EM QUALQUER PAÍS CIVILIZADO O SALÁRIO INICIAL DE UM JUIZ NÃO É 30 VEZES MAIOR DO QUE O SALÁRIO INICIAL DE UM POLICIAL…SÓ REPUBLIQUETA POSSUI DIFERENÇA TÃO BRUTAL 23

O presidente da Ajuferjes reclama também que os juízes, ao contrário de outras carreiras, não têm adicionais como um terço por acumulação de cargos, auxílio alimentação ou moradia, licença prêmio, gratificação por atuar na Justiça Eleitoral também, entre outras. O salário inicial de juiz substituto federal na 2ª Região é de R$ 19,9 mil. Hoje, o teto do funcionalismo público é de R$ 24,5 mil, que é o que recebem os ministros do Supremo Tribunal Federal. Pela Constituição, salários mais benefícios no serviço público não podem ultrapassar esse teto.

Para Castro, está havendo uma inversão, já que promotor, defensor e às vezes até delegado federal ganham mais que o juiz federal. “A carreira de juiz federal, dentre as carreiras jurídicas, como Ministério Público e Defensoria, é a que tem a pior remuneração. No entanto, é o cargo que deveria, como em qualquer país civilizado do mundo, ser o melhor remunerado”, defende.

QUE TAL GANHAR 100 MIL DÓLARES ANUALMENTE POR TODA A VIDA…35 ANOS DE SERVIÇO ( UMAS 4 HORAS POR DIA ) E UNS 25 COMO APOSENTADO…JÁ QUE UM BOA VIDA CUSTA MORRER 7

Juízes federais da 2ª Região brigam por reajuste

O que mais preocupa os juízes federais da 2ª Região, atualmente, é o salário. O presidente da Associação dos Juízes Federais no Rio e Espírito Santo (Ajuferjes), juiz Fabrício Fernandes de Castro, reclama que há três anos não há reajuste na remuneração dos juízes.

Para Castro, a situação é gravíssima. “Nosso salário está sendo digerido pela inflação.” A falta do reajuste contraria a Constituição Federal, diz. O juiz explica que a Constituição prevê que o reajuste deve ser anual. A correção visa compensar as perdas da inflação que, segundo ele, chegam a quase 30% desde a fixação do valor do subsídio, em 2006.

O presidente da Ajuferjes reclama também que os juízes, ao contrário de outras carreiras, não têm adicionais como um terço por acumulação de cargos, auxílio alimentação ou moradia, licença prêmio, gratificação por atuar na Justiça Eleitoral também, entre outras. O salário inicial de juiz substituto federal na 2ª Região é de R$ 19,9 mil. Hoje, o teto do funcionalismo público é de R$ 24,5 mil, que é o que recebem os ministros do Supremo Tribunal Federal. Pela Constituição, salários mais benefícios no serviço público não podem ultrapassar esse teto.

Para Castro, está havendo uma inversão, já que promotor, defensor e às vezes até delegado federal ganham mais que o juiz federal. “A carreira de juiz federal, dentre as carreiras jurídicas, como Ministério Público e Defensoria, é a que tem a pior remuneração. No entanto, é o cargo que deveria, como em qualquer país civilizado do mundo, ser o melhor remunerado”, defende.

“Nossos projetos de lei que preveem o reajuste já estão no Congresso desde 2007.” Segundo o juiz, o Congresso não vota nada do interesse da Justiça Federal. “Não entendemos o motivo deste boicote.” Para o juiz, ao não estabelecer um reajuste anual, o Congresso desrespeita o Judiciário. “É um desrespeito ao Poder Judiciário e, principalmente, ao presidente do STF, que encaminhou os projetos e estes não são votados.”

Fabrício de Castro também reclama que os juízes federais não têm adicional por tempo de serviço. “O juiz que toma posse ganha praticamente o mesmo que o desembargador que está há 30 anos prestando serviço à Justiça. Não há incentivo pra carreira.”

Hoje, tramitam no Congresso duas Proposta de Emenda Constitucional para restabelecer o adicional por tempo de serviço para o Judiciário e para o Ministério Público. A Associação Nacional dos Magistrados Estaduais (Anamages) já entrou com pedido para participar de audiências públicas que acontecem na Câmara dos Deputados para discutir a PEC 210/2007, que trata do adicional.

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ESTOU COM MUITA PENA DOS JUIZES…

NAS MINHAS CONTAS CADA UM DELES COLOCARÁ NO BOLSO DURANTE A LONGA BOA VIDA O EQUIVALENTE A U$ 6.000.000,00 (  SEIS MILHÕES DE DÓLARES).

MAS É POUCO; QUEREM MUITO MAIS.

AGORA ENTENDO O MOTIVO DE  SÁBIOS AFIRMAREM QUE SALÁRIO  NÃO TEM RELAÇÃO COM A CORRUPÇÃO.

MAS FALTA O COMPLEMENTO: SALÁRIO ALTO !

POIS,  MESMO GANHANDO “MUITÍSSIMO BEM” , MAGISTRADOS E PROCURADORES DA REPÚBLICA SÃO DADOS  AO RECEBIMENTO E EXIGÊNCIA DE GRANDES VANTAGENS ILÍCITAS. 

REITORIA DA USP E GOVERNO SERRA MANDAM POLÍCIA CONTRA A GREVE DE TRABALHADORES 24

01policia-bdCOMUNICADO URGENTE:

REITORIA DA USP E GOVERNO SERRA MANDAM POLÍCIA CONTRA A GREVE DE TRABALHADORES

Desde a madrugada de hoje, 01 de junho, nós, trabalhadores da USP, estamos sofrendo mais um ato de repressão inadmissível. A universidade amanheceu completamente sitiada pela polícia. Em cada unidade da universidade há pelo menos uma viatura, e em frente ao prédio da reitoria há uma concentração de dezenas de policiais. Os policiais estão com uma atitude provocativa frente aos trabalhadores, arrancando as faixas dos grevistas, buscando abertamente causar incidentes. Isso se dá justamente após a reitoria, apoiada pelo governo do estado, ter suspendido as negociações com os trabalhadores de maneira completamente arbitrária.

Nós, trabalhadores da USP estamos em greve desde o dia 5 de maio por aumento de salário, em defesa de 5 mil trabalhadores que tem seus postos de trabalho ameaçados, pelas demandas do hospital universitário, e outras pautas específicas, e pela reintegração de Claudionor Brandão, diretor do SINTUSP demitido. A demissão de Claudionor Brandão é produto da perseguição política aos trabalhadores e ao sindicato, protagonizada pela reitoria e pelo governo Serra. Trata-se de uma política marcada pela prática anti-sindical e anti-democrática que abre um gravíssimo precedente para todos os trabalhadores brasileiros. Não podemos permitir que os trabalhadores da USP e sua legítima mobilização em defesa da democracia na universidade sofram esta coerção policial.

Chamamos todos os meios de comunicação, ativistas dos direitos humanos, sindicatos, organizações políticas, estudantes e integrantes dos movimentos sociais a se unirem a nós e impedirem esta ofensiva, que é parte da escandalosa criminalização dos movimentos sociais, prática que tem se generalizado pelo país. Chamamos todos a enviarem moções de repudio para a reitoria da USP, exigindo a retirada imediata dos efetivos policiais, e a se concentrarem na frente da reitoria, e cercar de solidariedade os trabalhadores da USP em greve há 27 dias.

Claudionor Brandão

Comando de Greve da USP

DISCURSO DO MAJOR OLÍMPIO: O Governador não tem o direito de colocar seus anseios pessoais, a sua expectativa tirânica e imperial de conquista de poder e deixar achincalhados e na humilhação todos os policiais brasileiros 14

DEP. OLÍMPIO GOMES – PV

Sr. Presidente, Sras.Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa,cidadãos que nos acompanham pela TV Assembléia, cidadãos que nos visitam hoje, sejam bem-vindos.

Volto à tribuna para bater na velha tecla dos salários dos policiais. Fica parecendo samba de uma nota só, mas o desespero e a desconsideração a que são submetidos os policiais obrigam-me, insistentemente, a vir a esta tribuna para lembrar não só aos nossos parlamentares, mas ao Governador, insensível e perseguidor da polícia. Quando há uma luz no fundo do túnel, muitas vezes, o Governador substitui essa luz pela luz de um trem, para cima dos policiais. Eu me dirijo a toda família policial e a toda comunidade porque o Deputado Arnaldo Faria de Sá apresentou a PEC nº 300, que estabelece uma equiparação dos salários dos policiais militares brasileiros, de todos os 26 estados, com os da Polícia Militar do Distrito Federal. Hoje um soldado de polícia no Estado de São Paulo ganha dois mil reais; em Brasília, ganha 5,6 mil reais. E a União arcará com a diferença.
Logicamente, como temos a Lei 731 no Estado de São Paulo, de equivalência salarial dos policiais civis e militares, o benefício será estendido também aos policiais civis. É um projeto de emenda constitucional e poderia dizer da impropriedade de vinculação de um estado a outro, mas o projeto foi tão bem formulado que os 68 deputados da Câmara votaram unanimemente para assegurar a constitucionalidade.

Sou agora pego de surpresa porque já temos um abaixo assinado eletrônico realizado pelos policiais militares, em todo o País, com 2,3 milhões de assinaturas, e um aceno positivo do Governo Federal. Um representante de uma regional da Associação de Cabos e Soldados diz textualmente que o Governador José Serra proibiu a entidade de se envolver em qualquer manifestação salarial, seja em âmbito estadual ou mesmo de apoio à PEC 300, sob a penalização de se suspender, dos holerites dos policiais militares, a cobrança da mensalidade e outros descontos, o que levaria a entidade à falência em pouco tempo. Ainda afirmou que o Governador não deseja ver aprovada a PEC 300. Vejam o ranço e o preconceito do Governador José Serra para com os policiais. Ele não deseja ver aprovada a PEC 300, não pela falta de recursos, e sim para que não sirva de propaganda política durante a eleição presidencial.
A União está dizendo “vou arcar com a diferença para que os soldados policiais militares paulistas tenham um salário mais digno e por consequência a extensão aos policiais civis.” O Governador está preocupado que isso vai ser utilizado pelo Presidente Lula como um mote de campanha presidencial – dar dignidade aos policiais brasileiros. Está ameaçando retirar o código de desconto das entidades que apoiarem a PEC. O Estado de São Paulo não põe um centavo no bolso para compensação disso, como nenhum estado põe. Quem vai arcar é a União. E ele vê nisso que vai se criar uma legião de quase um milhão de policiais brasileiros, fazendo propaganda política a quem o Presidente Lula indicar. Quem dera fôssemos compensados com dignidade, e o Governador está preocupado com a sua eleição, e não com a dignidade da família policial brasileira. Como a nossa TV Assembléia só alcança o Estado de São Paulo, peço aos meus irmãos, policiais militares, que mandem para todas as entidades em todo o País: José Serra é contrário à dignidade da família policial brasileira. Ele está preocupado com as próximas eleições e não com salário digno aos policiais. E peço a todos os policiais militares: se as entidades estarão amordaçadas por esse tipo de ameaça, nós não vamos nos calar. Vamos apoiar o Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados, que nesse momento, está sequiosa de votar a PEC 300, e vamos continuar o movimento em todo o País pela dignidade salarial dos policiais militares que, por extensão, será dado aos policiais civis.
O Governador não tem o direito de colocar seus anseios pessoais, a sua expectativa tirânica e imperial de conquista de poder e deixar achincalhados e na humilhação todos os policiais brasileiros, porque essa lei é um projeto de emenda constitucional que acaba dando dignidade à família policial brasileira. Voltarei a falar desse déspota, chamado imperador José Serra.

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Colaboração do companheiro: POUL.

Abaixo assinado PEC/340, no momento conta com pouco mais de 320 assinantes, creio que realmente estamos falidos e mortos.

http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/4361

O CIRCO, digo, CICLO COMPLETO DA POLÍCIA MILITAR 7

82 dias de medo em Paraisópolis

Moradores denunciam violência da PM l Barracos foram invadidos sem mandados judiciais l Trabalhadores, crianças e idosos relatam sessões de tortura l Comando da PM nega abusos e agressões na favela

Os números oficiais da Operação Saturação da Polícia Militar em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, são chocantes. De acordo com a Prefeitura, moram 60 mil pessoas no bairro. Durante pouco menos de três meses de operação, entre 4 de fevereiro e 26 de abril, 400 policiais em 100 viaturas e um helicóptero, com 20 cavalos e 4 cachorros, aplicaram 51.994 revistas a moradores do bairro.

A operação teve início depois dos tumultos provocados por algumas dezenas de moradores, em 2 de fevereiro, que deixaram três PMs baleados. Entre os agitadores havia integrantes do tráfico de drogas local. Como resposta, nos dias que se seguiram ao quebra-quebra, parte da tropa deixou rastros de abusos e violência. “Durante a ocupação, tentativas de desestabilização das forças de segurança foram levadas a efeito por parte de pessoas que se sentiam incomodadas com a presença da polícia”, defende o capitão Emerson Massera, da Seção de Comunicação Social da PM. Segundo ele, não há provas de abusos e agressões.

Na semana passada, o Estado esteve em Paraisópolis. Ouviu dezenas de histórias chocantes, em diferentes pontos do bairro. Testemunhos semelhantes já foram ouvidos por entidades como Associação dos Juízes pela Democracia, Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo e Associação Paulista dos Defensores Públicos.

De acordo com a polícia, no balanço da operação constaram 93 flagrantes, captura de 61 procurados, 31 armas e 9,9 kg de cocaína apreendidos. Mas o saldo final vai além: sobrou raiva, humilhação, revolta, indignação que ninguém ainda é capaz de dizer o que isso de fato pode significar para a cidade. Seguem os testemunhos de moradores colhidos pelo Estado:

EM DEFESA DOS FILHOS

Auxiliar administrativa em uma empresa de telefonia, Gisele Cristina dos Santos, de 28 anos, teve o barraco invadido seis vezes pela polícia . Em nenhuma delas havia autorização judicial. Na primeira, um domingo de manhã, ela, marido e seis filhos, crianças de 1 a 12 anos, estavam em casa. O marido esticava um novo varal e chamou a atenção dos policiais por causa de uma tatuagem. Perguntaram se ele tinha “passagem”. Ele informou que estava sob condicional, mas não devia na Justiça. Os policiais chutaram o portão e invadiram o quintal perguntando por drogas. Em seguida, entraram na casa e rasgaram o sofá. O pai apanhou na frente dos filhos. Em outras duas vezes, policiais entraram quando só havia crianças em casa. Falaram para a mais velha que o pai havia pedido a eles que buscassem o revólver. “Onde está a arma?”, perguntavam os policiais. “Meu pai não rouba”, a criança respondeu. A casa também foi invadida quando não havia ninguém. Dois baldes de água com latas de leite que ela recebeu do programa da Prefeitura, misturadas com detergente e pó de café, foram espalhados pelo chão e paredes. Gisele teve seu MP5 furtado. Depois das seguidas sessões de abuso, ela fundou o movimento “Paraisópolis Exige Respeito!”, com um blog na internet. Perguntada se o nome dela podia aparecer no jornal, Gisele foi categórica: “Coloque em negrito, com letras maiúsculas.”

CHAMADA ORAL DA BÍBLIA

Nos cálculos da aposentada Maria Alves da Rocha, de 59 anos, policiais invadiram a casa onde ela mora com a neta de 17 anos e dois filhos por cerca de 15 vezes. Nunca apresentaram mandado. Na primeira invasão, eles entraram com um pontapé na porta. Os vizinhos avisaram ao filho, que é pedreiro e trabalhava na vizinhança, que chegou em instantes e sugeriu para a mãe que deixasse a polícia trabalhar. “Quem não deve não teme”, disse. A polícia depois não se cansou de voltar. Bagunçavam o guarda-roupa, xingavam e humilhavam os que estavam em casa. Dona Maria contou aos policiais que era evangélica. Um deles solicitou uma Bíblia para perguntar o que estav a escrito em dado versículo do Evangelho de João. “Sou analfabeta, mas entendo a palavra dos pastores e consegui responder”, diz Maria. O pé de capim-santo que ela cultivava no quintal para fazer chá foi arrancado pelos policiais, para checarem se não era droga.

É PROIBIDO CHORAR

Quando viu o movimento de policiais na viela em que mora, Antonio, de 13 anos, entrou em casa correndo. Os policiais o seguiram. Na porta do barraco, um anúncio escrito a giz pela mãe oferece: “Fais chapinha.” Dentro de casa, Antonio teve a arma apontada para cabeça. “Por que estava correndo? Onde é a boca?”, perguntava um deles, enquanto o estapeava. Outro policial revistava a casa. AntÃ?nio, que aparenta 10 anos, estava sozinho com o irmão, de 9. Os dois choravam muito. “Cala a boca vacilão. Vamos levar você para um quartinho escuro na Febem”, ameaçava o policial. Com os braços cruzados, esfregando os ombros, Antonio explica que ficou ainda mais assustado porqu e há alguns anos teve um tio assassinado por policiais. Os vizinhos, do lado de fora, viam tudo sem poder intervir porque temiam apanhar.

ESPINGARDA DE BRINQUEDO

Agnaldo Jesus Viana teve o sobrado em que mora, em cima do bar de sua propriedade, invadido quatro vezes. Os policiais cismaram com o jogo eletrÃ?nico que ficava na frente do estabelecimento e tinha uma espingarda a laser como acessório. Perguntaram para ele onde estavam as armas e quem fazia o tráfico na favela. Ele respondeu que “não mexia com isso”. A arma do videogame foi quebrada pelos policiais. A mulher de Agnaldo, nervosa, para tentar intimidar, disse que as câmeras que ficam dentro do bar estavam gravando os abusos. Eles obrigaram o casal a retirar o material do vídeo e entregar a eles. As visitas se repetiram. Agnaldo conta que a câmera digital e o notebook do vizinho foram roubados.

QUEM APANHA É A MÃE

Solange conta que estava bêbada no dia em que apan hou da polícia. Foi reprimida depois de chegar chorando e pedindo para não baterem no filho, que estava sendo revistado. Eles se irritaram com a cena e pediram a ela que os levasse em casa para ver se não havia drogas. O filho foi junto, sob tapas e socos. Na confusão, ela acabou levando uma cabeçada do filho agredido pelos policiais. Ficou com o olho roxo. “Hoje eu só sinto ódio”, diz o filho de Solange.

COMPENSADO DE MADEIRA

O ajudante geral Luiz Claudio Carlos, de 23 anos, estava na viela perto de casa sem documentos quando foi abordado por três policiais. Sem poder provar quem era, foi esculachado. Os policiais pegaram um compensado de madeira, jogaram em cima dele e começaram a pular em cima. Perguntavam sobre drogas e davam tapas no seu rosto. A alguns metros de distância, um menino jogava bolinhas de gude. Uma delas desceu em direção ao local onde ocorria a sessão de tortura. O policial perguntou o que menino queria e começou a est apeá-lo. O garoto apanhou sem dizer nada. Quando foi liberado, disse ao policial: “Muito obrigado.” O soldado ficou irritado e voltou a agredir o menino.

RODÍZIO PARA BATER

Sílvio de Moraes Pereira, de 21 anos, quer ser tatuador. Tem piercings, sobrancelhas cortadas e tatuagens. Fez estágio na Galeria do Rock. Andava pela viela às 8 horas da manhã quando foi abordado e obrigado a tirar a roupa e ficar de cueca. Sentou em cima da mão e o acusaram de trabalhar no tráfico. Ele negou a ligação. Os seis homens perguntaram se ele teria coragem de levá-los à sua casa. Pereira topou. Jogaram o jovem em cima da cama e ele apanhou em rodízio: um dava socos na cara, outros nos rins e todos chutaram ao mesmo tempo com coturnos de bico de ferro, quando ele caiu no chão. Com medo de novas represálias, acabou se mudando.

CABEÇA DE MENINO

José Maria Lacerda, de 54 anos, coordenador da União de Defesa dos Moradores, revoltou-se c om a prisão de William, que é deficiente mental. “Tem corpo de homem, mas cabeça de menino”, explica . Em um sábado de março, policiais viram a porta da casa do jovem aberta e a invadiram, enquanto William dormia. Ele apanhou, tomou um soco na boca e foi levado como traficante e até hoje se encontra preso no CDP de Osasco. Lacerda decidiu brigar em defesa do rapaz, que trabalhava como ajudante de carretos. Pediu ao amigo e advogado Gilberto Tejo Figueiredo, que atua na associação em processos imobiliários de usucapião, para defender William. “As testemunhas sempre são apenas os policiais que efetuam a prisão. Nunca levam os moradores que presenciaram a cena. É uma covardia”, diz Figueiredo. Mineiro, há tempos na luta por moradias, Lacerda é daqueles que preferem evitar conversas sobre crime, como se não fosse assunto de pessoa correta. Mas observa que os moradores de Paraisópolis estão sendo estigmatizados e ganharam na cidade a pecha de ladrões. “Para con seguir emprego precisamos evitar dizer o nome do bairro em que moramos”, diz.

OUTROS OLHOS PARA O MUNDO

Extrovertida, vaidosa, unhas pintadas de vermelho, a cabeleireira Aurenice Soares dos Santos sempre gostou de policiais. Na última eleição, fez campanha para Gilberto Kassab. “O Kassab é um homem lindo!”, diz. Passou a enxergar o mundo com outros olhos em uma manhã de março. Na viela onde mora, quatro casas foram invadidas. O marido estava no andar de cima do sobrado, com a máquina de lavar ligada. Um grupo de 11 policiais chegou ordenando que ela abrisse a casa. Nervosa, disse que não conseguia encontrar a chave. Os policiais quebraram a janelinha da porta, colocaram a cabeça para dentro e tentaram forçar a entrada. Aurenice aguardou calada. Os policiais desistiram quando parte do grupo começou a entrar na casa de baixo. No vizinho, a polícia abriu a janela com um soco, assustando as duas irmãs de 16 e 17 anos que estavam de pijama e aco rdaram com o barulho. Ela ouviu o choro do outro irmão, de 3 anos, com deficiência nas pernas. Viu o filho da vizinha ser humilhado e obrigado a se sentar em cima de uma poça d?água. Enquanto a operação durou, Aurenice evitou sair de casa. Permanece em depressão e toma diazepam, clonazepan, Tofranil e Diurex.

IZAQUE CIRIACO MARTINS

Izaque Ciriaco Martins, de 26 anos, trabalha como copeiro em uma churrascaria do Morumbi e chega todo dia em casa após a 1 hora da manhã. Cansou de ser revistado nas operações da polícia. Foram pelo menos cinco vezes em que era tratado como bandido por viver em Paraisópolis. Em certas madrugadas, teve de dar longas caminhadas a pé para chegar em casa porque o caminho mais curto estava bloqueado pela polícia.

A POSIÇÃO DA POLÍCIA

O capitão Emerson Massera, da Seção de Comunicação Social da PM diz: “A presença de criminosos na comunidade exigiu uma pronta ação, que culminou na es tratégia de ocupação, objetivando criar um clima de segurança às pessoas de bem. E foi o que efetivamente ocorreu! Duas denúncias chegaram a ser feitas formalmente.” E completa: “Restou provado que não houve abuso ou agressão.”

ENTREVISTA DO DELEGADO GERAL 10

DOUTOR DOMINGOS PAULO NETO: UMA GESTÃO COM FOCO NA UNIÃO
 
 
Transparência, saber ouvir sugestões, atender representantes de classe, ficha limpa e adepto do uso da inteligência, da coleta de informações, para a resolução de crimes. Estas são as principais virtudes apresentadas (e reconhecidas por todos) do novo delegado Geral de Polícia de São Paulo, Domingos de Paulo Neto, que concedeu ampla entrevista a esta publicação da ADPESP, revelando aspectos de sua vida pessoal e profissional, assim como sua metodologia de trabalho à frente do novo cargo.
 
Como exemplo de transparência, Domingos (como é conhecido) cita a forma como conduziu as recentes mudanças no quadro de diretores e a conduta que espera dos novos diretores.
 
“Chamei individualmente todos os diretores que estavam saindo, coloquei o motivo que me levaram a substituí-los e pedi a eles que continuassem trabalhando e na medida do possível foram designados para divisões, seccionais, enfim unidades que até certo ponto os agradasse. De igual maneira falei com aqueles que estavam ingressando como diretores, pedi a eles que agissem da mesma forma com seus divisionários, com transparência. Pedi, inclusive, que essa maneira de agir fosse estendida às demais carreiras, que os policiais, doravante, não ficassem mais sabendo pelo Diário Oficial sobre decisões que digam respeito à sua vida pessoal, pois é muito desagradável ficar sabendo dessa forma qualquer alteração em sua carreira. Precisamos resgatar nossa dignidade”.
 
Entre suas novas diretrizes, pretende fixar de vez por todas a cultura de investigação da polícia civil, a realização do Inquérito Policial bem-feito, efetivamente presidido pelo Delegado de Polícia.
“Para tanto você tem que dar condições mínimas para que os Delegados possam presidir os inquéritos e realizar as necessárias investigações. O que eu tenho feito é efetivar uma distribuição dos recursos humanos. Realizei levantamentos para saber qual o numero médio de inquérito secretariado, por cada escrivão de polícia e, na medida do possível, procedi à redistribuição desses profissionais. Não só de escrivães, como também investigadores de polícia”.
 
Outro requisito bastante relevante para o novo DG é o perfil de cada um de seus subordinados. “O perfil jamais pode ser esquecido, e dentro daqueles que tem o perfil adequado serão escolhidos os de confiança”.
 
Assim, procedeu nas trocas ocorridas na Corregedoria: “Foi também pelo perfil e conduta ilibada, conhecimento de direito administrativo disciplinar, vontade de trabalhar na Corregedoria, experiência profissional e de confiança da Diretoria, que escolhi seus novos membros, pois sei da importância desse órgão para resgatar a imagem da categoria”.
 
O plantão policial também será alvo de reestruturações: “Eu entendo que o plantão deva proporcionar o atendimento exemplar. Vamos reforçar o número de pessoas nessa tarefa. Mas não só, haverá uma mudança, uma valorização do profissional. Nós precisamos envolver esses policiais no trabalho. Por exemplo: o investigador de polícia no plantão tem que ser melhor aproveitado. Se houver um registro que seja de autoria desconhecida, ele tem que contar com o atendimento imediato do investigador. O investigador de polícia pode perguntar sobre os autores, as circunstâncias em que o evento ocorreu, ou seja, cor da pele, idade aparente, compleição física, até para facilitar o trabalho do escrivão. Depois, com o Boletim de Ocorrência, esses fatos serão distribuídos a quem de direito, a chefia. Mas por que não ir buscar um novo contato com a vítima até para se colher um novo detalhe? Isso é pertinente, muitas coisas podem ser aperfeiçoadas, basta boa vontade”.
 
Para ele é preciso mostrar a importância da polícia judiciária no contexto. “A Polícia Civil tem que investigar o cerne da questão. É a Polícia Judiciária bem feita, é uma questão de sobrevivência, incumbe à Polícia Civil a investigação e o policial tem que se sentir valorizado quando investiga”.
 
Outro setor a ser atingido é a Academia de Polícia. “A preparação desse policial deve ser voltada à investigação, inclusive providências estão sendo adotadas pelo novo Diretor da Academia, não só reforçando o número de horas no currículo para a investigação, ou seja, para a Polícia Judiciária de modo geral, mas também queremos que a forma de selecionar esse profissional seja aperfeiçoada com uma investigação social bastante adequada, inclusive com o auxílio da Corregedoria e que o período na academia faça parte do concurso, que a academia seja uma das fases do concurso”.
 
Pretende ainda, realizar concursos seccionalizados.
Para ele, não há como preencher todos os claros.
“Quem reside aqui na capital não quer trabalhar em Presidente Prudente, da mesma forma o candidato de Presidente Prudente não quer vir para a capital. Isso pode ser resolvido com a seccionalização dos concursos, e isso nós vamos fazer”.
 
Fez questão de esclarecer a situação dos grupos operacionais: “Eu não vou acabar com os grupos operacionais, eu vou dar um novo direcionamento a esse pessoal do GOE e do GARRA. Por exemplo, no que diz respeito ao GARRA, que tem um grupo de motociclistas, primeiro trabalharão nesse esquadrão investigadores e agentes policiais, os outros profissionais das demais carreiras, não vão continuar nesse grupo, inclusive esta foi uma das primeiras providências que adotei. Tanto no GOE como no GARRA, boa parte deste contingente será utilizado para o trabalho de investigação. Isto não quer dizer que deixarão o GARRA, que deixarão o GOE, mas trabalharão de uma forma diferente. Nós vamos ter menos equipe nas ruas, vamos ter equipes que darão apoio aos plantões, à questão dos presos e principalmente ao cumprimento de mandados de Prisão e de busca em apoio às próprias equipes, tanto do DECAP quanto a outros departamentos que tenham necessidades em casos de operações conjuntas com a Polícia Militar por exemplo: o meu objetivo é o reforço dos plantões”.
 
A Corregedoria terá atenção especial: “Ela tem que ser anunciada quando de alguma irregularidade, inclusive pelo Ministério Público, isso nos dá mais força e todo apoio será dado nesse sentido. Em recentes casos ocorridos, um no interior e outro na capital, onde a polícia civil foi cientificada, a Corregedoria desenvolveu a contento seu mister, e é isso que pretendo verificar principalmente na Corregedoria. Que esse trabalho seja desenvolvido com bastante profissionalismo, sem alarde, sem publicidade exagerada, mas com bastante vigor, realizado por policiais, por Delegados bastante experientes, como já disse, com perfil para trabalhar na Corregepol”.
 
Algumas questões são vitais para o Delegado Geral, que faz questão de explicitá-las: “O Inquérito Policial cabe à Polícia Judiciária, deve ser efetivamente presidido pelo Delegado de Polícia. Agora, a questão da investigação cabe à Policia Civil, daí minha preocupação em nos prepararmos cada vez mais, para que se possa realizá-la da maneira mais profissional possível. Entendo que o Termo Circunstanciado deva ser lavrado pela Polícia Civil. Estamos trabalhando nesse sentido junto ao Senhor Secretário da Segurança Pública, assim como outras questões de relevante importância, como é o caso das escoltas. Nós entendemos que boa parte dessa missão cabe à Policia Militar e estamos tentando resolver isso da maneira mais rápida possível.”.
 
Em linhas gerais, é o que pensa o novo DG, que deixa claro a que veio neste breve período de tempo: “Estamos à frente da Delegacia Geral de Polícia há pouco mais de um mês. Então eu tenho que dar conhecimento às nossas classes e todos os policiais civis sobre o que penso, sobre diretrizes, e é isso que eu tenho procurado falar agora. Nós temos vários projetos em andamento, como DIPOL, no próprio DECAP, na própria Academia de Polícia, mesmo na Corregedoria. Tudo isso depois vai se tornar público e vai facilitar o que eu estou colocando aqui, então nós temos que priorizar a Polícia Judiciária, valorizar o Inquérito Policial”.

fonte: ADPESP.