Vejam o que o GOVERNO do PSDB foi capaz de fazer nesses anos de ditadura no Governo de Sp.
Tornou o CARANDIRU em CARANDIRU CAIPIRA… jogou o problema dos presidios para cidades do INTERIOR …é a SOCIALIZAÇÃO do crime no ESTADO.
Vejam a matéria…
http://www.odiariodemogi.inf.br/noticia_view.asp?mat=16432&edit=6
Cadeião muda cidade para pior
EVALDO NOVELINI
Assentada em uma área de 62 quilômetros quadrados, na região de Campinas, Hortolândia é uma jovem cidade paulista com 201.049 habitantes, segundo o censo de 2008. Depois de amanhã, quando completar 18 anos de emancipação, uma parcela considerável de sua população, mais de 10%, não poderá ou não terá motivos para participar dos festejos preparados para comemorar a “maioridade”. É que 10 mil de seus moradores vivem reclusos em uma das cinco unidades prisionais instaladas no Município. Outros 14,5 mil moram no entorno do Complexo Penitenciário em condições de extrema pobreza.
Hortolândia é um exemplo acabado do que pode acontecer quando, sem nenhum tipo de planejamento, um município recebe unidades prisionais. Desde que a primeira delas foi instalada em seu território, em 1991, os índices de violência subiram ao mesmo tempo em que a qualidade de vida dos moradores decaiu. A 220 quilômetros de distância, quando o parâmetro adotado é o rodoviário, este ex-distrito de Sumaré serve também de alerta a Mogi das Cruzes, escolhida arbitrariamente pela Secretaria de Estado da Administração Penitenciária para receber uma unidade de um Centro de Progressão Penitenciária (CPP).
A exemplo do que ocorre em Mogi, onde se pretende erguer o CPP no Cocuera, o complexo prisional de Hortolândia foi construído em uma região agrícola, longe do Centro da Cidade, onde se cultivava verduras e legumes. “Plantava-se alface, tomate, milho, pepino”, relembra o comerciante Jorge Aparecido Rocha, 60 anos. Antigo trabalhador rural, hoje ele sobrevive vendendo petiscos e bebidas de modo informal em um boteco de Nova América, um dos nove bairros que se formaram nas redondezas dos altos muros que isolam os presídios.
Parque Perón, Santiago, Vila da Conquista, Aline, Conceição, Vila Guedes, Sítio São João, Novo Ângulo e Nova América. São esses os nomes dos bairros onde vivem cerca de 14,5 mil pessoas. A origem dos primeiros habitantes não difere. Eram parentes de presos que resolveram construir seus barracos no entorno do Complexo para ficar mais perto de seus filhos, pais, esposos. No encalço, chegaram os vendedores ambulantes, que hoje respondem por uma intrincada rede comercial, que vai do aluguel de roupas e acessórios a serviços de pensão. Como tudo é feito informalmente, os cofres públicos não recebem um centavo de imposto.
Em maio de 2006, a Prefeitura de Hortolândia concluiu um amplo estudo com os moradores que ocupam o entorno do complexo penitenciário. O perfil mostrou que a renda média per capita era de R$ 260,00 mensais, que 72% dos chefes de família eram mulheres, que 50% dessas mulheres estavam no mercado informal como domésticas ou sobreviviam como catadoras de lixo reciclável e que 16% tinham idades entre 20 e 30 anos com filhos menores de 12 anos. Os dados definem com perfeição Luzia Vieira de Moraes, 29, que sustenta o marido, o pai e os seis filhos (com idades que variam de um a 11 anos), com quem mora em uma casinha no Parque Perón: “Trabalho ‘limpando’ frangos”.
O mesmo estudo mapeou as consequências negativas da instalação dos presídios para o Município. Eles são responsáveis, segundo a Prefeitura, pelo despejo in natura no Ribeirão Jacuba do esgoto produzido pelos 10 mil presos, pela formação de bolsões de pobreza, pela ampliação da demanda nas áreas de saúde, educação e assistência social e pelo aumento da violência. No primeiro semestre de 2002, Hortolândia registrou a maior taxa de homicídios por grupo de 100 mil habitantes entre as 14 maiores cidades paulistas. Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública, 33,1 pessoas foram assassinadas para cada grupo de 100 mil naqueles seis meses.
Foi quando a cidade começou a ser chamada de “Mortolândia”. Quem lembra a história é a vice-prefeita Jacyra Aparecida Santos de Souza (PT), 50, que lamenta não poder fazer mais para melhorar a qualidade de vida da população porque o Estado não destina à Cidade nenhum centavo extra por conta do passivo social criado pelo complexo penitenciário. Que, diga-se de passagem, foi instalado sem nenhuma consulta prévia à população. “Quando nós nos demos conta, os presos já estavam sendo transferidos.”


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