou sequestrar a menina que presenciou o assassinato do pai. Ela diz que só conseguiu escapar, porque teve ajuda de pessoas que passavam pela rua.

“Eu reconheci o policial. Ele falou assim: ‘ainda eu te pego. Você vai ver, você e seus irmãos. Ainda te pego’”, conta a jovem.

José Virgilio foi preso novamente, expulso da Polícia Civil, e hoje responde às acusações em liberdade.

O Fantástico procurou Virgílio e a direção do Denarc na época da chacina. Todos preferiram não comentar as denúncias. O delegado Sérgio Lemos não foi encontrado pela nossa equipe.

Agora, a corregedoria afirma que descobriu mais uma mentira dos policiais que invadiram o sítio. No dia da chacina, nem todos eram do Denarc. A investigação revelou que, no grupo, havia um informante da polícia, que também é acusado de participar das execuções.

Na casa dele, foram encontrados coletes à prova de balas, capuz, armas e muita munição. O suspeito foi reconhecido por testemunhas e aguarda o fim da investigação em liberdade. Nos próximos dias, a corregedoria vai pedir a prisão dos acusados da chacina até o julgamento. A pena pode passar dos 40 anos.

“Os policiais perderam a mão e fizeram toda a bobagem que fizeram. Mataram quatro pessoas inocentes”, diz o advogado das crianças Agnaldo Guimarães.

“Esses caras têm que ser punidos”, afirma o agricultor Ademir Lopes da Silva.